Maria Pires da Silva Keil do Amaral (Silves, 9 de agosto de 1914 - Lisboa, 10 de junho de 2012) foi uma pintora e ilustradora portuguesa; pertence à segunda geração de pintores modernistas portugueses.
Maria Keil realizou uma obra vasta e diversificada que abarca a pintura, desenho e ilustração, azulejo, design gráfico e de mobiliário, tapeçaria, cenografia, etc. Destaca-se de modo particular a sua intensa atividade como ilustradora, bem como o papel crucial que desempenhou na renovação do azulejo contemporâneo em Portugal.
Em 2013 o Museu da Presidência da República organizou uma mostra retrospetiva cobrindo os múltiplos aspetos da sua obra. Tem uma biblioteca com o seu nome em Lisboa, no Lumiar.
Biografia
Maria Keil nasce em Silves, filha de Francisco da Silva Pires e de sua mulher Maria José da Silva. A partir de 1929 frequenta o Curso Preparatório da Escola de Belas Artes de Lisboa e depois o curso de pintura (que não chega a terminar), onde é aluna de Veloso Salgado. A sua prática artística caracteriza-se, desde o início, pela diversidade de técnicas e meios de expressão. Ao longo da vida irá empenhar-se numa multiplicidade de áreas, entre as quais a pintura e desenho, ilustração, artes gráficas, gravura, azulejo, tapeçaria, mobiliário, decoração, cenografia e figurinos.
Em 1933 casa com o arquiteto Francisco Keil do Amaral e dois anos mais tarde nasce o seu único filho, Francisco Pires Keil do Amaral (ou Pitum Keil do Amaral).
Em 1936 é membro do ETP (Estúdio Técnico de Publicidade, então formado por José Rocha), estabelecendo amizade com Carlos Botelho, Fred Kradolfer, Ofélia Marques e Bernardo Marques. No ano imediato faz uma estadia em Paris durante a construção do Pavilhão da Exposição Internacional de Paris (de que Keil do Amaral era arquiteto), para o qual realiza motivo decorativo na Sala IV – Ultramar (Salle IV – Outremer).
Expõe individualmente primeira vez em 1939 (por não existirem galerias de arte a mostra realiza-se na Galeria Larbom, uma loja de móveis da Rua do Ouro, Lisboa); nesse mesmo ano participa na IV Exposição de Arte Moderna do S.P.N.. Participa nas mostras do SPN dos dois anos imediatos, vencendo o Prémio de Revelação Souza-Cardoso em 1941 com Autorretrato, 1941.
Em 1940 concebe cenários e figurinos para o bailado Lenda das Amendoeiras, apresentado no espetáculo de estreia da Companhia de bailado Verde Gaio.
Entre 1946 e 1956 participa regularmente nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, SNBA, Lisboa. Realiza uma exposição individual em 1945 e, de novo, em 1955: "trata-se de uma exposição histórica, visto marcar, no âmbito da arte portuguesa, níveis de inovação pioneira nos domínios do mobiliário e, sobretudo, do azulejo" (esta mostra assinalou o trabalho de desenho de mobiliário para interiores domésticos e, também, para espaços comerciais ligados à restauração e hotelaria, a que se dedicou desde o início dos anos de 1940 e até meados da década seguinte). Segue-se um longo hiato em que se dedica a uma multiplicidade de atividades, para expor de novo individualmente a partir de 1983.
Entre as áreas a que se dedicou com maior continuidade há que destacar a ilustração. Multifacetada, Maria Keil escreveu e ilustrou livros para crianças e adultos, tendo publicações totalmente de sua autoria (texto e imagem) ou ilustrando obras de Matilde Rosa Araújo, Aquilino Ribeiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, José Gomes Ferreira, Augusto Abelaira, Mário Dionísio, José Rodrigues Miguéis, Ilse Losa, entre outros.
Outra vertente marcante da sua obra e onde mais se distinguiu foi o azulejo, em que começa a trabalhar no início da década de 1950. Maria Keil irá tornar-se numa das principais figuras da renovação moderna nessa área. Da sua vasta produção pode destacar-se o painel de azulejos O mar, na Avenida Infante Santo, Lisboa, e a extensa colaboração para o Metropolitano de Lisboa. Com início em 1957, esse trabalho prolongar-se-ia até aproximadamente 1972, com a inauguração das últimas estações dessa primeira fase: Arroios, Alameda, Areeiro, Roma e Alvalade. Maria Keil foi autora dos painéis de todas as estações iniciais com exceção da Avenida. A partir de 1977 alguns destes painéis foram total ou parcialmente destruídos, por ocasião da ampliação de várias estações, entre as quais as do Saldanha, Restauradores e do Intendente. Em 1978 participa na exposição itinerante 5 Séculos de Azulejo em Portugal (Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Caracas); a partir dessa data a sua obra integra as principais exposições (em Portugal e no estrangeiro) dedicadas ao azulejo em Portugal. Em 1989, o Museu Nacional do Azulejo organiza uma exposição abrangente sobre essa faceta da sua obra.
A 9 de abril de 1981, foi agraciada com o grau de Comendadora da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.
in Wikipédia
O mar, 1958-59, painel de azulejos, na Avenida Infante Santo, Lisboa
Maria Keil, Autorretrato, 1941
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