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quarta-feira, setembro 11, 2024

As coisas que os asteroides fazem...

Um gigantesco impacto de asteroide deslocou o eixo da maior lua do Sistema Solar

 

 

Ganimedes e Júpiter

 

Há cerca de quatro mil milhões de anos, um asteroide atingiu Ganimedes, uma lua de Júpiter. Agora, uma equipa de cientistas descobriu que o eixo da maior lua do Sistema Solar mudou depois desse impacto.

Ganimedes é a maior lua do Sistema Solar e tem algumas características que a tornam um objeto de estudo bastante interessante. Esta lua tem depressões tectónicas, conhecidas como sulcos, que formam círculos concêntricos em torno de um ponto específico, que levou os cientistas a concluir, na década de 80, que são o resultado de um grande evento de impacto.

“As luas de Júpiter Io, Europa, Ganimedes e Calisto têm características individuais interessantes, mas o que me chamou a atenção foram os sulcos em Ganimedes”, referiu o investigador Hirata Naoyuki, citado pelo EurekAlert.

“Sabemos que os sulcos foram criados por um impacto de asteroide há cerca de quatro mil milhões de anos, mas não tínhamos a certeza da dimensão do impacto, nem que efeito teve na lua”, acrescentou.

Como os dados são escassos, a pesquisa foi muito difícil, mas Hirata percebeu desde cedo que a suposta localização do impacto é quase no meridiano mais distante de Júpiter.

Baseando-se nas semelhanças com um evento de impacto em Plutão, que fez com que o eixo de rotação do planeta anão mudasse, e com base nas várias simulações que fez de eventos de impacto em luas e asteroides, o cientista calculou que tipo de impacto poderia ter causado essa reorientação.

Foi então que a sua equipa, da Universidade de Kobe, no Japão, descobriu que o asteroide que alterou o eixo de Ganimedes era cerca de 20 vezes maior do que aquele que encerrou a era dos dinossauros na Terra, causando um dos maiores impactos no Sistema Solar.

De acordo com o artigo científico, publicado na Scientific Reports, o asteroide tinha um diâmetro estimado de cerca de 300 quilómetros e criou uma cratera transitória com um diâmetro entre 1.400 e 1.600 quilómetros.

As simulações indicam que só um impacto desta dimensão tornaria provável que a mudança na distribuição de massa pudesse fazer com que o eixo de rotação da lua mudasse para a sua posição atual.

“Quero entender a origem e a evolução de Ganimedes e de outras luas de Júpiter. Este impacto gigante deve ter causado alterações significativas na evolução inicial de Ganimedes, mas os efeitos térmicos e estruturais no interior de Ganimedes ainda não foram investigados”, rematou Hirata, com um mote para uma investigação futura.

 

in ZAP

domingo, setembro 01, 2024

O asteroide Juno foi descoberto há duzentos e vinte anos

Juno visto em quatro comprimentos de onda de luz - uma grande cratera aparece obscurecida nos 934 nm

 
Juno (asteroide 3) foi descoberto a 1 de setembro de 1804 pelo astrónomo alemão Karl Harding, em Lilienthal. Localizado na cintura principal, foi o terceiro asteroide a ser descoberto, levando o número de ordem 3. Tem o nome da figura mitológica Juno, a deusa romana suprema, mulher de Júpiter.
Juno, líder da família de asteroides Juno, é um dos maiores asteroides da cintura principal, medindo cerca de 234 km em diâmetro. É um asteroide tipo S, significando isto que é altamente refletivo e composto de uma mistura de níquel e ferro com silicatos de ferro e magnésio.
  
Tamanho: os primeiros 10 asteroides descobertos, por cima da Lua - Juno é o terceiro a contar da esquerda
 
 
Descoberta

Juno foi descoberto no dia 1 de setembro de 1804, pelo astrónomo Karl Ludwig Harding. Foi o terceiro asteroide descoberto, mas inicialmente foi considerado um planeta; foi reclassificado como asteroide e planeta menor durante a década de 1850.

 

Nome

Juno recebe o nome da deusa romana Juno.

'Juno' é o nome internacional para o asteroide, sujeito a variação local: Giunone (Itália), Junon (França), Yunona (Rússia), etc. Seu símbolo planetário é ③. Um símbolo antigo, ainda visto, é ⚵ (Old symbol of Juno). 

   

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Características

Juno é um dos maiores asteroides, pois contém aproximadamente 1% da massa de todo o cinturão de asteroides. É o 11º maior asteroide, e também o segundo asteroide tipo S mais massivo, após 15 Eunomia. Mesmo assim, Juno tem apenas 3% da massa de Ceres.

O período orbital de Juno é de 4.36578 anos.
 

sexta-feira, agosto 09, 2024

Notícia interessante sobre impactismo e um asteroide que quase é uma lua da Terra

O asteroide Kamo’oalewa pode ser a “segunda lua” da Terra (e ter-se separado da primeira)

 

 

Um novo estudo indica que o asteróide Kamo’oalewa pode ser um fragmento da Lua que se separou após um choque há vários milhões de anos.

Uma nova pesquisa publicada na revista Nature detalha uma descoberta importante que pode ter resolvido o mistério das origens do asteroide Kamo’oalewa.

Detetado em 2016, Kamo’oalewa tem sido um enigma devido às suas características orbitais únicas e composição. No entanto, o novo estudo sugere que este asteroide pode ter origem na Lua, especificamente da cratera Giordano Bruno, localizada no lado mais distante da Lua.

A pesquisa utilizou simulações numéricas para analisar as propriedades das crateras lunares e a sua capacidade de produzir detritos que poderiam migrar para o espaço co-orbital da Terra.

Segundo o phys.org, a equipa encontrou uma correspondência na cratera Giordano Bruno, sugerindo que Kamo’oalewa poderia ser um fragmento lunar de um evento de impacto que ocorreu há alguns milhões de anos.

Esta descoberta fornece uma ligação direta entre um asteroide específico e a sua origem lunar, indicando que pode haver mais pequenos asteroides compostos de material lunar ainda por descobrir perto da Terra.

As propriedades de reflexão e a cor do asteroide também se assemelham muito às da superfície lunar, diferindo significativamente de outros asteroides próximos da Terra.

As estimativas indicam que Kamo’oalewa tem entre 10 e 100 milhões de anos, ajustando-se ao perfil de detritos resultantes de um impacto lunar substancial.

A cratera Giordano Bruno, com 22 quilómetros de diâmetro e menos de 10 milhões de anos, emerge como a fonte mais provável devido ao seu tamanho e idade.

O estudo também destaca que a composição de piroxena encontrada nas paredes e na borda da cratera corresponde à de Kamo’oalewa, apoiando a hipótese da sua origem comum.

As simulações estimam que um impacto de um asteroide na superfície da Lua, com cerca de 1,66 quilómetros de diâmetro, poderia ter ejetado até 400 fragmentos do tamanho de Kamo’oalewa.

Embora se espere que a maioria desses fragmentos tenha deixado o espaço co-orbital da Terra dentro de 10 milhões de anos após o impacto, alguns, como Kamo’oalewa, podem permanecer em órbitas semelhantes por períodos prolongados.

A Administração Espacial Nacional Chinesa está a planear a missão Tianwen-2 para investigar mais a fundo Kamo’oalewa, o que pode servir para confirmar as teorias sobre as origens lunares do asteroide.

 

in ZAP

segunda-feira, julho 22, 2024

Giuseppe Piazzi, o padre astrónomo que descobriu o primeiro asteroide, morreu há 198 anos

      
Em 1 de janeiro de 1801 Piazzi descobriu o planeta anão Ceres, tendo-o designado inicialmente por Cerere Ferdinan­dea (por causa da deusa da mitologia romana Ceres e do Rei Fernando IV de Nápoles e da Sicília). A existência e a localização de Ceres tinha sido prevista pela lei de Titius-Bode alguns anos antes e durante muitos anos foi considerado como um asteroide.
   
Homenagens
Em 1871, Constantino Corti esculpiu uma estátua de Piazzi, esta estátua encontra-se na terra natal de Piazzi, Ponte in Valtellina. Mais tarde, em 1923, 1000 Piazzia, o milésimo asteroide a ser numerado, foi batizado em sua homenagem. Em 1935, o seu nome foi dado a uma cratera lunar - Piazzi. Mais recentemente, um grande albedo, provavelmente uma cratera, fotografada pelo telescópio espacial Hubble em Ceres, foi, informalmente, batizada de Piazzi.

Ceres - foto de maio de 2015, pela sonda Dawn
       

quarta-feira, julho 17, 2024

Há novidades sobre o asteroide Bennu

Bennu pode ser um fragmento de um antigo mundo oceânico

 

Asteroide Bennu

 

As amostras do asteroide Bennu revelam a presença de uma crosta de fosfato, numa concentração detetada em mundos oceânicos como a lua Encélado.

A missão OSIRIS-REx, da NASA, trouxe para a Terra (demasiadas) amostras do asteroide Bennu, que contém a presença de uma crosta de fosfato numa concentração detetada em mundos oceânicos.

“O asteroide Bennu pode ser um fragmento de um antigo mundo oceânico. Apesar de ser ainda muito especulativo, esta é a melhor pista que tenho para explicar a origem deste material”, justificou, em comunicado, Dante Lauretta, da Universidade do Arizona.

Uma das primeiras descobertas dos 200 miligramas de amostras que os cientistas estão a analisar é que o material do asteroide parece “isotopicamente distinto e diferente de qualquer outra amostra da nossa coleção de meteoritos”.

A maioria dos meteoritos que sofrem uma queda violenta na atmosfera da Terra e são recuperados são fragmentos de asteróides. Contudo, não é fácil identificar a rocha espacial de onde se originaram.

As amostras da OSIRIS-REx contêm uma crosta de fosfato nunca antes vista em meteoritos. Altas concentrações de fosfato como estas já foram detetadas anteriormente em mundos oceânicos extraterrestres, como a Lua de Saturno, Encélado, que contém fosfatos em níveis muito mais elevados do que os oceanos terrestres.

As amostras recolhidas no asteroide contêm também quantidades abundantes de água retida em minerais como argilas e são ricas em carbono, azoto, enxofre e fósforo.

As descobertas serão detalhadas, em março, na 55ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária em The Woodlands, no Texas.

Dado que as amostras OSIRIS-REx representam o maior reservatório deste material na Terra, os cientistas estarão, nos próximos tempos, “muito ocupados“.

Entretanto, a OSIRIS-REx já está a caminho de um novo destino - e com um novo nome. A sonda da NASA marcou encontro com o temível Apophis, o “Asteroide do Caos”, e a missão tem agora o nome de OSIRIS-APEX.

 


in ZAP

domingo, julho 07, 2024

Giuseppe Piazzi nasceu há 278 anos

  

Em 1 de janeiro de 1801 Piazzi descobriu o planeta anão Ceres, tendo-o designado inicialmente por Cerere Ferdinan­dea. A existência e a localização de Ceres tinha sido prevista pela lei de Titius-Bode alguns anos antes e durante muitos anos foi considerado como um asteroide.

Homenagens
Em 1871, Constantino Corti esculpiu uma estátua de Piazzi, esta estátua encontra-se na terra natal de Piazzi, Ponte in Valtellina. Mais tarde, em 1923, 1000 Piazzia, o milésimo asteroide a ser numerado, foi batizado em sua homenagem. Em 1935, o seu nome foi dado a uma cratera lunar - Piazzi. Mais recentemente, um grande albedo, provavelmente uma cratera, fotografada pelo telescópio espacial Hubble em Ceres, foi, informalmente, batizada de Piazzi.
 
  
in Wikipédia

quinta-feira, abril 18, 2024

A longa viagem de uma sonda espacial para nos dar a conhecer um asteroide perigoso...

A OSIRIS-APEX marcou encontro com Apophis, o “Asteroide do Caos”

 

 

A nave espacial a que se dava o nome OSIRIS-REx está numa viagem com o objetivo de estudar o asteroide Apophis e tirar partido da sua mais íntima passagem pela Terra em 2029, algo que não acontece desde o início da história registada.

No final de uma viagem de longo curso, pode ser altura de levantar os pés e de descansar um pouco - especialmente se foi uma viagem de sete anos e 6,4 mil milhões de quilómetros para trazer à Terra uma amostra do asteroide Bennu.

Mas a OSIRIS-REx (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification and Security – Regolith Explorer), a missão da NASA que alcançou este feito em setembro, já está a caminho de um novo destino. E com um novo nome.

Quando a OSIRIS-REx deixou Bennu em maio de 2021 com uma amostra a bordo, os seus instrumentos estavam em ótimo estado e ainda lhe restava um-quarto do combustível.

Assim, em vez de desligar a nave depois de ter entregue a amostra, a equipa propôs enviá-la numa missão bónus ao asteroide Apophis, com chegada prevista para abril de 2029. A NASA concordou e assim nasceu a OSIRIS-APEX (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, and Security – Apophis Explorer).

 

Uma oportunidade rara no asteroide Apophis

Depois de considerar vários destinos (incluindo Vénus e vários cometas), a NASA optou por enviar a nave espacial até Apophis, um asteroide do tipo S feito de materiais de silicato e níquel-ferro - um pouco diferente de Bennu, rico em carbono e do tipo C.

A parte interessante no que toca a Apophis é a sua aproximação excecional ao nosso planeta no dia 13 de abril de 2029.

Embora Apophis não vá colidir com a Terra durante este encontro nem num futuro previsível, a passagem de 2029 colocará o asteroide a menos de 32.000 quilómetros da superfície - mais perto do que alguns satélites e perto o suficiente para que possa ser visível a olho nu no hemisfério oriental.

Os cientistas estimam que asteroides do tamanho de Apophis, com cerca de 340 metros de diâmetro, só se aproximam da Terra uma vez em cada 7500 anos.

“A OSIRIS-APEX estudará Apophis imediatamente após essa passagem, permitindo-nos ver como a sua superfície muda ao interagir com a gravidade da Terra”, disse Amy Simon, cientista do projeto da missão, do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, em Greenbelt, estado norte-americano de Maryland.

O encontro próximo de Apophis com a Terra irá alterar a órbita do asteroide e a duração do seu dia de 30,6 horas.

O encontro também pode causar sismos e deslizamentos de terra na superfície do asteroide, que podem agitar o material e revelar o que está por baixo.

“A aproximação é uma grande experiência natural,” disse a investigadora principal da OSIRIS-APEX na Universidade do Arizona, Dani Mendoza DellaGiustina.

“Sabemos que as forças de maré e a acumulação de material em pilhas de entulho são processos fundamentais que podem desempenhar um papel na formação dos planetas. Podem informar como passámos de detritos no início do Sistema Solar para planetas completos”.

O asteroide Apophis representa mais do que apenas uma oportunidade para aprender mais sobre a formação dos sistemas solares e dos planetas: acontece que a maioria dos asteroides potencialmente perigosos conhecidos (aqueles cujas órbitas se encontram a menos de 4,6 milhões de quilómetros da Terra) são também do tipo S.

O que a equipa descobrir sobre Apophis pode informar a investigação sobre defesa planetária, uma das principais prioridades da NASA.


 

Estas imagens do asteroide Apophis foram obtidas em março de 2021 por antenas de rádio no complexo Goldstone da DSN (Deep Space Network), na Califórnia, e pelo GBT (Green Bank Telescope), na Virgínia Ocidental - o asteroide estava a 17 milhões de quilómetros de distância, e cada pixel tem uma resolução de 38,75 metros

 

OSIRIS-APEX: Itinerário da viagem

No dia 2 de abril de 2029 - cerca de duas semanas antes do encontro próximo de Apophis com a Terra - as câmaras da OSIRIS-APEX começarão a captar imagens do asteroide à medida que a nave se aproxima dele. Durante este período, Apophis será também observado de perto por telescópios terrestres.

Para além de estudar as alterações causadas pelo encontro de Apophis com a Terra, a nave espacial conduzirá muitas das mesmas investigações que a OSIRIS-REx fez em Bennu, incluindo a utilização do seu conjunto de câmaras, espetrómetros e um altímetro laser para mapear a superfície e analisar a sua composição química.

Como “encore”, a OSIRIS-APEX repetirá um dos atos mais impressionantes da OSIRIS-REx (sem contar com a recolha de amostras), mergulhando até menos de 5 metros da superfície do asteroide e disparando os seus propulsores em direção à superfície.

Esta manobra irá agitar rochas e poeiras para dar aos cientistas uma espreitadela ao material que se encontra por baixo.

Embora o encontro com Apophis esteja a mais de cinco anos de distância, o próximo marco na sua viagem é a primeira de seis passagens próximas do Sol. Estas aproximações, juntamente com três assistências gravitacionais da Terra, colocarão a OSIRIS-APEX na rota para alcançar Apophis em abril de 2029.

Ainda não se sabe o que a OSIRIS-APEX vai descobrir sobre Apophis, mas se a encarnação anterior da missão é alguma indicação, está à nossa frente ciência surpreendente. “Aprendemos muito com Bennu, mas agora estamos armados com ainda mais perguntas para o nosso próximo alvo”, disse Simon.

 

in ZAP

sexta-feira, abril 12, 2024

Novidades de um asteroide estranho...

O estranho asteroide 3200 Phaeton acabou de ficar um pouco menos estranho

 

Asteroide 3200 Phaethon

 

Uma equipa de investigadores finlandeses descobriu a composição do 3200 Faetonte, o estranho asteroide que mais parece um cometa.

O asteroide 3200 Faetonte (3200 Phaethon, em inglês), que tem 5 km de diâmetro, há muito que intriga os investigadores.

Uma cauda semelhante à de um cometa é visível durante alguns dias, quando o asteroide passa mais perto do Sol durante a sua órbita.

No entanto, as caudas dos cometas são normalmente formadas pela vaporização de gelo e dióxido de carbono, o que não pode explicar esta cauda. A cauda deveria ser visível já à distância de Júpiter em torno do Sol.

Quando a camada superficial de um asteroide se quebra, o cascalho e a poeira desprendidos continuam a viajar na mesma órbita e dão origem a um enxame de estrelas cadentes quando encontram a Terra.

Faetonte provoca a chuva de meteoros das Geminídeas, que aparece nos céus todos os anos em meados de dezembro. Pelo menos de acordo com a hipótese prevalente, porque é nessa altura que a Terra atravessa o percurso do asteroide.

Até à data, as teorias sobre o que acontece à superfície de Faetonte, perto do Sol, permaneceram puramente hipotéticas. O que é que sai do asteroide? Como?

A resposta a este enigma foi encontrada através da compreensão da composição de Faetonte.

 

Um grupo raro de meteoritos

Num estudo recentemente publicado na revista Nature Astronomy por investigadores da Universidade de Helsínquia, o espetro infravermelho de Faetonte, anteriormente medido pelo telescópio espacial Spitzer da NASA, foi reanalisado e comparado com espetros infravermelhos de meteoritos medidos em laboratório.

Os investigadores descobriram que o espetro de Faetonte corresponde exatamente a um certo tipo de meteorito, o chamado condrito carbonáceo CY. Trata-se de um tipo de meteorito muito raro, do qual apenas se conhecem seis exemplares.

Os asteroides também podem ser estudados através da recolha de amostras no espaço, mas os meteoritos podem ser estudados sem missões espaciais dispendiosas. Os asteroides Ryugu e Bennu, alvos de recentes missões de recolha de amostras da JAXA e da NASA, pertencem aos meteoritos CI e CM.

Os três tipos de meteoritos têm origem no nascimento do Sistema Solar e assemelham-se parcialmente uns aos outros, mas apenas o grupo CY mostra sinais de secagem e decomposição térmica devido a um aquecimento recente.

Todos os três grupos mostram sinais de uma mudança que ocorreu durante a evolução inicial do Sistema Solar, onde a água se combina com outras moléculas para formar minerais de filossilicatos e carbonato.

No entanto, os meteoritos do tipo CY diferem dos outros devido ao seu elevado teor de sulfureto de ferro, o que sugere a sua própria origem.

 

Espetros dos condritos carbonáceos CY

A análise do espetro infravermelho de Faetonte mostrou que o asteroide era composto de pelo menos olivina, carbonatos, sulfuretos de ferro e minerais de óxido. Todos estes minerais apoiam a ligação aos meteoritos CY, especialmente o sulfureto de ferro.

Os carbonatos sugerem alterações no conteúdo de água que se enquadram na composição primitiva, enquanto a olivina é um produto da decomposição térmica de filossilicatos a temperaturas extremas.

Na investigação, foi possível mostrar com modelação térmica quais as temperaturas que prevalecem na superfície do asteroide e quando certos minerais se decompõem e libertam gases.

Quando Faetonte passa perto do Sol, a temperatura da sua superfície aumenta para cerca de 800°C. O grupo de meteoritos CY encaixa-se bem nesta situação.

A temperaturas semelhantes, os carbonatos produzem dióxido de carbono, os filossilicatos libertam vapor de água e os sulfuretos o gás enxofre.

 

 Eric MacLennan segura nas mãos um tipo muito raro de meteorito, o chamado condrito carbonáceo CY.

O investigador pós-doutoramento Eric MacLennan segura nas mãos um tipo muito raro de meteorito, o chamado condrito carbonáceo CY. Só se conhecem seis exemplares do mesmo tipo. A amostra foi emprestada pelo Museu de História Natural de Londres

 

 

De acordo com o estudo, todos os minerais identificados em Faetonte parecem corresponder aos minerais dos meteoritos do tipo CY. As únicas exceções foram os óxidos portlandita e brucita, que não foram detetados nos meteoritos.

No entanto, estes minerais podem formar-se quando os carbonatos são aquecidos e destruídos na presença de vapor de água.

 

Cauda e chuva de meteoros têm uma explicação

A composição e a temperatura do asteroide explicam a formação de gás perto do Sol, mas será que também explicam a poeira e o cascalho que formam os meteoros das Geminídeas? Será que o asteroide tinha pressão suficiente para levantar poeira e rocha da sua superfície?

Os investigadores utilizaram dados experimentais de outros estudos em conjunto com os seus modelos térmicos e, com base neles, estimaram que, quando o asteroide passa mais perto do Sol, é libertado gás da estrutura mineral do asteroide, o que pode provocar a desagregação da rocha.

Além disso, a pressão produzida pelo dióxido de carbono e pelo vapor de água é suficientemente elevada para levantar pequenas partículas de poeira da superfície do asteroide.

“A emissão de sódio pode explicar a fraca cauda que observamos perto do Sol, e a decomposição térmica pode explicar a forma como a poeira e o cascalho são libertados de Faetonte”, diz o autor principal do estudo, o investigador de pós-doutoramento Eric MacLennan, da Universidade de Helsínquia.

“Foi fantástico ver como cada um dos minerais descobertos parecia encaixar-se e também explicar o comportamento do asteroide”, resume o professor associado Mikael Granvik, da Universidade de Helsínquia.

 

in ZAP

quinta-feira, março 28, 2024

O asteroide Palas foi descoberto há duzentos e vinte e dois anos

 
Palas, de Pallas (asteroide 2 Palas) é o segundo maior asteroide, situado na cintura entre Marte e Júpiter. Estima-se que as suas dimensões sejam 558 x 526 x 532 km. A sua composição é única, mas bastante similar à dos asteroides do tipo C.
Foi descoberto a 28 de março de 1802, por Heinrich Olbers, quando observava Ceres. Olbers, batizou-o com o nome da deusa grega da sabedoria.
   
Uma imagem ultravioleta de 2 Palas mostrando a sua forma achatada, feita pelo Telescópio Espacial Hubble
  
História
Em 1801, o astrónomo Giuseppe Piazzi descobriu um objeto que inicialmente confundiu com um cometa. Pouco tempo depois, Piazzi anunciou as suas observações deste objeto, notando que o seu movimento lento e uniforme não era característico de um cometa, sugerindo que seria um objeto diferente.
Durante vários meses, o objeto foi perdido de vista, mas posteriormente Franz Xaver von Zach e Heinrich W. M. Olbers recuperaram-no, utilizando como base uma órbita preliminar calculada por Friedrich Gauss.
Este objeto foi batizado por Ceres e foi o primeiro asteroide a ser descoberto.
Alguns meses depois, em Bremen, Olbers estava a tentar localizar de novo o asteroide Ceres, quando observou um outro objeto novamente na vizinhança. Era o asteroide Palas, que por coincidência passava perto de Ceres naquele tempo.
A descoberta deste objeto causou um grande interesse pela comunidade astronómica: antes deste momento os astrónomos especulavam que devia existir um planeta entre Marte e Júpiter e Olbers havia encontrado um segundo objeto.
A órbita de Palas foi determinada por Gauss, quando encontrou que o período de 4,6 anos era similar ao período de Ceres. Entretanto, Palas teria uma inclinação orbital relativamente elevada ao plano da eclíptica.
Em 1917, o astrónomo japonês Kiyotsugu Hirayama começou a estudar os movimentos dos asteroides. Observando um grupo de asteroides e baseado nos seus movimentos orbitais médios, inclinação e excentricidade, descobriu diversos agrupamentos distintos. Hirayama relatou um grupo de três asteroides associados com Palas, que nomeou como a Família Palas, usando o nome do membro maior do grupo.
Desde de 1994 mais de dez membros desta família foram identificados (os membros têm um afélio entre 2.50–2.82 U.A.; inclinação relativamente ao plano da eclíptica entre 33º e 38°).
A existência da família foi finalmente confirmada em 2002, mediante comparação dos seu espectros.
Palas foi observado ocultando uma estrela, por diversas vezes, incluindo o melhor observação de todos os eventos de ocultação de asteroides, em 29 de maio de 1983, quando as medidas do sincronismo da ocultação foram feitas por 140 observadores. Estes ajudaram a determinar o seu diâmetro exato.
  
Comparação de tamanho: os primeiros 10 asteroides com a Lua da Terra - Palas é o segundo da esquerda para a direita
  
Caraterísticas
Palas é o terceiro maior objeto da cintura de asteroides, similar a 4 Vesta em volume, mas com menos massa por ser menos denso. Em comparação, a massa de Palas equivale a aproximadamente a 0,3% da massa da Lua. Tanto Vesta como Palas tiveram o título de "o segundo maior" nalguns momentos da história da astronomia.
Palas tem sido observado ocultando uma estrela várias vezes. Medições cuidadosamente dos tempos de ocultação tem ajudado a dar um diâmetro preciso.
Mas estima-se que, em conjunto com Ceres, que são os únicos corpos da cintura de asteroides de forma esférica.
Durante a ocultação de 29 de maio de 1979 falou-se da descoberta de um possível satélite diminuto, com um diâmetro de 1 km, ainda não foi confirmada. Como curiosidade, o elemento químico paládio (número atómico 46) foi assim batizado em homenagem ao asteroide Palas.
   

sábado, fevereiro 24, 2024

Notícia sobre envio (já efetuado) de sonda a asteroide metálico interessante...

NASA vai explorar asteroide trilionário. Falta pouco para a missão histórica

 

Asteroide Psyche (ilustração)

 

Rumo ao Psyche, para desvendar mistérios. 12 de outubro é a data em que “a ficção científica se tornará facto científico”.

Agora sim, há data marcada e já está próxima: 12 de outubro de 2023.

É a data em que “a ficção científica se tornará facto científico”, pegando em palavras do Interesting Engineering.

A NASA vai lançar a missão Psyche nesse dia, para explorar o misterioso e aparentemente trilionário asteroide com o mesmo nome – Psyche.

No Centro Espacial Kennedy da NASA, na Flórida, decorrem os preparativos finais para a missão Psyche, que pretende desvendar os mistérios do asteroide homónimo.

Num comunicado, a agência espacial revela que os engenheiros testaram todos os quatro propulsores da nave, dobraram meticulosamente os seus painéis solares e abasteceram-na com gás xénon, o combustível para a sua jornada até ao cinturão de asteroides.

O principal objetivo desta missão é, não só chegar ao asteroide rico em metais, mas sim obter informações que poderão alterar a nossa compreensão sobre a formação planetária.

Como lembra o El Confidencial, o Psyche foi descoberto em 1852 mas continua a ser um mistério, guarda um segredo no seu interior.

Falta responder a diversas perguntas: Psyche é realmente um núcleo planetário exposto? É uma rocha grande, um monte de rochas menores ou algo totalmente diferente? As anteriores camadas exteriores (crosta e manto) foram violentamente arrancadas há muito tempo?

E falta a pergunta mais importante: o que aprendemos sobre Psyche pode ser extrapolado para resolver alguns dos mistérios sobre o núcleo da Terra?

Lindy Elkins-Tanton, a investigadora principal da Psyche na Universidade do Arizona, partilhou o seu entusiasmo, reforçando que a verdadeira celebração ocorrerá após o lançamento e estabelecimento bem-sucedido das comunicações.

A nave seguirá um percurso de espiral até ao asteroide, usando a sua eficiente propulsão elétrica solar, abastecida há pouco tempo com 1.085 kg de xénon.

O asteroide Psyche, com cerca de 278 km no seu ponto mais largo, é um laboratório celestial sem paralelo, podendo ser um fragmento do núcleo de um planetesimal, oferecendo uma perspetiva única sobre os blocos de construção dos primeiros planetas.

Recentes observações sugerem que o Psyche pode ser composto por uma combinação de metal e silicato, possivelmente contendo entre 30% e 60% de metal em volume.

Como parte do 14.º Programa de Descoberta da NASA, a missão Psyche é vista como um marco na exploração espacial.

Agora, resta-nos aguardar pelo lançamento, quando a ficção científica se transformará em facto científico.

 

in ZAP

 

(imagem daqui)

sábado, fevereiro 03, 2024

Notícia interessante sobre asteroide, com pistas sobre a formação e evolução do Sistema Solar...

“Bem-vinda a casa”. NASA traz amostras de asteroide para a Terra pela primeira vez

 

Nave espacial OSIRIS-REx da NASA em visita ao asteroide Bennu

 

A NASA conseguiu este domingo, pela primeira vez na sua história, trazer para a Terra uma amostra de um asteroide, que poderá proporcionar informações únicas sobre a origem da vida e a formação do sistema solar.

A cápsula da NASA que contém as amostras do asteroide Bennu aterrou às 08.52 locais (15.52 em Lisboa) de 24.09.2023, no deserto de Utah, nos Estados Unidos, pondo fim a uma viagem de sete anos.

Foi a primeira vez que a agência espacial dos Estados Unidos conseguiu recolher amostras de um asteroide. A Agência de Exploração Aerospacial do Japão conseguiu recuperar restos de asteroides em 2020, mas em quantidade mínima.

A missão da NASA, batizada como “Osiris-Rex”, esperava ter recolhido 250 gramas do asteroide Bennu, embora só se saiba com maior certeza quando a cápsula fosse aberta.

Os peritos creem que o asteroide Bennu contém moléculas que remontam à formação do sistema solar, há 4.500 milhões de anos e que pode dar algumas respostas a questões que intrigam a humanidade há séculos, como a origem da vida e do próprio sistema solar.

O asteroide Bennu é o mais perigoso do Sistema Solar. Já não devemos cá estar para o presenciar, mas sempre podemos marcar no calendário: o dia 24 de setembro de 2182 será o dia em que o asteroide Bennu terá maior probabilidade de colidir com a Terra nos próximos 300 anos.

A probabilidade de colisão é de apenas 0.057% – ou de uma em 11 750. A 24 de setembro de 2182, o Bennu vai ter uma probabilidade de 0.037% de chocar com a Terra, ou seja, uma em cada 2700. Cálculos anteriores apontavam para uma probabilidade de um em 2700 até ao ano 2200.

A NASA transmitiu em direto a aterragem e o momento mais emocionante ocorreu quando foi acionado um paraquedas que permitiu reduzir a velocidade da cápsula e evitar o seu despenhamento no deserto.

“Bem-vinda a casa”, afirmou Noelia González, da equipa de comunicação da NASA, no momento da chegada.

 

 

A viagem começou em 2016, quando a sonda “Osiris-Rex” partiu do centro da NASA em Cabo Canaveral, Flórida. Chegou a Bennu em 2018 e depois de voar ao redor do asteroide durante dois anos em busca do melhor local para a recolha de amostras, a nave aproximou-se da superfície para extrair poeira e pedaços de rochas.

Quando a NASA enviou uma nave para recolher amostras da superfície do asteroide Bennu, em 2020, causou uma explosão e abriu uma cratera de 8 metros de largura ao aterrar.

Um cientista da NASA observou que “as partículas que compõem o exterior do Bennu são tão soltas, que agem mais como um fluido do que como um sólido”.

A NASA descreve o asteroide como sendo semelhante às piscinas de bolas em que as crianças brincam - coloca-se qualquer tensão nas rochas e pedaços de pó na superfície de Bennu, e elas deslizam facilmente umas para as outras.

 

 

in ZAP

sábado, janeiro 20, 2024

Notícia interessante sobre impactismo na Terra...

A maior cratera de impacto da Terra pode estar escondida por baixo da Austrália

 

Gravuras encontradas na cratera de impacto de Vredefort

 

Os asteroides já foram responsáveis, possivelmente, pela extinção de mais espécies do que quase qualquer outro tipo de desastre desde o início da vida na Terra.

O mais famoso destes, o impactor Chicxulub, exterminou os dinossauros há cerca de 65 milhões de anos, juntamente com 76% de todas as espécies do planeta naquele período.

No entanto, essa não foi, de forma alguma, a pior catástrofe; tanto quanto podemos dizer, nem sequer foi o maior asteroide. Esse título atualmente pertence à cratera Vredefort na África do Sul. Com mais de 300 quilómetros de largura, é a maior cratera de asteroide encontrada até agora, pelo menos quando foi formada há cerca de dois mil milhões de anos.

Mas isso pode estar prestes a mudar, se uma teoria de Andrew Glikson e Tony Yeates da Universidade de New South Wales estiver correta. Os cientistas encontraram o que acreditam ser a maior cratera de impacto na Terra na sua própria província australiana de New South Wales e pensam que poderá ter causado um dos outros cinco grandes eventos de extinção.

Os cientistas nomearam a cratera, que estimam ter cerca de 520 quilómetros de tamanho, estrutura Deniliquin. Como escala e termo de comparação, a distância entre Porto e Faro é de cerca de 550 quilómetros. Investigar uma estrutura tão vasta é uma tarefa difícil, e torna-se ainda mais complicado quanto mais antiga for.

Glikson e Yeates estimam que a estrutura Denliquin tenha cerca de 445 milhões de anos. É muito tempo para a erosão, sedimentação e atividade tectónica afetarem qualquer estrutura na Terra, independentemente do seu tamanho. Contudo, existem algumas pistas reveladoras que os investigadores podem encontrar para indicar a dimensão desta cratera de impacto.

Primeiro, há uma avaliação dos dados geofísicos da região. As atualizações destes dados, que culminaram em 2020, apontam para uma estrutura com um domo definido de um evento sísmico de cerca de 520 km de largura. Outras evidências magnéticas abundam, como “falhas radiais” que apontam para o que se pensa ser o centro da estrutura de impacto. E existem algumas irregularidades magnéticas que poderiam ter sido causadas pelo magma em movimento mais próximo da superfície após o impacto.

Se realmente existir, teria sido criada por um impacto de proporções épicas. Os autores de um novo artigo sobre a cratera sugerem um momento específico na história há 445 milhões de anos, que coincide com o evento geológico chamado fase de glaciação Hirnantian, que fez parte da primeira das cinco grandes extinções – a extinção do fim do Ordovícico.

O fim do período Ordovícico foi causado por um arrefecimento global massivo, o que provocou grandes alterações na química dos oceanos e outros problemas. Um total de 86% de todas as espécies na Terra desapareceu durante este período, sendo o segundo mais catastrófico de todos os eventos de extinção (após o que acabou com o Pérmico há 250 milhões de anos).

Muitos processos geológicos podem causar o arrefecimento global, mas um dos mais dramáticos é o impacto de um asteroide, que lança detritos para a atmosfera superior que bloqueiam o Sol. Um impacto tão grande quanto o que criou a estrutura Deniliquin foi certamente suficientemente grande para fazer exatamente isso.

Portanto, esta imensa cratera poderia ser uma pista de como um asteroide diferente causou outra catástrofe global? Talvez, mas para obter uma melhor datação de quando o impacto ocorreu, os investigadores precisarão de recolher amostras do núcleo magnético da cratera de impacto.

Atualmente, não existem planos para o fazer, mas se a teoria ganhar atenção suficiente, certamente haverá algum multimilionário disposto a financiar um esforço para investigar a maior cratera de impacto do mundo – e descobrir se foi responsável por um dos eventos mais mortais na história da Terra.

 

in ZAP

segunda-feira, janeiro 15, 2024

A sonda espacial Stardust voltou para a Terra, com amostras, há dezoito anos


A Stardust era uma nave espacial da NASA, gerida pelo Laboratório de Propulsão a Jato, (JPL) da NASA na Califórnia. Foi lançada em 7 de fevereiro de 1999, pelo foguete Delta II, no Cabo Canaveral, estado da Flórida. A sua finalidade é o de investigar o cometaWild 2 e o asteroide Annefrank, além de recolher poeira interestelar.

Stardust é a primeira missão norte-americana, dedicada única e exclusivamente para explorar um cometa com a finalidade de trazer material extraterrestre, para lá da órbita da Lua.

A Stardust aproximou-se de Wild 2 em 2 de janeiro de 2004, após uma viagem de quatro anos pelo espaço. Durante esta aproximação ele recolheu amostras de poeira do cometa e obteve fotos detalhadas do seu núcleo gelado.

Adicionalmente a sonda Stardust devia trazer amostras de poeira interestelar que foi recentemente descoberta passando pelo Sistema Solar e se dirige para a constelação de Sagitário.

A sonda Stardust regressou, a 15 de janeiro de 2006, à Terra, para entregar as amostras do material proveniente do cometa dentro de uma cápsula. 

  


A missão

Acredita-se que o material recolhido pela sonda era antigo, de época anterior à existência do Sistema Solar e que também seja formado de grãos e de nuvens de poeira remanescentes da época da formação do Sistema Solar.

Para encontrar com o cometa Wild 2, a sonda teve que fazer três voltas em torno do Sol. Na segunda volta ocorreu a trajetória de interseção com o cometa. Durante este encontro, a sonda Stardust realizou uma série de tarefas como a contar o número de partículas com o instrumento científico denominado de Dust Flux Monitor (DFM) e em tempo real, analisar a composição destas partículas e substâncias voláteis pelo Comet and Interstellar Dust Analyzer (CIDA).

Utilizando uma substância denominada de Aerogel, a sonda Stardust consegue capturar e armazenar em segurança amostras do cometa, na sua longa jornada de volta para a Terra. Ela é constituída de silício, material que foi construído junto com a grade do coletor de aerogel, que é similar a uma grande raquete de ténis.

Estava previsto que em janeiro de 2006 a Stardust devia regressar e entregar a cápsula com as amostras dentro de um paraquedas, pesando aproximadamente 57 quilogramas.

Stardust foi a quarta missão da NASA do Programa Discovery, programa este que consiste na construção de pequenas naves espaciais de pesquisa espacial, que levem no máximo 36 meses para ficarem prontas e que custem menos de US$ 190 milhões de dólares em desenvolvimento e que o custo total da missão, seja inferior a US$ 299 milhões de dólares.

A missão Stardust veio depois das missões: Mars Pathfinder, Near Earth Asteroid Rendezvous ou (NEAR) e da Lunar Prospector.

Este é um programa de pesquisa espacial visa a obter dados científicos relevantes em missões de baixo custo, onde se emprega tecnologia de ponta, e cujas missões possam ser levadas adiante em um curto espaço de tempo.

  

Sucesso no retorno da cápsula

Em 15 de janeiro de 2006 a sonda Stardust teve sucesso regressou e, ao chegar à atmosfera terrestre, a cápsula contendo amostras do cometa e de poeira estelar, foi recolhida.

A cápsula de 45 kg pousou às 3 horas e 10 minutos, hora local, no deserto do Estado de Utah, no noroeste dos Estados Unidos.

Quando a cápsula se encontrava a 105.000 pés, um pequeno pára-quedas se abriu e estabilizou a cápsula. Quando foi atingido a altitude de 10.000 pés, o pára-quedas principal abriu e permitiu um pouso suave no deserto. Devido à escuridão da noite foram utilizados câmaras infravermelhas para monitorizar a descida da cápsula.

 

sexta-feira, setembro 15, 2023

O sistema solar pode voltar a ter nove planetas principais...

O Sistema Solar pode ter um nono planeta (e não é Plutão)

 

 

Todos nós costumávamos pensar que havia nove planetas. Mas em 2006 o Sistema Solar ficou com apenas oito planetas, quando Plutão deixou de ser classificado como tal.

Mas ainda é possível que haja um planeta além de Neptuno – possivelmente muito além dele? Nos últimos vinte anos, fizemos avanços significativos na exploração do sistema solar exterior.

Estamos a falar do que é conhecido como Espaço Transneptuniano, a noite eterna além do reino dos planetas gigantes. E nesta exploração deparamo-nos com uma surpreendente população de habitantes, os chamados Objetos Trans-Neptunianos Extremos, cujas características peculiares têm suscitado intenso debate na comunidade científica.

Alguns pesquisadores veem nessa população a manifestação de uma presença invisível, um novo planeta ainda não descoberto nos confins escuros e frios do nosso Sistema Solar. Outros, no entanto, pensam que tal planeta não existe e que essas peculiaridades transneptunianas extremas se devem à incompletude das nossas observações limitadas, os chamados “vieses de observação”.

 

Um hipotético mundo enorme e distante

Este planeta hipotético é provisoriamente conhecido como Planeta 9. Acredita-se que o Planeta 9 não seja um objeto pequeno como Plutão ou como muitos outros objetos transneptunianos que foram descobertos nos últimos anos. Simulações detalhadas foram criadas para teorizar sobre as características que o corpo poderia ter para produzir os efeitos observados, e a conclusão é que deve ser um planeta muito grande, com 4 a 8 vezes a massa da Terra.

Também deve estar extremamente longe do Sol: algo como dez vezes a distância de Plutão. Provavelmente ainda mais.

Se existir, seria um novo tipo de planeta, diferente dos outros que conhecemos atualmente no sistema solar. Os nossos vizinhos planetários são basicamente classificados em dois tipos. Eles são pequenos mundos rochosos com uma superfície sólida (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte) ou são gigantes gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno).

O Planeta 9 cairia em algum lugar entre essas categorias. Pode ser o que é conhecido como Super-Terra, um planeta rochoso maior que o nosso, ou Sub-Neptuno, um mundo gasoso menos massivo e ligeiramente menor que Neptuno.

Já localizamos planetas como este em torno de outras estrelas, mas, estando tão distantes, sabemos muito pouco sobre eles. Descobrir um no nosso próprio Sistema Solar abriria as portas para estudar em detalhes uma categoria de planetas quase desconhecida hoje.

 

A longa jornada do asteroide CNEOS14

Como poderíamos detetar este Planeta 9? Não é fácil. Estando tão longe, o seu brilho seria extremamente fraco e precisaríamos de poderosos telescópios. O problema é que esses telescópios costumam ter um campo de visão muito pequeno.

É como usar um microscópio para digitalizar uma área muito grande em busca de algo pequeno que deixamos cair. Nos últimos anos, esforços observacionais significativos foram feitos para tentar descobrir esse mundo indescritível – até agora sem sucesso.

Há alguns meses, foi publicado um artigo científico de dois investigadores de Harvard afirmando que um meteorito (CNEOS14) que caiu no Pacífico em 2014 não era um objeto do nosso Sistema Solar.

Este seria o primeiro objeto interestelar que detetamos, um pequeno asteroide de aproximadamente um metro de diâmetro que impactou o nosso planeta enquanto viajava pelo Sistema Solar a 60 quilómetros por segundo.

Esta alta velocidade é precisamente o que levou os investigadores a determinar a sua proveniência como visitante de outras estrelas. Para fazer isso, eles primeiro tiveram que descartar que o objeto tinha sido acelerado ou desviado pela gravidade de um planeta do nosso Sistema Solar, o que é fácil de verificar reconstruindo a sua trajetória e vendo se ele passou perto de algum dos planetas conhecidos. Neste caso, o asteroide não tinha passado perto de nenhum planeta conhecido.

Mas, e se CNEOS14 tivesse interagido com um planeta ainda não conhecido durante a sua jornada pelo Sistema Solar? Esta foi a pergunta que um novo estudo fez.

 

Uma incrível coincidência

A primeira pista de que poderia haver uma conexão entre o meteorito CNEOS14 e o Planeta 9 apareceu quando foi traçada num mapa celeste a órbita que o planeta deveria ter, de acordo com as simulações mais detalhadas, e sobreposta a origem do CNEOS14.

Foi descoberta uma coincidência impressionante entre a origem do meteorito e a região onde as simulações preveem que o Planeta 9 é mais provável de ser encontrado. A probabilidade de tal coincidência ser resultado do acaso é da ordem de 1%.

Seguindo essa linha de pensamento, foram feitas simulações que reconstroem a trajetória do CNEOS14 e foram encontradas outras três anomalias estatísticas que seriam altamente improváveis ​​num objeto vindo diretamente do meio interestelar.

Combinando a probabilidade dessas irregularidades, descobriu-se que ou há algo que não entendemos sobre objetos no meio interestelar ou há 99,9% de probabilidade de que o CNEOS14 tenha encontrado um planeta desconhecido no Sistema Solar externo – e esse novo mundo estar localizado exatamente na região prevista pelas simulações.

Essas coincidências e anomalias estatísticas levaram os autores a formular a “hipótese do mensageiro”, referindo-se ao uso do termo “mensageiro” na astrofísica para designar partículas que nos trazem informações dos corpos celestes. De acordo com esta hipótese, o CNEOS14 talvez tenha sido desviado por um objeto massivo desconhecido no Sistema Solar externo, possivelmente o Planeta 9, há entre 30 e 60 anos.

Se a conjetura estiver correta, traçando a trajetória do CNEOS14 para trás no tempo, encontraríamos a localização do Planeta 9 que, segundo os cálculos, estaria muito próximo do ponto onde as constelações de Áries, Touro e Cetus se encontram.

Está em curso uma campanha de observação no Observatório Javalambre (Teruel) para realizar esta busca. A tarefa ainda é difícil e vai levar tempo e trabalho, porque o campo a ser pesquisado ainda é grande e o objeto procurado é muito escuro, mas agora parece factível.

CNEOS14 pode estar a indicar a posição do Planeta 9 para nós. Ou talvez seja apenas uma grande coincidência cósmica. De qualquer forma, é uma bela história à qual poderíamos aplicar o velho ditado italiano de que se non è vero è ben trovato (mesmo que não seja verdade, está bem concebido) – expressão que, aliás, é atribuída a um astrónomo, o renascentista Frei Giordano Bruno.

 

Adaptado e corrigido de ZAP

sexta-feira, setembro 01, 2023

O asteroide Juno foi descoberto há 219 anos

 

Juno visto em quatro comprimentos de onda de luz - uma grande cratera aparece obscurecida nos 934 nm

 
Juno (asteroide 3) foi descoberto a 1 de setembro de 1804 pelo astrónomo alemão Karl Harding em Lilienthal. Localizado na cintura principal, foi o terceiro asteroide a ser descoberto, levando o número de ordem 3. Tem o nome da figura mitológica Juno, a deusa romana suprema, mulher de Júpiter.
Juno, líder da família de asteroides Juno, é um dos maiores asteroides da cintura principal, medindo cerca de 234 km em diâmetro. É um asteroide tipo S, significando isto que é altamente refletivo e composto de uma mistura de níquel e ferro com silicatos de ferro e magnésio.
  
Tamanho: os primeiros 10 asteroides descobertos, por cima da Lua - Juno é o terceiro a contar da esquerda
    
in Wikipédia

domingo, agosto 13, 2023

Notícia sobre um cometa disfarçado de asteroide - ou vice-versa...

O estranho asteroide 3200 Phaethon acabou de ficar ainda mais estranho

  

 

3200 Phaethon

 

Uma nova descoberta sobre o asteroide 3200 Phaethon - que mais parece um cometa - acabou de o tornar ainda mais estranho do que já era.

O asteroide 3200 Phaethon tem cerca de 5,4 quilómetros de largura e destaca-se por ter características pouco habituais, comportando-se mais como um cometa e menos como um asteroide. Os cientistas pensavam que isto acontecia devido à poeira que escapou do asteroide quando impactado pelo Sol.

No entanto, um novo estudo revelou que a cauda do asteroide é feita de sódio em gás e não é empoeirada como se acreditava, escreve o site Interesting Engineering.

“A nossa análise mostra que a atividade semelhante a um cometa de Phaethon não pode ser explicada por nenhum tipo de poeira”, disse Qicheng Zhang, autor principal do estudo, em comunicado.

Os asteroides, que são fundamentalmente rochosos, não costumam formar caudas quando se aproximam do Sol. Os cometas, no entanto, são uma mistura de gelo e rocha, e normalmente formam caudas quando o Sol vaporiza o seu gelo.

Quando os astrónomos descobriram Phaethon em 1983, perceberam que a órbita do asteroide correspondia à dos meteoros Geminídeos. Phaethon era a fonte da chuva anual de meteoros, embora fosse um asteróide e não um cometa, explica a NASA.

“Os cometas normalmente brilham intensamente por emissão de sódio quando muito perto do Sol, então suspeitamos que o sódio também poderia ter um papel fundamental no brilho de Phaethon”, disse Zhang.

As recentes observações dos cientistas mostraram que a cauda do asteroide apareceu brilhante apenas no filtro que detetou sódio e não no que detetou poeira. Além disso, a cauda mudou de forma e intensidade quando Phaethon passou pelo Sol. Isto foi de encontro àquilo que os peritos esperavam caso fosse feita de sódio.

Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista científica Planetary Science Journal.

A equipa realça que os resultados deitam por terra “14 anos de pensamento sobre um objeto bem examinado”. Ainda assim, realça o Interesting Engineering, resta uma pergunta importante: se Phaethon não liberta muita poeira, como é que o asteroide fornece o material para a chuva de meteoros que vemos anualmente?

 

in ZAP

sábado, julho 22, 2023

Giuseppe Piazzi, o padre astrónomo que descobriu o primeiro asteroide, morreu há 197 anos

      
Em 1 de janeiro de 1801 Piazzi descobriu o planeta anão Ceres, tendo-o designado inicialmente por Cerere Ferdinan­dea (por causa da deusa da mitologia romana Ceres e do Rei Fernando IV de Nápoles e da Sicília). A existência e a localização de Ceres tinha sido prevista pela lei de Titius-Bode alguns anos antes e durante muitos anos foi considerado como um asteroide.
   
Homenagens
Em 1871, Constantino Corti esculpiu uma estátua de Piazzi, esta estátua encontra-se na terra natal de Piazzi, Ponte in Valtellina. Mais tarde, em 1923, 1000 Piazzia, o milésimo asteroide a ser numerado, foi batizado em sua homenagem. Em 1935, o seu nome foi dado a uma cratera lunar - Piazzi. Mais recentemente, um grande albedo, provavelmente uma cratera, fotografada pelo telescópio espacial Hubble em Ceres, foi, informalmente, batizada de Piazzi.

Ceres - foto de maio de 2015, pela sonda Dawn