quinta-feira, setembro 28, 2023

El-Rei D. Carlos I nasceu há cento e sessenta anos...

 


D. Carlos I de Portugal, de nome completo: Carlos Fernando Luís Maria Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Saboia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha (Palácio da Ajuda, Lisboa, 28 de setembro de 1863 - Terreiro do Paço, Lisboa, 1 de fevereiro de 1908) foi o penúltimo Rei de Portugal.
     
    
Nascido em Lisboa, era filho do rei Luís I de Portugal e da rainha Maria Pia de Sabóia, tendo subido ao trono em 1889. Foi cognominado O Diplomata (devido às múltiplas visitas que fez a Madrid, Paris e Londres, retribuídas com as visitas a Lisboa dos Reis Afonso XIII de Espanha e Eduardo VII do Reino Unido, do Kaiser Guilherme II da Alemanha e do presidente da República Francesa Émile Loubet), O Martirizado e O Mártir (em virtude de ter morrido assassinado), ou O Oceanógrafo (pela sua paixão pela oceanografia, partilhada com o pai e com o príncipe do Mónaco).
D. Carlos era um apreciador das tecnologias que começavam a surgir no princípio do século XX. Instalou luz elétrica no Palácio das Necessidades e fez planos para a eletrificação das ruas de Lisboa. Embora fossem medidas sensatas, contribuíram para a sua impopularidade visto que o povo as encarou como extravagâncias desnecessárias. Foi ainda um amante da fotografia e autor do espólio fotográfico da Família Real. Foi ainda um pintor de talento, com preferências por aguarelas de pássaros que assinava simplesmente como "Carlos Fernando". Esta escolha de tema refletia outra das suas paixões, a ornitologia. Recebeu prémios em vários certames internacionais e realizou ensaios notáveis na área de cerâmica.
Para além da ornitologia, era um apaixonado pela oceanografia, tendo adquirido um iate, o Amélia, especificamente para se dedicar a campanhas oceanográficas. Estabeleceu uma profunda amizade com Alberto I, Príncipe do Mónaco, igualmente um apaixonado pela oceanografia e as coisas do mar. Desta relação nasceu o Aquário Vasco da Gama, que pretendia em Portugal desempenhar papel semelhante ao Museu Oceanográfico do Mónaco. Alguns trabalhos oceanográficos realizados por D. Carlos, ou por ele patrocinados, foram pioneiros na oceanografia mundial. Honrando esta faceta do monarca, a Armada Portuguesa opera atualmente um navio oceanográfico com o nome de D. Carlos I.
D. Carlos foi também um excelente agricultor, tendo tornado rentáveis as seculares propriedades da Casa de Bragança (património familiar destinado a morgadio dos herdeiros da Coroa), produzindo vinho, azeite, cortiça, entre outros produtos, tendo também organizado uma excelente ganadaria e incentivado a preservação dos prestigiados cavalos de Alter.
  


Jaz no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa, ao lado do filho que com ele foi assassinado. As urnas, com tampas transparentes, ficaram aí depositadas durante 25 anos. Só em 1933 é que uma comissão privada abriu uma subscrição nacional que levou à inauguração de dois belos túmulos, concebidos pelo arquiteto Raúl Lino, junto dos quais está uma figura feminina, representando "A Dor", esculpida por Francisco Franco, conjunto esse que ainda hoje pode ser visto.
     
O Sobreiro (1905), pintura de D. Carlos I
    
in Wikipédia

Víctor Jara nasceu há noventa e um anos...


     
Víctor Lidio Jara Martínez (San Ignacio, 28 de septiembre de 1932 - Santiago, 16 de septiembre de 1973) fue un músico, cantautor, profesor, director de teatro, activista político y militante del Partido Comunista de Chile.
La figura de Víctor Jara es un referente internacional de la canción protesta y de cantautor, y uno de los artistas más emblemáticos del movimiento músico-social llamado «Nueva Canción Chilena». Su ideología comunista se refleja en su obra artística, de la que fue pieza central.
Tras el golpe de Estado que derrocó al gobierno de Salvador Allende el 11 de septiembre de 1973, Jara fue detenido por las fuerzas represivas de la dictadura militar recién establecida. Fue torturado y posteriormente asesinado en el antiguo Estadio Chile, que con el retorno de la democracia fue renombrado «estadio Víctor Jara».

Muerte
El golpe de Estado encabezado por el general Augusto Pinochet contra el presidente Salvador Allende, el 11 de septiembre de ese año, lo sorprende en la Universidad Técnica del Estado. Fue detenido junto a profesores y alumnos. Lo llevaron al Estadio Chile (actualmente estadio Víctor Jara, lugar en el que hay una placa en su honor con su último poema), donde permaneció detenido durante cuatro días. Lo torturaron durante horas (entre otras torturas le realizaron quemaduras con cigarrillo y simulacros de fusilamiento), le cortaron los dedos y la lengua, y finalmente el 16 de septiembre lo acribillaron junto al director de la Empresa de Ferrocarriles del Estado. El cuerpo fue encontrado el día 19 del mismo mes con 44 impactos de bala.
Estando preso escribió su último poema y testimonio «Somos cinco mil», también conocido como «Estadio Chile».
Somos cinco mil
en esta pequeña parte de la ciudad.
Somos cinco mil
¿Cuántos seremos en total
en las ciudades y en todo el país?
Solo aquí
diez mil manos siembran
y hacen andar las fábricas.
¡Cuánta humanidad
con hambre, frío, pánico, dolor,
presión moral, terror y locura!

Víctor Jara, «Somos cinco mil»

  


Tim Maia nasceu há oitenta e um anos...

     
Tim Maia (nome artístico de Sebastião Rodrigues Maia; Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1942 - Niterói, 15 de março de 1998), foi um cantor, compositor, produtor, maestro, multi-instrumentista e empresário brasileiro, responsável pela introdução do estilo soul na música popular brasileira e reconhecido mundialmente como um dos maiores ícones da música no Brasil. As suas músicas eram marcadas pela rouquidão de sua voz, sempre grave e carregada, conquistando grandes vendas e consagrando muitos sucessos. Nasceu e cresceu na cidade do Rio de Janeiro, onde, na sua infância, já teve contacto com pessoas que viriam a ser grandes cantores, como Jorge Ben Jor e Erasmo Carlos. Em 1957, fundou o grupo The Sputniks, onde cantou com Roberto Carlos. Em 1959, emigrou para os Estados Unidos, onde teve seus primeiros contactos com o soul, vindo a ser preso e deportado por roubo e posse de drogas. Em 1970, gravou o seu primeiro disco, intitulado Tim Maia, que, rapidamente, se tornou um sucesso no Brasil com músicas como "Azul da Cor do Mar" e "Primavera".
Nos três anos seguintes, lançou vários discos homónimos, fazendo sucesso com canções como "Não Quero Dinheiro" e "Gostava Tanto de Você". De 1975 a 1977, aderiu à doutrina filosófico-religiosa conhecida como Cultura Racional, lançando, nesse período, as músicas "Que Beleza" e "Rodésia". Pela decadência das suas músicas, influenciadas por essa escola filosófica, desiludiu-se com a doutrina e voltou ao seu estilo de música anterior, lançando sucessos como "Descobridor dos Sete Mares" e "Me Dê Motivo". Muitas de suas músicas foram gravadas sob a editora Seroma e a gravadora Vitória Régia Discos, sendo um dos primeiros artistas independentes do Brasil. Ganhou o cognome de "síndico do Brasil" do seu amigo Jorge Ben Jor na música W/Brasil. Na década de 90, diversos problemas assolaram a vida do cantor: problemas com as Organizações Globo e a sua saúde precária, devido ao uso constante de drogas e ao agravamento da sua obesidade. Sem condições para realizar uma apresentação no Teatro Municipal de Niterói, saiu em ambulância e, após duas paragens cardiorrespiratórias, faleceu a 15 de março de 1998. É amplo o seu legado à história da música brasileira, e a sua obra veio a influenciar diversos artistas, como seu sobrinho Ed Motta. A revista Rolling Stone classificou Tim Maia como o maior cantor brasileiro de todos os tempos, e também como o 9º maior artista da música brasileira.
    

 


Hoje é dia de recordar Ben E. King and The Drifters...

Hubble morreu há setenta anos...

  

Famoso por ter descoberto que as até então chamadas nebulosas eram na verdade galáxias fora da Via Láctea, e que estas afastam-se umas das outras a uma velocidade proporcional à distância que as separa.
O seu nome foi dado ao primeiro telescópio espacial, posto em órbita em 1990, para estudar o espaço sem as distorções causadas pela atmosfera.
   
Biografia
Aluno promissor, embora não excecional na adolescência, destacou-se mais na época por feitos atléticos, como quando bateu o recorde de salto em altura do estado de Illinois. Como seu pai (o advogado e agente de seguros John Powell Hubble) queria, formou-se em Direito em 1910, na Universidade de Chicago, e chegou a exercer a profissão de advogado, mas acabou por abandoná-la para seguir o seu interesse pela astronomia, pela matemática e pela astrofísica.
Em 1914 foi aceite como pesquisador no Observatório Yerkes, em Williams Bay, Wisconsin, e dedicou-se ao estudo das nebulosas, que começou a dividir como pertencentes ou não à Via Láctea. Depois da I Guerra Mundial, em 1919, voltou aos Estados Unidos e começou a trabalhar no Observatório do Monte Wilson, perto de Pasadena, na Califórnia, onde trabalharia até à sua morte. Continuou a trabalhar com as nebulosas, utilizando um telescópio refletor recém-construído.
A partir da relação conhecida entre período e luminosidade das cefeidas, em geral, e do brilho aparente das cefeidas de Andrómeda, em 1923 Hubble pode calcular a distancia entre esta e a Via Láctea, obtendo um valor de quase 1 milhão de anos-luz. Mesmo obtendo um valor errado para a distância de Andrómeda, pois atualmente o valor aceite é de um pouco mais de 2 milhões de anos-luz, Hubble mostrou que ela estava para além dos limites de nossa galáxia, que tem cem mil anos-luz de diâmetro. Assim ficou provado que Andrómeda era uma galáxia independente. A descoberta não foi explorada pela imprensa, mas no ano seguinte dividiu com um pesquisador de saúde pública um prémio de mil dólares dado pela Academia Americana para o Avanço da Ciência. Hubble provou a existência de nebulosas extragalácticas constituídas de sistemas estelares independentes. No ano seguinte descobriu diversas galáxias e mostrou que várias delas são semelhantes à Via Láctea. A mancha luminosa no céu era na verdade um sistema estelar tão grandioso quanto aquele em que o Sol e a Terra estão situados. Elas passaram a ser chamadas de galáxias, por analogia com a denominação de nossa Via Láctea.
Depois dessas descobertas, passou a pesquisar a estrutura das galáxias e a classificá-las pelo formato, como espiral ou elíptica. Posteriormente começaria a estudar as distâncias que as galáxias se encontram da Via Láctea e suas velocidades no espaço. Em 1929 demonstrou que as galáxias se afastam em grande velocidade e que essa velocidade aumenta com a distância. A relação entre a velocidade e a distância da Terra é conhecida como a Lei de Hubble e a razão entre os dois valores é conhecida como Constante de Hubble.
Este deslocamento das galáxias serviria como base, em 1946, para George Gamow estabelecer a teoria do Big Bang. Analisando o desvio para o vermelho em suas observações, desenvolveu a teoria da expansão do universo e anunciou que a velocidade de uma nebulosa em relação a outra é proporcional à distância entre elas (a chamada constante de Hubble). Ou seja, Hubble estudou a luz emitida pelas galáxias distantes, observando que o comprimento de onda em alguns casos era maior que aquele obtido no laboratório. Esse fenómeno ocorre quando a fonte e o observador se movem: quando se afastam um do outro, o comprimento de onda visto pelo observador aumenta, diminuindo quando a fonte e o observador se aproximam. Se uma galáxia estiver se aproximando, a luz desloca-se para a cor azul e se estiver se afastando a luz desloca-se para a cor vermelha (Efeito Doppler). Em cada caso, a variação relativa do comprimento é proporcional à velocidade com que a fonte se move.
Depois ser condecorado com a medalha de ouro da Real Sociedade de Astronomia de Londres, em 1940, e com a medalha presidencial do mérito dos Estados Unidos, em 1946, Hubble passou a utilizar o telescópio Hale, concluído em 1948, no Monte Palomar, em Pasadena, para estudar objetos estelares fracos.
Faleceu em 1953, antes de completar 64 anos, vitima de um acidente vascular cerebral, que o matou, instantaneamente e sem dor, como garantiu o antigo médico da família à sua esposa, Grace Hubble. Ela recusou-se a fazer um funeral e a dar satisfações com o que havia feito com o corpo do seu marido (alguns acham simplesmente que Hubble "voltou para casa").
O astrónomo seria homenageado, em 1990, quando um telescópio espacial foi batizado com o seu apelido. Após apresentar problemas relativos à qualidade das imagens, foi consertado por astronautas. Por situar-se fora da atmosfera da Terra, que distorce e enfraquece as imagens do Universo, tem sido utilizado na recolha de dados sobre objetos muito distantes.
   
   

quarta-feira, setembro 27, 2023

O cantor Meat Loaf nasceu há 76 anos...


Michael Lee Aday (born Marvin Lee Aday; Dallas, Texas, September 27, 1947 – Nashville, Tennessee, January 20, 2022), known professionally as Meat Loaf, was an American rock singer and actor known for his powerful, wide-ranging voice and theatrical live shows. He is on the list of bestselling music artists. His Bat Out of Hell trilogy - Bat Out of Hell (1977), Bat Out of Hell II: Back into Hell (1993), and Bat Out of Hell III: The Monster Is Loose (2006)  - has sold more than 100 million records worldwide. The first album stayed on the charts for over nine years, as of 2016 still sold an estimated 200,000 copies annually, and is on the list of bestselling albums.

After the commercial success of Bat Out of Hell and Bat Out of Hell II: Back Into Hell, and earning a Grammy Award for Best Solo Rock Vocal Performance for the song "I'd Do Anything for Love", Meat Loaf nevertheless experienced some difficulty establishing a steady career within the United States. The key to this success was his popularity in Europe, especially in the United Kingdom and Ireland. He received the 1994 Brit Award in the United Kingdom for bestselling album and single. He appeared in the 1997 film Spice World and he ranked 23rd for the number of weeks spent on the UK charts in 2006. He ranks 96th on VH1's "100 Greatest Artists of Hard Rock".

Meat Loaf appeared in over 50 films and television shows, sometimes as himself or as characters resembling his stage persona. His film roles included Eddie in The Rocky Horror Picture Show (1975) and Robert Paulson in Fight Club (1999). His early stage work included dual roles in the original Broadway cast of The Rocky Horror Show. He also appeared in the musical Hair, both on and Off-Broadway

    

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Meat Loaf died in Nashville, Tennessee, on the evening of January 20, 2022, at the age of 74. No official cause of death was released. He was reportedly ill with COVID-19 earlier in January and reporting by TMZ suggested that he died from COVID-19 complications. After his health rapidly declined, his two daughters rushed to see him in the hospital with his wife being beside him as he died. His daughter had posted to Instagram in early January that: "We are not sick, but we have too many friends and family testing positive [for COVID-19] right now, positive but doing OK". Notable people who posted tributes include Bonnie Tyler, Cher, Brian May, Boy George, Piers Morgan, Travis Tritt, Marlee Matlin, Stephen Fry, his Rocky Horror co-star Nell Campbell, and Donald Trump. The Queen's Guard performed a rendition of "I'd Do Anything for Love (But I Won't Do That)".

  
   

 


Bud Powell nasceu há 99 anos

   

Earl Rudolph "Bud" Powell (Nova Iorque, 27 de setembro de 1924Nova Iorque, 31 de julho de 1966) foi um pianista dos Estados Unidos da América de jazz. Powell tem sido descrito como um dos "dois mais significativos pianistas do estilo de jazz moderno, que veio a ser conhecido como bop", sendo o outro o seu amigo e contemporâneo Thelonious Monk. Conjuntamente com Monk, Charlie Parker e Dizzy Gillespie, Powell foi uma peça-chave na história do bebop, e o seu virtuosismo como pianista levou muitos a chamarem-no de "Charlie Parker do piano". Bud morreu muito novo, vítima de tuberculose, má nutrição e alcoolismo.
    

 

O Pacto do Eixo foi assinado há 83 anos...

Bandeiras do Terceiro Reich, Império do Japão e Reino de Itália em Berlim, em setembro de 1940
       
O Pacto do Eixo foi assinado em Berlim a 27 de setembro de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, pelos representantes da Alemanha nazi, da Itália fascista e do Império do Japão e formalizou a aliança conhecida como Eixo. Foi idealizado por Hitler para intimidar os Estados Unidos e tentar mantê-lo como país neutro durante a guerra mas, na prática, acabou legitimando a entrada dos Estados Unidos no conflito europeu, quando este declarou guerra ao Japão, após o ataque japonês a Pearl Harbor.
   

O livro Primavera Silenciosa chegou às livrarias há 61 anos...


Pesticidas 

Rachel Carson desafiou a indústria química há 60 anos. Faz-nos falta ler hoje Primavera Silenciosa? 

 

Há seis décadas, o Primavera Silenciosa alertava-nos para como o uso excessivo de pesticidas estava a destruir ecossistemas e a própria saúde humana. O livro de Rachel Carson impulsionou a proibição do DDT e o movimento ambientalista. Hoje, está indisponível em Portugal. O que esta obra nos pode ensinar em tempos de crise climática? 

No dia 27 de setembro de 1962, chegava às livrarias nos Estados Unidos Primavera Silenciosa, de Rachel Carson. Tinha uma capa verde-clara, com a ilustração de um ribeiro tímido e plantas aquáticas – uma aparência despretensiosa para uma obra tão controversa, que trazia em si a semente de uma revolução social e acabaria por condicionar o curso da História. 

As 368 páginas do livro encerravam uma mensagem que não era nova para muitos leitores. Capítulos do livro já haviam sido publicados em série na revista New Yorker em junho de 1962, inflamando um debate nacional à volta do uso desregrado de pesticidas e mobilizando cidadãos para aquele que viria a ser o movimento ambientalista moderno. No mês seguinte, a manchete do New York Times condensava o ar do tempo: “Primavera Silenciosa é agora um Verão barulhento”. Em 1972, uma década depois, foi banido nos Estados Unidos o diclorodifeniltricloroetano (DDT).

Primavera Silenciosa tornou-se rapidamente um bestseller e, em 1963, já estava traduzido em 14 línguas. Só foi publicado em Portugal em 1966, pela Editorial Pórtico, com tradução de Raúl Correia. Hoje o título está indisponível no mercado nacional, embora algumas livrarias online vendam a edição brasileira. Faz-nos falta ler hoje Primavera Silenciosa? O que a obra nos ensina em tempos de crise climática? 

O filósofo Viriato Soromenho Marques acredita que os portugueses têm “todas as razões” para ler ou revisitar Primavera Silenciosa. O professor catedrático da Universidade de Lisboa explica que Rachel Carson, quando aponta o dedo para a indústria química, não se limita a mostrar falhas técnicas ou científicas.“Ela vai mais longe”, diz. 

Rachel Carson denuncia “a escassa capacidade humana” de produzir mecanismos de regulação para as tecnologias que a própria humanidade engendrou. “Cabe a nós, 60 anos depois, numa situação muito mais dramática do que aquela que o mundo se encontrava em 1962, redobrar e prosseguir continuamente [esse esforço]”, afirma o filósofo português ao PÚBLICO. 

Viriato Soromenho Marques, que ensina Filosofia da Natureza na universidade, lamenta que Primavera Silenciosa não seja lido no país como título de divulgação científica. “O público leitor em Portugal acaba por ser mais académico, infelizmente”, refere o professor da Universidade de Lisboa. 

Soromenho Marques leu o texto original, em inglês, uma edição comemorativa publicada em 1992 e comprada pelo docente durante uma viagem a Berkeley, nos Estados Unidos. O livro está todo sublinhado, anotado. “A primeira leitura teve um impacto enorme em mim”, confessa. 

 O facto de Primavera Silenciosa estar indisponível não só nas livrarias, mas também para empréstimo em bibliotecas também prejudica a democratização do texto no país. “Acredito que há muitos leitores de Rachel Carson em Portugal, mas o objetivo de chegar ao grande público ainda não foi conseguido”, afirma o filósofo português numa conversa com o PÚBLICO, que pode ser ouvida na íntegra no mais recente episódio do podcast do Azul.

Christof Mauch, diretor do Centro Rachel Carson da Universidade de Munique, na Alemanha, corrobora a ideia de que, passadas seis décadas, Primavera Silenciosa continua a ser uma leitura necessária. “Acredito que a popularidade de Carson só vai aumentar no futuro, em parte porque há algo de profético na sua escrita”, afirma ao PÚBLICO. 

“Os textos de Rachel Carson não são apenas [a exposição de] factos. Eles combinam uma advertência e uma visão do amanhã; ensinam-nos, acima de tudo, que os humanos são organismos como todos os outros e que, para termos um futuro, nós precisamos utilizar os recursos da Terra sem perturbar o equilíbrio geral”, refere Christof Mauch. 

Para celebrar as seis décadas do livro, o Centro Rachel Carson está a organizar para a segunda quinzena de outubro uma conferência intitulada “Primaveras Silenciosas” – assim mesmo, no plural –, com um programa no qual serão exploradas “histórias globais sobre pesticidas e sobre o nosso mundo tóxico”. As narrativas que emergiram da obra clássica dos anos 60 parecem mostrar como Rachel Carson transformou a forma como escrevemos hoje sobre a natureza.

“Carson tem sido uma inspiração maior. Os seus textos estão na mente de muitos romancistas também – como Margaret Atwood, Richard Powers e muitos outros. Acredito que nenhum outro autor teve um impacte parecido nas humanidades ligadas ao ambiente, seja porque a autora concilia ciência pura com filosofia, seja porque Carson tem um entendimento profundo da complexidade da vida – do microscópico ao macroscópico”, observa Christof Mauch. 

 

 

Conferência programada para outubro em Munique, na Alemanha

 

Tornar o microscópico visível

Os 17 capítulos de Primavera Silenciosa têm, entre tantas outras coisas, o condão de tornar compreensíveis eventos moleculares que não são visíveis a olho nu. Na parte intitulada “Elixires da morte”, Rachel Carson demonstra a omnipresença do DDT. “Pela primeira vez na história do mundo, todos os seres humanos estão agora sujeitos ao contacto com químicos perigosos, desde o momento da fecundação até à morte”, lê-se nas primeiras linhas do texto.

A autora prossegue citando vários estudos que atestam que o corpo humano não possui uma barreira protetora; aquilo que é capaz de matar insetos também afeta todas as formas de vida num ecossistema, persistindo em tecidos e fluidos impensáveis como a placenta e o leite materno. O leitor do século XXI, que lê Primavera Silenciosa enquanto o planeta não para de aquecer, fará talvez um paralelo imediato com os microplásticos. Tal como o DDT, a poluição plástica está por todo lado, do gelo do Ártico ao sangue humano.

Hoje parece-nos óbvio que haja moléculas persistentes nos solos, alimentos e organismos vivos. Contudo, nos anos 60, em que os pesticidas modernos eram vistos como o único caminho para uma agricultura capaz de alimentar o mundo, esta não era uma ideia dominante no imaginário coletivo. O DDT era apresentado ainda como a panaceia para a malária em países africanos – e, por isso, os detratores acusaram Rachel Carson de “assassinar” milhões de crianças afetadas pela doença.

Como o próprio nome “pesticidas” sugere, estes produtos deveriam matar apenas pestes agrícolas. Daí Rachel Carson ter dito certa vez que a denominação induzia em erro, e que a molécula deveria ser chamada de biocida, e não pesticida. Porque não mata apenas insetos – também aniquila ou causa dano a outras formas de vida, alterando processos celulares em plantas, animais e seres humanos.

O título do livro remete exatamente para a potência destruidora dos inseticidas. Se moléculas desenhadas para aniquilar pestes são dispersas de forma desregrada, as aves também serão afetadas e a Primavera chegará sem o canto destes animais.

Esta imagem emerge de uma balada de John Keats, cujos versos servem de epígrafe ao livro: “O carriço desapareceu do lago / E nenhum pássaro canta.” Com a metáfora do silêncio, Carson conseguiu transformar uma denúncia grave, alicerçada em sólidos argumentos científicos, numa clara mensagem de causa e efeito.

“Rachel Carson mostrou com muita coragem nos anos 60 – e ainda hoje há poucas pessoas que o fazem – que, se nós analisarmos, dos departamentos e institutos que trabalham na área dos insetos [nos Estados Unidos], só 2% focam-se em controlo biológico (controlo natural das pragas), sendo que os restantes 98% recebem financiamento da indústria química. E esta entrada em cena do dinheiro faz toda a diferença”, afirma Soromenho Marques.

O lobby da indústria química nos Estados Unidos não tardou a reagir, tentando desacreditar não apenas o livro mas também a autora. Um sector que movimentava milhões de dólares não poderia permitir que, nos anos 60, uma mulher solteira, sem um doutoramento ou afiliação a uma universidade (Carson interrompeu os estudos para sustentar a família), denunciasse os mecanismos que permitiam expor populações inteiras a agentes tóxicos.

Um texto fundador do ambientalismo

Robert Musil explica, no livro Rachel Carson and Her Sisters, por que razão a obra é considerada o texto fundador do ambientalismo contemporâneo. Primeiro, porque consegue aliar boa ciência a uma escrita impecável. Por mais urgente que seja uma mensagem, ela não chegará ao destinatário se não for bem articulada, encapsulada pelo emissor. E aí residia uma das destrezas de Carson: dominava, desde muito nova, a arte da comunicação de ciência.

Carson nasceu a 27 de maio de 1907 em Springdale, Pensilvânia. Cresceu numa casa repleta de livros e era encorajada por uma mãe culta, Maria McLean Carson. Ainda muito jovem, publicou artigos de história natural no jornal The Baltimore Sun e, já madura, fez carreira como editora-chefe das publicações do Departamento de Pescas e Natureza do Governo norte-americano.

Antes de Primavera Silenciosa, já era uma celebridade literária: o livro The Sea Around Us foi publicado em capítulos na The New Yorker, em 1951, e granjeou uma resposta calorosa dos leitores. Carson venceu prémios e repetiu o sucesso editorial com The Edge of the Sea. Por outras palavras, a autora conhecia bem os meandros editoriais – e isto nos leva à segunda razão, de acordo com Robert Musil, para o livro de 1962 tornar-se um marco da literatura ambiental.

O lançamento de Primavera Silenciosa foi cuidadosamente desenhado para ser uma ferramenta de ativismo ambiental, sugere Musil. Carson movia-se bem tanto na academia como na política. A bióloga rodeou-se de cientistas de peso como George Wallace, na Universidade de Michigan, e Edward O. Wilson, na de Harvard. Contava ainda com apoiantes nas associações civis.

 

Rachel Carson aos 55 anos, com binóculos para observação da natureza

 

O terreno foi bem preparado; os próprios editores sabiam que a obra seria atacada pelo poderoso sector da indústria química. Eles tentaram, por isso, dissociar o livro de expressões ecologistas vistas como radicais – como o vegetarianismo, por exemplo.

“Carson esteve a pensar nas recomendações para a legislação e mudanças de políticas públicas desde o início da investigação, cinco anos antes. Durante a escrita de Primavera Silenciosa, contactou vários especialistas para discutir as suas ideias de reformas. Rachel queria que o seu testemunho oferecesse recomendações específicas que pudessem trazer melhorias mas que, ao mesmo tempo, fossem politicamente exequíveis”, escreve a biógrafa Linda Lear no livro Rachel Carson: Witness for Nature.

Num laborioso trabalho de marketing, os simpatizantes de Carson terão feito circular exemplares da obra nos circuitos de poder. Primavera Silenciosa terá chegado às mãos de figuras políticas de relevo como congressistas, secretários do Governo de Kennedy e líderes associativos influentes. A erradicação do DDT nos Estados Unidos não aconteceu num vácuo sociopolítico. Se por um lado esta vitória deve muito a Rachel Carson, por outro, seria ingénuo ignorar que a rede de contactos foi previamente sensibilizada em prol da proteção dos ecossistemas.

“Rachel Carson não acordou de repente um movimento de conservação meio adormecido, vamos salvar os papinhos e os falcões, nem baniu o DDT sozinha. Ela teve ajuda. Mesmo muita”, defende Robert Musil, que hoje dirige o Rachel Carson Council em Maryland, nos Estados Unidos.

Viriato Soromenho Marques concorda com a ideia de que “Rachel Carson não está sozinha”, citando, por exemplo, o trabalho precursor do naturalista e filósofo Aldo Leopold (1887-1948), que fazia o elogio de uma “ética da terra”. Há um lastro prévio mas, do ponto de vista de transposição das ideias para as políticas públicas, Rachel Carson afirma-se como uma divisora de águas.

“A lei-quadro do ambiente, de 1969, e o Dia da Terra, [celebrado pela primeira vez a 22 de abril de 1970], por exemplo, têm a sua marca”, recorda Soromenho Marques. Carson, que já escreveu o livro com um cancro de mama avançado, não sobreviveu para testemunhar estas vitórias. Morreu em 1964, dois anos após a publicação de Primavera Silenciosa.

Carson inspirou gerações de ativistas e ecólogos, sobretudo nos Estados Unidos. A ambientalista Erin Greeson, hoje com 45 anos, vê desde muito jovem Rachel Carson como “uma heroína”. “Rachel Carson incentivou os movimentos. Ela seria inspirada pelos movimentos que acontecem hoje, em grande parte encabeçados por jovens líderes que se recusam a aceitar o mundo fraturado e os sistemas destrutivos que lhes estamos a entregar”, diz ao PÚBLICO diretora de comunicação do Instituto para as Energias Renováveis e a Vida Selvagem, sediado em Washington.

Para Greeson, a voz de Carson continua a ecoar hoje e, de algum modo, deu-nos ferramentas enquadrar e comunicar os riscos que a crise climática coloca à humanidade. Ainda assim, parece faltar-nos uma metáfora poderosa para condensar a urgência de um planeta a arder, cada vez mais fustigado com eventos climáticos extremos.

“Talvez não precisemos mais de metáforas. Rachel Carson descrevia em Primavera Silenciosa algo que ainda não podia ser realmente visto. Carson falava sobre futuro. Agora, temos muitos exemplos de incêndios e inundações – as metáforas tornaram-se desnecessárias”, afirma o escritor e ativista climático Bill McKibben, à margem de uma entrevista ao PÚBLICO.

Já Soromenho Marques, acredita que “a crise climática é uma janela perturbante, gravíssima para algo mais amplo: a crise global do ambiente”. Por isso, quando enunciamos o problema em busca de soluções, devemos nos desviar de “expressões redutoras” como “transição energética” e focar no primordial: “a nossa principal crise é a do modo como habitamos a Terra”.

A solução passa, portanto, pela transformação, pela possibilidade – que ainda temos – de escolher outra estrada. Para Soromenho Marques, trata-se de um ensinamento válido que, seis décadas depois, Primavera Silenciosa continua a oferecer. Como nestas palavras de Rachel Carson, que o filósofo português lê em voz alta: “A estrada pela qual temos estado a viajar por tão longo tempo é ilusoriamente fácil: uma auto-estrada de pavimentação lisa, pela qual avançamos em grande velocidade; mas, na sua extremidade final, o que há é o desastre.”

 

in Público (2022)

A última erupção do Vulcão dos Capelinhos começou há 66 anos

Vista do Vulcão dos Capelinhos, visto do Cais Comprido
         
O Vulcão dos Capelinhos, também referido na literatura vulcanológica como Mistério dos Capelinhos, localiza-se na Ponta dos Capelinhos, freguesia do Capelo, na Ilha do Faial, nos Açores. Constitui-se em uma das maiores atrações turísticas do Atlântico, nomeadamente dos Açores, pela singularidade de sua beleza paisagística e da génese muito recente e quase virgem.
Geologicamente insere-se no complexo vulcânico do Capelo, constituído por cerca de 20 cones de escórias e respectivos derrames lávicos, ao longo de um alinhamento vulcano-tectónico de orientação geral WNW-ESE. O nome Capelinhos deveu-se à existência de dois ilhéus , chamados de "Ilhéus dos Capelinhos", no local, em frente ao Farol dos Capelinhos.
O vulcão manteve-se em atividade durante cerca de 13 meses, entre 27 de setembro de 1957 e 24 de outubro de 1958. A erupção dos Capelinhos, provavelmente terá sido uma sobreposição de duas erupções distintas, uma começada a 27 de setembro de 1957 e a segunda a 14 de maio de 1958. A partir de 25 de outubro, o vulcão entrou em fase de repouso. Do ponto de vista vulcanológico, este vulcão é considerado um vulcão ativo.
     
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Vulcão dos Capelinhos, Centro Interpretativo do Vulcão (museu subterrâneo do vulcão)
       
Próximo situava-se o Museu Geológico do Vulcão, inaugurado a 24 de março de 1964, que documentava toda a sua atividade eruptiva e cujo acervo passou para o novo Centro Interpretativo do Vulcão. A área em torno do vulcão, classificada como paisagem protegida de elevado interesse geológico e biológico, integra a Rede Natura 2000. O Farol dos Capelinhos foi transformado num miradouro, e junto/por baixo deste, funciona o Centro Interpretativo do Vulcão, que foi inaugurado em maio de 2008.
Em resultado da erupção, entre os meses de maio a outubro de 1958, a área total da ilha (de 171,42 km²) aumentou em cerca de 2,50 km² (para 173,02 km²). Atualmente, essa área foi reduzida para cerca de metade (aproximadamente 172,42 km²) devido à natureza pouco consolidada das rochas e à ação erosiva das ondas. A escalada do vulcão apresenta alguns riscos, devendo por isso ser efetuada nos trilhos indicados e sob orientação de um guia credenciado. Convém mencionar que o respiradouro do Vulcão, situado no seu Cabeço Norte, liberta vapor de água e gases tóxicos com temperaturas na ordem dos 180 a 200 °C.
      

Música de aniversariante de hoje...

Hoje? É complicado...

A Batalha do Buçaco foi há 213 anos...

     
A Batalha do Buçaco foi uma batalha travada durante a Terceira Invasão Francesa, no decorrer da Guerra Peninsular, na Serra do Buçaco, a 27 de setembro de 1810. De um lado, em atitude defensiva, encontravam-se as forças anglo-lusas sob o comando do Tenente-General Arthur Wellesley, visconde Wellington (futuro Duque de Wellington). Do outro lado, em atitude ofensiva, as forças francesas lideradas pelo Marechal André Massena. No fim da batalha, a vitória mostrava-se nitidamente do lado anglo-luso.
    
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Os franceses tiveram 4.486 baixas, incluindo cinco generais. Os Aliados tiveram 1.252 mortos e feridos durante esta batalha, que é considerada um modelo defensivo. No dia seguinte, a cavalaria de Massena descobriu um caminho que contornava a serra por oeste e Wellington teve que movimentar imediatamente as suas tropas para as Linhas de Torres Vedras. Os franceses continuaram o seu avanço, mas tinham sofrido já baixas importantes, com a correspondente influência negativa no moral das tropas. Para os Aliados, pelo contrário, a batalha levantou o moral das tropas, especialmente dos portugueses, mesmo não tendo obrigado os franceses a desistir da invasão.
     
       

Ramalho Ortigão morreu há 108 anos...

Estátua de Ramalho Ortigão por Leopoldo de Almeida (Parque D. Carlos I, Caldas da Rainha)

José Duarte Ramalho Ortigão (Porto, 24 de outubro de 1836 - Lisboa, 27 de setembro de 1915) foi um escritor português.

José Duarte Ramalho Ortigão nasceu no Porto, na Casa de Germalde, freguesia de Santo Ildefonso. Era o mais velho de nove irmãos, filhos do primeiro-tenente de artilharia Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de D. Antónia Alves Duarte Silva Ramalho Ortigão.
Viveu a sua infância numa quinta do Porto com a avó materna, com a educação a cargo de um tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Em Coimbra, frequentou brevemente o curso de Direito, começando a trabalhar como professor de francês no colégio da Lapa, no Porto, de que seu pai era director, e onde ensinou, entre outros, Eça de Queirós e Ricardo Jorge. Por essa altura, iniciou-se no jornalismo colaborando no Jornal do Porto.
Em 24 de outubro de 1859 casou com D. Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira, de quem veio a ter três filhos: Vasco, Berta e Maria Feliciana.
Ainda no Porto, envolveu-se na Questão Coimbrã com o folheto "Literatura de hoje", acabando por enfrentar Antero de Quental num duelo de espadas, a quem apodou de cobarde por ter insultado o cego e velhinho António Feliciano de Castilho. Ramalho ficou fisicamente ferido no duelo travado, em 6 de fevereiro de 1866, no Jardim de Arca d'Água.
No ano seguinte, em 1867, visita a Exposição Universal em Paris, de que resulta o livro Em Paris, primeiro de uma série de livros de viagens. Insatisfeito com a sua situação no Porto, muda-se para Lisboa com a família, obtendo uma vaga para oficial da Academia das Ciências de Lisboa.
Reencontra em Lisboa o seu ex-aluno Eça de Queirós e com ele escreve um "romance execrável" (classificação dos autores no prefácio de 1884): O Mistério da Estrada de Sintra (1870), que marca o aparecimento do romance policial em Portugal. No mesmo ano, Ramalho Ortigão publica ainda Histórias cor-de-rosa e inicia a publicação de Correio de Hoje (1870-71). Em parceria com Eça de Queirós, surgem em 1871 os primeiros folhetos de As Farpas, de que vem a resultar a compilação em dois volumes sob o título Uma Campanha Alegre. Em finais de 1872, o seu amigo Eça de Queirós parte para Havana exercer o seu primeiro cargo consular no estrangeiro, continuando Ramalho Ortigão a redigir sozinho As Farpas.
Entretanto, Ramalho Ortigão tornara-se uma das principais figuras da chamada Geração de 70. Vai acontecer com ele o que aconteceu com quase todos os membros dessa geração. Numa primeira fase, pretendiam aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, cosmopolitas e anticlericais. Desiludidos com as luzes europeias do progresso material, porém, numa segunda fase voltaram-se para as raízes de Portugal e para o programa de um "reaportuguesamento de Portugal". É dessa segunda fase a constituição do grupo "Os Vencidos da Vida", do qual fizeram parte, além de Ramalho Ortigão, o Conde de Sabugosa, o Conde de Ficalho, o Marquês de Soveral, o Conde de Arnoso, Antero de Quental, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Carlos Lobo de Ávila, Carlos de Lima Mayer e António Cândido. À intelectualidade proeminente da época juntava-se agora a nobreza, num último esforço para restaurar o prestígio da Monarquia, tendo o Rei D. Carlos I sido, significativamente, eleito por unanimidade "confrade suplente do grupo".
Na sequência do assassínio do Rei, em 1908, escreve D. Carlos o Martirizado. Com a implantação da República, em 1910, pede imediatamente a Teófilo Braga a demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, escrevendo-lhe que se recusava a aderir à República "engrossando assim o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação". Saiu em seguida para um exílio voluntário em Paris, onde vai começar a escrever as Últimas Farpas (1911-1914) contra o regime republicano. O conjunto de As Farpas, mais tarde reunidas em quinze volumes, a que há que acrescentar os dois volumes das Farpas Esquecidas, e o referido volume das Últimas Farpas, foi a obra que mais o notabilizou por estar escrita num português muito rico, com intuitos pedagógicos, sempre muito crítico e revelando fina capacidade de observação. Eça de Queirós escreveu que Ramalho Ortigão, em As Farpas, "estudou e pintou o seu país na alma e no corpo".
Regressa a Portugal em 1912 e, em 1914, dirige a célebre Carta de um velho a um novo, a João do Amaral, onde saúda o lançamento do movimento de ideias políticas denominado Integralismo Lusitano:
"A orientação mental da mocidade contemporânea comparada à orientação dos rapazes do meu tempo estabelece entre as nossas respectivas cerebrações uma diferença de nível que desloca o eixo do respeito na sociedade em que vivemos obrigando a elite dos velhos a inclinar-se rendidamente à elite dos novos".
Vítima de cancro, recolheu-se na Casa de Saúde do Dr. Henrique de Barros, na então Praça do Rio de Janeiro, em Lisboa, vindo a falecer em 27 de setembro de 1915, na sua casa da Calçada dos Caetanos, na Freguesia da Lapa.
Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Ordem da Rosa, no Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi Secretário e Oficial da Academia Nacional de Ciências, Vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, Membro da Sociedade Portuguesa de Geografia, da Academia das Belas-Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi-lhe atribuída a Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica e foi membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, da Unión Iberoamericana e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.

Degas morreu há 106 anos...

Auto retrato de Edgar Degas - Museu de Orsay
       
Edgar Hilaire Germain Degas (Paris, 19 de julho de 1834 - Paris, 27 de setembro, 1917) foi um pintor, gravurista, escultor e fotógrafo francês. É conhecido sobretudo pela sua visão particular no mundo do ballet, sabendo captar os mais belos e subtis cenários. É ainda reconhecido pelos seus célebres pastéis e como um dos fundadores do impressionismo. Muitos dos seus trabalhos conservam-se hoje no Museu de Orsay, na cidade de Paris, onde o artista nasceu e faleceu. Se o quisermos classificar na história da arte, a maioria das obras consagradas de Degas ligam-se ao movimento impressionista, formado em França nos fins do século XIX, em reação à pintura académica da época. Com ele estavam Claude Monet, Paul Cézanne, August Renoir, Alfred Sisley, Mary Cassatt, Berthe Morisot e Camille Pissarro, que, cansados de serem recusados nas exposições oficiais, se associaram e criaram a sua própria escola para poderem apresentar as sua obras ao público.
       

A pequena bailarina de catorze anos
, escultura forjada em bronze a partir da imagem em cera exibida na Mostra Impressionista de 1881
   
Exportadores de algodão - 1873
      

Jovanotti nasceu há 57 anos

   
Jovanotti, nome artístico de Lorenzo Cherubini, (Roma, 27 de setembro de 1966) é um cantor e compositor de pop e rap italiano, além de escritor.
   

 


Gwyneth Paltrow faz hoje 51 anos

   
Gwyneth Kate Paltrow (Los Angeles, 27 de setembro de 1972) é uma atriz, cantora e escritora norte-americana.
  

Saudades de Lhasa...