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sexta-feira, setembro 27, 2024

A Batalha do Buçaco foi há 214 anos...

     
A Batalha do Buçaco foi uma batalha travada durante a Terceira Invasão Francesa, no decorrer da Guerra Peninsular, na Serra do Buçaco, a 27 de setembro de 1810. De um lado, em atitude defensiva, encontravam-se as forças anglo-lusas sob o comando do Tenente-General Arthur Wellesley, visconde Wellington (futuro Duque de Wellington). Do outro lado, em atitude ofensiva, as forças francesas lideradas pelo Marechal André Massena. No fim da batalha, a vitória mostrava-se nitidamente do lado anglo-luso.
    
(...)
    
Os franceses tiveram 4.486 baixas, incluindo cinco generais. Os Aliados tiveram 1.252 mortos e feridos durante esta batalha, que é considerada um modelo defensivo. No dia seguinte, a cavalaria de Massena descobriu um caminho que contornava a serra por oeste e Wellington teve que movimentar imediatamente as suas tropas para as Linhas de Torres Vedras. Os franceses continuaram o seu avanço, mas tinham sofrido já baixas importantes, com a correspondente influência negativa no moral das tropas. Para os Aliados, pelo contrário, a batalha levantou o moral das tropas, especialmente dos portugueses, mesmo não tendo obrigado os franceses a desistir da invasão.
     
       

sábado, setembro 14, 2024

O Duque de Wellington morreu há 172 anos

  
Wellesley foi nomeado como alferes no exército britânico em 1787. Servindo na Irlanda como ajudante-de-campo para dois sucessivos Lordes Tenentes da Irlanda, também foi eleito como membro da Câmara dos Comuns do parlamento irlandês. Como coronel em 1796, Wellesley esteve em ação na Holanda e depois na Índia, onde lutou na Quarta Guerra Anglo-Maiçor na batalha de Seringapatão. Foi nomeado governador de Seringapatão e Maiçor, em 1799, e como major-general recém-nomeado, obteve uma vitória decisiva sobre a Confederação Marata na batalha de Assaye em 1803.
Wellesley aumentou a sua relevância como general durante a Guerra Peninsular das Guerras Napoleónicas, e foi promovido a marechal de campo depois de liderar as forças aliadas na vitória contra os franceses na batalha de Vitória, em 1813. Após o exílio de Napoleão Bonaparte em 1814, atuou como embaixador na França e foi-lhe concedido um ducado. Durante o Governo dos Cem Dias, em 1815, comandou o exército aliado que, juntamente com um exército prussiano sob ordens de Blücher, derrotou Napoleão na batalha de Waterloo. O registo de batalha de Wellesley é exemplar, em última análise, participou em cerca de 60 batalhas durante o curso da sua carreira militar.
Wellesley era famoso pelo seu estilo de adaptação defensiva de guerra e um extenso planeamento antes de batalhas, o que lhe permitia escolher o campo de batalha e forçar o inimigo a vir até ele, que resultaram em várias vitórias contra uma força numericamente superior, minimizando as suas próprias perdas. Ele é considerado um dos maiores comandantes de defesa de todos os tempos, e muitas das suas táticas e planos de batalha ainda são estudadas em academias militares de todo o mundo.
Ele foi duas vezes o primeiro-ministro pelo partido tory e supervisionou a aprovação do Roman Catholic Relief Act 1829. Foi primeiro-ministro entre 1828 e 1830 e serviu brevemente em 1834. Foi incapaz de impedir a aprovação do Reform Act 1832 mas continuou como uma das principais figuras na Câmara dos Lordes até à sua retirada. Permaneceu comandante em chefe do Exército Britânico até à sua morte.

Títulos, honras e estilos  
 

Pariato do Reino Unido
  • Barão Douro de Wellesley no Condado de Somerset – 26 de agosto de 1809
  • Visconde Wellington de Talavera, e de Wellington no Condado de Somerset – 26 de agosto de 1809
  • Conde de Wellington – 28 de fevereiro de 1812
  • Marquês de Wellington – 18 de agosto de 1812
  • Marquês Douro – 3 de maio de 1814
  • Duque de Wellington – 3 de maio de 1814
O seu irmão William escolheu o nome de Wellington pela sua semelhança com o sobrenome da família de Wellesley, que deriva da aldeia de Wellesley, em Somerset, não muito longe da de Wellington.

Honras britânicas e irlandesas
O duque de Wellington foi um dos padrinhos do sétimo filho da rainha Vitória, o príncipe Artur, em 1850. Artur também nasceu no dia primeiro de maio, e, quando criança, o jovem príncipe foi encorajado a lembrar as pessoas de que o duque de Wellington era seu padrinho.

  
Títulos de nobreza fora do Reino Unido

quarta-feira, agosto 21, 2024

A Batalha do Vimeiro, que obrigou o Imperador a terminar a I Invasão Napoleónica, foi há 216 anos

    
A Batalha do Vimeiro foi travada no dia 21 de agosto de 1808, durante a primeira invasão francesa de Portugal, no âmbito da Guerra Peninsular (1807 – 1814). Nesta batalha defrontaram-se as forças anglo-lusas comandadas pelo tenente-general Sir Arthur Wellesley e as forças francesas comandadas pelo general Jean-Andoche Junot. A batalha resultou numa vitória para as forças anglo-lusas e determinou o fim da primeira invasão francesa de Portugal.
    
(...)
   
Campo de Batalha
A povoação do Vimeiro situa-se na margem direita do rio Alcabrichel, a 14 km a noroeste de Torres Vedras e 8 km a sul da Lourinhã. Na parte Sudeste da povoação existe uma colina que foi ocupada pelas brigadas de Anstruther e Fane. Hoje existe nessa colina um monumento comemorativo do centenário da batalha, mandado erguer por El-Rei D. Manuel II.
O rio Alcabrichel corre de sul para norte e, a seguir ao Vimeiro, curva em direção ao mar (oeste). O seu percurso, pouco antes de chegar ao Vimeiro, marca um vale com ladeiras particularmente íngremes na margem esquerda. Nesta, entre o Vimeiro e o mar, forma-se uma linha de alturas de onde se pode dominar o vale do Maceira e as praias junto à sua foz.
Para norte do Vimeiro, entre ravinas difíceis de transpor, situa-se uma linha de alturas por onde se atinge, em estradas secundárias, Ventosa, Santa Bárbara, Casal Novo, Lourinhã. A primeira daquelas povoações marca a posição norte posteriormente ocupada pelas brigadas de Ferguson, Nightingale e Bowes.
O Exército de Wellesley estava organizado em brigadas e apresentava um efetivo de 18.878 homens dos quais 2.100 eram portugueses. As forças que Junot utilizou na Batalha do Vimeiro tinham um efetivo perto dos 14.000 homens. 

Esquema das posições e movimentações na Batalha do Vimeiro

Batalha
Após a batalha da Roliça (17 de agosto de 1808), Wellesley dirigiu as suas forças para as posições do Vimeiro com a finalidade de proteger o desembarque de mais duas brigadas na praia de Porto Novo, na foz do rio Alcabrichel. A primeira destas brigadas, sob comando do brigadeiro-general Robert Anstruther, desembarcou no dia 19. A segunda brigada, sob comando do brigadeiro-general Wroth Palmer Acland, iniciou o desembarque no dia 20 mas, no dia seguinte de manhã ainda faltava desembarcar cerca de um terço das forças. Wellesley posicionou no terreno todas as forças desembarcadas.
A intenção de Wellesley era, após o desembarque, caso não fosse atacado pelos Franceses, continuar o seu movimento em direção a Lisboa, pela estrada de Mafra. Entretanto, no dia 20 de agosto, Wellesley tomou conhecimento da chegada do tenente-general Sir Harry Burrard, oficial mais antigo que Wellesley e que, por isso deveria assumir o comando. Os dois generais encontraram-se a bordo do navio Brazen, perto da foz do rio Maceira, e Burrard decidiu que não seriam efetuados quaisquer movimentos para Sul até se lhes juntar uma divisão sob comando do tenente-general Sir John Moore que se encontrava já ao largo da costa portuguesa. Burrard decidiu, contudo, passar mais uma noite a bordo e, dessa forma, o comandante das forças anglo-lusas durante a batalha do Vimeiro foi Wellesley.
As forças anglo-lusas foram colocadas por forma a enfrentar um ataque francês lançado de sul para norte. Segundo Wellesley, seria esta a sua ação mais provável. Então foram colocados na linha de alturas a sul do rio Maceira, viradas para Sul, numa primeira linha, de oeste para leste (do mar para o interior), as brigadas de Hill, de Craufurd e de Nightingale; numa segunda linha, a brigada (ainda incompleta) de Acland. Na mesma linha de alturas mas viradas para Sudeste estavam as brigadas de Bowes e de Ferguson. Na colina do Vimeiro, imediatamente a sudeste daquela povoação, estava colocada a brigada de Anstruther e, à sua esquerda, a de Fane. As forças portuguesas sob o comando do Tenente-coronel Trant estavam posicionadas a norte do rio Maceira, imediatamente a leste da povoação com o mesmo nome, prontas a serem utilizadas como reserva de Anstruther e Fane. Um corpo de cavalaria com cerca de 500 sabres (240 Britânicos e 260 Portugueses) estava posicionado nas margens do rio Maceira, ocultos pela colina do Vimeiro. A artilharia estava distribuída da seguinte forma: oito peças na linha de alturas a Sul do rio Maceira, seis peças com a brigada de Anstruther e quatro em reserva.
Junot tinha as suas forças concentradas em Torres Vedras de onde saiu ao encontro do exército de Wellesley, no dia 20 ao fim da tarde. À frente, uma guarda avançada de cavalaria, o 3º Regimento Provisório de Caçadores, seguido das divisões de Delaborde e de Loison, da Reserva de Granadeiros, a artilharia e da Divisão de Cavalaria de Margaron. Pela meia noite já se ouvia no Vimeiro o ruído provocado pelos carros e cavalos mas, como Junot deu um período de descanso às sua tropas antes do ataque, só pelas 09.00 horas do dia 21 as forças francesas se aproximaram das posições inimigas. Quando o movimento dos franceses pôde ser observado, ficou claro que não iam atacar as posições a sul do Maceira mas continuavam o seu movimento para norte. Só começaram a desenvolver as suas forças num dispositivo de ataque quando se encontravam a leste do Vimeiro e a sua guarda-avançada de cavalaria, seguida de uma coluna de infantaria (a Brigada Brennier), continuou a avançar para Norte. Ficava claro para Wellesley que os Franceses iriam, por um lado, atacar o centro/esquerda da sua posição e, por outro lado, tornear a sua posição por norte podendo vir a atacar na direção definida pela estrada da Lourinhã.
Wellesley reagiu prontamente a esta nova situação e alterou o seu dispositivo. Para a posição da Ventosa seguiram de imediato as brigadas de Fergunson e Nightingale que estabeleceram aí uma linha defensiva, indo posicionar-se imediatamente atrás, em reserva, a brigada de Bowes. A brigada de Craufurd e as tropas portuguesas de Trant moveram-se para norte num movimento mais demorado através da linha de alturas mais perto do mar e posicionaram-se na região de Ribamar a fim de protegerem o flanco esquerdo das forças na Ventosa. A brigada de Acland passou para norte de Maceira e foi posicionada junto à estrada para a Ventosa, em reserva, pronta a acudir as forças de Antruther e Fane ou as forças na região da Ventosa. A brigada de Hill permaneceu na linha de alturas a sul do rio Maceira mas posicionou-se mais próxima das posições do Vimeiro.
Junot reagiu ao reajustamento do dispositivo de Wellesley e reforçou o corpo de tropas que ia atacar mais a norte com a Brigada Solignhac, da Divisão Loison. Ao tomar esta atitude colocou no ataque a norte sete batalhões, cerca de 6.450 homens, ou seja, cerca de 56% de toda a sua infantaria. A enfrentá-los, os Franceses iriam encontrar, no mínimo, as brigadas de Ferguson, Nightingale e Bowes, ao todo sete batalhões com um total de 5.782 homens, embora com possibilidade de serem reforçados pela brigada de Craufurd (1.832 homens - dois batalhões), pelo corpo de tropas portuguesas (2.100 homens) e pela brigada de Acland (1.332 homens - cerca de dois batalhões).
O ataque principal seria lançado na direção da colina do Vimeiro, com as brigadas Thomiéres e Charlot, num total de 5.080 homens organizados em oito batalhões de infantaria mais duas companhias suíças, tendo como reserva o corpo formado pelas companhias de granadeiros, 2.100 homens organizados em quatro batalhões, sob comando de Kellermann. A enfrentá-los encontravam-se, numa primeira linha 4.708 homens organizados em sete batalhões (brigadas de Anstruther e Fane) e numa segunda linha 3.990 homens (brigadas de Hill e Acland).
Os ataques no Vimeiro e na Ventosa não foram lançados simultaneamente. O primeiro ataque foi lançado, às 10.00 horas, contra a posição do Vimeiro, com as brigadas de Thomières e de Charlot, e foi repelido. Foram empregues, das forças de reserva, dois batalhões sob comando do coronel St. Claire, num novo ataque que foi igualmente repelido. Junot decidiu ainda empregar os outros dois batalhões em reserva, sob o comando do coronel Maransin, que, apesar de terem entrado na povoação, acabaram igualmente repelidos. Neste combate, além das forças em primeira linha de Anstruther e Fane, foram empregues forças da Brigada de Acland: duas companhias do 95th Rifles e as duas companhias de infantaria ligeira dos seus dois batalhões de linha. A eficácia da artilharia britânica e o emprego de granadas shrapnell - foi a sua primeira utilização em campanha - ajudou ao sucesso dos defensores. Junot iniciou então a retirada da região do Vimeiro e Wellesley fez avançar o seu corpo de cavalaria, sob comando do coronel Taylor. Este perseguiu os Franceses mas as forças portuguesas retiraram em desordem perante a reação inimiga. Tendo avançado demasiado, este corpo de cavalaria (os britânicos) acabaram por se envolver com a cavalaria do general Margaron e sofreram pesadas baixas, entre elas o coronel Taylor.
No lado da Ventosa, o ataque foi lançado mais tarde, primeiro pela Brigada Solignac e depois pela Brigada Brennier. Solignac, que pretendeu seguir o percurso mais curto, viu o seu avanço muito dificultado por uma ravina profunda que passa imediatamente a Sul de Toledo. No fim da subida para a Ventosa foi surpreendido por uma força britânica mais forte que o esperado e foi batido com alguma facilidade. Brennier tinha seguido um caminho mais longo mas mais praticável e acudiu a partir da linha de alturas que se estende para além de Pragança. As forças de Ferguson foram surpreendidas pelo ataque da Brigada de Brennier e pela cavalaria - cerca de 640 sabres - que o acompanhava mas a reacção britânica foi aficaz e repeliu o ataque com pesadas baixas para os franceses. Solignac foi ferido no ataque assim como Brennier, que ficou prisioneiro.
Os Franceses não tinham mais forças para empenhar e iniciaram a retirada para Torres Vedras. As forças britânicas sofreram 135 mortos, 534 feridos e 51 extraviados. Dos seus batalhões, 7 estavam intactos por não terem chegado a combater (as forças das brigadas de Hill, Bowes, Craufurd e parte da brigada de Acland, assim como o corpo de tropas portuguesas do tenente-coronel Trant). Os Franceses sofreram cerca de 1.400 mortos e feridos e 400 prisioneiros. Das 23 peças de artilharia que levavam, 13 caíram em poder dos Britânicos.
Não foi lançada a perseguição às forças francesas em retirada. Sir Harry Burrard já tinha desembarcado e, no final da batalha, Wellesley entregou-lhe o comando mas ele entendeu que devia esperar pelas forças de Sir John Moore. Entretanto os Franceses só conseguiram voltar a reunir as suas unidades em Torres Vedras no dia seguinte.

Consequências
Sir Harry Burrard, ao assumir o comando das forças determinou que não haveria perseguição e que esperariam pela Divisão de Sir John Moore que deveria desembarcar em breve. Ainda no dia 21 de manhã, desembarcou na praia de Porto Novo outro oficial que deveria assumir por sua vez o comando das forças: Sir Hew Dalrymple. Com pouca experiência de campanha, sem o espírito audacioso de Wellesley, decidiu igualmente por esperar Sir John Moore. Entretanto, o exército que se encontrava no Vimeiro, marchando ao longo da costa, contornou Torres Vedras e dirigiu-se para Mafra. Moore só iniciou o desembarque no dia 25 e este prolongou-se até ao dia 30.
Em Torres Vedras, Junot e os seu generais reuniram-se para analisarem a situação. Resolveram que o exército não estava em condições de enfrentar nova batalha e que a melhor saída desta situação era tentarem negociar com os britânicos. Os Franceses cediam Lisboa com todos os seus armazéns e riquezas intactos, em troca da possibilidade de retirarem o exército para França em condições de segurança. Isto significava também que Kellermann foi encarregue destas negociações. O resultado das negociações que se seguiram foi a Convenção de Sintra, que tão grande escândalo provocou. Em setembro, as forças francesas saíam de Portugal.

segunda-feira, julho 22, 2024

A Batalha de Salamanca foi há 212 anos

    
A Batalha de Salamanca ocorreu a 22 de julho de 1812, durante a Guerra Peninsular. Opôs o exército anglo-luso, sob o comando de Wellington, reforçado com algumas forças espanholas, ao chamado Exército de Portugal, francês, comandado pelo marechal Marmont. Esta batalha foi uma das mais importantes vitórias de Wellington e afastou definitivamente os Franceses de Portugal
    
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terça-feira, junho 18, 2024

A Batalha de Waterloo foi há 209 anos...

A Batalha de Waterloo, por Clément-Auguste Andrieux, no Palácio de Versalhes
     
A Batalha de Waterloo foi um confronto militar ocorrido a 18 de junho de 1815 perto de Waterloo, na atual Bélgica (então parte integrante do Reino Unido dos Países Baixos). Um exército do Primeiro Império Francês, sob o comando do Imperador Napoleão (com 72.000 homens), foi derrotado pelos exércitos da Sétima Coligação que incluíam uma força britânica liderada pelo Duque de Wellington, e uma força prussiana comandada por Gebhard Leberecht von Blücher (118.000 homens). Este confronto marcou o fim dos Cem Dias e foi a última batalha de Napoleão; a sua derrota terminou com o seu governo como Imperador.
Depois do regresso de Napoleão ao poder em 1815, muitos dos Estados que se tinham oposto ao Imperador formaram a Sétima Coligação, dando início à mobilização dos seus exércitos. Duas forças de grande dimensão sob o comando de Wellington e de Blücher concentraram-se perto da fronteira nordeste da França. Napoleão decidiu atacar na esperança de as destruir antes que dessem início a uma invasão coordenada da França, juntamente com outros membros da coligação. O confronto decisivo da campanha de três dias de Waterloo - 16 a 19 de junho de 1815 -, teve lugar em Waterloo. De acordo com Wellington, a batalha foi "a mais renhida a que assisti na minha vida".
Napoleão atrasou o início da batalha até ao meio-dia esperando que o terreno secasse. O exército de Wellington, posicionado ao longo da estrada para Bruxelas, na escarpa de Mont-Saint-Jean, resistiu a múltiplos ataques franceses até que, no final do dia, os prussianos chegaram em força e penetraram no flanco direito de Napoleão. Naquele momento, o exército de Wellington contra-atacou provocando a desordem das tropas francesas no campo-de-batalha. Posteriormente, as forças da coligação entraram em França repondo Luís XVIII no trono francês. Napoleão abdicou, rendeu-se aos britânicos e foi exilado na ilha de Santa Helena, onde morreu em 1821.
O campo-de-batalha fica, atualmente em território belga, a cerca de treze quilómetros a sudeste de Bruxelas, e a 1,6 km da cidade de Waterloo. No local da batalha existe hoje um enorme monumento designado por Monte do Leão (em francês Butte du Lion), construído por terra trazida do próprio terreno da batalha.
     
Brasão do  Duque de Wellington
      

quarta-feira, maio 01, 2024

O Duque de Wellington nasceu há 255 anos

  
Wellesley foi nomeado como alferes no exército britânico em 1787. Servindo na Irlanda como ajudante-de-campo para dois sucessivos Lordes Tenentes da Irlanda, também foi eleito como membro da Câmara dos Comuns do parlamento irlandês. Como coronel em 1796, Wellesley esteve em ação na Holanda e depois na Índia, onde lutou na Quarta Guerra Anglo-Maiçor na batalha de Seringapatão. Foi nomeado governador de Seringapatão e Maiçor, em 1799, e como major-general recém-nomeado, obteve uma vitória decisiva sobre a Confederação Marata na batalha de Assaye em 1803.
Wellesley aumentou a sua relevância como general durante a Guerra Peninsular das Guerras Napoleónicas, e foi promovido a marechal de campo depois de liderar as forças aliadas na vitória contra os franceses na batalha de Vitória, em 1813. Após o exílio de Napoleão Bonaparte em 1814, atuou como embaixador na França e foi-lhe concedido um ducado. Durante o Governo dos Cem Dias, em 1815, comandou o exército aliado que, juntamente com um exército prussiano sob ordens de Blücher, derrotou Napoleão na batalha de Waterloo. O registo de batalha de Wellesley é exemplar, em última análise, participou em cerca de 60 batalhas durante o curso da sua carreira militar.
Wellesley era famoso pelo seu estilo de adaptação defensiva de guerra e um extenso planeamento antes de batalhas, o que lhe permitia escolher o campo de batalha e forçar o inimigo a vir até ele, que resultaram em várias vitórias contra uma força numericamente superior, minimizando as suas próprias perdas. Ele é considerado um dos maiores comandantes de defesa de todos os tempos, e muitas das suas táticas e planos de batalha ainda são estudadas em academias militares de todo o mundo.
Ele foi duas vezes o primeiro-ministro pelo partido tory e supervisionou a aprovação do Roman Catholic Relief Act 1829. Foi primeiro-ministro entre 1828 e 1830 e serviu brevemente em 1834. Foi incapaz de impedir a aprovação do Reform Act 1832 mas continuou como uma das principais figuras na Câmara dos Lordes até à sua retirada. Permaneceu comandante em chefe do Exército Britânico até à sua morte.

Títulos, honras e estilos  
 

Pariato do Reino Unido
  • Barão Douro de Wellesley no Condado de Somerset – 26 de agosto de 1809
  • Visconde Wellington de Talavera, e de Wellington no Condado de Somerset – 26 de agosto de 1809
  • Conde de Wellington – 28 de fevereiro de 1812
  • Marquês de Wellington – 18 de agosto de 1812
  • Marquês Douro – 3 de maio de 1814
  • Duque de Wellington – 3 de maio de 1814
O seu irmão William escolheu o nome de Wellington pela sua semelhança com o sobrenome da família de Wellesley, que deriva da aldeia de Wellesley, em Somerset, não muito longe da de Wellington.

Honras britânicas e irlandesas
O duque de Wellington foi um dos padrinhos do sétimo filho da rainha Vitória, o príncipe Artur, em 1850. Artur também nasceu no dia primeiro de maio, e, quando criança, o jovem príncipe foi encorajado a lembrar as pessoas de que o duque de Wellington era seu padrinho.

  
Títulos de nobreza fora do Reino Unido

sábado, abril 06, 2024

Um exército luso-britânico conquistou Badajoz há 212 anos

"The Devil's Own" 88º Regimento no cerco de Badajoz - aguarela de Richard Caton Woodville Jr.
 
A Batalha de Badajoz, travada na noite de 6 para 7 de abril de 1812, com o objetivo de capturar aquela praça, então ocupada pelos franceses, foi o culminar de um cerco efetuado pelo Exército de Wellington, com início a 16 de março. A guarnição francesa, sob o comando do General Philippon, só se rendeu quando as forças de Wellington se encontravam já dentro da praça. Este facto originou uma ação de saque que foi dos mais violentos da Guerra Peninsular.

(...)


Após a entrada das tropas anglo-lusas na cidade, iniciou-se o saque que, contra os costumes da época, durou três dias. Aos homens foi permitido divertirem-se durante o resto do dia e a usual e terrível cena de pilhagem teve início o que os oficiais acharam ser prudente evitarem de momento pelo que se retiraram para o exterior da cidade. A memória dos incidentes registados com a população quando as tropas britânicas tinham estado aquarteladas em Badajoz após a Batalha de Talavera (1809) e o facto assumido pelas tropas de que os habitantes que tinham permanecido na cidade eram afrancesados, terão provocado graves excessos neste tipo de ocorrência.
Esta foi uma das ocasiões em que a distinção entre combatentes e não-combatentes desapareceu completamente. Não foi caso único em que, no final da batalha, o sofrimento dos civis – devido a pilhagem, violação, tortura, morte – excedia o da guarnição. Nos costumes da época, poupavam-se os civis e até se negociavam os termos da rendição se a cidade se rendia antes do assalto. No entanto, quando a cidade resistia e era capturada através de uma ação sangrenta, as tropas ficavam fora de controlo e não existiam garantias que defendessem quem quer que seja. Esta prática era utilizada como incentivo e como prémio para as forças de assalto. No entanto, quando uma cidade era abandonada à pilhagem, esta limitava-se a vinte e quatro horas.
Em Badajoz, depois de todas as dificuldades por que passou a força de assalto e das numerosas baixas verificadas, mais de 3.500, os soldados descarregaram a sua raiva sobre a população, em três dias de saque.

A captura das praças de Badajoz e Ciudad Rodrigo permitiu aos Aliados controlarem os dois eixos de invasão. A posse destes eixos iria permitir a Wellington tomar a iniciativa e preparar a invasão de Espanha. A preocupação dos franceses já não era a de expulsar os britânicos de Portugal. Para tentarem novamente essa possibilidade teriam de voltar a capturar Ciudad Rodrigo e Almeida, no norte, e Badajoz e Elvas, no sul. No entanto o único trem de cerco existente estava empenhado no Cerco de Cadiz. Além disso, o Exército Aliado estava muito mais forte do que em 1810. As tropas portuguesas tinham experiência de batalha e mostraram ser tropas de confiança. A cavalaria britânica tinha recebido importantes reforços. Sem contar com o apoio que os espanhóis viessem a prestar, Wellington dispunha agora de um exército de campanha com cerca de 60.000 homens e estava senhor do terreno onde aquelas fortalezas constituíam fortes bases de operações.
   

quarta-feira, setembro 27, 2023

A Batalha do Buçaco foi há 213 anos...

     
A Batalha do Buçaco foi uma batalha travada durante a Terceira Invasão Francesa, no decorrer da Guerra Peninsular, na Serra do Buçaco, a 27 de setembro de 1810. De um lado, em atitude defensiva, encontravam-se as forças anglo-lusas sob o comando do Tenente-General Arthur Wellesley, visconde Wellington (futuro Duque de Wellington). Do outro lado, em atitude ofensiva, as forças francesas lideradas pelo Marechal André Massena. No fim da batalha, a vitória mostrava-se nitidamente do lado anglo-luso.
    
(...)
    
Os franceses tiveram 4.486 baixas, incluindo cinco generais. Os Aliados tiveram 1.252 mortos e feridos durante esta batalha, que é considerada um modelo defensivo. No dia seguinte, a cavalaria de Massena descobriu um caminho que contornava a serra por oeste e Wellington teve que movimentar imediatamente as suas tropas para as Linhas de Torres Vedras. Os franceses continuaram o seu avanço, mas tinham sofrido já baixas importantes, com a correspondente influência negativa no moral das tropas. Para os Aliados, pelo contrário, a batalha levantou o moral das tropas, especialmente dos portugueses, mesmo não tendo obrigado os franceses a desistir da invasão.
     
       

quinta-feira, setembro 14, 2023

O primeiro Duque de Wellington morreu há 171 anos

  
Wellesley foi nomeado como alferes no exército britânico em 1787. Servindo na Irlanda como ajudante-de-campo para dois sucessivos Lordes Tenentes da Irlanda, também foi eleito como membro da Câmara dos Comuns do parlamento irlandês. Como coronel em 1796, Wellesley esteve em ação na Holanda e depois na Índia, onde lutou na Quarta Guerra Anglo-Maiçor na batalha de Seringapatão. Foi nomeado governador de Seringapatão e Maiçor, em 1799, e como major-general recém-nomeado, obteve uma vitória decisiva sobre a Confederação Marata na batalha de Assaye em 1803.
Wellesley aumentou a sua relevância como general durante a Guerra Peninsular das Guerras Napoleónicas, e foi promovido a marechal de campo depois de liderar as forças aliadas na vitória contra os franceses na batalha de Vitória, em 1813. Após o exílio de Napoleão Bonaparte em 1814, atuou como embaixador na França e foi-lhe concedido um ducado. Durante o Governo dos Cem Dias, em 1815, comandou o exército aliado que, juntamente com um exército prussiano sob ordens de Blücher, derrotou Napoleão na batalha de Waterloo. O registo de batalha de Wellesley é exemplar, em última análise, participou em cerca de 60 batalhas durante o curso da sua carreira militar.
Wellesley era famoso pelo seu estilo de adaptação defensiva de guerra e um extenso planeamento antes de batalhas, o que lhe permitia escolher o campo de batalha e forçar o inimigo a vir até ele, que resultaram em várias vitórias contra uma força numericamente superior, minimizando as suas próprias perdas. Ele é considerado um dos maiores comandantes de defesa de todos os tempos, e muitas das suas táticas e planos de batalha ainda são estudadas em academias militares de todo o mundo.
Ele foi duas vezes o primeiro-ministro pelo partido tory e supervisionou a aprovação do Roman Catholic Relief Act 1829. Foi primeiro-ministro entre 1828 e 1830 e serviu brevemente em 1834. Foi incapaz de impedir a aprovação do Reform Act 1832 mas continuou como uma das principais figuras na Câmara dos Lordes até à sua retirada. Permaneceu comandante em chefe do Exército Britânico até à sua morte.

Títulos, honras e estilos  
 

Pariato do Reino Unido
  • Barão Douro de Wellesley no Condado de Somerset – 26 de agosto de 1809
  • Visconde Wellington de Talavera, e de Wellington no Condado de Somerset – 26 de agosto de 1809
  • Conde de Wellington – 28 de fevereiro de 1812
  • Marquês de Wellington – 18 de agosto de 1812
  • Marquês Douro – 3 de maio de 1814
  • Duque de Wellington – 3 de maio de 1814
O seu irmão William escolheu o nome de Wellington pela sua semelhança com o sobrenome da família de Wellesley, que deriva da aldeia de Wellesley, em Somerset, não muito longe da de Wellington.

Honras britânicas e irlandesas
O duque de Wellington foi um dos padrinhos do sétimo filho da rainha Vitória, o príncipe Artur, em 1850. Artur também nasceu no dia primeiro de maio, e, quando criança, o jovem príncipe foi encorajado a lembrar as pessoas de que o duque de Wellington era seu padrinho.

  
Títulos de nobreza fora do Reino Unido

segunda-feira, agosto 21, 2023

A Batalha do Vimeiro, que obrigou a França a terminar a I Invasão Napoleónica, foi há 215 anos

    
A Batalha do Vimeiro foi travada no dia 21 de agosto de 1808, durante a primeira invasão francesa de Portugal, no âmbito da Guerra Peninsular (1807 – 1814). Nesta batalha defrontaram-se as forças anglo-lusas comandadas pelo tenente-general Sir Arthur Wellesley e as forças francesas comandadas pelo general Jean-Andoche Junot. A batalha resultou numa vitória para as forças anglo-lusas e determinou o fim da primeira invasão francesa de Portugal.

Antecedentes
O Exército de Observação da Gironda atravessou a Espanha e entrou em Portugal no dia 17 de novembro de 1807, acompanhado por três divisões espanholas. No dia 30 daquele mês, pelas 09.30 horas, Junot entrava em Lisboa com cerca de 1.500 homens, esgotados da violenta marcha que acabavam de fazer. O grosso do exército chegou nos dias seguintes em condições igualmente deploráveis. Não só não houve resistência à invasão como houve a preocupação das autoridades, seguindo as diretivas reais, não hostilizarem o invasor.
Quando eclodiu a revolta em Espanha (2 de maio de 1808), a posição de Junot tornou-se difícil de sustentar porque nas tropas espanholas que o tinham acompanhado surgiam indícios de simpatia pela revolta. As revoltas surgiram em Portugal em junho e julho de 1808 e conduziram à decisão de enviar um contingente britânico. Após terem sido coordenados os apoios necessários com a Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, que se formara no Porto, uma força expedicionária britânica iniciou o seu desembarque em Lavos, imediatamente a Sul da Figueira da Foz, no dia 1 de agosto. O comando da força era, então, da responsabilidade do tenente-general Sir Arthur Wellesley. Das forças de Bernardim Freire de Andrade, que comandava um corpo de tropas portuguesas vindo do norte em direção à península de Lisboa, juntaram-se aos Britânicos 2.592 homens que formaram o Destacamento Português sob o comando do Tenente-Coronel Nicholas Trant.
Informado do desembarque, Junot enviou o General Delaborde, no dia 6 de agosto, com uma força relativamente pequena, com a missão de observar e, se possível, impedir o avanço inimigo. Em consequência, travou-se o Combate da Roliça, no dia 17 de agosto, ao sul de Óbidos. Os Aliados obrigaram os Franceses a retirar mas estes cumpriram bem a sua missão pois deram a Junot o tempo necessário para organizar as suas unidades.
Após o Combate da Roliça, Wellesley dirigiu as suas forças para a região do Vimeiro com a finalidade de proteger o desembarque das brigadas comandadas pelos brigadeiros-generais Anstruther e Acland. Assim, no dia 19 tinha ocupado as posições à volta daquela povoação. A 7ª Brigada tinha desembarcado no dia 19 mas a 8ª Brigada, no dia 21, só tinha desembarcado cerca de metade das tropas. Junot tinha as suas forças concentradas em Torres Vedras. No dia 20 ao fim da tarde, dirigiu-se ao encontro das forças anglo-lusas. Pela meia noite já se ouvia, no Vimeiro, o rumor provocado pelos carros e cavalos.

Campo de Batalha
A povoação do Vimeiro situa-se na margem direita do rio Alcabrichel, a 14 km a noroeste de Torres Vedras e 8 km a sul da Lourinhã. Na parte Sudeste da povoação existe uma colina que foi ocupada pelas brigadas de Anstruther e Fane. Hoje existe nessa colina um monumento comemorativo do centenário da batalha, mandado erguer por El-Rei D. Manuel II.
O rio Alcabrichel corre de sul para norte e, a seguir ao Vimeiro, curva em direção ao mar (oeste). O seu percurso, pouco antes de chegar ao Vimeiro, marca um vale com ladeiras particularmente íngremes na margem esquerda. Nesta, entre o Vimeiro e o mar, forma-se uma linha de alturas de onde se pode dominar o vale do Maceira e as praias junto à sua foz.
Para norte do Vimeiro, entre ravinas difíceis de transpor, situa-se uma linha de alturas por onde se atinge, em estradas secundárias, Ventosa, Santa Bárbara, Casal Novo, Lourinhã. A primeira daquelas povoações marca a posição norte posteriormente ocupada pelas brigadas de Ferguson, Nightingale e Bowes.
O Exército de Wellesley estava organizado em brigadas e apresentava um efetivo de 18.878 homens dos quais 2.100 eram portugueses. As forças que Junot utilizou na Batalha do Vimeiro tinham um efetivo perto dos 14.000 homens. 

Esquema das posições e movimentações na Batalha do Vimeiro

Batalha
Após a batalha da Roliça (17 de agosto de 1808), Wellesley dirigiu as suas forças para as posições do Vimeiro com a finalidade de proteger o desembarque de mais duas brigadas na praia de Porto Novo, na foz do rio Alcabrichel. A primeira destas brigadas, sob comando do brigadeiro-general Robert Anstruther, desembarcou no dia 19. A segunda brigada, sob comando do brigadeiro-general Wroth Palmer Acland, iniciou o desembarque no dia 20 mas, no dia seguinte de manhã ainda faltava desembarcar cerca de um terço das forças. Wellesley posicionou no terreno todas as forças desembarcadas.
A intenção de Wellesley era, após o desembarque, caso não fosse atacado pelos Franceses, continuar o seu movimento em direção a Lisboa, pela estrada de Mafra. Entretanto, no dia 20 de agosto, Wellesley tomou conhecimento da chegada do tenente-general Sir Harry Burrard, oficial mais antigo que Wellesley e que, por isso deveria assumir o comando. Os dois generais encontraram-se a bordo do navio Brazen, perto da foz do rio Maceira, e Burrard decidiu que não seriam efetuados quaisquer movimentos para Sul até se lhes juntar uma divisão sob comando do tenente-general Sir John Moore que se encontrava já ao largo da costa portuguesa. Burrard decidiu, contudo, passar mais uma noite a bordo e, dessa forma, o comandante das forças anglo-lusas durante a batalha do Vimeiro foi Wellesley.
As forças anglo-lusas foram colocadas por forma a enfrentar um ataque francês lançado de sul para norte. Segundo Wellesley, seria esta a sua ação mais provável. Então foram colocados na linha de alturas a sul do rio Maceira, viradas para Sul, numa primeira linha, de oeste para leste (do mar para o interior), as brigadas de Hill, de Craufurd e de Nightingale; numa segunda linha, a brigada (ainda incompleta) de Acland. Na mesma linha de alturas mas viradas para Sudeste estavam as brigadas de Bowes e de Ferguson. Na colina do Vimeiro, imediatamente a sudeste daquela povoação, estava colocada a brigada de Anstruther e, à sua esquerda, a de Fane. As forças portuguesas sob o comando do Tenente-coronel Trant estavam posicionadas a norte do rio Maceira, imediatamente a leste da povoação com o mesmo nome, prontas a serem utilizadas como reserva de Anstruther e Fane. Um corpo de cavalaria com cerca de 500 sabres (240 Britânicos e 260 Portugueses) estava posicionado nas margens do rio Maceira, ocultos pela colina do Vimeiro. A artilharia estava distribuída da seguinte forma: oito peças na linha de alturas a Sul do rio Maceira, seis peças com a brigada de Anstruther e quatro em reserva.
Junot tinha as suas forças concentradas em Torres Vedras de onde saiu ao encontro do exército de Wellesley, no dia 20 ao fim da tarde. À frente, uma guarda avançada de cavalaria, o 3º Regimento Provisório de Caçadores, seguido das divisões de Delaborde e de Loison, da Reserva de Granadeiros, a artilharia e da Divisão de Cavalaria de Margaron. Pela meia noite já se ouvia no Vimeiro o ruído provocado pelos carros e cavalos mas, como Junot deu um período de descanso às sua tropas antes do ataque, só pelas 09.00 horas do dia 21 as forças francesas se aproximaram das posições inimigas. Quando o movimento dos franceses pôde ser observado, ficou claro que não iam atacar as posições a sul do Maceira mas continuavam o seu movimento para norte. Só começaram a desenvolver as suas forças num dispositivo de ataque quando se encontravam a leste do Vimeiro e a sua guarda-avançada de cavalaria, seguida de uma coluna de infantaria (a Brigada Brennier), continuou a avançar para Norte. Ficava claro para Wellesley que os Franceses iriam, por um lado, atacar o centro/esquerda da sua posição e, por outro lado, tornear a sua posição por norte podendo vir a atacar na direção definida pela estrada da Lourinhã.
Wellesley reagiu prontamente a esta nova situação e alterou o seu dispositivo. Para a posição da Ventosa seguiram de imediato as brigadas de Fergunson e Nightingale que estabeleceram aí uma linha defensiva, indo posicionar-se imediatamente atrás, em reserva, a brigada de Bowes. A brigada de Craufurd e as tropas portuguesas de Trant moveram-se para norte num movimento mais demorado através da linha de alturas mais perto do mar e posicionaram-se na região de Ribamar a fim de protegerem o flanco esquerdo das forças na Ventosa. A brigada de Acland passou para norte de Maceira e foi posicionada junto à estrada para a Ventosa, em reserva, pronta a acudir as forças de Antruther e Fane ou as forças na região da Ventosa. A brigada de Hill permaneceu na linha de alturas a sul do rio Maceira mas posicionou-se mais próxima das posições do Vimeiro.
Junot reagiu ao reajustamento do dispositivo de Wellesley e reforçou o corpo de tropas que ia atacar mais a norte com a Brigada Solignhac, da Divisão Loison. Ao tomar esta atitude colocou no ataque a norte sete batalhões, cerca de 6.450 homens, ou seja, cerca de 56% de toda a sua infantaria. A enfrentá-los, os Franceses iriam encontrar, no mínimo, as brigadas de Ferguson, Nightingale e Bowes, ao todo sete batalhões com um total de 5.782 homens, embora com possibilidade de serem reforçados pela brigada de Craufurd (1.832 homens - dois batalhões), pelo corpo de tropas portuguesas (2.100 homens) e pela brigada de Acland (1.332 homens - cerca de dois batalhões).
O ataque principal seria lançado na direção da colina do Vimeiro, com as brigadas Thomiéres e Charlot, num total de 5.080 homens organizados em oito batalhões de infantaria mais duas companhias suíças, tendo como reserva o corpo formado pelas companhias de granadeiros, 2.100 homens organizados em quatro batalhões, sob comando de Kellermann. A enfrentá-los encontravam-se, numa primeira linha 4.708 homens organizados em sete batalhões (brigadas de Anstruther e Fane) e numa segunda linha 3.990 homens (brigadas de Hill e Acland).
Os ataques no Vimeiro e na Ventosa não foram lançados simultaneamente. O primeiro ataque foi lançado, às 10.00 horas, contra a posição do Vimeiro, com as brigadas de Thomières e de Charlot, e foi repelido. Foram empregues, das forças de reserva, dois batalhões sob comando do coronel St. Claire, num novo ataque que foi igualmente repelido. Junot decidiu ainda empregar os outros dois batalhões em reserva, sob o comando do coronel Maransin, que, apesar de terem entrado na povoação, acabaram igualmente repelidos. Neste combate, além das forças em primeira linha de Anstruther e Fane, foram empregues forças da Brigada de Acland: duas companhias do 95th Rifles e as duas companhias de infantaria ligeira dos seus dois batalhões de linha. A eficácia da artilharia britânica e o emprego de granadas shrapnell - foi a sua primeira utilização em campanha - ajudou ao sucesso dos defensores. Junot iniciou então a retirada da região do Vimeiro e Wellesley fez avançar o seu corpo de cavalaria, sob comando do coronel Taylor. Este perseguiu os Franceses mas as forças portuguesas retiraram em desordem perante a reação inimiga. Tendo avançado demasiado, este corpo de cavalaria (os britânicos) acabaram por se envolver com a cavalaria do general Margaron e sofreram pesadas baixas, entre elas o coronel Taylor.
No lado da Ventosa, o ataque foi lançado mais tarde, primeiro pela Brigada Solignac e depois pela Brigada Brennier. Solignac, que pretendeu seguir o percurso mais curto, viu o seu avanço muito dificultado por uma ravina profunda que passa imediatamente a Sul de Toledo. No fim da subida para a Ventosa foi surpreendido por uma força britânica mais forte que o esperado e foi batido com alguma facilidade. Brennier tinha seguido um caminho mais longo mas mais praticável e acudiu a partir da linha de alturas que se estende para além de Pragança. As forças de Ferguson foram surpreendidas pelo ataque da Brigada de Brennier e pela cavalaria - cerca de 640 sabres - que o acompanhava mas a reacção britânica foi aficaz e repeliu o ataque com pesadas baixas para os franceses. Solignac foi ferido no ataque assim como Brennier, que ficou prisioneiro.
Os Franceses não tinham mais forças para empenhar e iniciaram a retirada para Torres Vedras. As forças britânicas sofreram 135 mortos, 534 feridos e 51 extraviados. Dos seus batalhões, 7 estavam intactos por não terem chegado a combater (as forças das brigadas de Hill, Bowes, Craufurd e parte da brigada de Acland, assim como o corpo de tropas portuguesas do tenente-coronel Trant). Os Franceses sofreram cerca de 1.400 mortos e feridos e 400 prisioneiros. Das 23 peças de artilharia que levavam, 13 caíram em poder dos Britânicos.
Não foi lançada a perseguição às forças francesas em retirada. Sir Harry Burrard já tinha desembarcado e, no final da batalha, Wellesley entregou-lhe o comando mas ele entendeu que devia esperar pelas forças de Sir John Moore. Entretanto os Franceses só conseguiram voltar a reunir as suas unidades em Torres Vedras no dia seguinte.

Consequências
Sir Harry Burrard, ao assumir o comando das forças determinou que não haveria perseguição e que esperariam pela Divisão de Sir John Moore que deveria desembarcar em breve. Ainda no dia 21 de manhã, desembarcou na praia de Porto Novo outro oficial que deveria assumir por sua vez o comando das forças: Sir Hew Dalrymple. Com pouca experiência de campanha, sem o espírito audacioso de Wellesley, decidiu igualmente por esperar Sir John Moore. Entretanto, o exército que se encontrava no Vimeiro, marchando ao longo da costa, contornou Torres Vedras e dirigiu-se para Mafra. Moore só iniciou o desembarque no dia 25 e este prolongou-se até ao dia 30.
Em Torres Vedras, Junot e os seu generais reuniram-se para analisarem a situação. Resolveram que o exército não estava em condições de enfrentar nova batalha e que a melhor saída desta situação era tentarem negociar com os britânicos. Os Franceses cediam Lisboa com todos os seus armazéns e riquezas intactos, em troca da possibilidade de retirarem o exército para França em condições de segurança. Isto significava também que Kellermann foi encarregue destas negociações. O resultado das negociações que se seguiram foi a Convenção de Sintra, que tão grande escândalo provocou. Em setembro, as forças francesas saíam de Portugal.