terça-feira, março 09, 2021

Juliette Binoche faz hoje 57 anos

  
Juliette Binoche (Paris, 9 de março de 1964) é uma aclamada atriz e dançarina francesa, vencedora do Óscar de Melhor Atriz Coadjuvante e de outros prémios de prestígio no cinema.
  
Biografia
Binoche nasceu em Paris, filha do cineasta, ator e escultor Jean-Marie Binoche, e de Monique Stalens, professora, realizadora, e atriz. A mãe de Juliette Binoche é de ascendência polaca, e os seus avós maternos, de origem polaca e católica, estiveram presos em Auschwitz por serem considerados intelectuais. Binoche tem também ascendência francesa, flamenga, brasileira e marroquina. Os seus pais divorciaram-se quando esta tinha apenas quatro anos. Binoche e a sua irmã Marion foram levadas para um colégio interno.
Aos 15 anos foi estudar numa escola especializada, após o que já frequentava o Conservatório Nacional de Arte Dramática de Paris.
Aos 18, conseguiu um papel num pequeno filme independente, La fille du rallye. Enquanto esperava outras oportunidades de trabalho, trabalhou durante cinco anos como empregada em uma loja e como modelo de pintura.
Tinha 24 anos quando foi convidada para um grande desafio: trabalhar com o diretor Philip Kaufman em The Unbearable Lightness of Being (A Insustentável Leveza do Ser). Anteriormente já havia trabalhado com outros diretores de renome internacional, como Leos Carax e Godard. Em 1993 veio o convite para ser a protagonista de Trois couleurs: Bleu, primeiro da trilogia das cores de Krzysztof Kieślowski, com o qual conquistou o Cesar como melhor atriz. Para esse prémio, ela seria indicada ainda mais cinco vezes.
Em 1996, a enfermeira canadiana Hana, o seu papel em The English Patient, trouxe-lhe a consagração, simbolizada pelo Óscar de melhor atriz secundária, tendo superado a favorita Lauren Bacall, cuja experiência a Academia de Hollywood preferiu ignorar. Nos bastidores, Juliette afirmou que Lauren é que merecia o prémio.
Em 2000, foi nomeada para o Óscar de melhor atriz por seu trabalho em Chocolat, mas foi vencida por Julia Roberts (por Erin Brockovich).
Além do cinema (é a artista mais bem-paga do cinema francês), Juliette também atua nos palcos da Broadway.
Tem dois filhos, Raphael (com Andre Halle) e Hanna (com o ator francês Benoit Magimel).
Venceu o prémio de melhor atriz no Festival de Cannes de 2010 pela sua atuação no filme "Copie Conforme", do diretor iraniano Abbas Kiarostami
  

O livro A Riqueza das Nações de Adam Smith foi publicado há 245 anos

 

An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations, generally referred to by its shortened title The Wealth of Nations, is the magnum opus of the Scottish economist and moral philosopher Adam Smith. First published in 1776, the book offers one of the world's first collected descriptions of what builds nations' wealth, and is today a fundamental work in classical economics. By reflecting upon the economics at the beginning of the Industrial Revolution, the book touches upon such broad topics as the division of labour, productivity, and free markets.

 

in Wikipédia

A primeira batalha entre couraçados foi há 159 anos

  
A Batalha de Hampton Roads, popularmente conhecida como "batalha do Monitor e do Merrimack", foi uma batalha naval ocorrida durante a Guerra de Secessão norte-americana no dia 9 de março de 1862. A batalha aconteceu em frente ao Sewell's Point, um promontório perto da foz do canal de Hampton Roads (Virgínia), sendo esta a única saída das águas que alimentam o canal até à baía de Chesapeake e ao mar aberto.
No início da guerra, as forças unionistas viram-se obrigadas a evacuar Norfolk, na Virgínia - ao sul do canal - e incendiaram os seus navios para que não caíssem nas mãos da Confederação. Um desses barcos foi recuperado pelos confederados, rebatizado como CSS Virginia e recoberto com chapas de ferro, transformando-se no primeiro navio de guerra couraçado norte-americano que entrou em combate. Em 8 de março de 1862, partiu de Sewell's Point, em Hampton Roads, para romper o bloqueio dos barcos da União, vários dos quais tendo sido destruídos pelo "Virginia". No dia seguinte, entrou em combate com o USS Monitor, um couraçado recém-construído pela União.
Ainda que o próprio combate não tenha dado um saldo claramente a favor de nenhum dos grupos, foi um marco para a história naval, ao constituir o primeiro confronto entre dois navios de guerra autopropulsados e blindados, que, mais adiante, seriam conhecidos como couraçados - anteriormente, praticamente todos os navios de guerra eram de madeira. Posteriormente, a guerra naval e a construção de barcos mudaram radicalmente. Os distintos países iniciaram uma carreira que converteria as suas frotas de madeira em frotas de ferro, já que os couraçados haviam demonstrado ser superiores aos navios de guerra de madeira, por resistir ao fogo de artilharia.

Cobertura do USS Monitor depois da batalha de Hampton Roads

O genocida Viatcheslav Molotov nasceu há 131 anos

    
Viatcheslav Mikhailovitch Molotov, nascido Viatcheslav Mikhailovitch Scriábin (Sovietsk, 9 de março de 1890 - Moscovo, 8 de novembro de 1986), foi um diplomata e político da União Soviética de destaque entre os anos 20 e 50 do século XX.
Nascido na pequena aldeia de Kukarka (atual Sovietsk, no Óblast de Kirov), filho de um pequeno comerciante judeu, educado numa escola secundária em Kazan, onde se juntou à facção bolchevique do Partido Operário Social-Democrata Russo, em 1906. Adotou o pseudónimo de Molotov (do russo molot, "martelo"). Foi preso em 1909 e passou dois anos no exílio na Sibéria. Em 1911 inscreveu-se na Universidade Politécnica de São Petersburgo, e tornou-se um dos editores do Pravda, o jornal bolchevique clandestino, do qual Estaline era também editor. Em 1913 Molotov foi preso novamente, e deportado para Irkutsk, de onde escapou em 1915 e regressou à capital. Em 1920 ingressou no Comité Central do PCUS e foi dirigente da Internacional Socialista no período de 28-34.
Na qualidade de membro do Politburo, foi responsável pela campanha de requisições das colheitas na Ucrânia, causando a fome-genocídio de 1932-1933, o Holodomor. Sendo um dos principais colaboradores de Estaline, foi Ministro de Relações Exteriores da URSS no período 1939-1949 e 1953-1956. Em 1957, foi afastado da direção do Partido por Nikita Khrushchov, em virtude da sua oposição à "desestalinização" e nomeado embaixador na Mongólia, cargo que exerceu entre 1957 e 1960 tendo logo após sido indicado para chefiar a representação da URSS na Organização Internacional de Energia Atómica, sediada em Viena, tendo permanecido neste cargo até 1962, ao ser excluído do Partido Comunista. Foi readmitido no Partido em 1984.
O seu nome tornou-se célebre pela popularidade do cocktail molotov, arma química incendiária muito utilizada em guerrilhas e manifestações urbanas. A associação de seu nome com essa bomba caseira deve-se a sua declaração durante a Guerra de Inverno de que os soviéticos não estavam bombardeando cidades finlandesas, mas sim enviando alimentos. As bombas russas então foram apelidadas de "cestos de pães de Molotov" e as bombas improvisadas usadas pelos finlandeses de Cocktails Molotov. A sua mais relevante participação na história mundial foi a assinatura do Tratado Molotov-Ribbentrop, o pacto de não-agressão firmado entre a União Soviética e a Alemanha Nazi em 1939. O tratado perdurou até ao dia 22 de junho de 1941, quando Adolf Hitler quebrou o pacto, ordenando a invasão do território soviético, na chamada Operação Barbarossa.
   
Caricatura no jornal semanal "Mucha", de Varsóvia, em 8 de setembro de 1939, já com a invasão nazi em andamento (Ribbentrop faz reverência a Estaline, com Molotov a seu lado)
         

Samuel Barber nasceu há 111 anos

   
Samuel Osborne Barber (Westchester, 9 de março de 1910 - Nova Iorque, 23 de janeiro de 1981) foi um compositor norte-americano de música erudita, mais conhecido pela obra "Adagio for Strings". Começou a compor com sete anos de idade; os seus estudos formais foram feitos no "Instituto de Música Curtis", em Philadelphia. Aos 25 anos tornou-se membro da Academia Americana em Roma.
Compôs um conhecido "Concerto para Violino" e a obra "Music for a Scene from Shelley", Opus 7, esta última baseada num poema de Percy Bysshe Shelley. É o autor de um Concerto para Piano e Orquestra e de uma Sonata para Piano. A sua ópera "Vanessa" (1957), ganhou o Prémio Pulitzer.

 


A Sputnik 9 foi lançada há cinquenta anos


Korabl-Sputnik 4
, em russo Корабль Спутник 4 que significa Nave satélite 4, também conhecida como Vostok-3KA No.1, e Sputnik 9 no Ocidente, foi uma missão de teste do Programa Vostok da União Soviética, tendo sido a terceira a tentar colocar animais em órbita e trazê-los de volta a salvo.

A Korabl-Sputnik 4, foi a quarta tentativa de lançar uma espaçonave Vostok, com cães a bordo. A terceira tentativa, em 1 de dezembro de 1960, havia sido um sucesso parcial, pois um erro na trajetória de reentrada, obrigou o acionamento do sistema de autodestruição.

O lançamento, ocorreu em 9 de março de 1961 a partir do Cosmódromo de Baikonur, usando um foguete Vostok-K. A sua "tripulação", era composta pelo manequim científico, Ivan Ivanovich, por um cão: Chernushka, alguns ratos e um porquinho-da-índia, além de câmaras de televisão monitorizando-os, e uma série de instrumentos científicos.

O lançamento foi perfeito, e a órbita pretendida foi atingida. Cerca de uma hora e trinta minutos depois do lançamento, e de ter completado apenas uma órbita, foi dado o comando de reentrada. O pouso ocorreu conforme planeado, sendo o manequim ejetado da cápsula durante a descida para testar o assento ejetor. Tanto o manequim quanto a cápsula com sua tripulação foram recuperados. 

 

in Wikipédia

O rapper The Notorious B.I.G. morreu há 24 anos

  
Christopher George Latore Wallace (Nova Iorque, 21 de maio de 1972 - Los Angeles, 9 de março de 1997), também conhecido como Biggie Smalls, Big Poppa e Frank White, mas muito mais conhecido pelo apelido The Notorious B.I.G. (Business Instead of Game), foi um rapper dos Estados Unidos. B.I.G. entrou na história do rap como o ícone da Costa Leste dos EUA, assim como seu rival, o nova-iorquino Tupac Shakur, que foi o principal representante do rap da Costa Oeste.
   
(...)
  
A 9 março de 1997, por volta de 00.30 horas, Wallace estava, com a sua comitiva, em dois Chevrolet Suburbans, de regresso ao seu hotel, após o Corpo de Bombeiros encerrar uma festa mais cedo, devido a superlotação. Wallace viajou no banco do passageiro da frente ao lado de seus companheiros, Damion "D-Roc" Butler, o membro do Junior M.A.F.I.A. Lil Cease e Gregory "G-Money" Young. Combs viajou em outro veículo com três guarda-costas. Os dois carros foram guiados por um Chevrolet Blazer que levava o diretor de segurança da Bad Boy.
Por volta de 00.45 as ruas estavam cheias de pessoas que estavam saindo do evento. O carro de Wallace parou em um sinal vermelho a cerca de 50 metros de um museu. Um Chevrolet Impala preto parou ao lado do carro de Wallace. O motorista da Impala, um afro-americano que vestia um casaco azul e gravata borboleta, baixou a janela, sacou de uma pistola de 9 milímetros de aço azul e disparou contra o Suburban e quatro balas atingiram Wallace no peito. Os parceiros de B.I.G. levaram-no ao Centro Médico Cedars-Sinai, mas foi declarado morto às 01.15 horas.
   
  

 


O arqueólogo Francisco Martins Sarmento nasceu há 188 anos

  
Francisco Martins de Gouveia Morais Sarmento (Guimarães, 9 de março de 1833 - Guimarães, 9 de agosto de 1899) foi um notável arqueólogo e escritor português.
Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, dedicou-se com grande paixão ao estudo da arqueologia. Fez a exploração intensa e metódica da citânia de Briteiros e Sabroso, perto de Guimarães (1874-1879), junto à Casa da Ponte, onde morou.
Cultivou também a poesia e colaborou em revistas e jornais científicos. Encontra-se colaboração da sua autoria na revista O Pantheon (1880 - 1881) e no semanário Branco e Negro (1896 - 1898).
Entre as suas obras contam-se: Os Argonautas; Ora Marítima; Lusitanos, Lígures e Celtas.
No museu da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, conserva-se uma grande parte dos objectos arqueológicos por si encontrados.
   

Brad Delp, o vocalista dos Boston, morreu há catorze anos

 
Bradley E. Delp
(Danvers, Massachusetts, 12 de junho de 1951Atkinson, New Hampshire, 9 de março de 2007) foi um músico norte americano, mais conhecido como vocalista principal da banda de rock Boston.

(...)

Delp foi encontrado morto na sua casa, de causas desconhecidas, no dia 9 de março de 2007, aos 55 anos de idade. Naquele dia, o site oficial da banda foi substituído pela declaração: "Perdemos o tipo mais simpático do rock and roll." Estava programado que tocaria com os Beatlejuice em Somerville (Massachusetts), no dia em que morreu. Os Beatlejuice cancelaram os espectáculos seguintes, para o velório de Delp.
No dia 15 de março de 2007 a polícia de New Hampshire anunciou que Brad Delp cometera suicídio por inalação de monóxido de carbono - fechou-se numa casa de banho com dois grelhadores queimando carvão.
 

 


segunda-feira, março 08, 2021

Hoje é dia de recordar o poeta João de Deus...

Domingos Sequeira morreu há 184 anos

(imagem daqui
    
Domingos António de Sequeira (Lisboa, 10 de março de 1768 - Roma, 8 de março de 1837) foi um pintor português.
De origem modesta, foi educado na Casa Pia de Lisboa, após o quê frequentou o curso de Desenho e Figura na Aula Régia e trabalhou como decorador. Com uma pensão de D. Maria I, em 1788, partiu para Itália e estudou na Academia Portuguesa em Roma, onde recebeu aulas de António Cavallucci.
Admitido, depois, na Academia di San Luca, aí pintou a Degolação de São João Baptista, a Alegoria à Casa Pia e a Aparição de Cristo a D. Afonso Henriques.
Regressou a Lisboa em 1795 e de 1798 a 1801 viveu no Convento da Cartuxa de Laveiras.
Nomeado pintor da corte em 1802 e co-director da empreitada de pintura do Palácio da Ajuda, aí pintou abundantemente. Em 1803 foi professor de Desenho e Pintura das princesas, e em 1806, director da aula de Desenho no Porto. Neste período pintou alegorias patrióticas e retratos, fazendo o desenho das peças para oferecer a Beresford.
Viveu intensamente as convulsões políticas da época - foi, sucessivamente, partidário do exército de invasão francês (Junot protegendo Lisboa, 1808), da aliança inglesa (Apoteose de Wellington, 1811), da revolução liberal (retratos de 33 deputados, 1821) e da Carta Constitucional (D. Pedro IV e Maria II, 1825), exilando-se em França com a contra-revolução absolutista da Vila-Francada, onde expôs, no Salão do Louvre, A Morte de Camões (quadro desaparecido no Brasil), obra que lhe mereceu medalha de ouro e colocação entre os pintores românticos mais representativos, ao lado de Eugène Delacroix.
Acabou por se fixar em Roma em 1826, onde se dedicou à pintura religiosa, em visões de luminosidade já romântica (Vida de Cristo, 1828; Juízo Final, 1830).
Morreu naquela cidade, sem rever Portugal, encontrando-se o seu túmulo na Chiesa di Sant'Antonio dei Portoghesi. Foi igualmente autor da baixela neoclássica de cem peças oferecida a Wellington em 1811-1816 que se encontra presentemente na Apsley House.
Em termos estéticos é considerado o pintor de transição do Neoclassicismo para o Romantismo.
  
Conde de Farrobo - pintura de Domingos Sequeira
   

A Ti Catarina Chitas morreu há dezoito anos

 

(imagem daqui)

   

Catarina Chitas, ou Ti Chitas (Penha Garcia, 30.01.1913 - 08.03.2003) como era conhecida, foi uma pastora de Penha Garcia que também tocava adufe.

As primeiras gravações terão sido feitas por Ernesto Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira em 1963.  Em 1964, por ocasião do I Congresso Nacional de Turismo, a Fundação Gulbenkian levou a efeito uma exposição sobre Instrumentos Musicais. A Região da Beira Baixa esteve representada pela tocadora de adufe, Catarina Chitas. 

Michel Giacometti gravou em 1970 para a série produzida pela RTP “Povo que canta”, publicado em 1970/1996 - Antologia da Música Regional Portuguesa. Beira Alta. Beira Baixa. Beira Litoral.

Em 1982 por José Alberto Sardinha, em “Recolhas da Tradição Oral Portuguesa – Beira Baixa e Minho”, e em 1997, em “Portugal Raízes Musicais – nº 4 Beira Baixa e Beira Transmontana”. Em 1984 a Banda do Casaco editou o disco "Com Ti Chitas".

A Câmara Municipal de Idanha a Nova editou em 1991 um LP com 17 faixas, inteiramente dedicado a Catarina Chitas. Em 1992, é editado na Collection Dominique Buscall o CD “Music du Monde – Portugal: Chants et tambours de Beira Baixa”, em que Catarina Chitas canta em nove faixas.

Em 1994, um CD concebido e realizado por Jacques Erwain, “Voyage Musical Portugal – Le Portugal et les Iles”, inclui duas gravações de Catarina Chitas e um depoimento biográfico feito pela mesma.

Um dos destaques da edição de 2002 do Festival Cantigas de Maio foi a exposição "Colectores de Música Popular Portuguesa" com a orientação de Domingos Morais. Daí resultou a edição do primeiro CD da Associação José Afonso com gravações de Catarina Chitas (Ti Chitas).  

 

in Wikipédia 

 

 

   

 

Poema para celebrar o dia das Mulheres...

 

Hipátia foi uma astrónoma romano-egípcia, assassinada no dia 8 de março de 415

 

A Mulher

Se é clara a luz desta vermelha margem
é porque dela se ergue uma figura nua
e o silêncio é recente e todavia antigo
enquanto se penteia na sombra da folhagem.
Que longe é ver tão perto o centro da frescura

e as linhas calmas e as brisas sossegadas!
O que ela pensa é só vagar, um ser só espaço
que no umbigo principia e fulge em transparência.
Numa deriva imóvel, o seu hálito é o tempo
que em espiral circula ao ritmo da origem.

Ela é a amante que concebe o ser no seu ouvido, na corola
do vento. Osmose branca, embriaguez vertiginosa.
O seu sorriso é a distância fluída, a subtileza do ar.
Quase dorme no suave clamor e se dissipa
e nasce do esquecimento como um sopro indivisível.
 

 

in Volante Verde (1986) - António Ramos Rosa

Ferdinand von Zeppelin morreu há 104 anos

  
Ferdinand Adolf Heinrich August Graf von Zeppelin (Constança, 8 de julho de 1838 - Berlim, 8 de março de 1917) foi um nobre e militar, general alemão, fundador da companhia dirigível Zeppelin.
O nome da banda de rock britânica Led Zeppelin remete aos balões de Ferdinand. A Kriegsmarine desenvolveu o projeto para a construção de um porta-aviões batizado Graf Zeppelin em homenagem ao conde.
  
(...)
  
Primeira ascensão do LZ-1 em 2 de julho de 1900
  
Zeppelin, baseado nas ideias de Schwartz, um engenheiro austríaco que havia tentado construir um balão de alumínio em 1887, projetou um aeróstato sob comando, partindo então para tentativas arrojadas, em Friedrichshafen, onde morava.
Além de orientar a edificação de uma fábrica de alumínio, o ousado conde iniciou a construção e montagem dos primeiros dirigíveis rígidos em 1889, e, a despeito das dificuldades, terminou o seu primeiro modelo no ano seguinte. No entanto, o protótipo LZ-1 somente foi aprovado cinco anos depois, sendo que os modelos testados levavam as iniciais LZ, de Ludwig (assistente do conde) e do próprio Zeppelin, antecedendo a numeração.
Apesar do seu projeto ter sido rejeitado pelo Kaiser Guilherme II em 1894, o nobre militar, contando com o apoio da população do povoado na margem do Lago Constança e utilizando todos os seus recursos financeiros, se empenhou na construção de aeronaves com estrutura rígida, numa época em que os balões carregados de gás tinham estrutura flexível.
Em 2 de julho de 1900, fez o voo inaugural do LZ-1, às margens do lago Constança. Porém, o tecido que cobria a estrutura de alumínio do balão se rompeu no pouso; mas o milionário não desistiu. Já estava na bancarrota quando, em 1908, ganhou fama com o LZ-4, ao cruzar os Alpes, numa viagem de 12 horas, sem escalas. Daí por diante, Zeppelin pôde contar com o dinheiro do governo alemão em suas façanhas e seus dirigíveis se transformaram em orgulho nacional. Zeppelin instituiu a primeira companhia aérea, a Luftschiffbau-Zeppelin GmbH, em 1909, com uma frota de cinco dirigíveis. Até 1914, quando iniciou a Primeira Grande Guerra, foram mais de 150 mil quilómetros voados, 1.600 voos e mais de 37 mil passageiros transportados. Durante o conflito mundial, ao lado dos nascentes aviões, os dirigíveis alemães foram utilizados para bombardear Paris. Ao longo de sua vida, Zeppelin construiu mais de 100 dirigíveis.
   

Porque hoje é dia de recordar um grande Poeta...

 

Memória Amada

...........Para Alain Fournier

Vinham de longe em bandos. Acorriam
Jubilosos. Fantasias
De parques pluviosos
E, descendo,
Os patos bravos lançados
Entre juncos, salgueiros e veados.
Tarde,
Muito tarde, uns olhos tais
Haviam de aparecer, sobressaltados
Entre enigmas e um floco de cabelos
Osculado pelo vento. Alegorias...
Do agora ou nunca e do momento
Definido. Trégua impensada,
Insuspeita, no perfume alado
Da página dobrada e abandonada
Dum livro interrompido. Sinto a dor fina,
Finamente atravessada e suave,
- Quase saudade.


in O Livro do Nómada Meu Amigo (1958) - Ruy Cinatti  

 

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 De monte a monta...

De monte a monta, o meu grito
soa, soa, como voz
de um eco do infinito
ecoando em todos nós.

Timor cresce como um grito
ecoando em todos nós.



in
Obra Poética - Ruy Cinatti

O físico Johannes Diderik van der Waals morreu há 98 anos

    
Johannes Diderik van der Waals (Leiden, 23 de novembro de 1837 - Amesterdão, 8 de março de 1923) foi um físico neerlandês que formulou equações descrevendo os estados líquido e gasoso, trabalho fundamental para a medição do zero absoluto.
Ele tentou descobrir por que motivo as equações de Robert Boyle e Jacques Charles não correspondiam exatamente à forma de comportamento dos gases e líquidos. Concluiu que o tamanho da molécula e as forças que atuam entre elas afetam o seu comportamento. Embora as moléculas de gás sejam extremamente pequenas, cada uma delas tem um tamanho diferente - circunstância que afeta o comportamento das moléculas de diferentes gases. As forças que atuam entre as moléculas de um gás são denominadas forças de van der Waals. Em virtude desse trabalho, Johannes van der Waals foi agraciado com o Nobel de Física de 1910.
  

George Coleman faz hoje 86 anos

 
George Edward Coleman
(Memphis, Tennessee, 8 de março de 1935), é um saxofonista tenor de jazz, norte-americano, de estilo hard bop.
Dos vários prémios que recebeu, destaca-se o Life Achievement Award, pela Jazz Foundation of America, em 7 de março de 1997.
  

   


Tonicha nasceu há 75 anos

 
Antónia de Jesus Montes Tonicha Viegas, mais conhecida como Tonicha (Beja, 8 de março de 1946) é uma cantora portuguesa

   

(...)

  

Conhece Ary dos Santos através do compositor Nuno Nazareth Fernandes. Os dois serão os autores de "Menina do Alto da Serra" que venceu o Festival RTP da Canção no ano de 1971. O tema fica em 9.º lugar no Festival da Eurovisão, em Dublin, o melhor resultado obtido até essa altura pelo nosso País.

A cantora participa com sucesso em vários festivais internacionais. "Poema Pena" fica em 4.º nas Olimpíadas da Canção de Atenas, na Grécia, onde Tonicha obteve o 2.º prémio de interpretação e Augusto Algueró conseguiu o 1.º prémio ex-aequo de orquestração. Fica também em 3.º no Festival de Brasov (Roménia). Com "Manhã Clara" ganhou o Prémio da Crítica no VI Festival do Rio de Janeiro e com "Rosa de Barro" venceu o 1.º Prémio de Interpretação no Festival de Split (ex-Jugoslávia). 

  

in Wikipédia

   

 

Menina do Alto da Serra - Tonicha

Menina de olhar sereno
Raiando pela manhã
De seio duro e pequeno
Num coletinho de lã

Menina cheirando a feno
Casada com hortelã

Menina cheirando a feno
Casado com hortelã

Menina que no caminho
Vais pisando formosura
Trazes nos olhos um ninho
Todo em penas de ternura

Menina de andar de linho
Com um ribeiro à cintura

Menina de andar de linho
Com um ribeiro à cintura

Menina de saia aos folhos
Quem na vê fica lavado
Água da sede dos olhos
Pão que não foi amassado
Menina do riso aos molhos
Minha seiva de pinheiro
Menina de saia aos folhos
Alfazema sem canteiro

Menina de corpo inteiro
Com tranças de madrugada
Que se levanta primeiro
Do que a terra alvoroçada

Menina de corpo inteiro
Com tranças de madrugada

Menina de corpo inteiro
Com tranças de madrugada

Menina de saia aos folhos
Quem na vê fica lavado
Água da sede dos olhos
Pão que não foi amassado
Menina de fato novo
Ave-maria da terra
Rosa-brava rosa povo
Brisa do alto da serra

Rosa-brava rosa povo
Brisa do alto da serra...

Capablanca morreu há 79 anos

   
Jose Raúl Capablanca y Graupera (Havana, 19 de novembro de 1888 - Nova Iorque, 8 de março de 1942) foi um xadrezista cubano, detentor do título de campeão do mundo da modalidade entre 1921 e 1927. Considerado por muitos o melhor jogador de todos os tempos, possuía um excepcional conhecimento em finais de jogo e rápido raciocínio.
  

Micky Dolenz, vocalista dos The Monkees, faz hoje 76 anos

    
George Michael Dolenz (Los Angeles, Califórnia, 8 de março de 1945) mais conhecido como Micky Dolenz é um músico e ator dos Estados Unidos, mais conhecido por ter sido o baterista e vocalista do grupo musical The Monkees.
    
Biografia
É filho do ator George Dolenz, que fez a série O Conde de Monte Cristo. Toda a família Dolenz era de artistas e o próprio Micky fazia gigs com a irmã Coco Dolenz. Aos 9, ele fez a série O Menino do Circo (The Circus Boy), sob o pseudónimo de Micky Braddock (para não se aproveitar da fama do pai) e pintou os cabelos de loiro.
Com o fim da série, Micky dedicou-se aos estudos, formando em 1963 a banda Missing Links, sob o pseudónimo Mike Swain. A banda chegou a lançar um single, Don't Do It, que ficou em 40º lugar nos tops americanas. Foi aí que Dolenz fez o famoso teste para a série The Monkees e ficou com uma das vagas. Após o fim da banda, Micky passou a trabalhar de ator dobrador e diretor em séries e desenhos. Trabalhou também como DJ na Rádio CBS de New York. Micky é pai da atriz Amy Dolenz.
    

 


Um avião da Malaysia Airlines desapareceu misteriosamente há sete anos

O avião 9M-MRO, envolvido no incidente, descolando no Aeroporto Internacional de Los Angeles, em outubro de 2013
     
Malaysia Airlines MH370 foi a identificação da rota aérea de passageiros regular e internacional entre Kuala Lumpur, na Malásia, e Pequim, na China. A rota é operada pela companhia aérea Malaysia Airlines que, a partir de 14 de março de 2014, substituiu sua identificação para Malaysia Airlines MH318. Na madrugada de 8 de março de 2014, no horário local (tarde de 7 de março, horário UTC), a aeronave que realizava esta rota levando 227 passageiros e 12 tripulantes, desapareceu dos radares após aproximadamente uma hora de voo enquanto sobrevoava o Golfo da Tailândia, no Mar da China.
Até o instante do desaparecimento dos monitores de radar, a tripulação não havia relatado nenhuma anomalia com o voo. O sistema ACARS do avião também não enviou mensagens por satélite, o que deveria ocorrer automaticamente no caso de alguma falha.
Em 24 de março de 2014, o governo malaio comunicou oficialmente que o voo caiu no mar no Oceano Índico sem deixar sobreviventes. Segundo registos feitos por satélites, o avião voou por várias horas após desaparecer dos radares, até esgotar o combustível, com todos os seus sistemas de comunicação desativados. Mesmo após três anos de extensas buscas, comandadas pelos governos da Austrália, da Malásia e da China no período de 2014 a 2017, os destroços da aeronave nunca foram localizados, tornando o caso um dos maiores mistérios da aviação civil contemporânea.
   
(...)
   
No final de julho de 2015, foi encontrada uma parte da asa da aeronave no litoral da ilha de Reunião, próximo de Madagascar. A peça, encontrada por moradores durante uma limpeza da praia, foi submetida a uma perícia por especialistas e identificada como sendo do MH370. Além desta peça, foram encontradas almofadas de poltronas e janelas de avião, que as autoridades acreditam ser também da mesma aeronave.
Dois destroços, encontrados a 27 de dezembro de 2015 e a 27 de fevereiro de 2016 em dois locais separados por 220 quilómetros, perto de Moçambique pertencem "quase com toda a certeza" ao voo MH370. As duas peças faziam parte da fuselagem do Boeing 777.
    

Jorge Fernando nasceu há 64 anos

Jorge Fernando é um músico e produtor português. É um dos compositores mais cantados da música portuguesa. É autor de "Boa noite solidão", "Búzios", "Quem vem ao fado" ou "Chuva".



Nasceu em Lisboa no ano de 1957.

Além de viola é também produtor, compositor, letrista e intérprete. No seu mais recente trabalho, "Memória e fado", inclui um dueto gravado, em 1994, com Amália Rodrigues de quem foi acompanhante de 1980 a 1985.

O perfil artístico de Jorge Fernando começou ainda menino, a cantar fado acompanhado pelo seu avô à guitarra, na adolescência caminha pela música rock, na década seguinte concorre ao Festival RTP da Canção com "Rosas brancas" (1983) e dois anos depois com "Umbadá". Em 1986 gravou o seu primeiro álbum, onde inclui "Lua Feiticeira Lua'. Em 1988 editou o primeiro álbum de fado onde inclui "Boa noite solidão" que escrevera aos 16 anos, e "Quem vai ao fado".

Como produtor assinou o primeiro álbum de Mariza, "Fado em mim", os mais recentes de Ana Moura e Maria da Fé, respectivamente, "Aconteceu" e "Divino fado", bem como os de Patrícia Rodrigues, Ricardo Ribeiro e João Pedro. Além de Amália, Jorge Fernando acompanhou vários fadistas como Fernando Maurício, Maria da Fé, Ana Moura, Argentina Santos ou José Manuel Barreto.

Em 1988 a Rádio Comercial atribuiu-lhe, por escolha do público, o Prémio de Popularidade. Em 1991 editou "À tua porta", seguindo-se "Oxalá" que a revista Billboard considerou, em 1994, "obra de referência para a World Music". Em 1997 com o álbum 'Terra d'água" faz uma ponte entre a balada e o fado, gravando no ano seguinte "Fado - The soul of Portugal", com Argentina Santos.

Em 1999 sai o álbum "Rumo ao Sul", em 2004, é editado "Fado velho" e passa actuar regularmente no restaurante típico Senhor Vinho. Foi convidado pelo pianista italiano Arrigo Cappellettí para participar como co-produtor e cantor num projecto que inclui a gravação de um CD com poesia contemporânea portuguesa, em conjunto com o bandoneonista Daniel di Bonaventura, o violoncelista David Zaccaria e o guitarrista Custódio Castelo. Em Itália, a Academia de Marco Poeta, distinguiu-o com o Prémio Carreira em reconhecimento do seu talento como cantor autor, produtor, instrumentista e impulsionador de novos talentos.

Em 2005, completou 30 anos de carreira artística, somando diferentes actuações em Portugal e no estrangeiro, de que destaca a Gala de Portugal – Noite de Fado, em Paris, com o patrocínio da UNESCO. "Memória e fado", editado o ano passado, conta com as colaborações de Egberto Gismonti, Toninho Horta, Zeca Assumpção, Wiliiam Galíson, entre outros. Ainda em 2005 recebe na I Grande Gala dos Troféus Amália Rodrigues é-lhe atribuído o galardão de Violista-Compositor.

Em 2006 na II Grande Gala dos Troféus Amália Rodrigues recebe o galardão de Melhor Viola.

 


Gary Numan faz hoje 63 anos


 
Gary Numan
, nascido Gary Anthony James Webb (Londres, 8 de março de 1958), é um cantor, compositor e músico britânico, sendo considerado um dos pioneiros da música eletrónica. Fundador da banda Tubeway Army, Numan é conhecido por seus hits de 1979 "Are 'Friends' Electric?" e "Cars", clássicos do new wave, movimento no qual Numan é frequentemente citado como uma das figuras mais importantes.
Os álbuns de Numan nunca bateram recordes de vendas, mas ele é considerado um pioneiro da música eletrônica comercial. O uso de temas de ficção científica e, principalmente, sua combinação da energia da música punk com os recursos da eletrónica, influenciaram diversos artistas dos anos 80.
   

 


Berlioz morreu há 152 anos

    
Hector Berlioz (La Côte-Saint-André, 11 de dezembro de 1803 - Paris, 8 de março de 1869), músico romântico, autor da Sinfonia Fantástica e Grande Messe des morts, teve contribuições significativas para a orquestra moderna, com o seu Grand traité d'instrumentation et d'orchestration modernes. Ele criou música para enormes grupos orquestrais, para alguns dos seus trabalhos, e realizou vários concertos com mais de 1.000 músicos. Ele também compôs cerca de 50 canções. A sua influência foi fundamental para o desenvolvimento do romantismo, especialmente em compositores como Richard Wagner, Nikolai Rimsky-Korsakov, Franz Liszt, Richard Strauss, Gustav Mahler e muitos outros.
  

 

Os heterónimos de Fernando Pessoa surgiram há 107 anos

(imagem daqui)
  
Especialistas garantem que esse relato sobre o ‘aparecimento' de Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos é uma ficção.
O nascimento dos heterónimos, tal como Fernando Pessoa o relatou em 1935, ano que viria a ser o da sua morte, era demasiado bom para ser verdade. O ‘Dia Triunfal', que terá acontecido há 100 anos, a 8 de março de 1914, não sobrevive à análise do espólio do poeta. Além das dúvidas quanto às datas de alguns manuscritos, há cartas do amigo Mário de Sá-Carneiro que fazem referência a obras que supostamente ainda não existiriam.

No entanto, aquilo que ficou para a história da literatura de Portugal, graças à carta que Fernando Pessoa escreveu ao crítico literário e amigo Adolfo Casais Monteiro, a 13 de janeiro de 1935, é que a génese dos heterónimos - apresentada como "o fundo traço de histeria que existe em mim" - teve o seu quê de épico: "Acerquei me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim."

A acreditar no poeta, que tinha então 46 anos, Alberto Caeiro foi o primeiro heterónimo a aparecer nesse dia. Ele, "que escrevia mal o português", o que era natural em quem não fora à escola, escreveu todos os poemas de ‘O Guardador de Rebanhos'.

Depois de encontrar o mestre, voltou a si próprio, escrevendo os seis poemas de ‘Chuva Oblíqua', mas ainda faltavam os discípulos. Ricardo Reis já estava latente, mas Pessoa garante ter-lhe então descoberto o nome, "porque nessa altura já o via". Depois, "num jato, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a ‘Ode Triunfal' de Álvaro de Campos".

Teresa Rita Lopes contrapõe a realidade dos factos a essa narrativa. "Nesse dia só escreveu dois poemas enquanto Alberto Caeiro, e a ‘Chuva Oblíqua'", garante a especialista na obra de Fernando Pessoa, que vai estar hoje, às 16h30, a falar sobre o ‘Dia Triunfal', na livraria Culsete, em Setúbal. De igual forma, Álvaro de Campos só nasceria meses depois, em junho de 1914, seguindo-se Ricardo Reis. 
 
Música, astrologia, colóquios e poemas
O centenário vai ser hoje assinalado na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa. O programa arranca às 18h30, com um recital do Trio do Desassossego, que interpretará o trio para piano, violino e violoncelo op. 15, de Smetana. Às 21.30 será ouvida a conferência ‘O dia 8 de março na vida de Alberto Caeiro', do astrólogo Paulo Cardoso, e às 23.00 a atriz Natália Luiza vai dizer os poemas de ‘O Guardador de Rebanhos'. 
Na Fundação Gulbenkian decorre até hoje o colóquio ‘O Dia Triunfal de Fernando Pessoa'.
Segue-se, no domingo, um passeio pedonal, com a duração de duas horas e meia, com partida marcada para as 15.00 horas, junto ao café Brasileira do Chiado.
  

BIOGRAFIAS BEM DISTINTAS
Escritor criou vidas e estilos para os heterónimos:
  
Ricardo Reis
"Quando o rei de marfim está em perigo,/ Que importa a carne e o osso/ Das irmãs e das mães e das crianças?/ Quando a torre não cobre/ A retirada da rainha branca,/ O saque pouco importa" Jogadores de Xadrez
O médico pagão e moreno nasceu no Porto, em 1887. Foi para o Brasil, no ano de 1919, por ser monárquico.
  
Alberto Caeiro
"Pelo Tejo vai-se para o Mundo./ Para além do Tejo há a América/ E a fortuna daqueles que a encontram./ Ninguém nunca pensou no que há para além/ Do rio da minha aldeia." O Tejo é mais Belo
O mestre nasceu em 1889, em Lisboa. Louro e de olhos azuis, vivia no campo. Morreu em 1915.
  
Álvaro de Campos
"Como eu vos amo a todos, porque sois assim,/ Nem imorais de tão baixos que sois, nem bons nem maus,/ Inatingíveis por todos os progressos,/ Fauna maravilhosa do fundo do mar da vida!" Ode Triunfal
O futurista veio ao Mundo em Tavira, em 1890. Fez-se engenheiro naval em Glasgow. Era alto e magro.

in CM - ler notícia

O Guardador de Rebanhos

I

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
 
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
 
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
 
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
 
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
 
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
 
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
 
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural -
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.


Alberto Caeiro