Alekhine nasceu no seio de uma família abastada, o pai era proprietário de terras e membro da
Duma, enquanto que a mãe era filha de um rico industrial. Foi a mãe que ensinou a jogar xadrez Alexander e o seu irmão, em
1903.
O primeiro feito de Alekhine no mundo de xadrez foi em
1909, aos dezassete anos, quando venceu o torneio russo de xadrez para amadores, disputado em
São Petersburgo,
com um resultado de doze vitórias, dois empates e duas derrotas. Este
torneio foi disputado em simultâneo com o de profissionais, ganho por
Emanuel Lasker e
Akiba Rubinstein. A vitória valeu a Alekhine o título de mestre nacional. Mais tarde neste ano, nos
Estados Unidos, o
cubano José Raúl Capablanca, na altura com 23 anos de idade, chocou os jogadores americanos ao esmagar
Frank Marshall. As vidas de Capablanca e Alekhine iriam cruzar-se em breve.
Em
1914,
após ser disputado um torneio em São Petersburgo, Alekhine e Capablanca
pertenciam ao grupo dos cinco primeiros jogadores a ganhar o título de
grandmaster. Alekhine era bastante cosmopolita, viveu em vários países e falava
russo,
alemão,
francês e
inglês.
Depois da
Revolução Russa, em
1919, foi dado como suspeito de espionagem e preso em
Odessa. Ao ser libertado mudou-se para França em
1921, onde, quatro anos depois, obteve a cidadania e entrou na faculdade de
Direito da
Sorbonne. Apesar da sua tese sobre o sistema prisional
chinês não ter sido terminada, ficou conhecido como Dr. Alekhine para o resto da sua vida.
Em
1927
arrebatou a Capablanca o título de campeão do mundo de xadrez. Apesar
de acordado nas condições impostas para que o match decorresse que
haveria direito a desforra, Alekhine recusou-se a jogar a desforra, em
vez disso jogou dois matches contra Efim Bogolyubov, que não era da
mesma craveira (Capablanca tinha um registo de 5-0 contra ele). Alekhine
recusou-se mesmo a jogar os mesmo torneios que o seu rival Capablanca.
No ano de
1935 perdeu o título para
Max Euwe, uma derrota que foi atribuída ao consumo abusivo de álcool por parte de Alekhine. Em
1936, visto já não ser campeão do mundo, Capablanca ganhou o torneio de
Nottingham, vencendo Alekhine no jogo que disputaram e o torneio (empatado com
Mikhail Botvinnik).
Após abandonar o vício, conseguiu reconquistar brilhantemente o título e
mostrar mais uma vez que era o melhor do mundo, frente a Euwe em
1937, com uma vantagem confortável.
Durante a
Segunda Guerra Mundial, Alekhine jogou em diversos torneios na
Alemanha e em territórios ocupados por esta nação. Em
1941 apareceram artigos anti-semitas intitulados
Aryan and Jewish Chess, sob o seu nome no
Pariser Zeitung.
Apesar de investigações intensas, não se conseguiu comprovar se os
artigos foram mesmo escritos por Alekhine. Após a guerra foi considerado
persona non grata pelos organizadores de torneios.
Alekhine veio a falecer num hotel do Estoril em Portugal, enquanto se preparava para um
match
para defender o seu título de campeão do mundo contra Botvinnik.
Pensa-se que a sua morte, um assunto muito controverso e ainda debatido,
se deva ou a um ataque cardíaco, ou a ter sufocado enquanto se
alimentava. A este propósito alguns investigadores mais recentes apontam
a hipótese de Alekhine ter sido espião (possivelmente alemão) durante a
2ª Guerra e ter sido vítima de homicídio (notar que Lisboa era então
uma importante praça giratória da espionagem mundial). A
FIDE financiou o funeral, e os seus restos mortais foram transferidos para o
Cimetière du Montparnasse, em
Paris, em
1956.
Alekhine foi o único campeão mundial a reter o título até à sua
morte, numa época em que esse título era tratado como propriedade
privada do campeão, que podia escolher com quem ele seria disputado.