terça-feira, dezembro 15, 2020

Chico Mendes nasceu há 76 anos

 
Francisco Alves Mendes Filho
, mais conhecido como Chico Mendes, (Xapuri, 15 de dezembro de 1944 - Xapuri, 22 de dezembro de 1988) foi um seringueiro, sindicalista e ativista ambiental brasileiro. Ele lutou pelos seringueiros da Bacia Amazónica, cujos meios de subsistência dependiam da preservação da floresta e das suas seringueiras nativas. Esse ativismo ecológico lhe valeu fama internacional.
Em julho de 2012, foi Reeleito um dos "100" maiores brasileiros de todos os tempos" em concurso realizado por SBT com a BBC de Londres.
  
Biografia
Filho do migrante cearense, Francisco Alves Mendes e de Maria Rita Mendes, começou no ofício de seringueiro ainda criança, acompanhando o pai em excursões pela mata. Só aprendeu a ler aos 19 e 20 anos, já que na maioria dos seringais não havia escolas, nem os proprietários de terras tinham intenção de criá-las em suas propriedades. Chico Mendes afirmou que só aprendeu a ler quando ensinado pelo militante comunista Euclides Távora, que participara no levante comunista de 1935 na sua cidade, Fortaleza e na Revolução de 1952 na Bolívia. Em seu regresso ao Brasil pelo Acre, Euclides Távora, fixa residência em Xapuri, tornando-se aí o alfabetizador de Chico Mendes.
Iniciou a vida de líder sindical em 1975, como secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. A partir de 1976 participou ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento através dos "empates" - manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos. Organizava também várias ações em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos.
Em 1977 participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, e foi eleito vereador pelo MDB local. Recebe então as primeiras ameaças de morte, por parte dos fazendeiros, e começa a ter problemas com seu próprio partido, que não se identificava com as suas lutas.
Em 1979 Chico Mendes reúne lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal, transformando-a em um grande foro de debates. Acusado de subversão, é submetido a interrogatórios. Sem apoio, não consegue registar a denúncia de tortura que sofrera em dezembro daquele ano.
Chico Mendes foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e um dos seus dirigentes no Acre, tendo participado de comícios com Lula na região.
Em 1980 foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional a pedido de fazendeiros da região, que procuraram envolvê-lo no assassinato de um capataz de fazenda, possivelmente relacionado ao assassinato do presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia, Wilson Sousa Pinheiro.
Em 1981 Chico Mendes assume a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até sua morte. Candidato a deputado estadual pelo PT nas eleições de 1982, não consegue ser eleito.
Acusado de incitar posseiros à violência, foi julgado pelo Tribunal Militar de Manaus, e absolvido por falta de provas, em 1984.
Liderou o 1º Encontro Nacional dos Seringueiros, em outubro de 1985, durante o qual foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que se tornou a principal referência da categoria. Sob sua liderança, a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional. A proposta da "União dos Povos da Floresta" em defesa da Floresta Amazónica busca unir os interesses dos indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco babaçu e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas. Essas reservas preservam as áreas indígenas e a floresta, além de ser um instrumento da reforma agrária desejada pelos seringueiros: Chico Mendes formou uma aliança entre sua gente e os índios amazónicos, o que persuadiu o governo a criar reservas florestais para a colheita não predatória de produtos como o látex e a castanha do pará.
Em 1986, concorre às eleições pelo PT (Acre) como candidato a deputado estadual ao lado de outros candidatos, entre eles Marina Silva, para deputada federal, José Marques de Sousa, o Matias, como senador, e Hélio Pimenta para governador, não sendo eleitos.
Em 1987, Chico Mendes recebeu a visita de alguns membros da ONU, em Xapuri, que puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois leva estas denúncias ao Senado norte-americano e à reunião de um banco financiador, o BID. Os financiamentos a esses projetos são logo suspensos. Na ocasião, Chico Mendes foi acusado por fazendeiros e políticos locais de "prejudicar o progresso", o que aparentemente não convence a opinião pública internacional. Alguns meses depois, Mendes recebe vários prêmios internacionais, destacando-se o Global 500, oferecido pela ONU, por sua luta em defesa do meio ambiente e viajou aos EUA para promover sua causa.
Ao longo de 1988 participa da implantação das primeiras reservas extrativistas criadas no Estado do Acre. Ameaçado e perseguido por ações organizadas após a instalação da UDR no Estado, Mendes percorre o Brasil, participando de seminários, palestras e congressos onde denuncia a ação predatória contra a floresta e as violências dos fazendeiros contra os trabalhadores da região.
Após a desapropriação do Seringal Cachoeira, em Xapuri, propriedade de Darly Alves da Silva, agravam-se as ameaças de morte contra Chico Mendes que, por várias vezes, denuncia publicamente os nomes de seus prováveis responsáveis. Deixa claro às autoridades policiais e governamentais que corre risco de perder a vida e que necessita de garantias. No 3º Congresso Nacional da CUT, volta a denunciar sua situação, similar à de vários outros líderes de trabalhadores rurais em todo o país. Atribui a responsabilidade pela violência à UDR. A tese que apresenta em nome do Sindicato de Xapuri, Em Defesa dos Povos da Floresta, é aprovada por aclamação pelos quase seis mil delegados presentes. Ao término do Congresso, Mendes é eleito suplente da direção nacional da CUT. Assumiria também a presidência do Conselho Nacional dos Seringueiros a partir do 2º Encontro Nacional da categoria, marcado para março de 1989, porém não sobreviveu até aquela data.
 
Morte
Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta da traseira da sua casa, quando saía desta para tomar banho. Chico anunciou que seria morto em função de sua intensa luta pela preservação da Amazónia e buscou proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram atenção.
Casado com Ilzamar Mendes (2ª esposa), deixou três filhos, Angela (do primeiro casamento), Sandino e Elenira, na época com dezanove, dois e quatro anos de idade, respectivamente.
Após o assassinato de Chico Mendes mais de trinta entidades sindicalistas, religiosas, políticas, de direitos humanos e ambientalistas se juntaram para formar o "Comité Chico Mendes". Eles exigiam providências e através de articulação nacional e internacional pressionaram os órgãos oficiais para que o crime fosse punido.
Em dezembro de 1990, a justiça brasileira condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e Darcy Alves Ferreira, responsáveis por sua morte, a 19 anos de prisão. A principal testemunha do caso foi um empregado de 13 anos da fazenda de Darly, Genésio Ferreira da Silva. Darly fugiu em fevereiro de 1993 e escondeu-se num assentamento do INCRA, no interior do Pará, chegando mesmo a obter financiamento público do Banco da Amazónia, sob falsa identidade. Só foi recapturado em junho de 1996. A falsificação de documentos rendeu-lhe uma segunda condenação: mais dois anos e 8 meses de prisão.
   

Paul Simonon, baixista dos The Clash e dos Gorillaz, faz hoje 65 anos!

  
Paul Gustave Simonon (Croydon, Londres, 15 de dezembro de 1955) é um baixista britânico e co-fundador da banda britânica de punk rock The Clash.
Depois do terminus dos The Clash, Paul Simonon entrou para um grupo chamado Havana 3AM, que gravou somente um álbum no Japão e que, posteriormente, se separou. Posteriormente Simonon voltaria às suas raízes de artista visual, organizando várias galerias de arte. A sua relutância em voltar a tocar foi citado como a principal razão de os Clash ter sido uma das poucas bandas punk britânicas dos anos 70 que não aproveitou a febre de nostalgia punk que assolou o final dos anos 90 para tentar relançar a carreira. Atualmente Paul Simonon toca com Damon Albarn e o seu antigo companheiro Mick Jones, na banda virtual de rock Gorillaz, fazendo as aparições ao vivo.
   
Biografia
Simonon nasceu em Croydon, Surrey. O seu pai, Gustave, foi um funcionário público e a sua mãe, Elaine, era uma bibliotecária. Ele cresceu na área sul de Londres, em Brixton, vivendo cerca de um ano em Siena, Itália, com a mãe e o padrasto. Antes de ingressar nos The Clash, ele tinha planeado tornar-se um artista e estudou na Byam Shaw School of Art, em seguida, com base em Campden St, Kensington.
Ele foi convidado a juntar-se aos The Clash em 1976, pelo guitarrista Mick Jones, que planeava ensinar guitarra a Simonon. No entanto, o instrumento revelou-se difícil para Simonon, então Jones decidiu ensinar-lhe a tocar baixo. Simonon aprendeu as suas partes de baixo por hábito de Jones nos primeiros dias da banda e ainda não sabia como tocar o baixo quando o grupo gravou pela primeira vez. Ele foi creditado como o criador do nome da banda e foi a principal responsável pelos aspectos visuais, como roupas e cenários de palco. Ele também foi imortalizado na capa do álbum duplo da banda, London Calling; a imagem de Pennie Smith partindo o seu baixo tornou-se uma das imagens icónicas da era punk.
Paul Simonon escreveu três das canções dos The Clash: "The Guns of Brixton" do London Calling, "The Beat Crooked" em Sandinista!, e o B-side "Jerk Long Time". Ele cantou "Red Dragnet Angel" de Combat Rock, mas esta canção foi escrita por Joe Strummer.
Simonon tocou baixo em quase todas as músicas dos The Clash. Gravações em que ele não toca incluem: "The Magnificent Seven" e "Lightning Strikes (Not Once but Twice)" em Sandinista! (interpretado por Norman Watt-Roy), "Rock the Casbah" em Combat Rock (interpretado por Topper Headon), e 10 das 12 faixas de Cut the Crap (interpretado por Norman Watt-Roy). Muitas das faixas de Combat Rock são pensadas para ter faixas de baixo estabelecidas por Mick Jones ou o engenheiro Eddie Garcia e as primeiras gravações em Sandinista! destacam o baixo, sendo tocado por Jones e Strummer, algumas, mas, possivelmente, nem todas, visto que Simonon mais tarde regravou, uma vez que voltou às sessões após as filmagens de Ladies and Gentlemen, The Fabulous Stains.
  

 

 

   

 

Pero Vaz de Caminha morreu há 520 anos

Pero Vaz de Caminha lê a Pedro Álvares Cabral, a Frei Henrique de Coimbra e ao mestre João a carta que será enviada ao Rei D. Manuel I
    
Pero Vaz de Caminha (Porto, Portugal, 1450 - Calecute, Índia, 15 de dezembro de 1500), às vezes popularmente chamado de Pedro Vaz de Caminha, foi um escritor português que se notabilizou nas funções de escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral.

Vida
Era filho de Vasco Fernandes de Caminha, cavaleiro do duque de Bragança. Os seus ancestrais seriam os antigos povoadores de Neiva à época do reinado de D. Fernando (1367-1383). Letrado, Pero Vaz foi cavaleiro das casas de D. Afonso V (1438-1481), de D. João II (1481-1495) e de D. Manuel I (1495-1521). Pai e filho, para melhor desempenhar seus cargos, precisavam exercitar a prática e desenvolver o conhecimento da escrita, distinguindo-se a serviço dos monarcas.
Teria participado da batalha de Toro (2 de Março de 1475). Em 1476 herdou do pai o cargo de mestre da balança da Casa da Moeda, um cargo equivalente ao de escrivão e tesoureiro, posição de responsabilidade em sua época. Em 1497 foi escolhido para redigir, na qualidade de Vereador, os Capítulos da Câmara Municipal do Porto, a serem apresentados às Cortes de Lisboa. Afirma-se que D. Manuel I, que o nomeou para o cargo no Porto, lhe tinha afeição.
Em 1500, foi nomeado escrivão da feitoria a ser erguida em Calecute, na Índia, razão pela qual se encontrava na nau capitã da armada de Pedro Álvares Cabral em abril daquele mesmo ano, quando a mesma descobriu o Brasil.
Tradicionalmente aceita-se que Caminha faleceu num combate, durante o ataque muçulmano à feitoria de Calecute, em construção, entre 15 e 17 de dezembro de 1500.
Caminha desposou D. Catarina Vaz, com quem teve, pelo menos, uma filha, Isabel de Caminha.

  
A Carta
Caminha eternizou-se como o autor de uma carta, datada de 1 de maio, ao soberano, um dos três únicos testemunhos desse descobrimento (os outros dois são a Relação do Piloto Anónimo e a Carta do Mestre João Faras).
Mais conhecido dentre os três, a Carta de Pero Vaz de Caminha é considerada a certidão de nascimento do Brasil embora, dado o segredo com que Portugal sempre envolveu relatos sobre sua descoberta, só fosse publicada no século XIX, pelo Padre Manuel Aires de Casal em sua "Corografia Brasílica", Imprensa Régia, Rio de Janeiro, 1817. O texto de Mestre João demoraria mais ainda: veio à luz em 1843 na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e isso graças aos esforços do historiador Francisco Adolfo de Varnhagen.

Vermeer morreu há 345 anos...

Detalhe da pintura A Alcoviteira (circa 1656), considerado como sendo um autorretrato de Vermeer
     
Johannes Vermeer (Delft, 31 de outubro de 1632 - Delft, 15 de dezembro de 1675) foi um pintor holandês, que também é conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer.
Vermeer viveu toda a sua vida na sua terra natal, onde está sepultado, na Igreja Velha de Delft.
É o segundo pintor holandês mais famoso e importante do século XVII. Pouco se sabe da sua vida. Era filho de Reynier Jansz e Dingenum Baltens. Casou-se em 1653 com Catharina Bolenes e teve 15 filhos, dos quais morreram 4. No mesmo ano juntou-se à guilda de pintores de São Lucas. Mais tarde, foi escolhido para presidir a guilda. Sabe-se que vivia com poucos rendimentos como comerciante de arte, e não pela venda dos seus quadros. Por vezes até foi obrigado a pagar com quadros dívidas nas lojas de comida locais. Morreu muito pobre. A sua viúva teve de vender todos os quadros que ainda estavam na sua posse ao conselho municipal, em troca de uma pequena pensão (uma fonte diz que foi só um quadro: a última obra de Vermeer, intitulada Clio). Depois da sua morte, Vermeer foi esquecido. Muitas vezes, os seus quadros foram vendidos com a assinatura de outro pintor, para lhe aumentar o valor. Foi só muito recentemente que a grandeza de Vermeer foi reconhecida pelo historiador de arte Théophile Thoré, que fez uma declaração, atribuindo 76 pinturas a Vermeer, número esse que foi em breve reduzido por outros estudiosos. No princípio do século XX havia muitos rumores de que ainda existiriam quadros de Vermeer para descobrir.
   
   
Cristo na casa de Marta e Maria (1654-1655)
        
Jovem adormecida (1657)

D. Fernando II morreu há 135 anos...

D. Fernando II em 1852
   
D. Fernando II de Portugal, batizado Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gota-Koháry (Viena, Áustria, 29 de outubro de 1816 - Lisboa, 15 de dezembro de 1885), foi o Príncipe e, posteriormente, Rei de Portugal, pelo seu casamento com a Rainha D. Maria II, em 1836.
De acordo com as leis portuguesas, D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota-Koháry tornou-se Rei de Portugal jure uxoris apenas após o nascimento do primeiro príncipe, que foi o futuro rei D. Pedro V. Dado D. Maria II ser a Rainha, D. Fernando evitava sempre que possível a política, preferindo envolver-se com a arte.
D. Fernando evitou envolver-se no panorama político, preferindo dedicar-se às artes. Por ocasião da fundação da Academia de Belas-Artes de Lisboa a 25 de outubro de 1836, D. Fernando e a rainha declaram-se seus protectores.
Após uma visita ao Mosteiro da Batalha (que encontrava-se abandonado, depois das extinção das ordens religiosas), D. Fernando passa a dedicar parte das suas preocupações à causas de cariz nacionalistas com a protecção do património arquitectónico português edificado, tendo também impulsionado aspectos culturais e financeiros, a par do estímulo à acção desenvolvida por sociedades eruditas, como projectos de restauração e manutenção respeitantes não só a vila da Batalha, mas também ao Convento de Mafra, Convento de Cristo, em Tomar, ao Mosteiro dos Jerónimos, Sé de Lisboa e Torre de Belém.
Como amante de pintura que era, colaborou com algumas gravuras de sua autoria, na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil (1859-1865).
       
Era o primogénito do príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, irmão do duque Ernesto I e do rei Leopoldo I dos Belgas, e de sua esposa, Maria Antónia de Koháry. Tinha três irmãos menores: Augusto, Vitória e Leopoldo.
O príncipe cresceu em vários lugares: nas terras da sua família, na actual Eslováquia e nas cortes austríacas e germânicas.
O seu corpo jaz ao lado de Maria II, a sua primeira esposa, no Panteão dos Braganças, em São Vicente de Fora, Lisboa.
 
    

Sergio Pizzorno, dos Kasabian, faz hoje quarenta anos!

  
Sergio Lorenzo "Serge" Pizzorno (Newton Abbot, Devon, 15 de dezembro de 1980) é um guitarrista, produtor musical e compositor britânico, mais conhecido por seu trabalho com a banda de rock Kasabian. Tornou-se compositor principal dos Kasabian desde a saída de Christopher Karloff. Ele também é membro dos Loose Tapestries, ao lado de Noel Fielding e Tim Carter, para produzir músicas para a série de TV, Noel Fielding's Luxury Comedy.
  

  


O poeta António José Forte morreu há 32 anos

(imagem daqui)
   
António José Forte (Póvoa de Santa Iria, 6 de fevereiro de 1931Lisboa, 15 de dezembro de 1988), poeta ligado ao movimento surrealista, integrou o chamado Grupo do Café Gelo. Trabalhou também como funcionário da Fundação Calouste Gulbenkian, onde durante mais de 20 anos desempenhou as funções de Encarregado das Bibliotecas Itinerantes. Era casado com a pintora Aldina.
Deixou uma obra breve, mas que claramente o afirma como um consumado poeta. Com colaboração na revista Pirâmide e em vários jornais (A Rabeca, Notícias de Chaves, O Templário, Diário de Lisboa, A Batalha, Jornal de Letras, Artes e Ideias) publicou o seu primeiro livro, 40 Noites de Insónia de Fogo de Dentes Numa Girândola Implacável e Outros Poemas, em 1958. Representado em inúmeras antologias poéticas, António José Forte é também autor do livro de poesia infanto-juvenil Uma rosa na tromba de um elefante.
A poesia de António José Forte carreia uma certa perversão do "discurso" poético e a utopia ideológica, anarquizante e ainda claramente surrealista; é, com uma intenção nitidamente bretoniana, uma maneira de afirmar que o acto de escrever é "ainda aquilo que sabe fazer melhor", mas dizer também em consciência haver "gente que nunca escreveu uma linha e fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores". A sua poesia está reunida em Uma Faca nos Dentes, com um prefácio de Herberto Helder, seu amigo de muitos anos, onde este afirma que "a voz de António José Forte não é plural, nem directa ou sinuosamente derivada, nem devedora. Como toda a poesia verdadeira, possui apenas a sua tradição. A tradição romântica, no menos estrito e mais expansivo e qualificado registo".
  

Reservado ao veneno

Hoje é um dia reservado ao veneno
e às pequeninas coisas
teias de aranha filigranas de cólera
restos de pulmão onde corre o marfim
é um dia perfeitamente para cães
alguém deu à manivela para nascer o sol
circular o mau hálito esta cinza nos olhos
alguém que não percebia nada de comércio
lançou no mercado esta ferrugem
hoje não é a mesma coisa
que um búzio para ouvir o coração
não é um dia no seu eixo
não é para pessoas
é um dia ao nível do verniz e dos punhais
e esta noite
uma cratera para boémios
não é uma pátria
não é esta noite que é uma pátria
é um dia a mais ou a menos na alma
como chumbo derretido na garganta
um peixe nos ouvidos
uma zona de lava
hoje é um dia de túneis e alçapões de luxo
com sirenes ao crepúsculo
a trezentos anos do amor a trezentos da morte
a outro dia como este do asfalto e do sangue
hoje não é um dia para fazer a barba
não é um dia para homens
não é para palavras


in
Uma faca nos dentes (1983) - António José Forte

segunda-feira, dezembro 14, 2020

Nesta noita escura precisamos recordar, com música, o poeta e santo João da Cruz...

Poema adequado à data...

 


 
À MEMÓRIA DO PRESIDENTE-REI SIDÓNIO PAIS

Longe da fama e das espadas,
Alheio às turbas ele dorme.
Em torno há claustros ou arcadas?
Só a noite enorme.

Porque para ele, já virado
Para o lado onde está só Deus,
São mais que Sombra e que Passado
A terra e os céus.

Ali o gesto, a astúcia, a lida,
São já para ele, sem as ver,
Vácuo de acção, sombra perdida,
Sopro sem ser.

Só com sua alma e com a treva,
A alma gentil que nos amou
Inda esse amor e ardor conserva?
Tudo acabou?

No mistério onde a Morte some
Aquilo a que a alma chama a vida,
Que resta dele a nós — só o nome
E a fé perdida?

Se Deus o havia de levar,
Para que foi que no-lo trouxe
Cavaleiro leal, do olhar
Altivo e doce?

Soldado-rei que oculta sorte
Como em braços da Pátria ergueu,
E passou como o vento norte
Sob o ermo céu.

Mas a alma acesa não aceita
Essa morte absoluta, o nada
De quem foi Pátria, e fé eleita,
E ungida espada.

Se o amor crê que a Morte mente
Quando a quem quer leva de novo
Quão mais crê o Rei ainda existente
O amor de um povo!

Quem ele foi sabe-o a Sorte,
Sabe-o o Mistério e a sua lei
A Vida fê-lo herói, e a Morte
O sagrou Rei!

Não é com fé que nós não cremos
Que ele não morra inteiramente.
Ah, sobrevive! Inda o teremos
Em nossa frente.

No oculto para o nosso olhar,
No visível à nossa alma,
Inda sorri com o antigo ar
De força calma.

Ainda de longe nos anima,
Inda na alma nos conduz
Gládio de fé erguido acima
Da nossa cruz!

Nada sabemos do que oculta
O véu igual de noite e dia,
Mesmo ante a Morte a Fé exulta:
Chora e confia.

Apraz ao que em nós quer que seja
Qual Deus quis nosso querer tosco,
Crer que ele vela, benfaeja
Sombra connosco.

Não sai da nossa alma a fé
De que, alhures que o mundo e o fado,
Ele inda pensa em nós e é
O bem-amado.

Tenhamos fé porque ele foi.
Deus não quer mal a quem o deu.
Não passa como o vento o herói
Sob o ermo céu.

E amanhã, quando queira a Sorte,
Quando findar a expiação,
Ressurrecto da falsa morte!
Ele já não.

Mas a ânsia nossa que encarnara,
A alma de nós de que foi braço,
Tornara, nova forma clara,
Ao tempo e ao espaço.

Tornará feito qualquer outro,
Qualquer cousa de nós com ele;
Porque o nome do herói morto
Inda compele,

Inda comanda, e a armada ida 
Para os campos da Redenção, 
Às vezes leva à frente, erguida 
Espada, a Ilusão.

E um raio só de ardente amor,
Que emana só do nome seu,
Dê sangue a um braço vingador,
Se esmoreceu.

Com mais armas que com Verdade
Combate a alma por quem ama.
É lenha só a Realidade.
A fé é a chama.

Mas ai, que a fé já não tem forma
Na matéria e na cor da Vida,
E, pensada, em dor se transforma
E a fé perdida!

Pra que deu Deus a confiança
A quem não ia dar o bem?
Morgado da nossa esperança,
A Morte o tem!

Mas basta o nome e basta a glória
Para ele estar connosco, e ser
Carnal presença de memória
A amanhecer;

Espectro real feito de nós, 
Da nossa saudade e ânsia, 
Que fala com oculta voz 
Na alma, a distância;

E a nossa própria dor se torna
Uma vaga ânsia, um esperar vago,
Como a erma brisa que transtorna
Um ermo lago.

Não mente a alma ao coração.
Se Deus o deu, Deus nos amou.
Porque ele pôde ser, Deus não
Nos desprezou.

Rei-nato, a sua realeza,
Por não podê-la herdar dos seus
Avós, com mística inteireza
A herdou de Deus;

E, por directa consonância
Com a divina intervenção,
Uma hora ergueu-nos alta a ânsia
De salvação.

Toldou-o a Sorte que o trouxera
Outra vez com nocturno véu.
Deus p'ra que no-lo deu, se era
P'ra o tornar seu?

Ah, tenhamos mais fé que a esp'rança!
Mais vivo que nós somos, fita
Do Abismo onde não há mudança
A terra aflita.

E se assim é; se, desde o Assombro
Aonde a Morte as vidas leva,
Vê esta pátria, escombro a escombro,
Cair na treva;

Se algum poder do que tivera
Sua alma, que não vemos, tem,
De longe ou perto — por que espera?
Por que não vem?

Em nova forma ou novo alento,
Que alheio pulso ou alma tome,
Regresse como um pensamento,
Alma de um nome!

Regresse sem que a gente o veja,
Regresse só que a gente o sinta —
Impulso, luz, visão que reja
E a alma pressinta!

E qualquer gládio adormecido,
Servo do oculto impulso, acorde,
E um novo herói se sinta erguido
Porque o recorde!

Governa o servo e o jogral.
O que íamos a ser morreu.
Não teve aurora a matinal
Estrela do céu.

Vivemos só de recordar.
Na nossa alma entristecida
Há um som de reza a invocar
A morta vida;

E um místico vislumbre chama
O que, no plaino trespassado,
Vive ainda em nós, longínqua chama —
O DESEJADO.

Sim, só há a esp'rança, como aquela
- E quem sabe se a mesma? — quando
Se foi de Aviz a última estrela
No campo infando.

Novo Alcácer-Kibir na noite!
Novo castigo e mal do Fado!
Por que pecado novo o açoite
Assim é dado?

Só resta a fé, que a sua memória
Nos nossos corações gravou,
Que Deus não dá paga ilusória
A quem amou.

Flor alta do paul da grei,
Antemanhã da Redenção,
Nele uma hora encarnou el-rei
Dom Sebastião.

O sopro de ânsia que nos leva
A querer ser o que já fomos,
E em nós vem como em uma treva,
Em vãos assomos,

Bater à porta ao nosso gesto,
Fazer apelo ao nosso braço,
Lembrar ao sangue nosso o doesto
E o vil cansaço,

Nele um momento clareou,
A noite antiga se seguiu,
Mas que segredo é que ficou
No escuro frio?

Que memória, que luz passada
Projecta, sombra, no futuro,
Dá na alma? Que longínqua espada
Brilha no escuro?

Que nova luz virá ralar
Da noite em que jazemos vis?
Ó sombra amada, vem tornar
A ânsia feliz.

Quem quer que sejas, lá no abismo
Onde a morte a vida conduz,
Sê para nós um misticismo
A vaga luz.

Com que a noite erma inda vazia
No frio alvor da antemanhã
Sente, da esp'rança que há no dia,
Que não é vã.

E amanhã, quando houver a Hora,
Sendo Deus pago, Deus dirá
Nova palavra redentora.
Ao mal que há,

E um novo verbo ocidental
Encarnado em heroísmo e glória,
Traga por seu broquel real
Tua memória!

Precursor do que não sabemos,
Passado de um futuro a abrir
No assombro de portais extremos
Por descobrir,

Sê estrada, gládio, fé, fanal,
Pendão de glória em glória erguido!
Tornas possível Portugal
Por teres sido!

Não era extinta a antiga chama
Se tu e o amor puderam ser.
Entre clarins te a glória aclama,
Morto a vencer!

E, porque foste, confiando 
Em QUEM SERÁ porque tu foste, 
Ergamos a alma, e com o infando 
Sorrindo arroste,

Até que Deus o laço solte
Que prende à terra a asa que somos,
E a curva novamente volte
Ao que já fomos,

E no ar de bruma que estremece
(Clarim longínquo matinal!)
O DESEJADO enfim regresse
A Portugal!
  
 
Fernando Pessoa

Porque hoje é dia de recordar um Santo espanhol...

(imagem daqui)

  
S. João da Cruz


Um santo e um poeta de mãos dadas!
Um a negar o outro, e sempre unidos…
Um no céu das vivências sublimadas,
Outro a penar no inferno dos sentidos…

Ah, Castela, Castela, mãe de terra e luz!
Que singular jornada,
À sombra de uma cruz
Tão leve e tão pesada!

A alma já liberta por ascese;
O corpo preso ainda a cada verso;
E o gosto de ser homem, preservado
Na totalidade
Contraditória.
O Carmelo subido e recordado…
A paz da eternidade
Sem possível sossego na memória.

  
   
in
Poemas Ibéricos - Miguel Torga

Cliff Williams, dos AC/DC, faz hoje 71 anos

 
Clifford Williams (Romford, Essex, 14 de dezembro de 1949) é um baixista britânico que foi membro da banda australiana de hard rock AC/DC como o baixista e cantor de apoio a partir de 1977, exceto por uma breve retirada, de 2016 a 2018. Começou a sua carreira musical em 1967 e pertenceu anteriormente às bandas britânicas Home e Bandit. O seu primeiro álbum de estúdio com os AC/DC foi Powerage de 1978. Foi introduzido junto ao grupo no Rock and Roll Hall of Fame dos Estados Unidos em 2003. O seu estilo musical é conhecido por linhas básicas de baixo que seguem o ritmo da guitarra; a sua técnica é centrada em downpicking com uso ocasional de pizzicato. Para os concertos ao vivo, tem como marca registada os instrumentos da Music Man, encordoados pela D'Addario. Os seus projetos paralelos, enquanto membro do AC/DC, incluem concertos beneficentes, além de tocar com Emir & Frozen Camels no álbum San (2002) e numa turnê europeia. A sua última participação como baixista dos AC/DC foi em setembro de 2016, ainda no decorrer da turnê Rock or Bust
   
   

 


São João da Cruz morreu há 429 anos

   
São João da Cruz, fundador da Ordem dos Carmelitas Descalços (em espanhol: Juan de la Cruz; 1542, Fontiveros, ÁvilaÚbeda, Jaén, 14 de dezembro de 1591) foi um místico, sacerdote e frade carmelita espanhol venerado como santo pelos católicos. Nascido em Fontiveros, em Castela a Velha, foi um dos mais importantes expoentes da Contra-Reforma.
Grande reformador da Ordem Carmelita, é considerado, juntamente com Santa Teresa de Ávila, o fundador dos Carmelitas Descalços. João também é conhecido por suas obras literárias e tanto sua poesia quanto suas investigações sobre o crescimento da alma são consideradas o ápice da literatura mística e se destacam entre as grandes obras da literatura espanhola.
João da Cruz foi canonizado em 1726 por Bento XIII e é um dos Doutores da Igreja Católica.
   
  
 
Noche oscura del alma
  
  
En una noche escura,
con ansias en amores inflamada,
¡oh dichosa ventura!,
salí sin ser notada,
estando ya mi casa sosegada.
 
A escuras y segura
por la secreta escala, disfrazada,
¡oh dichosa ventura!,
a escuras y en celada,
estando ya mi casa sosegada.
 
En la noche dichosa,
en secreto, que nadie me veía
ni yo miraba cosa,
sin otra luz y guía
sino la que en el corazón ardía.
  
Aquesta me guiaba
más cierto que la luz del mediodía,
adonde me esperaba
quien yo bien me sabía,
en parte donde nadie parecía.
  
¡Oh noche, que guiaste;
oh noche amable más que el alborada;
oh noche que juntaste
Amado con amada,
amada, con el Amado transformada!
  
En mi pecho florido,
que entero para él solo se guardaba,
allí quedó dormido,
y yo le regalaba
y el ventalle de cedros aire daba.
  
El aire del almena,
cuando yo sus cabellos esparcía,
con su mano serena
en mi cuello hería
y todos mis sentidos suspendía.
  
Quedéme y olvidéme,
el rostro recliné sobre el Amado;
cesó todo y dejéme,
dejando mi cuidado
entre las azucenas olvidado.
  

  
San Juan de la Cruz

A vingança dos 47 rōnin foi há 318 anos

 
A lenda dos 47 rōnin, "Incidente de Akō", "Acidente de Genroku Akō" ou "Lenda dos 47 samurais", é uma história japonesa, considerada como lenda nacional neste país, por vários estudiosos. Este evento aconteceu aproximadamente entre 1701 e 1703. É a lenda mais famosa do código de honra Samurai: o Bushidō.

A história conta que um grupo de samurais (exatamente 47) foram forçados a se tornarem rōnin (samurais sem um senhor), de acordo com o código de honra samurai, depois que o seu daimyō (senhor feudal) foi obrigado a cometer seppuku (ritual suicida) por ter agredido o alto funcionário judicial chamado Kira Yoshinaka, cujo título era Kōzuke no suke, num edifício do governo. Os rōnin elaboraram um plano para vingar o seu daimyō, que consistia em matar Kira Yoshinaka e toda a sua família. Os 47 rōnin esperaram cerca de um ano e meio para não despertarem qualquer suspeita entre a justiça japonesa. Após o assassinato de Kira, entregaram-se à justiça e foram condenados a cometer seppuku. Esta lendária história tornou-se muito popular na cultura do Japão, porque mostra lealdade, sacrifício, persistência e honra que as boas pessoas devem preservar em sua vida quotidiana. A popularidade da mística história aumentou rapidamente na modernização da era Meiji no Japão, onde muitas pessoas neste país anseiam em voltar às suas raízes culturais. 

 

in Wikipédia

Beatriz Costa nasceu há 113 anos

   
Beatriz Costa, pseudónimo de Beatriz da Conceição (Charneca do Milharado, Mafra, 14 de dezembro de 1907 - Lisboa, 15 de abril de 1996) foi uma actriz de teatro e cinema portuguesa, sendo um ícone da cultura popular portuguesa.
  
   

Amundsen chegou ao Polo Sul há 109 anos

Da direita para a esquerda: Roald Amundsen, Helmer Hanssen, Sverre Hassel e Oscar Wisting em "Polheim", a tenda instalada no Polo Sul em 16 de dezembro de 1911 (a bandeira é a da Noruega - fotografia de Olav Bjaaland
  
A primeira expedição a atingir o Polo Sul foi liderada pelo explorador norueguês Roald Amundsen. Ele, e mais quatro membros da expedição, chegaram ao Polo a 14 de dezembro de 1911, cinco semanas antes do grupo liderado pelo inglês Robert Falcon Scott, da Expedição Terra Nova. Amundsen e a sua equipa regressaram sãos e salvos à sua base, sendo informados, mais tarde, que Scott, e mais quatro companheiros, tinham morrido na viagem de regresso.
O plano inicial de Amundsen era ser o primeiro a chegar ao Árctico, e a conquistar o Polo Norte, utilizando um navio preparado para navegar no gelo. Obteve a licença para utilizar o Fram, o navio de exploração polar de Fridtjof Nansen, e conseguiu angariar uma grande quantia para financiar o seu projecto. No entanto, em 1909, os seus rivais norte-americanos, Frederick Cook e Robert Peary, anunciaram, cada um deles, terem chegado ao Polo Norte, deitando, assim, por terra, o empreendimento de Amundsen. Este decidiu, então, alterar os seus planos e iniciou a preparação da expedição ao Polo Sul; sem ter a certeza se o público e os seus apoiantes se mantinham a seu lado, manteve em segredo o seu novo objectivo. Quando partiu, em junho de 1910, a maior parte da sua tripulação acreditava que era o início da viagem para o Árctico.
Amundsen estabeleceu a sua base, "Framheim", na Baía das Baleias na Grande Barreira de Gelo. Após meses de preparação, o estabelecimento dos depósitos e uma falsa partida, quase terminaram em desastre. Ele, e o seu grupo, partiram para o Polo, em outubro de 1911. No percurso, descobriram o Glaciar Axel Heiberg, que os ajudou na sua rota até ao Planalto Antártico e, consequentemente, para o Polo Sul. A experiência na utilização de esquis, de cães e trenós, fez com que a sua viagem fosse relativamente rápida e sem problemas de maior. Outras realizações desta expedição incluíram a primeira exploração da Terra do Rei Eduardo VII e uma vasta exploração oceanográfica.
Embora a expedição tenha tido sucesso e fosse largamente aplaudida, o trágico destino de Scott ofuscou a sua conquista. Por outro lado, o facto de Amundsen ter decidido manter em segredo a sua alteração de planos, foi bastante criticado. Os historiadores mais recentes reconhecem a Amundsen, e ao seu grupo, elevada capacidade e coragem; a Estação Polo Sul Amundsen-Scott recebeu o seu nome juntamente com o de Scott.
  
Percursos efectuados ao Polo Sul por Scott (verde) e Amundsen (vermelho) em 1911–1912
   
in Wikipédia

O Presidente-Rei Sidónio Pais foi assassinado há 102 anos

   
Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais (Caminha, 1 de maio de 1872 - Lisboa, 14 de dezembro de 1918) foi um militar e político que, entre outras funções, exerceu os cargos de deputado, de ministro do Fomento, de ministro das Finanças, de embaixador de Portugal em Berlim, de ministro da Guerra, de ministro dos Negócios Estrangeiros, de presidente da Junta Revolucionária de 1917, de presidente do Ministério e de presidente da República Portuguesa.
Enquanto presidente da República, exerceu o cargo de forma ditatorial, suspendendo e alterando por decreto normas essenciais da Constituição Portuguesa de 1911. Fernando Pessoa chamou-lhe Presidente-Rei.
Oficial de Artilharia, foi também professor na Universidade de Coimbra, onde leccionou Cálculo Diferencial e Integral. Protagonizou a primeira grande perversão ditatorial do republicanismo português, transformando-se numa das figuras mais fraturantes da política portuguesa do século XX. Em 1966, o seu corpo fora solenemente trasladado para o Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia (Lisboa), aquando da sua inauguração. A cerimónia ocorreu no dia 5 de dezembro e homenageou igualmente com estas honras outros ilustres portugueses. Antes disso, o seu corpo encontrava-se na Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos.
  
(...)
  
Assassinato
Entra-se então numa espiral de violência que não poupa o próprio presidente: a 5 de dezembro de 1918, durante a cerimónia da condecoração dos sobreviventes do NRP Augusto de Castilho, sofreu um primeiro atentado, do qual conseguiu escapar ileso; o mesmo não aconteceu dias depois, na Estação do Rossio, onde a 14 de dezembro de 1918 foi morto a tiro por José Júlio da Costa, um militante republicano.
O assassinato de Sidónio Pais foi um momento traumático para a Primeira República, marcando o seu destino: a partir daí qualquer simulacro de estabilidade desapareceu, instalando-se uma crise permanente que apenas terminou quase oito anos depois com a Revolução Nacional de 28 de maio de 1926 que pôs termo ao regime.
Os funerais de Sidónio Pais foram momentosos, reunindo muitas dezenas de milhares de pessoas, num percurso longo e tumultuoso, interrompido por múltiplos e violentos incidentes. Com este fim, digno de um verdadeiro Presidente Rei, Sidónio Pais entrou no imaginário português, em particular dos sectores católicos mais conservadores, como um misto de salvador e de mártir, mantendo-se durante décadas como uma figura fraturante no sistema político.
A imagem de mártir levou ao surgimento de um culto popular, semelhante ao que existe em torno da figura de Sousa Martins, que fez de Sidónio Pais um santo, com honras de promessas e ex-votos, que ainda hoje se mantém, sendo comum a deposição de flores e outros elementos votivos junto ao seu túmulo.
   

Tycho Brahe nasceu há 474 anos

  
Tycho Brahe (Skåne, Dinamarca, 14 de dezembro de 1546 - Praga, 24 de outubro de 1601) nascido Tyge Ottesen Brahe, foi um astrónomo dinamarquês. Teve um observatório chamado Uranienborg na ilha de Ven, no Öresund, entre a Dinamarca e a Suécia.
Tycho esteve ao serviço de Frederico II da Dinamarca e mais tarde do imperador Rodolfo II da Germânia, tendo sido um dos representantes mais prestigiosos da ciência nova - a ciência renascentista, que abrira uma brecha no sólido edifício construído pela Idade Média, baseado na síntese da tradição bíblica e da ciência de Aristóteles. Continuando o trabalho iniciado por Copérnico, foi acolhido pelos sábios ocidentais com alguma relutância. Estudou detalhadamente as fases da lua e compilou muitos dados que serviriam mais tarde a Johannes Kepler para descobrir uma harmonia celestial existente no movimento dos planetas, padrão esse conhecido como leis de Kepler.
A adesão de Tycho à ciência nova levou-o a abandonar a tradição ptolomaica, a fim de chegar a novas conclusões pela observação directa. Baseando-se nesta, construiu um sistema no qual, sem pretender descobrir os mistérios do cosmos, chega a uma síntese eclética entre os sistemas que poderíamos chamar de tradicionais e o de Copérnico.
Tycho foi um astrónomo observacional da era que precedeu a invenção do telescópio, e as suas observações da posição das estrelas e dos planetas alcançaram uma precisão sem paralelo para a época. Após a sua morte, os seus registos dos movimentos de Marte permitiram a Johannes Kepler descobrir as leis dos movimentos dos planetas, que deram suporte à teoria heliocêntrica de Copérnico. Tycho não defendia o sistema de Copérnico mas propôs um sistema em que os planetas giram à volta do Sol e este orbitava em torno da Terra.
Em 1599, por discordar do novo rei do seu país, mudou-se para Praga e construiu um novo observatório, onde trabalhou até morrer, em 1601.

O Massacre de Alvalade foi há 34 anos

Sporting vs. Benfica: E foram sete!
Autor: João Pedro Silveira

(imagem daqui)
A vitória e o fracasso são dois impossíveis, e é necessário recebê-los com idêntica serenidade e com uma saudável dose de desdém.
Rudyard Kipling
O «onze» leonino que fez história: (em cima) Venâncio, Oceano, Manuel Marques (Massagista), Virgílio, Meade, Damas; em baixo: Gabriel, Zinho, Fernando Mendes, Manuel Fernandes, Litos e Mário Jorge

Na história do «dérbi dos dérbis» há um antes e um depois da tarde de 14 de dezembro de 1986. Nesse dia chuvoso, o Benfica caiu com tal estrondo em Alvalade, que os ecos de tal derrota ainda ressoam passado algumas décadas. Nunca o Benfica tinha perdido por tanto, e somente por uma vez, numa noite de má memória em Vigo, voltaria a sofrer tal número inusitado de golos.

A derrota de Alvalade, o célebre «sete-a-um», será a mais dolorosa de todas as derrotas do Benfica, e a mais saborosa e lembrada vitória leonina, até mais que a famosa vitória do «cantinho do Morais» que valeu a conquista da Taça das Taças para os homens de Alvalade. Estranho mundo este do «dérbi» que faz com que uma vitória que se revelou de Pirro, seja mais lembrada que uma vitória que valeu um troféu europeu.
     
Uma vitória que valeu pouco

Segundo a tradição, Pirro, o General e Rei de Épiro, território que hoje se encontra na Albânia, foi um líder militar que comandou uma invasão da Itália em 281 a.C., durante um conflito que opós o Reino de Épiro à República Romana.

Durante a sua campanha no sul de Itália, foi derrotando uma a uma, as legiões romanas que eram enviadas para enfrenta-lo. Batalha atrás de batalha, venceu os romanos, mas sem nunca conseguir a vitória decisiva que garantia a vitória na guerra.
  
Algumas das vitórias tiveram grandes custos, com o seu exército a perder muitos homens, chegando ao ponto, de após a batalha de Ásculo, ao ser felicitado pelos seus generais pela brilhante vitória conseguida, ter respondido: «Mais uma vitória como esta, e estou perdido!»

Daí associar-se o nome de Pirro a uma vitória conseguida a alto preço e com elevados custos, ou também considerar que é uma vitória que não serve de nada e que não garante nenhuma conquista. Uma vitória que não vale mais do que isso mesmo, e que não chega para ganhar uma guerra.

Os benfiquistas gostam de lembrar aos sportinguistas que o «sete-a-um» aconteceu num ano em que o Benfica se sagrou campeão. Que a vitória foi em vão, e que só ajudou o Benfica a unir-se e a conquistar o título. Os leões por seu lado não ligam muito aos argumentos benfiquistas e deixam que a força dos números fale mais alto. Com Pirro, ou sem Pirro, para eles, o «sete-a-um» foi bem mais que uma vitória.

A verdade é que os dois têm razão. O Sporting teve uma vitória de Pirro e viu o Benfica sagrar-se campeão no final da época; mas por outro lado, o Benfica sofreu às mãos do eterno rival uma derrota até então sem par, batendo o recorde do 7x2 a favor do Benfica, que já datava de 28 de abril de 1946.
  
Uma «serenata à chuva»

Os jogos entre o Sporting e Benfica, especialmente quando se jogam em Alvalade, têm uma tendência natural para o inesperado. Do banho de multidão que Marcello Caetano recebeu nos 3x5 em 1974, pouco tempo antes da queda do regime, aos 5x3 em que o Sporting de Paulo Bento virou o jogo ao contrário, voltando à sempre lembrada noite de magia de João Vieira Pinto, a verdade é que o dérbi tem uma magia ímpar, que em Portugal não tem par.
Chuvas de golos, muitos deles à chuva, durante anos os leões e águias foram escrevendo algumas das mais brilhantes da história do futebol nacional. Mimetizando o clássico de Gene Kelly, os velhos rivais marcaram, golo atrás de golo, em verdadeiras «serenatas à chuva», mas nenhuma terá sido tão histórica, como a daquele dia .

Para os leões, Manuel Fernandes não será Gene Kelly, mas muitos deles terão por certo dançado e cantado à chuva, nesse frio fim de tarde de 14 de dezembro de 1986.

Saltillo, CEE, FC Porto: Portugal em 1986/87

Olhando para trás, o país parecia ser outro. Mário Soares era o Presidente, Cavaco Silva era o Primeiro Ministro, e voltaria a ser eleito em Outubro do ano seguinte com a primeira maioria absoluta da democracia portuguesa. O país aderira há pouco tempo à então Comunidade Económica Europeia, começando a receber a primeira grande vaga de fundos de Bruxelas, que deixava no ar a impressão que o período de crise e da intervenção do FMI já fazia parte de um passado distante e irrepetível...
A derrota de Alvalade, o célebre «sete-a-um», será a mais dolorosa de todas as derrotas do Benfica, e a mais saborosa e lembrada vitória leonina, até mais que a famosa vitória do «cantinho do Morais» que valeu a conquista da Taça das Taças para os homens de Alvalade. Estranho mundo este do «dérbi» que faz com que uma vitória que se revelou de Pirro, seja mais lembrada que uma vitória que valeu um troféu europeu.

No desporto, a seleção continuava a viver na ressaca de Saltillo, com todos os "revoltosos" afastados, arrastando-se na fase de qualificação para o Euro 88. O FC Porto, campeão em título, estava a meses de se sagrar campeão europeu em Viena, mas por certo ainda não sonhava com o calcanhar de Madjer...

Mário Jorge, o herói improvável, que apontou dois dos sete golos do Sporting
  
Chuva e um golo

Na véspera do dérbi, nas Antas, em noite de algum nevoeiro, o FC Porto esmagara o Sporting Farense por 8x3, podendo depois assistir descansado ao clássico, seguro que estava na liderança.

Nessa manhã, ao lerem os jornais, os portugueses estavam fascinados com os cinco remates certeiros de Fernando Gomes num jogo com onze golos, e poucos podiam sonhar que o Sporting x Benfica dessa tarde, pudesse tornar o FC Porto x Farense da véspera, numa quase nota de rodapé num futuro texto sobre o clássico...

Alheios a tudo isso, os protagonistas do jogo preparavam-se para o embate, sendo a grande novidade a estreia de um equipamento azul por parte do benfiquista Silvino. Chovia copiosamente e nas bancadas «não cabia mais um ovo».

Mais de setenta mil almas lotavam o antigo anfiteatro leonino. Vitor Correia apitou para o começo do jogo e a primeira parte foi bastante equilibrada, com oportunidades repartidas e pouca emoção. Ao intervalo ganhava o Sporting por 1x0, fruto do golo madrugador de Mário Jorge.

No dia seguinte, o jornal «A Bola» fazia capa do feito leonino e lembrava o resultado histórico - nunca antes, nem nunca depois, voltou a haver uma diferença tão grande num jogo entre os velhos rivais
  
A glória do Manel

Quando aos cinquenta minutos Manuel Fernandes, com a cabeça, deu o melhor seguimento ao canto apontado por Zinho na esquerda, poucos na bancada podiam imaginar que nos próximos 36 minutos iriam assistir a mais seis golos.

Nem o mais confiante e otimista sportinguista, imaginaria o que iria acontecer, quando aos 59 minutos, Vando reduziu o resultado para 2x1. E na bancada os benfiquistas voltavam a acreditar que o empate era possível...

Mas foi então que o jogou entrou em modo «Sporting x Benfica», e já não houve mais forma de controlar-lhe o destino... Ralph Meade fez o 3x1 aos 65´ e matou a esperança encarnada. Passaram três minutos e Mário Jorge bisou, abrindo as portas da goleada.

Manuel Fernandes não quis ficar atrás e marcou um três minutos depois, outro aos 82´ e fechou a contagem aos 86´. «Sete-a-um», com um Poker do capitão de Sarilhos Pequenos, que correu para guardar a bola que Gabriel queria para si.

«Gabi, essa para mim!» gritou o Manel, e o defesa acedeu, não por o pedido vir do capitão, mas porque não é todos os dias que se marcam quatro golos ao Benfica...

Nas bancadas havia quem rasgasse o cartão de sócio do Sport Lisboa e Benfica. Um pouco por toda a superior ardiam os restos de bandeiras encarnadas, que os próprios adeptos benfiquistas tinham queimado, «cegos» com a vergonha e a frustração da goleada sofrida... Os leões cantavam, em júbilo festejavam uma vitória sem par.

Manuel Fernandes levou para casa a bola que ofereceu como presente à filha, Silvino nunca mais voltou a vestir de azul, os leões nunca mais deixaram de falar do «sete-a-um» e os benfiquistas acabaram campeões... Quase que era caso para dizer que no final todos foram felizes... Mas alguém consegue ser realmente feliz depois de sofrer sete golos?