sábado, julho 20, 2024
Calouste Gulbenkian morreu há 69 anos...
Postado por Fernando Martins às 06:09 0 bocas
Marcadores: Arménia, Calouste Gulbenkian, Fundação Calouste Gulbenkian, Império Otomano, Petróleo, Turquia
sábado, maio 04, 2024
Branquinho da Fonseca nasceu há 119 anos
António José Branquinho da Fonseca (Mortágua, 4 de maio de 1905 – Cascais, 7 de maio de 1974) foi um escritor português. Os seus primeiros textos eram assinados com o pseudónimo António Madeira. Experimentou vários modos e géneros literários, desde o poema lírico ao romance, passando pela novela, o texto dramático e o poema em prosa, mas, como o próprio dizia, a sua expressão natural era o conto. Como artista, interessou-se também pela fotografia, o desenho, o cinema e o design gráfico. Foi conservador do Registo Civil em Marvão e Nazaré, e do Museu-Biblioteca Conde de Castro Guimarães em Cascais. Por proposta sua, foi criado em 1958, o Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, o qual havia de dirigir até ao ano da sua morte. Em sua homenagem, a Câmara Municipal de Cascais criou o Prémio Branquinho da Fonseca de Conto Fantástico em 1995 e, em 2001, foi instituído o Prémio Branquinho da Fonseca Expresso/Gulbenkian, numa parceria entre a Fundação Calouste Gulbenkian e o jornal Expresso.
in Wikipédia
Naufrágio
A rua cheia de luar
Lembrava uma noiva morta
Deitada no chão, à porta
De quem a não soube amar.
Já não passava ninguém...
Era um mundo abandonado...
E à janela, eu, tão Além,
Subia ressuscitado...
Vi-me o corpo morto, em cruz,
Debruçado lá no Fundo...
E a alma como uma luz
Dispersa em volta do mundo...
Mas, à tona do mar morto,
Um resto de caravela
Subia... E chegava ao porto
Com a aragem da janela.
Branquinho da Fonseca
Postado por Fernando Martins às 01:19 0 bocas
Marcadores: Bibliotecas Itinerantes, Branquinho da Fonseca, Fundação Calouste Gulbenkian, literatura, poesia
sábado, março 23, 2024
Calouste Gulbenkian nasceu há 155 anos
Postado por Fernando Martins às 01:55 0 bocas
Marcadores: Arménia, Calouste Gulbenkian, Fundação Calouste Gulbenkian, Império Otomano, Petróleo, Turquia
sexta-feira, dezembro 15, 2023
António José Forte morreu há trinta e cinco anos...
O Poeta em Lisboa
Quatro horas da tarde.
O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos.
Tem febre. Arde.
E a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos.
Segue por esta, por aquela rua
sem pressa de chegar seja onde for.
Pára. Continua.
E olha a multidão, suavemente, com horror.
Entra no café.
Abre um livro fantástico, impossível.
Mas não lê.
Trabalha - numa música secreta, inaudível.
Pede um cigarro. Fuma.
Labaredas loucas saem-lhe da garganta.
Da bruma
espreita-o uma mulher nua, branca, branca.
Fuma mais. Outra vez.
E atira um braço decepado para a mesa.
Não pensa no fim do mês.
A noite é a sua única certeza.
Sai de novo para o mundo.
Fechada à chave a humanidade janta.
Livre, vagabundo
dói-lhe um sorriso nos lábios. Canta.
Sonâmbulo, magnífico
segue de esquina em esquina com um fantasma ao lado.
Um luar terrífico
vela o seu passo transtornado.
Seis da madrugada.
A luz do dia tenta apunhalá-lo de surpresa.
Defende-se à dentada
da vida proletária, aristocrática, burguesa.
Febre alta, violenta
e dois olhos terríveis, extraordinários, belos.
Fiel, atenta
a aranha leva-o para a cama arrastado pelos cabelos.
in Uma faca nos dentes (1983) - António José Forte
Postado por Fernando Martins às 00:35 0 bocas
Marcadores: António José Forte, Fundação Calouste Gulbenkian, Grupo do Café Gelo, poesia, Surrealismo
quinta-feira, julho 20, 2023
Calouste Gulbenkian morreu há 68 anos
Postado por Fernando Martins às 06:08 0 bocas
Marcadores: Arménia, Calouste Gulbenkian, Fundação Calouste Gulbenkian, Império Otomano, Petróleo, Turquia\
quinta-feira, maio 04, 2023
Branquinho da Fonseca nasceu há 118 anos
António José Branquinho da Fonseca (Mortágua, 4 de maio de 1905 – Cascais, 7 de maio de 1974) foi um escritor português. Os seus primeiros textos eram assinados com o pseudónimo António Madeira. Experimentou vários modos e géneros literários, desde o poema lírico ao romance, passando pela novela, o texto dramático e o poema em prosa, mas, como o próprio dizia, a sua expressão natural era o conto. Como artista, interessou-se também pela fotografia, o desenho, o cinema e o design gráfico. Foi conservador do Registo Civil em Marvão e Nazaré, e do Museu-Biblioteca Conde de Castro Guimarães em Cascais. Por proposta sua, foi criado em 1958, o Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, o qual havia de dirigir até o ano da sua morte. Em sua homenagem, a Câmara Municipal de Cascais criou o Prémio Branquinho da Fonseca de Conto Fantástico em 1995 e, em 2001, foi instituído o Prémio Branquinho da Fonseca Expresso/Gulbenkian numa parceria entre a Fundação Calouste Gulbenkian e o jornal Expresso.
in Wikipédia
Naufrágio
A rua cheia de luar
Lembrava uma noiva morta
Deitada no chão, à porta
De quem a não soube amar.
Já não passava ninguém...
Era um mundo abandonado...
E à janela, eu, tão Além,
Subia ressuscitado...
Vi-me o corpo morto, em cruz,
Debruçado lá no Fundo...
E a alma como uma luz
Dispersa em volta do mundo...
Mas, à tona do mar morto,
Um resto de caravela
Subia... E chegava ao porto
Com a aragem da janela.
Branquinho da Fonseca
Postado por Fernando Martins às 01:18 0 bocas
Marcadores: Bibliotecas Itinerantes, Branquinho da Fonseca, Fundação Calouste Gulbenkian, literatura, poesia
quinta-feira, março 23, 2023
Calouste Gulbenkian nasceu há 154 anos
Postado por Fernando Martins às 01:54 2 bocas
Marcadores: Arménia, Calouste Gulbenkian, Fundação Calouste Gulbenkian, Império Otomano, Petróleo, Turquia
quinta-feira, dezembro 15, 2022
António José Forte morreu há trinta e quatro anos...
O Poeta em Lisboa
Quatro horas da tarde.
O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos.
Tem febre. Arde.
E a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos.
Segue por esta, por aquela rua
sem pressa de chegar seja onde for.
Pára. Continua.
E olha a multidão, suavemente, com horror.
Entra no café.
Abre um livro fantástico, impossível.
Mas não lê.
Trabalha - numa música secreta, inaudível.
Pede um cigarro. Fuma.
Labaredas loucas saem-lhe da garganta.
Da bruma
espreita-o uma mulher nua, branca, branca.
Fuma mais. Outra vez.
E atira um braço decepado para a mesa.
Não pensa no fim do mês.
A noite é a sua única certeza.
Sai de novo para o mundo.
Fechada à chave a humanidade janta.
Livre, vagabundo
dói-lhe um sorriso nos lábios. Canta.
Sonâmbulo, magnífico
segue de esquina em esquina com um fantasma ao lado.
Um luar terrífico
vela o seu passo transtornado.
Seis da madrugada.
A luz do dia tenta apunhalá-lo de surpresa.
Defende-se à dentada
da vida proletária, aristocrática, burguesa.
Febre alta, violenta
e dois olhos terríveis, extraordinários, belos.
Fiel, atenta
a aranha leva-o para a cama arrastado pelos cabelos.
in Uma faca nos dentes (1983) - António José Forte
Postado por Fernando Martins às 00:34 0 bocas
Marcadores: António José Forte, Fundação Calouste Gulbenkian, Grupo do Café Gelo, poesia, Surrealismo
quarta-feira, julho 20, 2022
Calouste Gulbenkian morreu há 67 anos
Postado por Fernando Martins às 06:07 0 bocas
Marcadores: Arménia, Calouste Gulbenkian, Fundação Calouste Gulbenkian, Império Otomano, Petróleo, Turquia
quarta-feira, maio 04, 2022
Branquinho da Fonseca nasceu há 117 anos
António José Branquinho da Fonseca (Mortágua, 4 de maio de 1905 – Cascais, 7 de maio de 1974) foi um escritor português. Os seus primeiros textos eram assinados com o pseudónimo António Madeira. Experimentou vários modos e géneros literários, desde o poema lírico ao romance, passando pela novela, o texto dramático e o poema em prosa, mas, como o próprio dizia, a sua expressão natural era o conto. Como artista, interessou-se também pela fotografia, o desenho, o cinema e o design gráfico. Foi conservador do Registo Civil em Marvão e Nazaré, e do Museu-Biblioteca Conde de Castro Guimarães em Cascais. Por proposta sua, foi criado em 1958, o Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, o qual havia de dirigir até o ano da sua morte. Em sua homenagem, a Câmara Municipal de Cascais criou o Prémio Branquinho da Fonseca de Conto Fantástico em 1995 e, em 2001, foi instituído o Prémio Branquinho da Fonseca Expresso/Gulbenkian numa parceria entre a Fundação Calouste Gulbenkian e o jornal Expresso.
in Wikipédia
Naufrágio
A rua cheia de luar
Lembrava uma noiva morta
Deitada no chão, à porta
De quem a não soube amar.
Já não passava ninguém...
Era um mundo abandonado...
E à janela, eu, tão Além,
Subia ressuscitado...
Vi-me o corpo morto, em cruz,
Debruçado lá no Fundo...
E a alma como uma luz
Dispersa em volta do mundo...
Mas, à tona do mar morto,
Um resto de caravela
Subia... E chegava ao porto
Com a aragem da janela.
Postado por Fernando Martins às 11:07 0 bocas
Marcadores: Bibliotecas Itinerantes, Branquinho da Fonseca, Fundação Calouste Gulbenkian, literatura, poesia
quarta-feira, março 23, 2022
Calouste Gulbenkian nasceu há 153 anos
Postado por Fernando Martins às 01:53 0 bocas
Marcadores: Arménia, Calouste Gulbenkian, Fundação Calouste Gulbenkian, Império Otomano, Petróleo, Turquia
quarta-feira, dezembro 15, 2021
António José Forte morreu há 33 anos...
O Poeta em Lisboa
Quatro horas da tarde.
O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos.
Tem febre. Arde.
E a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos.
Segue por esta, por aquela rua
sem pressa de chegar seja onde for.
Pára. Continua.
E olha a multidão, suavemente, com horror.
Entra no café.
Abre um livro fantástico, impossível.
Mas não lê.
Trabalha - numa música secreta, inaudível.
Pede um cigarro. Fuma.
Labaredas loucas saem-lhe da garganta.
Da bruma
espreita-o uma mulher nua, branca, branca.
Fuma mais. Outra vez.
E atira um braço decepado para a mesa.
Não pensa no fim do mês.
A noite é a sua única certeza.
Sai de novo para o mundo.
Fechada à chave a humanidade janta.
Livre, vagabundo
dói-lhe um sorriso nos lábios. Canta.
Sonâmbulo, magnífico
segue de esquina em esquina com um fantasma ao lado.
Um luar terrífico
vela o seu passo transtornado.
Seis da madrugada.
A luz do dia tenta apunhalá-lo de surpresa.
Defende-se à dentada
da vida proletária, aristocrática, burguesa.
Febre alta, violenta
e dois olhos terríveis, extraordinários, belos.
Fiel, atenta
a aranha leva-o para a cama arrastado pelos cabelos.
in Uma faca nos dentes (1983) - António José Forte
Postado por Fernando Martins às 00:33 0 bocas
Marcadores: António José Forte, Fundação Calouste Gulbenkian, Grupo do Café Gelo, poesia, Surrealismo
terça-feira, julho 20, 2021
O grande Calouste Gulbenkian morreu há 66 anos
Postado por Fernando Martins às 06:06 0 bocas
Marcadores: Arménia, Calouste Gulbenkian, Fundação Calouste Gulbenkian, Império Otomano, Petróleo, Turquia
terça-feira, março 23, 2021
Calouste Gulbenkian nasceu há 152 anos
Postado por Fernando Martins às 15:20 0 bocas
Marcadores: Arménia, Calouste Gulbenkian, Fundação Calouste Gulbenkian, Império Otomano, Petróleo, Turquia
terça-feira, dezembro 15, 2020
O poeta António José Forte morreu há 32 anos
Hoje é um dia reservado ao veneno
e às pequeninas coisas
teias de aranha filigranas de cólera
restos de pulmão onde corre o marfim
é um dia perfeitamente para cães
alguém deu à manivela para nascer o sol
circular o mau hálito esta cinza nos olhos
alguém que não percebia nada de comércio
lançou no mercado esta ferrugem
hoje não é a mesma coisa
que um búzio para ouvir o coração
não é um dia no seu eixo
não é para pessoas
é um dia ao nível do verniz e dos punhais
e esta noite
uma cratera para boémios
não é uma pátria
não é esta noite que é uma pátria
é um dia a mais ou a menos na alma
como chumbo derretido na garganta
um peixe nos ouvidos
uma zona de lava
hoje é um dia de túneis e alçapões de luxo
com sirenes ao crepúsculo
a trezentos anos do amor a trezentos da morte
a outro dia como este do asfalto e do sangue
hoje não é um dia para fazer a barba
não é um dia para homens
não é para palavras
in Uma faca nos dentes (1983) - António José Forte
Postado por Fernando Martins às 00:32 0 bocas
Marcadores: António José Forte, Fundação Calouste Gulbenkian, Grupo do Café Gelo, poesia, Surrealismo
segunda-feira, julho 20, 2020
Calouste Gulbenkian morreu há 65 anos
Postado por Fernando Martins às 06:50 0 bocas
Marcadores: Arménia, Calouste Gulbenkian, Fundação Calouste Gulbenkian, Império Otomano, Petróleo, Turquia
segunda-feira, março 23, 2020
Calouste Gulbenkian nasceu há 151 anos
Postado por Fernando Martins às 15:10 0 bocas
Marcadores: Arménia, Calouste Gulbenkian, Fundação Calouste Gulbenkian, Império Otomano, Petróleo, Turquia
sábado, dezembro 15, 2018
O poeta António José Forte morreu há trinta anos
Reservado ao veneno
Hoje é um dia reservado ao veneno
e às pequeninas coisas
teias de aranha filigranas de cólera
restos de pulmão onde corre o marfim
é um dia perfeitamente para cães
alguém deu à manivela para nascer o sol
circular o mau hálito esta cinza nos olhos
alguém que não percebia nada de comércio
lançou no mercado esta ferrugem
hoje não é a mesma coisa
que um búzio para ouvir o coração
não é um dia no seu eixo
não é para pessoas
é um dia ao nível do verniz e dos punhais
e esta noite
uma cratera para boémios
não é uma pátria
não é esta noite que é uma pátria
é um dia a mais ou a menos na alma
como chumbo derretido na garganta
um peixe nos ouvidos
uma zona de lava
hoje é um dia de túneis e alçapões de luxo
com sirenes ao crepúsculo
a trezentos anos do amor a trezentos da morte
a outro dia como este do asfalto e do sangue
hoje não é um dia para fazer a barba
não é um dia para homens
não é para palavras
in Uma faca nos dentes (1983) - António José Forte
Postado por Fernando Martins às 00:30 0 bocas
Marcadores: António José Forte, Fundação Calouste Gulbenkian, Grupo do Café Gelo, poesia, Surrealismo
segunda-feira, março 23, 2015
Calouste Gulbenkian nasceu há 146 anos
Postado por Fernando Martins às 01:46 0 bocas
Marcadores: Arménia, Calouste Gulbenkian, Fundação Calouste Gulbenkian, Petróleo
domingo, dezembro 15, 2013
Hoje é um dia triste para a Poesia
Hoje é um dia reservado ao veneno
e às pequeninas coisas
teias de aranha filigranas de cólera
restos de pulmão onde corre o marfim
é um dia perfeitamente para cães
alguém deu à manivela para nascer o sol
circular o mau hálito esta cinza nos olhos
alguém que não percebia nada de comércio
lançou no mercado esta ferrugem
hoje não é a mesma coisa
que um búzio para ouvir o coração
não é um dia no seu eixo
não é para pessoas
é um dia ao nível do verniz e dos punhais
e esta noite
uma cratera para boémios
não é uma pátria
não é esta noite que é uma pátria
é um dia a mais ou a menos na alma
como chumbo derretido na garganta
um peixe nos ouvidos
uma zona de lava
hoje é um dia de túneis e alçapões de luxo
com sirenes ao crepúsculo
a trezentos anos do amor a trezentos da morte
a outro dia como este do asfalto e do sangue
hoje não é um dia para fazer a barba
não é um dia para homens
não é para palavras
in Uma faca nos dentes (1983) - António José Forte
Postado por Fernando Martins às 00:25 0 bocas
Marcadores: António José Forte, Fundação Calouste Gulbenkian, Grupo do Café Gelo, poesia, Surrealismo