quarta-feira, junho 19, 2013

Quim Barreiros nasceu há 66 anos

(imagem daqui)

Joaquim de Magalhães Fernandes Barreiros (Vila Praia de Âncora, 19 de junho de 1947), mais conhecido por Quim Barreiros, é um cantor popular português que toca acordeão, conhecido pelas suas letras de duplo sentido (a chamada música pimba).
Aos 9 anos já tocava bateria no conjunto de seu pai (Conjunto Alegria). O seu primeiro disco foi lançado em 1971, juntamente com o famoso guitarrista Jorge Fontes, quando apenas tocava acordeão e folclore minhoto. A sua fama estendeu-se já ao Brasil e à Galiza, e já atuou em quase todos os países onde existem comunidades de portugueses (Canadá, E.U.A, Venezuela, Brasil, África do Sul, França, Alemanha, Espanha, Inglaterra, Suíça e outros).
Grande parte de seus sucessos são covers de músicas do forró brasileiro de duplo-sentido, principalmente do compositor Zenilton, que compôs Bacalhau à Portuguesa (1981), Vendedor de Fruta, Riacho da Pedreira (Rio das Pedras), Meu Casamento, O Cachimbo da Mulher, O Grilinho (Cri-Cri) e outras. Para além de Zenilton, pode-se citar: A Cabritinha (de Amazan, 2002), A Padaria , Garagem da Vizinha (de Frank Aguiar) e muitos outros.


terça-feira, junho 18, 2013

Hoje é dia de recordar o casal luso-castelhano de Lanzarote

(imagem daqui)

OS DOIS DE LANZAROTE

Eram um casal aéreo, cruzavam aeroportos,
digo eu o delator, o escriba acocorado, e sigo-os
nas suas fantasias voadoras,
açambarcando as nuvens, os romances,
toda a luta de classes
nas longas, estreitíssimas passagens dos jactos
pelo céu alucinante e cru.

Um casal a encher uma península.
Ruídos pérfidos perseguiam a sua alta rota revoltada,
a ela lambuzavam-lhe os vestidos, transparentes,
abertos sobre as nuvens.
E a ele arrancavam-lhe os cabelos
agarrados ao cérebro.
Mas eles voam mais alto, no assombro, mais livres.

Só eu pareço agora um cão acabrunhado
nas coxias deste chão sem ar,
e os olhos presos naquela exuberância.
Eles são dois padrões erguidos na terra retalhada
pelos elegantes domadores da fala,
e do mar mediterrâneo.

Recordai, ó leitores, a exibição da ternura,
a estridência feliz dos abraços frente à multidão,
a imponência do sucesso a pulso.
Um velho, uma mulher madura, uma ilha vulcânica.
E o ar que acolhe os seus impulsos
com a firme decisão de fazer estremecer
o mundo.



 

in De Amore (2012) - Armando Silva Carvalho

Começou a subdução ao largo da costa portuguesa?!?

Cientistas descobriram fractura tectónica em formação ao largo da costa portuguesa
Ana Gerschenfeld
18.06.2013

Após os grandes terramotos de 1755 e 1969 em Portugal, já se suspeitava que algo estivesse a acontecer no fundo do Atlântico, próximo da Península Ibérica. Agora, cientistas portugueses, australianos e franceses afirmam ter descoberto os primeiros indícios desse fenómeno.

Um "embrião" de placa tectónica foi detectado a sudoeste de Portugal

A descoberta de uma zona de subducção nas suas primeiríssimas fases de formação, ao largo da costa de Portugal, acaba de ser anunciada por um grupo internacional de cientistas liderados por João Duarte, geólogo português a trabalhar na Universidade de Monash, na Austrália.
A confirmar-se que o fenómeno, em que uma placa tectónica da Terra mergulha debaixo de outra, está mesmo a começar a acontecer, como concluem estes cientistas num artigo publicado online pela revista Geology, isso significa que, daqui a uns 200 milhões de anos, o Oceano Atlântico poderá vir a desaparecer e as massas continentais de Europa e América a juntar-se num novo supercontinente.
João Duarte e a sua equipa de Monash, juntamente com Filipe Rosas, Pedro Terrinha e António Ribeiro, da Universidade de Lisboa e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera – e ainda Marc-André Gutcher, da Universidade de Brest (França) – detectaram os primeiros indícios de que a margem Sudoeste Ibérica – uma margem “passiva” do Atlântico, isto é, onde aparentemente nada acontecia –, está na realidade a tornar-se activa, explica em comunicado aquela universidade australiana. A formação da fractura foi detectada através do mapeamento pelos cientistas, ao longo de oito anos, do fundo do oceano nessa zona.
“Detectámos os primórdios da formação de uma margem activa – que é como uma zona de subducção embrionária”, diz João Duarte, citado no mesmo comunicado.
E o investigador salienta que a actividade sísmica significativa patente naquela zona, incluindo o terramoto de 1755 que devastou Lisboa, já fazia pensar que estivesse a produzir-se aí uma convergência tectónica.
A existência desta zona de subducção incipiente ao largo de Portugal poderá indiciar que a geografia dos actuais continentes irá evoluir, ao longo dos próximos 220 milhões de anos, com a Península Ibérica a ser empurrada em direcção aos Estados Unidos. Este tipo de fenómeno já terá acontecido três vezes ao longo de mais de quatro mil milhões de anos de história do nosso planeta, com o movimento das placas tectónicas a partir antigos supercontinentes (como o célebre Pangeia, que reunia todos os continentes actuais) e a abrir oceanos entre as várias massas continentais resultantes.
O processo de formação da nova zona de subducção deverá demorar cerca de 20 milhões de anos, fornecendo aos cientistas uma “oportunidade única” de observar o fenómeno de activação tectónica.
  
in Público - ler notícia

ADENDA: esta hipótese (início de subducção ao largo da costa portuguesa) já tinha sido avançada, há muitos anos, por António Ribeiro; diz-nos um leitor atento que falta salientar o papel de Filipe Rosas, Pedro Terrinha e do filho do geógrafo Orlando Ribeiro (António Ribeiro) no paper publicado na Geology.

Roald Amundsen desapareceu há 85 anos

Roald Engelbregt Gravning Amundsen (Borge, 16 de julho de 1872 - Ártico, perto da Ilha do Urso, 18 de junho de 1928) foi um explorador norueguês das regiões polares, que liderou a primeira expedição a atingir o Polo Sul, a 14 de dezembro de 1911, utilizando trenós puxados por cães.
Amundsen nasceu em uma família de proprietários de navio e capitães. Inspirado na leitura das aventuras do explorador inglês John Franklin, que provou a existência da passagem Noroeste, ele decidiu-se por uma vida de exploração do desconhecido. Com 16 anos Amundsen estudava as regiões polares, tendo como referência a travessia da Gronelândia por Fridtjof Nansen. Embora tivesse frequentado o curso de Medicina, Amundsen decidiu seguir uma vida ligada ao mar e à exploração. Em 1897, com 25 anos, fez parte da tripulação do Belgica, como primeiro oficial, na Expedição Antártica Belga, de Adrien de Gerlache. Anos mais tarde, em 1903, parte para uma expedição que iria atravessar a passagem Noroeste, que liga os oceanos Atlântico ao Pacífico, na região norte do Canadá, a bordo do Gjøa.
Depois de atingir o Polo Sul, em 1911, Amundsen desejava alcançar novas conquistas. De regresso dos Estados Unidos, onde esteve em digressão de conferências, interessou-se pelo mundo da aviação e, em 1914, obteve o seu certificado de voo, o primeiro atribuído a um civil na Noruega. Em 1918, parte para o Ártico, no veleiro Maud mas, depois de dois anos à deriva, não conseguiu chegar ao Polo Norte. Em 1925, organiza a primeira expedição aérea ao Ártico, chegando à latitude de 87º 44' N. Um ano depois, foi o primeiro explorador a sobrevoar o Polo Norte no dirigível Norge, e a primeira pessoa a chegar a ambos os Polos Norte e Sul.
Em junho de 1928, Roald Amundsen embarca num hidroavião, em Tromso, perto do cabo Norte, para efectuar as buscas do dirigível Itália que levava o aviador Umberto Nobile a bordo; foi a última vez que se teve notícias de Amundsen.

(...)

Roald Amundsen morreu a 18 de junho de 1928, em um acidente com o seu hidroavião Latham 47, no oceano Ártico. O voo tinha como objetivo resgatar o explorador e aviador italiano Umberto Nobile, cujo dirigível Italia caiu a nordeste do arquipélago Svalbard ao regressar do Polo Norte. Cinco países enviaram navios e aviões para os trabalhos de resgate dos sobreviventes do dirigível, que aguardavam socorro numa massa de gelo flutuante. Os tripulantes sobreviventes foram resgatados pelo navio quebra-gelo russo Krassin a 12 de julho, dezanove dias após a retirada de Umberto Nobile do local por um avião da Suécia. A busca de Amundsen e dos seis desaparecidos do Italia continuou todo o verão de 1928, e nela participou Louise Boyd, exploradora e aviadora norte-americana. O hidroavião de Amundsen nunca foi encontrado e o corpo de Roald Amundsen permanece no Ártico até hoje. A Marinha Real da Noruega organizou expedições nos anos de 2004 e 2009 com o objetivo de localizar os restos do hidroavião.
Existe controvérsia quanto à conquista do Polo Norte por Frederick Cook e depois Robert Peary. Pesquisas e estudos recentes apontam Roald Amundsen e o seu companheiro de explorações Oscar Wisting, como os primeiros a alcançar os dois polos da terra.

Paul McCartney - 71 anos!

Sir James Paul McCartney (Liverpool, 18 de junho de 1942) é um cantor, compositor, baixista, guitarrista, pianista, multi-instrumentista, empresário, produtor musical, cinematográfico e ativista dos direitos dos animais britânico. McCartney alcançou fama mundial como membro da banda de rock britânica The Beatles, com John Lennon, Ringo Starr e George Harrison. Lennon e McCartney foram uma das mais influentes e bem sucedidas parcerias musicais de todos os tempos, "escrevendo as canções mais populares da história do rock". Após a dissolução dos Beatles em 1970, McCartney lançou-se em uma carreira solo de sucessos, formou uma banda com sua primeira mulher Linda McCartney, os Wings. Ele também trabalhou com música clássica, eletrónica e bandas sonoras.
Em 1979, o Livro Guinness dos Recordes declarou-o como o compositor musical de maior sucesso da história da música pop mundial de todos os tempos. McCartney teve 29 composições de sua autoria no primeiro lugar das paradas de sucesso dos EUA, vinte das quais junto com os Beatles e os restante na sua carreira a solo ou com o seu grupo Wings.
Paul McCartney é o canhoto e baixista mais famoso da história do rock, embora também toque outros instrumentos, como bateria, piano, guitarra, teclado, etc. É considerado como um dos mais ricos músicos de todos os tempos. Foi eleito, em 2008, o 11º melhor cantor de todos os tempos pela revista Rolling Stone. Fora seu trabalho musical, McCartney advoga em favor dos direitos dos animais, contra o uso de minas terrestres, a favor da comida vegetariana e a favor da educação musical. Em 1997 foi publicada a biografia intitulada Many Years From Now, autorizada pelo músico e escrita pelo britânico Barry Miles. A sua empresa MPL Communications detém os direitos autorais de mais de três mil canções, incluindo todas as canções escritas por Buddy Holly.
Como os outros três membros da banda, McCartney foi agraciado, em 1966 como Membro do Império Britânico. Porém, é o único membro dos Beatles a ostentar o título de "Sir", honraria que lhe foi concedida pela Rainha em 1997. Paul McCartney é vegetariano e já declarou à imprensa como tomou essa decisão: "Há muitos anos, estava pescando e, enquanto puxava um pobre peixe, entendi: eu o estou matando, pelo simples prazer que isso me dá. Alguma coisa fez um clique dentro de mim. Entendi, enquanto olhava o peixe se debater para respirar, que a vida dele era tão importante para ele quanto a minha é para mim". É membro honorário e participante ativo das campanhas do PETA (People for the Ethical Treatment of Animals, ou Pessoas pelo tratamento ético dos animais, em português). Em 2006 no Grammy Awards ele cantou com Linkin Park e Jay-Z uma versão de "Numb/Encore" incluindo a sua música "Yesterday".


Alison Moyet - 52 anos

Geneviève Alison Jane Moyet (Billericay, 18 de junho de 1961) é uma cantora britânica. Ela é mais conhecida pelo seu trabalho na dupla de synthpop Yazoo, formada no início da década de 80.


O estranho e único poeta Mário Saa nasceu há 120 anos

(imagem daqui)

Mário Paes da Cunha e Sá (Caldas da Rainha, 18 de junho de 1893 - Ervedal, 23 de janeiro de 1971) foi um escritor português.

Biografia
Mário Paes da Cunha e Sá, que adoptou Mário Saa como nome literário, descendia de uma família de grandes proprietários da elite económica e social do concelho alentejano de de Avis. Aquando do seu nascimento, o seu pai era notário e sub-delegado no julgado de Óbidos, vivendo nas Caldas da Rainha. Em 1895, a sua família volta para Avis e o seu pai constrói o Monte de Pero Viegas, onde Mário Saa residiu quase toda a vida. Recebeu formação no Colégio de S. Fiel, em Louriçal do Campo (Beira Baixa), no Liceu de Évora e, em 1913, era aluno do Instituto Superior Técnico. Através da revista Presença (n.º 19, 1929), sabe-se que em 1917 continuaria a frequentar o IST. No ano seguinte inscreveu-se no curso de Ciências Matemáticas na Universidade de Lisboa e, em 1930, no curso de Medicina da mesma Universidade, não tendo, no entanto, concluído qualquer das licenciaturas. A vida de Mário Saa repartiu-se entre a administração agrícola das suas propriedades e a investigação e produção literária. Em consonância com o perfil dos intelectuais do seu tempo dedicou-se e interessou-se por temáticas distintas publicando várias obras e numerosos artigos em periódicos. Dedicou-se à filosofia, à genealogia, à geografia antiga, à poesia, à problemática camoniana, às investigações arqueológicas, e mesmo à astrologia e à grafologia. O seu interesse pela arqueologia e a investigação que realizou sobre vias romanas deram origem à sua obra de maior importância, «As Grandes Vias da Lusitânia», em seis volumes, o produto de mais de 20 anos de investigações e prospecções arqueológicas que é, ainda hoje, uma obra de referência. A par com a arqueologia, Mário Saa destacou-se, também, no panorama da poesia portuguesa das décadas de 20 e 30 do século XX, publicando com assiduidade na revista Presença e privando com os grandes poetas e intelectuais da época no âmbito da boémia literária da Brasileira do Chiado. Em 1959 colaboraria ainda no primeiro número da revista «Tempo Presente».

Obras publicadas:
  • Evangelho de S.Vito (1917)
  • Portugal Cristão-Novo ou os Judeus na República (1921)
  • Poemas Heróicos / Simão Vaz de Camões; Pref. de Mário Saa (1921)
  • Camões no Maranhão (1922)
  • Táboa Genealógica da Varonia Vaz de Camões (1924)
  • A Invasão Dos Judeus (1925)
  • A Explicação do Homem: Através de uma auto explicação em 207 táboas filosóficas (1928)
  • Origens do Bairro-Alto de Lisboa: Verdadeira notícia (1929)
  • Nós, Os Hespanhóis (1930)
  • Proclamações à Pátria: Uma Aliança Luso-Catalã (?)
  • Proclamações à Pátria: Até ao Mar Cantábrico (1931)
  • Erridânia: A Geografia Mais Antiga do Ocidente (1936)
  • As Memórias Astrológicas de Camões e o Nascimento do Poeta em 23 de Janeiro de 1524 (1940)
  • As Grandes Vias da Lusitânia: O Itinerário de Antonino Pio (6 T.; 1957-1967)
  • Poesia e alguma prosa - Organização, introdução e notas de João Rui de Sousa, INCM, (2006)


Xácara das Mulheres Amadas

Quem muitas mulheres tiver,
em vez de uma amada esposa,
mais se afirma e se repousa
pera amar sua mulher;
Quem isto não entender...
em cousas d'amor não ousa,
em cousas d'amor não quer!

Quantas mais, mais se descansa,
mais a gente serve a todas;
quantas mais forem as bodas,
quantos mais os pares da dança,
menos a dança nos cansa
O gosto d'andar nas rodas.

Que quantas mais, mais detido
a cada uma per si;
nem cansa tanto o que vi,
nem fica o gosto partido;
ao contrário, é acrescido
a cada uma per si!

No paladar de mudar
mais se sente o gosto agudo:
que amar nada ou amar tudo
é estar pronto a muito amar;
o enjoo vem de não estar
a par do nada e do tudo.

Mais facilmente se chega
pera muitas que pera uma;
e a razão é porque, em suma,
se esta razão me não cega,
quem quer que muitas adrega
é como tendo...nenhuma!

Com muitas, descanso vem,
faz o desejo acrescido:
que é o mais apetecido
aquilo que se não tem;
e o apetite é o bem;
e em saciá-lo é perdido.
Também a mulher que tem
seu marido repartido
é mais gostosa do bem
que advém de seu marido!

Tão gostosa e recolhida,
tão pronta e tão conformada,
quanto o gosto é não ter nada;
porque o gosto é ser servida
e não o estar contentada.
O gosto é coisa corrente,
e quem o tem já não sente
o gosto dessa corrida,
que tê-lo, é cousa ... jazente...
que tê-lo , é cousa... perdida!

Ora, pois, nesta jornada
não vi nada mais de amar
que ter muito por chegar
e cousa alguma chegada;
não vi nada mais de ter...
que ter muito que perder...
e cousa alguma ganhada!


 

in 366 Poemas que falam de Amor (2003) - antologia organizada por Vasco Graça Moura

Maria Bethânia - 67 anos

Maria Bethânia Viana Teles Velloso, mais conhecida como Maria Bethânia (Santo Amaro da Purificação, Bahia, 18 de junho de 1946), é uma cantora brasileira de MPB.
Bethânia é irmã da escritora Mabel Velloso, do cantor e compositor Caetano Veloso, e tia dos cantores Belô Velloso e Jota Velloso.
Tendo lançado 50 álbuns de estúdio em 47 anos de carreira, a cantora está entre os 10 artistas com maior número de vendagem de discos no Brasil, com cerca de mais de 26 milhões de cópias vendidas.
 

Mísia - 57 anos

Mísia (Porto, 18 de junho de 1955) é uma cantora portuguesa, considerada uma das mais importantes fadistas actuais.

Nascida Susana Maria Alfonso de Aguiar, no Porto, filha de pai português e mãe catalã, a cantora deu uma nova roupagem à música tradicional lusitana. Cantando em português, francês, napolitano, catalão e espanhol, mistura tendências, diferentes culturas e sons.



Nasceu um dia (18) de junho, na cidade do Porto, fruto de um caso de amor sem a bênção de bons presságios: pai engenheiro, educado numa burguesia que nunca veria com bons olhos o passado artístico colorido e saleroso da mãe bailarina, espanhola, habituada a enquadramentos sociais menos formais. A menina, Susana, começa assim a sua estranha forma de vida, entre dois mundos. Fado de início, para continuar anos fora.

Boa aluna, mesmo dividida entre os dois lados da barreira, já com cada progenitor de costas viradas. Mas os interesses da jovem são muitos: letras, filosofia, talvez as artes. Falaram mais alto as artes... e Espanha, opção natural para quem procurava outros ares. Mudou para terras do lado de lá da fronteira, assentou arraiais em Barcelona. Abrem-se então os panos dos palcos, de muitos palcos, em ruas boémias e canções de engate, cafés nocturnos, espectáculos em que se variam as músicas.

Era já Mísia, uma influência da avó, figura que sempre lhe faz nascer um sorriso nos lábios, como quem lembra uma fada de força maior. A artista em formação trabalhava tanto que aprendia músicas ao ritmo frenético e ávido da "Broadway" de las calles mayores de Catalunha, sem nunca parar. Era conhecida pela versatilidade; hoje um programa de rádio, amanhã uma pantalla de television, tudo ao som dos reportórios internacionais, cantando uma torre de babel de idiomas e influências sonoras. As coisas até corriam bem, mas cansou-se.

Mutatis, mutandis. Ala para Madrid, começar de novo, procurar outras coisas. Período das viagens entre um show e outro, uma paragem geográfica e a seguinte. Talvez fosse o desassossego de querer mais, talvez a necessidade de aprender o que só os livros lhe davam, no meio do ruído e dos brilhos exagerados dessas noites longas de cabarés dourados e salas de cantigas cheias de fumos e gargalhadas abertas. Não bastava, como sempre.

Neste procura, surgiram um dias as raízes do passado que parecia distante, o fado popular das ruas mais típicas da cidade invictamente paterna. O Porto, um porto... de abrigo, pausa para a viagem. Seria este o caminho mais certo? Cruzou de novo a fronteira e o futuro. Voltou, malas feitas e os olhos a sonhar, como sempre. Reinício, take número... (a quem é que interessam as estatísticas? Somos gente... apenas). Decidida a procurar a paz das raízes, de uma cultura que poderia finalmente situá-la entre pares, fazê-la partilhar um grupo. A intenção era boa, mas as concretizações deram que falar. Quem era aquela jovem de franja negra e olhos intensos que aparecia assim desta forma, a querer saber o que era o fado sem pedir licença a ninguém. Buscando a verdadeira tradição, sem se render à evidência nem confundindo o genuíno com o conservador ou reaccionário... Uma nova barreira para saltar: entre os que viam o fado como mácula de um regime desfeito a toque de cravos e os que se espantavam pelo ar arrojado desta mulher de pele branca, cabelo preto, olhos em arco, às vezes de espanto.

Encontrou as respostas (ou o princípio das respostas, porque as perguntas não ficaram por ali) na mudança que os tempos tinham trazido a esta expressão musical urbana, onde cada tempo e voz tinham deixado marca. Das origens mais formais foi buscar sustentação para lançar outros voos. Juntou sonoridades (instrumentos que este género não ouvia há muitos anos - o violoncelo ou o acordeão; o piano de vagares aristocráticos, quando o fado ainda era de salão). E principalmente, descobriu um mundo novo de palavras, um tesouro de frases sem rima obrigatória mas liberdades poéticas. Círculo literário a que se vão juntando os mais importantes nomes da literatura portuguesa: Lídia Jorge, Mário Cláudio, Eduardo Prado Coelho, Vasco Graça Moura, Agustina, Saramago.

Os discos sucediam-se: 1991, "Mísia", de nome próprio, "Fado, em 93", "Tanto menos, tanto mais", a meio da década, já vivida - novamente - entre chegadas e partidas internacionais. Embaixadora da voz, segue com Garras dos Sentidos (98), distinguido com o prémio Charles Cros, disco que se arrisca a arranjos com os tais instrumentos ainda não usados neste género musical. Maria João Pires acompanha-a no disco lançado quase de imediato, "Paixões Diagonais" que cruza muitas estreias de autores nesta área, tantos nas melodias como nas letras. A nova década, porém, dá lugar à tradição. Quer fazer uma evocação às casas de fado, aos textos populares, e grava Ritual (em 2001), como se estivesse a fazer apresentações ao vivo, cada canção de uma vez só. Carlos Paredes e as suas melodias, que Mísia enche das palavras comovidas de uma verdadeira homenagem ao mestre da guitarra, dão corpo a "Canto", em 2003, premiado pela crítica especializada na Alemanha.

Cada registo saía em novos pontos do globo, dava origem a outros concertos, e mais palcos em pontos do mundo nunca antes navegados pelo fado. Uma redescoberta do Japão à Argentina, passando pela Espanha, pela França (que a condecorará mais tarde pela relevância artística da carreira). As nuvens de outras histórias e tradições pintam os céus de influências: mescla tango, bolero e fado num "Drama Box" (gravado em 2005) repleto de afectos sonoros e cumplicidades artísticas: Fanny Ardant, Miranda Richardson, Ute Lemper, Carmen Maura, Maria de Medeiros e Sophia Calle participam no projecto, depressa transformado em espectáculo ao vivo. Esta procura das emoções que ilustram o "fado" de outras culturas (fatum, relação trágica com o destino, como explica Mísia) estão aliás agora bem presentes nestas Ruas (de 2009) mostradas a todos. Entre Lisboa (o bairro virado para o rio, os passeios de pedras brancas, os amigos) e o resto do universo. Como sempre.


Nenhuma estrela caiu - Mísia
Letra (adaptada) de José Saramago e música de Franklin Rodrigues 

Janelas que me separam
Do vento frio da tarde
Num recanto de silêncio
Onde os gestos do pensar
São as traves duma ponte
Que não paro de lançar

Vem a noite e o seu recado
Sua negra natureza
Talvez a lua não falte
Ou venha a chuva de estrelas
Basta que o sono desperte
O sonho que deixa vê-las

Abro as janelas...
E o frio vento se esquece
Nenhuma estrela caiu
Nem a lua me ajudou
Mas a ruiva madrugada
Por trás da ponte aparece.


Janelas que me separam
Do vento frio da tarde
Num recanto de silêncio
Onde os gestos do pensar
São as traves duma ponte
Que não paro de lançar
 


NOTA: aqui fica a versão original do poema de Saramago, tão bem adaptado por Mísia:

A ponte

Vidraças que me separam
Do vento fresco da tarde
Num casulo de silêncio
Onde os segredos e o ar
São as traves duma ponte
Que não paro de lançar

Fica-se a ponte no espaço
À espera de quem lá passe
Que o motivo de ser ponte
Se não pára a construção
Vai muito mais a vontade
De estarem onde não estão

Vem a noite e o seu recado
Sua negra natureza
talvez a lua não falte
Ou venha a chuva de estrelas
Basta que o sono consinta
A confiança de vê-las

Amanhã o novo dia
Se o merecer e me for dado
Um outro pilar da ponte
Cravado no fundo do mar
Torna mais breve a distância
Do que falta caminhar

Há sempre um ponto de mira
O mais comum horizonte
Nunca as pontes lá chegaram
Porque acaba o construtor
Antes que a ponte se entronque
Onde se acaba o transpor

Sobre o vazio do mar
Desfere o traço da ponte
Vá na frente a construção
Não perguntem de que serve
Esta humana teimosia
Que sobre a ponte se atreve

Abro as vidraças por fim
E todo o vento se esquece
Nenhuma estrela caiu
Nem a lua me ajudou
Mas a ruiva madrugada
Por trás da ponte aparece.
 

in Provavelmente Alegria (1970) - José Saramago

A Batalha de Waterloo foi há 198 anos

A Batalha de Waterloo foi um confronto militar ocorrido a 18 de junho de 1815, perto de Waterloo, na atual Bélgica, (então parte integrante do Reino Unido dos Países Baixos). Um exército do Primeiro Império Francês, sob o comando do Imperador Napoleão (72.000 homens), foi derrotado pelos exércitos da Sétima Coligação que incluíam uma força britânica liderada pelo Duque de Wellington, e uma força prussiana comandada por Gebhard Leberecht von Blücher (118.000 homens). Este confronto marcou o fim dos Cem Dias e foi a última batalha de Napoleão; a sua derrota terminou com o seu governo como Imperador.
Depois do regresso de Napoleão ao poder em 1815, muitos dos Estados que se tinham oposto ao Imperador formaram a Sétima Coligação, dando início à mobilização dos seus exércitos. Duas forças de grande dimensão sob o comando de Wellington e de Blücher concentraram-se perto da fronteira nordeste da França. Napoleão decidiu atacar na esperança de as destruir antes que dessem início a uma invasão coordenada da França, juntamente com outros membros da coligação. O confronto decisivo da campanha de três dias de Waterloo - 16 a 19 de junho de 1815 -, teve lugar em Waterloo. De acordo com Wellington, a batalha foi a "mais renhida que assistiu na minha vida"."
Napoleão atrasou o início da batalha até ao meio-dia, esperando que o terreno secasse. O exército de Wellington, posicionado ao longo da estrada para Bruxelas, na escarpa de Mont-Saint-Jean, resistiu a múltiplos ataques franceses até que, no final do dia, os prussianos chegaram em força e penetraram no flanco direito de Napoleão. Naquele momento, o exército de Wellington contra-atacou provocando a desordem das tropas francesas no campo-de-batalha. Posteriormente, as forças da coligação entraram em França, repondo Luís XVIII no trono francês. Napoleão abdicou, rendeu-se aos britânicos e foi exilado na ilha de Santa Helena, onde morreu em 1821.
O campo de- batalha fica actualmente em território belga, a cerca de treze quilómetros a sudeste de Bruxelas, e a 1,6 km da cidade de Waterloo. No local da batalha existe hoje um enorme monumento designado por Monte do Leão (em francês Butte du Lion), construido por terra trazida do próprio terreno da batalha

José Saramago morreu há três anos

Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. A 24 de agosto de 1985 foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 3 de dezembro de 1998 foi elevado a Grande-Colar da mesma Ordem.
O seu livro Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O Fiel Jardineiro e Cidade de Deus). Em 2010 o realizador português António Ferreira adapta um conto retirado do livro Objecto Quase, conto esse que viria dar nome ao filme Embargo, uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e Espanha.
Nasceu no distrito de Santarém, na província do Ribatejo, no dia 16 de novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Português e foi director-adjunto do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Casado, em segundas núpcias, com a espanhola Pilar del Río, Saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias.

(...)

Saramago faleceu no dia 18 de junho de 2010, aos 87 anos de idade, na sua casa em Lanzarote, onde residia com a mulher Pilar del Rio, vítima de leucemia crónica. O escritor estava doente havia algum tempo e o seu estado de saúde agravou-se na sua última semana de vida. O seu funeral teve honras de Estado, tendo o seu corpo sido cremado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa. As cinzas do escritor foram depositadas aos pés de uma oliveira, em Lisboa em 18 de junho de 2011.


DECLARAÇÃO

Não, não há morte.
Nem esta pedra é morta,
Nem morto está o fruto que tombou:
Dá-lhes vida o abraço dos meus dedos,
Respiram na cadência do meu sangue,
Do bafo que os tocou.
Também um dia, quando esta mão secar,
Na memória doutra mão perdurará,
Como a boca guardará caladamente
O sabor das bocas que beijou.

 

in Os poemas possíveis (1966, atualizado em 1982) - José Saramago

segunda-feira, junho 17, 2013

Charles Gounod nasceu há 195 anos

Charles Gounod (Paris, 17 de junho de 1818Saint-Cloud, 18 de outubro de 1893) foi um compositor francês famoso sobretudo por suas óperas e música religiosa.

Gounod era filho de um pintor e uma pianista. Muito jovem, entrou para o Conservatório de Paris, onde foi aluno de Jacques Fromental Halévy e Lesueur. Em 1839, compôs uma cantata (Ferdinand) e ganhou o Prix de Rome, um prémio famoso para jovens compositores, que dava direito a uma bolsa de estudos na Itália. Naquele país, ele entrou em contacto com a música polifónica do século XVI, que o fascinou. Tomado por ideias místicas (que nunca o abandonaram completamente), ele pensou em entrar para o sacerdócio, e começou a compor música religiosa. Terminados os seus estudos em Itália, ele regressou a França, mas não sem antes passar por Viena, e assumiu o cargo de organista na Igreja das Missões Estrangeiras, em Paris, que ocupou durante três anos. Nessa época, ficou a conhecer duas mulheres que tiveram grande influência na sua vida: uma foi a cantora Pauline Viardot, que o introduziu no mundo da ópera, e a outra foi Fanny Hensel, que apresentou a Gounod o seu irmão, o célebre compositor Felix Mendelssohn. Através de Mendelssohn, Gounod entrou em contacto com a música de Bach, então pouco conhecida.
A primeira ópera de Gounod, Sapho, estreou em 1851. Várias óperas se seguiram, mas as mais importantes são Fausto (1859), Mireille (1864), Roméo et Juliette (1867) - todas as três estão entre as mais populares do repertório operístico francês.
Ao rebentar a Guerra Franco-Prussiana (1870), Gounod refugiou-se na Inglaterra, onde permaneceu até 1875. Lá, ele teve uma amante inglesa, Georgina Weldon, e sua música fez grande sucesso na Inglaterra vitoriana.
Nos últimos anos de vida, Gounod só compôs música religiosa.


Porque fiz greve hoje

Com a devida vénia, republico o post do Blog Dúvida Metódica, de Sara Raposo:

A greve e as condições de trabalho dos professores

Fiz greve às avaliações e amanhã farei greve ao exame. Convictamente, por razões que passarei a explicar.
Há mais de vinte anos que sou professora. Faço greve a pensar nas condições de trabalho que tive este ano (mais de cem alunos, cinco turmas, três níveis e uma direção de turma) e que irão ser ainda piores no próximo ano, caso as medidas propostas pelo ministro Nuno Crato se venham a concretizar.
O principal motivo que me leva a fazer greve amanhã não é o congelamento da carreira (que dura há muitos anos), nem a burocracia asfixiante, nem o sistema de avaliação de desempenho injusto, nem a diminuição arbitrária da carga horária de várias disciplinas (decidida sem que tenham sido explicados os critérios que fizeram algumas delas perder horas, mesmo sem os programas terem mudado - como a Filosofia e todas as disciplinas de opção do 12º ano dos cursos científico humanísticos).
O principal motivo que me leva a fazer greve é porque quero ter tempo para preparar aulas, estudar as matérias que leciono, elaborar e corrigir testes. Quero poder fazer aquilo que é essencial no ensino, sem sacrificar permanentemente a minha vida pessoal, sem passar os fins de semanas e feriados a trabalhar horas sem fim (muito mais do que as 40 semanais). Quero ter condições para responder às solicitações dos meus alunos, da escola e dos meus filhos. Quero não me sentir exausta e desalentada, pois por muitas horas que trabalhe, ainda assim não cumpri tudo aquilo que esperavam que eu fizesse. Quero que respeitem a minha profissão e ter condições decentes para a exercer.
Sei que há professores com piores condições que as minhas e outros com melhores. Ao contrário do que se diz e escreve - e o ministério também não esclarece junto da opinião pública - os professores têm condições de trabalho muito diferentes. Mesmo entre os professores do ensino secundário (falo do que conheço diretamente), há situações muitos dispares devido às diferentes cargas horárias das disciplinas e aos cargos exercidos. Por exemplo, há os que com apenas duas turmas têm o horário completo e os que precisam de cinco, seis, sete ou mais turmas para que isso aconteça. Há até professores que para completar o seu horário se deslocam entre diferentes escolas.
Apesar de pertencermos a uma mesma classe profissional nem todos estamos no mesmo barco, os interesses imediatos divergem muito e, portanto, não é fácil que todos se unam em torno de objetivos comuns. É por isso que não tem sido difícil atacar e dividir a “classe” dos professores.
Com o poder centralizado no diretor, um sistema de avaliação dependente de uma estrutura hierárquica, muitas contratações de professores decididas ao nível de escola e um elevado número de candidatos desempregados para os poucos lugares vagos… tudo isso contribui para que muitas escolas se tenham tornado lugares de subserviência e submissão. Esta passou a ser a melhor estratégia para garantir o emprego ou a melhor classificação na avaliação de desempenho.
Esta é verdadeira pressão que existe nas escolas: o medo. O ministério da educação sabe isso e explora a frágil situação laboral de muitos docentes, sem parecer preocupar-se com a qualidade do ensino ministrado aos alunos.
Professores obedientes, acéfalos e assustados. Foi com isso que o ministro Nuno Crato contou ao pensar que resolveria o problema da greve convocando todos os professores para vigiar o exame de Português. E se calhar até conseguirá fazê-lo. O que não faz é alterar as condições de trabalho degradantes e humilhantes de muitos professores.
Reconheço que na minha profissão, como aliás em qualquer outra, há os que fazem o que devem e são competentes e os que são incompetentes (e que o sistema atual de avaliação não permite distinguir), os que têm condições de trabalho muito boas e os que não as têm. Mas, na prática, algumas direções das escolas, alguns professores, alguns avaliadores, alguns pais, alguns alunos, o ministério, ignoram este facto, fazem de conta que não existe. Cada um que se arranje, que não se queixe, que não falhe, pois se o fizer têm muita gente a exigir-lhe explicações e a atribuir-lhe responsabilidades.
É por isso que os mais prejudicados pelas medidas propostas por este governo são aqueles que procuram ensinar bem os seus alunos. A mobilidade, o aumento da carga horária para 40 horas – como se ser professor fosse um trabalho análogo aos dos outros funcionários públicos – e a passagem das direções de turma para a componente não letiva constituem uma degradação ainda maior das atuais condições de trabalho dos professores. Não se entende como é que o exercício de um cargo exigente em termos de perfil e fulcral para o sucesso do ensino e da aprendizagem dos alunos, como é o do diretor de turma, seja tirado da componente letiva, obrigando os professores que antes o exerciam a ter mais turmas para completar o seu horário. Parece óbvio que a ideia é poupar mais uns tostões e colocar os professores com reduções da componente letiva a exercê-lo a custo zero.
Eu não sou sindicalizada e discordo muitas vezes dos sindicatos. A ideia de que estou a ser manipulada pelos sindicatos é ofensiva. Quero também referir que fiquei contente com a nomeação do ministro Nuno Crato por admirar a qualidade do seu trabalho. Mas há limites para a humilhação.
Faço greve porque respeito os meus alunos e preciso de ter condições para ensiná-los condignamente.

O antigo Campeão do Mundo de Xadrez Tigran Petrosian nasceu há 84 anos

Tigran Vartanovich Petrosian (Tíflis, Geórgia, 17 de junho de 1929 - Moscovo, 13 de agosto de 1984) foi um jogador de xadrez e Campeão do Mundo da modalidade.
Os seus resultados no torneio trienal, que determina o jogador que se bate com o campeão do mundo pelo título da modalidade, demonstram uma sólida evolução: 5º em Zurique em 1953; 3º lugar partilhado em Amsterdão em 1956; 3º na Jugoslávia em 1959; 1º em Curaçao em 1962. Em 1963 derrotou Mikhail Botvinnik com o resultado 12,5 – 9,5 tornando-se campeão do mundo de xadrez.
Petrosian defendeu o seu título em 1966, derrotando Boris Spassky por 12,5 – 11,5. Contudo, em 1969, o mesmo Spassky derrotou-o por 12,5 – 10,5. Em 1968, a universidade de Yerevan concedeu-lhe um mestrado, tendo Tigran apresentado a tese "Lógica no Xadrez".
Tigran Vartanovich Petrosian foi o único jogador a ganhar um jogo a Bobby Fischer durante os últimos jogos do Torneio de Candidatos de 1971, acabando com a sequência impressionante de Fischer de dezanove vitórias consecutivas (6 ainda nos jogos do agrupamento Interzonal, 6 frente a Mark Taimanov, 6 frente a Larsen e ainda o primeiro jogo do seu match).
O seu nome baptiza duas importantes aberturas: a variação de Petrosian da Defesa Índia do Rei (1. d4 Cf6 2. c4 g6 3. Cc3 Bg7 4. e4 d6 5. Cf3 O-O 6. Be2 e5 7. d5) e também a seguinte jogada na Defesa Índia da Dama (1. d4 Cf6 2. c4 e6 3. Cf3 b6 4. a3).

O último guilhotinamento público foi há 74 anos

   
Eugen Weidmann (5 de fevereiro de 1908, Frankfurt (Alemanha) - 17 de junho de 1939, Versalhes França), foi um criminoso alemão, célebre por ter sido a última pessoa a ser guilhotinada em público na França.
Ele foi julgado culpado do assassinato de seis pessoas, todas mortas com um tiro na nuca:
Ele foi guilhotinado em Versalhes, na via pública, no exterior da prisão Saint-Pierre, como era comum até então. Tendo sido julgado «histérico» o comportamento dos espectadores durante a execução, o presidente da República Albert Lebrun convenceu o governo da época a proceder às execuções no interior da prisão onde se encontrava o condenado à morte, longe das possíveis «emoções populares».
A utilização da guilhotina para execuções «privadas» continuou, mas cada vez mais raras, até o dia 10 de setembro de 1977, quando foi executado Hamida Djandoubi. Finalmente, a pena de morte foi abolida na França em 30 de setembro de 1981. através de decreto do presidente François Mitterrand.

Barry Manilow - 70 anos!

Barry Alan Pincus, mais conhecido como Barry Manilow, (Brooklyn, 17 de junho de 1943) é um cantor e compositor americano, muito conhecido pelos seus hits dos anos 70 I Write the Songs, Mandy e Copacabana.
A carreira sem igual de Barry Manilow está fundada numa sólida reputação como cantor, compositor, arranjador e produtor. Ele enche casas de espetáculos, bate recordes de audiência na televisão, compõe bandas sonoras de cinema e para a Broadway e já vendeu 60 milhões de discos no mundo todo. O seu sucesso está devidamente ilustrado por uma coleção de prémios Grammy, Emmy e Tony Awards, além de uma nomeação para o Óscar. Portanto, não é à toa que a bíblia da indústria fonográfica Radio & Records o considera imbatível na categoria Adulto Contemporânea de Todos os Tempos.
O envolvimento de Manilow com a música começou com aulas de piano e acordeão na casa de um vizinho. Ele ainda morava no Brooklin quando decidiu que faria disso uma carreira e assim que entrou na Escola de Música de Nova York, conseguiu um emprego de contínuo na CBS para pagar as suas despesas, sem jamais imaginar que este seria o primeiro passo para o estrelato.
O golpe de sorte aconteceu numa tarde em que lhe pediram para procurar canções de domínio público para a adaptação do melodrama musical The Drunkard, mas ao invés de atender o pedido, ele compôs a banda sonora inteira! E o musical fez tanto sucesso que permaneceu em cartaz durante oito anos.
Após o debut, Barry se tornou o diretor musical da série Callback, acumulando as funções de compositor, produtor e cantor dos jingles para a rádio e TV CBS. Paralelamente, também cantava no clube Upstairs at the Dowstairs, onde conheceu a atriz Bette Midler, que o convidou para ser o pianista e arranjador de seu primeiro disco, The Divine Miss M. Esse álbum recebeu disco de ouro e o Grammy de Melhor do Ano de 1972, o quelevou  Barry a produzir o trabalho seguinte da cantora, o platinado Bette Midler (1973).
Na mesma época, ele assinou com a Bell Records - mais tarde, Arista Records - para gravar o seu álbum de estreia, mas Midler persuadiu-o a continuar como produtor na sua primeira turnê nacional. Ele aceitou, contanto que pudesse cantar três canções na segunda parte do show. Ela concordou. Quando Barry iniciou sua própria turnê em 1974, 'Mandy' já era um hit de 25 consecutivos Top 40, marca que foi superada nos anos seguintes por 'Even Now', 'This One For You', 'Weekend in New England', 'I Write the Songs', 'Trying to Get the Feeling Again' e outras canções de sua autoria.
Bastaram quatro anos para que ele igualasse o feito de Frank Sinatra e Johnny Mathis, com cinco álbuns colocados no topo das paradas. Um momento oportuno para a estréia do The Barry Manilow Special, show que obteve audiência de 37 milhões para a ABC-TV e um Emmy Award de Melhor Especial do Ano. Depois vieram The Second Barry Manilow Special (1978), The Third Barry Manilow Special (1979) e a superprodução One Voice (1980), que serviu de aquecimento para a turnê In the Round World (1981-82), cujos melhores momentos estão no box set que bateu o recorde de vendas dos Rolling Stones.
O último show dessa turnê aconteceu no Royal Albert Hall, as notícias da época contam que os fãs enfrentaram a pior tempestade da história inglesa para vê-lo desembarcar no Aeroporto de Heatrow. Havia trezentos polícias formando um cordão humano para conter o que o British Daily Mail descreveu como "uma histeria jamais vista desde o apogeu de Elvis e dos Beatles". Para retribuir a calorosa recepção, Manilow lançou Live in Britain e tornou-se o primeiro americano a estrear no Reino Unido como o nº 1 das paradas na mesma semana de lançamento, conquistando três discos de platina consecutivos e o recorde dos Beatles.
Os dois anos seguintes foram dedicados à Around the World Tour in 80 Dates, que teve como ponto alto o show histórico no Palácio de Blenheim, na Inglaterra, ao qual Barry se refere como o evento mais importante da sua carreira. Ele encerrou a turnê com um concerto beneficente no Royal Festival Hall, tendo a Princesa Diana e o Príncipe de Gales como anfitriões.
Em 1985, incansável, ele acrescentou um álbum de estúdio às paradas, o primeiro após três anos na estrada, e estreou na CBS a comédia musical Copacabana, baseada na canção homónima, que ganhou o Grammy de 1978. Ele conta que a ideia da canção lhe surgiu durante a viagem que fez ao Rio de Janeiro, com seu parceiro de composições, Bruce Sussman. Ficaram hospedados no Copacabana Palace e de tanto ler o nome do hotel em cinzeiros, toalhas e toda sorte de produtos, passaram a achar a palavra incrivelmente sonora. O espetáculo entrou no Top Ten de produções para TV daquele ano e foi revisitado em 2000 para comemorar os 54 anos de Manilow. A montagem, com Franc D'Ambrosio e as Copa Girls, foi novamente dirigida por ele e percorreu 32 cidades norte-americanas.
Entre turnês sucessivas, Barry produziu o álbum With My Lover Beside Me, da cantora de jazz Nancy Wilson, além de compor melodias para letras inéditas de Johnny Mercer, o que já havia feito, com a canção 'When October Goes', para o álbum Paradise Cafe (1984). Quando as gravações terminaram, ele partiu para uma aventura no mundo da animação, compondo bandas sonoras as para os filmes Thumbelina, The Peeble and the Penguin e Rapunzel.
O seu 30º álbum foi um tributo a Frank Sinatra, reunindo canções que fizeram grande sucesso na voz do cantor. O disco recebeu duas nomeações para o Grammy de 1998 e entrou no repertório da turnê realizada no Reino Unido. No ano seguinte, Manilow recrutou trinta músicos de estúdio para melhorar a banda que o acompanharia ao Carnegie Hall, para um show em prol das vitimas da SIDA.
e, sem dúvida, foi uma apresentação espetacular. Com quatro décadas de experiência, Barry Manilow sabe o que seus fãs querem ouvir: 'Even Know', 'Somewhere Down the Road', 'Copacabana', 'Can't Smile Without You', 'Mandy'… "Nunca houve uma escolha entre a música e qualquer outra coisa, ninguém, nada conseguiu despertar um sentimento aproximado a essa paixão que me guia através dos anos. Sou totalmente comprometido com a minha música e meus fãs", ele afirma com convicção.


Stravinski nasceu há 131 anos

Stravinski num desenho de Picasso, em Paris, a 31 de dezembro de 1920

Ígor Fiódorovitch Stravinski (Oranienbaum, 17 de junho de 1882Nova Iorque, 6 de abril de 1971) foi um compositor, pianista e maestro russo, mais tarde com cidadania francesa a americana, considerado por muitos um dos compositores mais importantes e influentes do século XX. Foi o arquétipo do russo cosmopolita, escolhido pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do século. Além do reconhecimento que obteve pelas suas composições, ficou ainda famoso como pianista e maestro, estando nessa condição muitas vezes na estreias das suas obras.
A carreira de compositor de Stravinski foi notável pela sua diversidade estilística. Inicialmente adquiriu fama internacional com três ballets encomendados pelo empresário Sergei Diaghilev e executados pelos Ballets Russes de Diaghilev: L'Oiseau de feu ("O Pássaro de Fogo") (1910), Petrushka (1911/1947), e Le Sacre du printemps ("A Sagração da Primavera") (1913). A Sagração, cuja estreia provocou um motim, transformou o modo de pensamento dos compositores posteriores acerca da estrutura rítmica, e foi largamente responsável pela reputação duradoura de Stravinski enquanto revolucionário musical, forçando as fronteiras do design musical.
Após esta fase inicial russa, Stravinski virou-se para o neoclassicismo na década de 1920. As obras deste período tendem a utilizar as formas musicais tradicionais (concerto grosso, fuga, sinfonia), frequentemente disfarçadas com um veio de emoção intensa sob uma aparência superficial de distanciamento ou austeridade, muitas vezes prestando tributo à música de mestres anteriores, como J. S. Bach e Tchaikovsky.
Nos anos 1950 adoptou os procedimentos do serialismo, utilizando as novas técnicas ao longo dos seus últimos vinte anos. As composições de Stravinski deste período têm pontos em comum com toda a sua produção anterior: energia rítmica, a construção de ideias melódicas desenvolvidas a partir de algumas células de duas ou três notas, e clareza de forma, instrumentação e expressão vocal.
Também publicou vários livros ao longo de sua carreira, quase sempre com a ajuda de um colaborador, por vezes não nomeado. Na sua autobiografia de 1936, Chronicles of My Life, escrita com a ajuda de Walter Nouvel, Stravinski incluiu a sua famosa declaração de que a "música é, pela sua própria natureza, essencialmente impotente para expressar seja o que for." Com Alexis Roland-Manuel e Pierre Souvtchinsky escreveu as suas Charles Eliot Norton Lectures (Harvard University,1939–40 ), que foram feitas em francês e mais tarde coligidas sob o título Poétique musicale em 1942 (traduzidas para o inglês em 1947 como Poetics of Music). Muitas entrevistas que o compositor teve com Robert Craft foram publicadas como Conversations with Igor Stravinsky. Colaboraram ainda em mais cinco volumes adicionais durante a década seguinte.