Nasceu a 26 de maio de 1920 na então Praça do Rio de Janeiro (atual Príncipe Real), freguesia das Mercês,
em Lisboa. Era o filho mais novo de Ruben da Silva Leitão e Gardina
Andresen. Como primos do lado materno contam-se a escritora Sophia de Mello Breyner Andresen e o arquiteto João Andresen; do lado paterno o pintor Ruy Leitão.
A sua vida estudantil foi atribulada, com várias mudanças de
liceu e reprovações. Aos 18 anos, em 1938, vai viajar sozinho a Berlim e
Viena, ficando a conhecer a Alemanha de Hitler durante 2 meses.
Preparou-se para entrar no curso de Ciências Histórico-Filosóficas em Lisboa, tendo recebido explicações de Agostinho da Silva. Depois de ter sido reprovado na cadeira de Anatomia, desiste e muda-se para Coimbra.
Licenciou-se na Universidade de Coimbra em Ciências Histórico-Filosóficas em 1945, onde foi colega do pensador Eduardo Lourenço.
Fez uma tese de licenciatura sobre os textos e correspondência inédita
do rei D. Pedro V, temática que irá explorar ao longo da sua vida.
Torna-se professor de Francês num liceu. Em setembro de 1947, parte para Inglaterra para ser leitor no departamento de português no King's College de Londres, como bolseiro do Instituto para a Alta Cultura.
Foi professor no King's College, em Londres, de 1947 a 1952.
Casou-se com Rosemary Bach, aluna do departamento no King's College, que
será mãe dos seus 4 filhos: Alexandra, Catarina, Cristóvão e Nicolau.
Em setembro de 1950, investe o dinheiro da herança da venda da
quinta do Campo Alegre, no Porto, na construção de uma casa de campo.
Escolhe uma terra no Alto Minho, no lugar de Montedor, em Carreço, com o projeto de autoria do seu primo João Andresen.
A sua obra Páginas II escandaliza Salazar, resultando na demissão de Ruben Leitão no lugar de leitorado que ocupava em Londres e no seu regresso a Lisboa.
Foi funcionário da Embaixada do Brasil em Lisboa de 1954 a 1972. Nesta data, foi nomeado administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
Foi igualmente diretor-geral dos Assuntos Culturais do Ministério da
Educação e Cultura. A 9 de julho de 1973, foi agraciado com o grau de
Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
Nos anos 70, compra um monte perto de Estremoz, o Monte dos Pensamentos.
Divorcia-se de Rosemary e aceita o convite da Universidade de Oxford
para ser docente no Saint Antony's College. Três dias depois de chegar a
Londres, morre de ataque cardíaco. Foi enterrado em campa rasa no
cemitério do Carreço; a sua campa tem um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Em 1976, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa
alterou a designação da Travessa das Chagas, na freguesia das Mercês,
onde tinha nascido Ruben A. e perto da qual, na Rua do Monte Olivete,
tinha residência, para Rua Ruben A. Leitão, ficando assim consagrado na
toponímia da cidade.
A 23 de Setembro de 2020 foi feito Grande-Oficial da
Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico a título póstumo.
O Amor é Inevitável
(O Amor) É inevitável, faz parte da combustão da natureza, é força,
mar, elemento, água, fogo, destruição, é atmosfera, respira-se, quando
se morre abandona-se, o amor deixa, fica isolado, é um elemento,
come-se, bebe-se, sustenta pão, pão diário para rico e pobre, pão que
ilumina o forno do amassador, aparece nas condições mais estranhas,
bicho que nasce, copula dentro de si mesmo, paira, espermatozóide e
óvulo, as duas coisas ao mesmo tempo, amor é assim outro elemento
fundamental da natureza, as pessoas vivem tanto com o amor, ou tão
alheias do amor, que nem notam, raro percebem que o amor existe, raro
percebem que respiram, que a água está, é indispensável, ninguém pode
viver alheio aos elementos, ao amor.
in 'Silêncio para 4' - Ruben A.