sexta-feira, novembro 08, 2024
Eu estive lá, há 16 anos - e éramos bem mais de cem mil...
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quarta-feira, novembro 08, 2023
Estivemos lá, há quinze anos - e éramos bem mais de cem mil...
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terça-feira, novembro 08, 2022
Estive lá, há catorze anos - e éramos mais de cem mil...
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quarta-feira, julho 09, 2014
Os professores, a Escola Pública e os municípios
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quinta-feira, maio 08, 2014
E a Escola (Pública) que pague a Crise...
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terça-feira, maio 06, 2014
Porque será? Será Milagre? Será do Guaraná?
ADENDA: o Paulo Guinote publicou o seguinte post sobre o assunto, que subscrevemos de cruz:
A Injustiça do Negócio das Notas
Poderia desenvolver bastante o tema, mas prefiro não ir por caminhos muito complicados – mas por demais conhecidos, incluindo pelos decisores políticos que estão e estiveram no MEC – acerca da relação entre a produção do lucro na base da produção de sucesso a peso.
quinta-feira, fevereiro 13, 2014
Eu nem gosto de GPS's - só servem para embaralhar viagens...
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terça-feira, setembro 03, 2013
Vergonha!
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domingo, junho 23, 2013
A propósito da greve que os Professores vão (continuar a) fazer na 2ª-feira
Postado por Fernando Martins às 15:30 0 bocas
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sábado, junho 22, 2013
Porque continua a Greve dos Professores...
Tem interesse regressar a duas questões nucleares que estão na base da escalada de insatisfação – há muito latente – dos professores, mesmo se estão longe de esgotar todos os aspectos que explicam o clima de crispação que se vive. Trata-se da questão da mobilidade especial e da relativa às 40 horas de trabalho semanal.
Mas antes gostava de colocar duas questões preliminares mais amplas, mas essenciais para se compreender tudo o que enquadra o conflito em presença. Antes de mais, gostava de sublinhar o meu desacordo em relação a todas as formulações que, a coberto do princípio da igualdade dos cidadãos perante a lei, optam por soluções legislativas concretas de cariz autoritário e quase totalitário, atropelando de forma cega as diferenças e tratando de forma igual aquilo que o não é. Para além disso, existe a afirmação de todas estas medidas resultarem do chumbo das normas do Orçamento de Estado pelo Tribunal Constitucional, o que é falso pois muito do que agora se apresenta já estava contido no discurso de diversos elementos ligados ao Governo, em particular a partir da divulgação no início deste ano do estudo encomendado pelo Governo ao FMI.
Mas passemos às duas questões centrais da nova investida governamental e das razões que levam os professores a resistir-lhes:
A mobilidade especial – a profissão docente é, no quadro da administração pública e mesmo num plano mais amplo, a carreira que apresenta um nível mais elevado de mobilidade geográfica, pois a larga maioria dos docentes, mesmo depois de pertencerem aos quadros, andam com enorme regularidade de escola em escola, de terra em terra. Essa é uma realidade que quase define o exercício da docência e que os concursos plurianuais não eliminaram, pois quase tudo permaneceu na mesma. Mais grave.
Oculta-se que o novo modelo de gigantescas unidades de gestão, em conjunto com a transformação dos quadros de escola em quadros de agrupamento, levou a que cada vez mais professores de carreira deixaram de ter um local de trabalho, passando a uma itinerância diária entre estabelecimentos de ensino do mesmo agrupamento, deslocando-se sem quaisquer ajudas de custo e com intervalos de tempo diminutos para percorrer, pelo seus meios, trajectos sem transportes públicos. Essa é uma realidade presente que quase ninguém destaca com clareza. Neste contexto, a mobilidade especial, tal como agora é apresentada, significa uma ainda maior pulverização da estabilidade do trabalho docente, em particular se cruzarmos essa medida com outras destinadas a reforçar a alegada autonomia da gestão escolar.
As 40 horas semanais de trabalho – já quase todos admitiram, de forma sincera ou hipócrita, que os professores trabalham efectivamente muitos mais de 40 horas por semana, não sendo esse referencial (na linguagem de alguns governantes) o que mais choca. O que está em causa é a falta de confiança acerca do que no futuro possa acontecer com a chamada componente lectiva, ou seja, do que é considerado trabalho efectivo com os alunos ou com as horas que os professores venham a ser obrigados a permanecer no espaço escolar. O MEC alega que no despacho de organização do próximo ano lectivo se mantiveram os 22 tempos lectivos (mais exactamente os 1100 minutos) e que os professores não têm razão para protestar, querendo fazer esquecer que esse total não poderia ser alterado sem revisão do Estatuto da Carreira Docente (o que não ocorreu) e que dessa componente lectiva foram retirados os tempos relativos à direcção de turma, que é o cargo mais importante que os professores podem desempenhar na ligação entre a escola e as famílias. Os governantes na área da Educação - e todos aqueles a quem tem apetecido falar sobre o assunto com escasso ou nulo conhecimento de causa – ocultam ainda que o tempo de permanência na escola pode ser aumentado, bastando considerar como não lectivas diversas tarefas realizadas com os alunos. Algo que tem acontecido com regularidade no passado recente, de forma transversal aos governos.
É impossível não recordar que Nuno Crato iniciou o seu mandato com a declaração de que era necessário os professores fazerem mais com menos. O problema é que os professores já fazem isso há muito, têm continuado a fazê-lo e cada vez se sentem os únicos pressionados para fazer mais com menos condições de trabalho. Um economista de formação deveria conhecer a clássica teoria dos rendimentos decrescentes, segundo a qual a pressão para o aumento da produção, em condições cada vez mais adversas, leva a uma diminuição gradual da produtividade. Esse ponto, no caso dos professores, já foi atingido e ultrapassado.
O autor é professor do ensino básico e autor do blogue A Educação do meu Umbigo.
Postado por Pedro Luna às 00:02 0 bocas
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segunda-feira, junho 17, 2013
Porque fiz greve hoje
A greve e as condições de trabalho dos professores
Postado por Adelaide Martins às 13:55 0 bocas
Marcadores: dignidade, Escola Pública, greve, professores
Hoje é dia de Greve dos Professores...
Caros colegas,o colégio arbitral, legalmente constituído, considerou que a greve ao exame "não afeta de modo grave e irremediável o direito ao ensino na sua vertente de realização dos exames finais nacionais, não se estando por isso perante a violação de uma necessidade social impreterível".O Ministério e o Governo, valendo-se de uma arrogância já nossa familiar e que, agora que viram os seus intentos contrariados, mostrou as garras com todo o vigor, deu ordem às direções para que sejam convocados todos os professores. Assim, ouso fazer-vos este apelo:Mais do que nunca, façamos todos greve no dia 17,- respondamos à altura à arrogância destes políticos, que preferem impor a dialogar, prejudicando professores, alunos, todo o ensino, e insistindo no discurso de que são os professores que prejudicam os alunos;- os alunos já estão a ser prejudicados pela inflexibilidade do governo, sejamos capazes de não falhar no momento decisivo, fazendo com que tudo isto valha a pena;- há poucos anos, por muitíssimo menos, fomos capazes de nos unir numa greve, fechámos a escola, lembram-se?! sejamos capazes de fazer o mesmo próxima segunda, com um impacto muito maior - outras escolas seriam arrastadas por este impedimento numa escola. Temos mais poder do que imaginamos, sejamos capazes de dar o exemplo!- se estivermos todos unidos, será muito mais fácil para todos, sentir-nos-emos apoiados, seguros;- E tenham presente, segunda-feira não são os alunos que vão a exame, somos nós!Todos os olhos estarão virados para nós, não podemos falhar! Não agora!Os alunos, em setembro/outubro, estarão nos seus cursos, sem qualquer sombra de dúvida, seguirão os seus caminhos...E nós???? Se nada fizermos, muitos estarão no desemprego ou a entrar na mobilidade e os que ficam estarão com mais turmas, mais horas de trabalho, para ainda piorar no ano seguinte (lembram-se da intenção de mexer no 79º?), pois nunca mais poderemos invocar força, nunca mais nos levantaremos.Pensem nisso, por favor. Esqueçam tudo o acessório, centrem-se no essencial: este é o momento de dizerem se querem que eles continuem a destruir-nos a nós e ao ensino em Portugal.Fátima Gomes
Postado por Fernando Martins às 00:24 0 bocas
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sexta-feira, abril 20, 2012
Música adequada à época
Marchin on - OneRepublic
For those days we felt like a mistake,
Those times when love's what you hate
Somehow
We keep marchin on
For those nights that I couldn't be there,
I've made it harder to know that you know
That somehow
We'll keep movin on
There's so many wars we fought
There's so many things we're not
But with what we have
I promise you that
We're marchin on
We're marchin on
For all of the plans we've made
There isn't a flag I'd wave
Don't care where we've been
I'd sink us to swim
We're marchin on
We're marchin on
For those doubts that swirl all around us
For those lives that tear at the seams
We know
We're not what we've seen
Oh
For this dance we move with each other
There ain't no other step
Than one foot
Right in front of the other
Oh
There's so many wars we fought
There's so many things we're not
But with what we have
I promise you that
We're marchin on
We're marchin on
For all of the plans we've made
There isn't a flag I'd wave
Don't care where we've been
I'd sink us to swim
We're marchin on
We're marchin on
Right Right Right Right Left
Right Right Right Right Left
Right Right Right Marchin On
We'll have the days we break
And we'll have the scars to prove it
We'll have the bombs that we saved
And we'll have the heart
Not to lose it
For all of the times we stopped
For all of the things I'm not
Oh!
You put one foot in front of the other
We move like we ain't got no other
We go where we go we're marchin on
Marchin on
There's so many wars we fought
There's so many things we're not
But with what we have
I promise you that
We're marchin on
We're marchin on
Right Right Right Right Left
Right Right Right Right Left
Marchin On
Marchin on
Postado por Pedro Luna às 21:45 0 bocas
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segunda-feira, janeiro 17, 2011
A ética republicana e socialista - versão Central de Compras explicada
No auditório da escola Eça de Queiroz, em Lisboa, surgiram várias críticas ao funcionamento da central. Os professores disseram que há produtos que surgem a preços mais elevados do que os praticados pelas empresas a nível local. Outra das queixas foi a obrigatoriedade de aquisição de elevadas quantidades: por exemplo, as escolas têm de comprar pelo menos 250 folhas de cartolina, de cada cor, por encomenda.
Ver tudo aqui
Será que a resposta está aqui?
NOTA: vale a pena ler a notícia citada pelo Reitor:
Postado por Pedro Luna às 00:41 0 bocas
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terça-feira, setembro 21, 2010
Reflexão interessante sobre a Escola Pública e as reais possibilidades de escolha do estabelecimento de ensino
Nestas últimas semanas dei por mim, muitas vezes a pensar nela, como é compreensível. Tenho a certeza de que se me visse deprimido e a patinar nos rumos que ajudou a traçar para a minha vida eu já estaria a sentir comichões intensas nas orelhas ou no nariz ou outros qualquer sintoma para contrariar isso. A minha mãe tinha, além de tudo, um sentido de humor discreto mas uma ironia mordaz (que, sem o seu equilíbrio feminino, eu potenciei, na mordacidade, que não na ironia). E, por isso, lembrá-la passa por lembrar como pensava e como agia.
Estava a ver o Prós & Contras na RTP sobre a revisão constitucional e a lembrar-me de como ela reagiria ao ver o debate sobre a “liberdade de educação” e “livre escolha de escola”. De Miguel Macedo registaria a hipocrisia de falar dos contratos de associação de escola (que existem nos sítios onde não há escolas públicas e o Estado paga tudo) e de Jorge Lacão a ignorância sobre a realidade do sistema. (Como ela diria, e eu repito desde que a ouvi dizer, toda a gente acha que percebe de escola só porque andou numa, mas eu não percebo de blocos cirúrgicos só porque fui operada….).
Para perceberem como o tema me toca, conto-vos a história da minha chegada à escola. Cresci na periferia em alargamento de Viana do Castelo, nos anos 70/80, numa zona em que durante a minha infância se passou dos castanheiros e juntas de bois (ainda as vi a circular na estrada) aos prédios e cafés de bairro. A escola da minha área de residência era a escola primária da Abelheira (hoje encerrada), rural, cheia de árvores e com o wc mais horrendo que já vi, frequentada pelos miúdos que moravam na encosta da Abelheira. Ficava a 10 minutos a pé de casa, a subir, que eu percorri nesses anos a dar pontapés nas castanhas e a desviar-me da bosta. Dos meus colegas de sala muito poucos (talvez 2 ou 3 chegaram) ao 12º ano.
Lembro-me de a minha mãe dizer que não teria sido difícil “escolher outra escola na cidade” e fugir à obrigação da residência. A escola onde trabalhava ficava ao lado da escola do Carmo e na família havia moradas que davam para me inscrever na Escola da Avenida. Mas a minha Mãe acreditava na escola pública e na ideia de um interesse público superior ao interesseirismo individual e isso implica respeitar as regras. E andei nessa escola e fui muito feliz. Não me tornei mais ignorante, por isso, e antes pelo contrário adquiri alguma sabedoria prática no meio das árvores e dos meus colegas.
Se morava ali ía para a escola do sítio. Na sua concepção quem usava o serviço público deveria ater-se às suas regras, quem quer escolher, em alternativa ao que o Estado dá, paga a escolha. Se o Estado dá e paga tem o direito de regular o acesso.
De certa maneira a minha mãe escolheu de acordo com o seu modelo de sociedade.
E eu concordo com a ideia. Na minha rua muito poucos foram para a escola rural dos meninos que não chegaram à faculdade. Dos filhos dos amigos da minha mãe, nossos vizinhos, nenhum andou aí, mas chegaram lá. E eu cheguei à faculdade porque a minha família elegia a educação como objectivo primordial para se gastar o dinheiro que havia: a minha mãe costumava dizer que a única coisa verdadeiramente sua era a formação que tinha. Tudo o resto podia perder-se….
Conselhos aos liberais da livre escolha de escola
E isto para dizer que quem hoje defende a liberdade de escolha de escola devia meditar mais em alguns aspectos:
- o primeiro é o território (Portugal não é igual a Lisboa e Porto e, por isso, alguns raciocínios sobre isto esquecem que o contexto da medida liberalizadora não serão só zonas metropolitanas, onde há muito por onde escolher);
- o segundo é a desigualdade de partida (os meninos que não chegaram à faculdade da minha escola, não chegaram porque o seu destino estava traçado pela desigualdade social que tinham à entrada). Eu tive livros, aprendi a ler em casa, “não guardava outras cabras”, como a minha avó dizia quando eu preguiçava e ela me lembrava que havia meninos, nos seus tempos de professora, que antes das aulas as pastoreavam (anos depois conheci alguns assim em Vila Nova de Cerveira). Comia bem, dormia em cama fofa e quentinha, ninguém me batia e brincava e estudava em conforto.
- o terceiro, os aspectos práticos - Como será se o dinheiro for dado às famílias para a escolha e se esquecerem de pagar a escola (no turbilhão do endividamento)?
- o quarto, as regras de acesso - E aqueles que ficarem nas escolas que sobram depois de todos escolherem e esgotarem as vagas das “boas” escolas? Vão ficar pior.
Costumo lembrar isso quando vejo na TV gente na “fila para a senha para ir para a fila da inscrição” no colégio XPTO no Porto ou em Lisboa ….. Curiosamente nas entrevistas da televisão nunca aparece o pai banqueiro ou o pai advogado de topo….. devem ter tirado a senha antes…..
Mas onde iriam os rankings e os brilhantes resultados se todas as escolas estivessem obrigadas à regra da residência que hoje abrange as públicas. Isto é, imaginem o colégio Luso-Francês no Porto a receber na sua lotação, primeiro, os alunos do bairro camarário vizinho e depois os que o escolhem de fora da área de residência.
A escolha de escola é uma falácia, sem haver regras invioláveis e blindadas para o excesso de lotação que impliquem que ninguém é excluído pela sua origem social (ou até étnica).
Muitos se ofenderão com a comparação, mas onde há clientes indesejados há sempre o mecanismo de dizer que o estabelecimento está cheio (e se ninguém for contar, essa desculpa fica de pé). Só fui barrado 2 vezes em discotecas, mas a desculpa foi sempre estar cheia e nunca “és feinho e baixinho….”.
O cigano ou beneficiário do RSI que queira escolher uma escola das boas há-de sempre chegar quando ela já estiver cheia…. E não me venham com a hipocrisia de que há escolas privadas com “programas para ensinar pobrezinhos”. Talvez a minha expressão seja injusta mas a verdade é que uma andorinha não faz a primavera …..
Como um brilhante e provocatório texto de Henrique Raposo lembrava no Expresso, este problema de acesso já existe no ensino público (com o que ele chamava “os liceus geridos por pessoas de bem”).
E essa questão do acesso e as suas regras é que é o problema.
Alguns sectores da sociedade portuguesa, invocando uma comparação limitada e torcida com o resto da Europa (em que nunca falam deste problema do acesso e de como ele é bem ou mal resolvido), vêm agora falar da escolha de escola.
O discurso é falso. Aquilo de que falam é de o Estado pagar a escola das classes médias altas que escolheram recusar a pública (que estará pior, também porque as classes médias-altas metropolitanas e urbanas de lá saíram, e se criaram em, alguns sítios, escolas gueto ou tendencialmemte guetizadas).
Se isso avançar, havemos de ter ainda mais portugueses, dirigentes políticos e administrativos, que não entendem, nem querem entender a pobreza, porque simplesmente nunca a viram realmente. Ou que são racistas porque foram criados em berço de ouro e turmas de roupa de marca não comprada na feira. Criados entre pessoas da sua “classe” e “estatuto” vão mesmo aceitar que pobreza é fatalidade ou que a culpa é dos pobres e da sua falta de iniciativa.
Os meninos que ainda hoje deixam a escola porque o seu destino está traçado antes de lá chegarem não precisam que o Estado desvie dinheiro para pagar a escolha que alguns deles não terão quem faça. Precisam é de escola pública (e eu também não digo estatal) com mais gestão comunitária, com mais apoios educativos e atenção aos reflexos da origem social e com menos burocracia perturbadora e hiperreguladora do senso educativo de quem lá trabalha. E quem quer escolher outra escola que pague….
Ou, como sou benevolente, de acho graça a cenários absurdos de acontecer, em alternativa, que todas as escolas privadas abrangidas pela generalização de escolha sejam obrigadas sob pena de encerramento a aceitar, pelo preço que o Estado gasta hoje nas públicas, primeiro, todos os alunos que residam num raio de kms curtos a determinar e só depois os outros. Imaginem os moradores do Cerco do Porto nos colégios privados da zona das Antas ou da Circunvalação ou os moradores de Vila d’Este nos colégios de Gaia…. (e, como se vê, sou do Norte). Belos rankings teríamos então e rapidamente teríamos a associação dos colégios a querer mais dinheiro (e lá se ía a milagrosa economia que agora é apresentada).
Porque afinal estamos a falar de escolha de escola pelas famílias ou de escolha das famílias pela escola?
Há problemas de gestão na escola pública (sei-o bem). Mas para acabar com eles é preciso acabar com um elemento da nossa matriz cultural e criar uma nova área de negócio que agravará a perda de capacidade de intervenção pública na educação? E nem falemos dos problemas futuros da confessionalidade paga pelo Estado ou das oportunas transferências dos alunos que vão estragar a escrita no exame….
Num país desigual como é Portugal a livre escolha não vai ser livre mas será até muito condicionada por factores estruturais da sociedade….
A melhor homenagem que farei à minha Mãe, produto da sua escola pública que sou, é que os seus netos estudem nela: numa escola pública tão exigente como a sua foi e mais igualitária do que a minha pode ser.
Postado por Fernando Martins às 14:30 0 bocas
Marcadores: Escola Pública, Escolas, escolha