sexta-feira, novembro 08, 2024
Eu estive lá, há 16 anos - e éramos bem mais de cem mil...
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Marcadores: Escola Pública, José Sócrates, Manifestação, Maria de Lurdes Rodrigues, Ministério da Educação, professores, PS, pulhas
sábado, junho 01, 2024
Porque hoje é o Dia da Criança...
Instrução Primária
Não saibas: imagina...
Deixa falar o mestre, e devaneia...
A velhice é que sabe, e apenas sabe
Que o mar não cabe
Na poça que a inocência abre na areia.
Sonha!
Inventa um alfabeto
De ilusões...
Um á-bê-cê secreto
Que soletres à margem das lições...
Voa pela janela
De encontro a qualquer sol que te sorri!
Asas? Não são precisas:
Vais ao colo das brisas,
Aias da fantasia...
in Diário IX (1964) - Miguel Torga
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Marcadores: brincadeira, Dia Mundial da Criança, jogo, Miguel Torga, poesia, professores
domingo, maio 26, 2024
São Felipe Neri, padroeiro dos educadores e dos comediantes, morreu há 429 anos
Filipe Néri, cognominado O Apóstolo de Roma e O Santo da Alegria (Florença, 21 de julho de 1515 - Roma, 26 de maio de 1595), foi um padre e santo católico.
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quarta-feira, abril 10, 2024
Porque hoje foi dia de recordar um Poeta...
Pelo sonho é que vamos
Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.
in Pelo sonho é que vamos (1953) - Sebastião da Gama
Postado por Pedro Luna às 22:22 0 bocas
Marcadores: Ecologia, poesia, professores, Sebastião da Gama, Serra da Arrábida
quarta-feira, fevereiro 07, 2024
Sebastião da Gama, pelo sonho é que vamos...
Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.
in Pelo sonho é que vamos (1953) - Sebastião da Gama
Postado por Pedro Luna às 07:20 0 bocas
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Sebastião da Gama morreu há setenta e dois anos...
Sebastião Artur Cardoso da Gama (Vila Nogueira de Azeitão, 10 de abril de 1924 - Lisboa, 7 de fevereiro de 1952) foi um poeta e professor português,
Colaborou nas revistas Árvore e Távola Redonda.
A sua obra encontra-se ligada à Serra da Arrábida, onde vivia e que tomou por motivo poético de primeiro plano (desde logo no seu livro de estreia, Serra-Mãe, de 1945), e à sua tragédia pessoal, motivada pela doença que o vitimou precocemente, a tuberculose.
Uma carta sua, enviada em agosto de 1947, para várias personalidades, a pedir a defesa da Serra da Arrábida, constituiu a motivação para a criação da LPN, Liga para a Proteção da Natureza, em 1948, a primeira associação ecologista portuguesa.
Morreu no mar a gaivota mais esbelta,
a que morava mais alto e trespassava
de claridade as nuvens mais escuras com os olhos.
Flutuam quietas, sobre as águas, suas asas.
Água salgada, benta de tantas mortes angustiosas,
aspergiu-a.
E três pás de ar pesado para sempre as viagens lhe vedaram.
Eis que deixou de ser sonho apenas sonhado.
-:É finalmente sonho puro,
sonho que sonha finalmente, asa que dorme voos.
Cantos de pescadores, embalai-a! Versos dos poetas, embalai-a!
Brisas, peixes, marés, rumor das velas, embalai-a!
Há na manhã um gosto vago e doce de elegia,
tão misteriosamente, tão insistentemente,
sua presença morta em tudo se anuncia.
Ela vai, sereninha e muito branca.
E a sua morte simples e suavíssima
é a ordem-do-dia na praia e no mar alto.
in Campo Aberto (1950) - Sebastião da Gama
Postado por Fernando Martins às 00:07 0 bocas
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domingo, janeiro 28, 2024
Hoje foi dia de homenagear uma Professora...
Postado por Fernando Martins às 22:22 0 bocas
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sábado, janeiro 06, 2024
Louis Braille morreu há cento e setenta e dois anos...
O código Braille
Sendo um sistema realmente eficaz, por fim tornou-se popular. Hoje, o método simples e engenhoso elaborado por Braille torna a palavra escrita disponível a milhões de deficientes visuais, graças aos esforços decididos daquele rapaz há quase 200 anos.
O braille é lido da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos. Cada célula braille permite 63 combinações de pontos. Assim, podem-se designar combinações de pontos para todas as letras e para a pontuação da maioria dos alfabetos. Vários idiomas usam uma forma abreviada de braille, na qual certas células são usadas no lugar de combinações de letras ou de palavras frequentemente usadas. Algumas pessoas ganharam tanta prática em ler braille que conseguem ler até 200 palavras por minuto.
a | b | c | d | e | f | g | h | i | j
- As primeiras dez letras só usam os pontos das duas filas de cima.
- Os números de 1 a 9, e o zero, são representados por esses mesmos dez sinais, precedidos pelo sinal de número, especial.
- As dez letras seguintes acrescentam o ponto no canto inferior esquerdo a cada uma das dez primeiras letras.
- As últimas cinco letras acrescentam ambos os pontos inferiores às cinco primeiras letras, a letra "w" é uma exceção, porque foi acrescentada posteriormente ao alfabeto francês.
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Postado por Fernando Martins às 17:20 0 bocas
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quinta-feira, janeiro 04, 2024
Louis Braille nasceu há 215 anos
O código Braille
Sendo um sistema realmente eficaz, por fim tornou-se popular. Hoje, o método simples e engenhoso elaborado por Braille torna a palavra escrita disponível a milhões de deficientes visuais, graças aos esforços decididos daquele rapaz há quase 200 anos.
O braille é lido da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos. Cada célula braille permite 63 combinações de pontos. Assim, podem-se designar combinações de pontos para todas as letras e para a pontuação da maioria dos alfabetos. Vários idiomas usam uma forma abreviada de braille, na qual certas células são usadas no lugar de combinações de letras ou de palavras frequentemente usadas. Algumas pessoas ganharam tanta prática em ler braille que conseguem ler até 200 palavras por minuto.
a | b | c | d | e | f | g | h | i | j
- As primeiras dez letras só usam os pontos das duas filas de cima.
- Os números de 1 a 9, e o zero, são representados por esses mesmos dez sinais, precedidos pelo sinal de número, especial.
- As dez letras seguintes acrescentam o ponto no canto inferior esquerdo a cada uma das dez primeiras letras.
- As últimas cinco letras acrescentam ambos os pontos inferiores às cinco primeiras letras, a letra "w" é uma exceção, porque foi acrescentada posteriormente ao alfabeto francês.
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segunda-feira, dezembro 25, 2023
Irene Lisboa nasceu há 131 anos...
Bagatelas
3
Este mundo é um curro.
E nem um curro será.
É um beco sujo,
um velho quintal.
As vizinhas malcriadas despicam-se, espreitam-se.
Lá estão elas, de mãos na ilharga:
Tira, toma, é mentira, é falso...
Irene Lisboa, in Líricas Portuguesas, 1958
Postado por Fernando Martins às 01:31 0 bocas
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quarta-feira, novembro 08, 2023
Estivemos lá, há quinze anos - e éramos bem mais de cem mil...
Postado por Fernando Martins às 00:15 0 bocas
Marcadores: Escola Pública, José Sócrates, Manifestação, Maria de Lurdes Rodrigues, Ministério da Educação, professores, PS, pulhas
quinta-feira, junho 01, 2023
E vivam as Crianças...
Instrução Primária
Não saibas: imagina...
Deixa falar o mestre, e devaneia...
A velhice é que sabe, e apenas sabe
Que o mar não cabe
Na poça que a inocência abre na areia.
Sonha!
Inventa um alfabeto
De ilusões...
Um á-bê-cê secreto
Que soletres à margem das lições...
Voa pela janela
De encontro a qualquer sol que te sorri!
Asas? Não são precisas:
Vais ao colo das brisas,
Aias da fantasia...
in Diário IX (1964) - Miguel Torga
Postado por Fernando Martins às 00:00 0 bocas
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sexta-feira, maio 26, 2023
São Felipe Neri, padroeiro dos educadores (e dos comediantes...), morreu há 428 anos
Filipe Néri, cognominado O Apóstolo de Roma e O Santo da Alegria (Florença, 21 de julho de 1515 - Roma, 26 de maio de 1595), foi um padre e santo católico.
Postado por Fernando Martins às 04:28 0 bocas
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terça-feira, maio 02, 2023
Música de cantor que hoje recordamos, dedicada a costas, medinas e galambas...
Repórter Estrábico - Biltre!
Biltre, cabotino, mentecapto
Lorpa, palhaço, morcão
Bronco, sabujo, tacanho
Grunho, pilantra, lambão
Pulha, bacoco, execrando
Bruto, cabresto, pimpão
Alarve, ranhoso, pacóvio
Rafeiro, canalha, gingão
Cretino, palerma, simplório
Velhaco, energúmeno, calão
Tinhoso, primitivo, leviano
Grosso, pachola, cagão
Moina, troglodita, calaceiro
Besta, vadio, matulão
Maroto, janota, parasita
Tosco, galdério, maganão
Crápula, facínora, pendura
Marmanjo, sendeiro, parolão
Reles, azeiteiro, salafrário
Falso, rasteiro, parvalhão
Biltre, cabotino, mentecapto;
Fascista! Fascista!
Cala-te menino, cala
Cala-te menino, cala
Cala-te e torna-te a calar
Cala-te e torna-te a calar
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segunda-feira, abril 10, 2023
Poesia para recordar um Poeta...
Pelo sonho é que vamos
Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.
in Pelo sonho é que vamos (1953) - Sebastião da Gama
Postado por Pedro Luna às 15:51 0 bocas
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terça-feira, fevereiro 07, 2023
Pelo sonho é que vamos...
Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.
in Pelo sonho é que vamos (1953) - Sebastião da Gama
Postado por Pedro Luna às 07:10 0 bocas
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Sebastião da Gama deixou-nos há setenta e um anos...
Sebastião Artur Cardoso da Gama (Vila Nogueira de Azeitão, 10 de abril de 1924 - Lisboa, 7 de fevereiro de 1952) foi um poeta e professor português,
Colaborou nas revistas Árvore e Távola Redonda.
A sua obra encontra-se ligada à Serra da Arrábida, onde vivia e que tomou por motivo poético de primeiro plano (desde logo no seu livro de estreia, Serra-Mãe, de 1945), e à sua tragédia pessoal, motivada pela doença que o vitimou precocemente, a tuberculose.
Uma carta sua, enviada em agosto de 1947, para várias personalidades, a pedir a defesa da Serra da Arrábida, constituiu a motivação para a criação da LPN, Liga para a Proteção da Natureza, em 1948, a primeira associação ecologista portuguesa.
Morreu no mar a gaivota mais esbelta,
a que morava mais alto e trespassava
de claridade as nuvens mais escuras com os olhos.
Flutuam quietas, sobre as águas, suas asas.
Água salgada, benta de tantas mortes angustiosas,
aspergiu-a.
E três pás de ar pesado para sempre as viagens lhe vedaram.
Eis que deixou de ser sonho apenas sonhado.
-:É finalmente sonho puro,
sonho que sonha finalmente, asa que dorme voos.
Cantos de pescadores, embalai-a! Versos dos poetas, embalai-a!
Brisas, peixes, marés, rumor das velas, embalai-a!
Há na manhã um gosto vago e doce de elegia,
tão misteriosamente, tão insistentemente,
sua presença morta em tudo se anuncia.
Ela vai, sereninha e muito branca.
E a sua morte simples e suavíssima
é a ordem-do-dia na praia e no mar alto.
in Campo Aberto (1950) - Sebastião da Gama
Postado por Fernando Martins às 00:07 0 bocas
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sexta-feira, janeiro 06, 2023
Louis Braille morreu há cento e setenta e um anos...
O código Braille
Sendo um sistema realmente eficaz, por fim tornou-se popular. Hoje, o método simples e engenhoso elaborado por Braille torna a palavra escrita disponível a milhões de deficientes visuais, graças aos esforços decididos daquele rapaz há quase 200 anos.
O braille é lido da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos. Cada célula braille permite 63 combinações de pontos. Assim, podem-se designar combinações de pontos para todas as letras e para a pontuação da maioria dos alfabetos. Vários idiomas usam uma forma abreviada de braille, na qual certas células são usadas no lugar de combinações de letras ou de palavras frequentemente usadas. Algumas pessoas ganharam tanta prática em ler braille que conseguem ler até 200 palavras por minuto.
a | b | c | d | e | f | g | h | i | j
- As primeiras dez letras só usam os pontos das duas filas de cima.
- Os números de 1 a 9, e o zero, são representados por esses mesmos dez sinais, precedidos pelo sinal de número, especial.
- As dez letras seguintes acrescentam o ponto no canto inferior esquerdo a cada uma das dez primeiras letras.
- As últimas cinco letras acrescentam ambos os pontos inferiores às cinco primeiras letras, a letra "w" é uma exceção, porque foi acrescentada posteriormente ao alfabeto francês.
Postado por Fernando Martins às 17:10 2 bocas
Marcadores: braille, cegos, França, Louis Braille, professores
quarta-feira, janeiro 04, 2023
Louis Braille nasceu há 214 anos
Postado por Fernando Martins às 02:14 0 bocas
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domingo, dezembro 25, 2022
Irene Lisboa nasceu há cento e trinta anos
Mental: nada, ou quase nada sentimental.
I
Quem não sai de sua casa,
não atravessa montes nem vales,
não vê eiras
nem mulheres de infusa,
nem homens de mangual em riste, suados,
quem vive como a aranha no seu redondel
cria mil olhos para nada.
Mil olhos!
Implacáveis.
E hoje diz: odeio.
Ontem diria: amo.
Mas odeia, odeia com indómitos ódios.
E se se aplaca, como acha o tempo pobre!
E a liberdade inútil,
inútil e vã,
riqueza de miseráveis.
II
Como sempres, há-de-chegar, desde os tempos!
Vozes, cumprimentos, ofegantes entradas.
Mas que vos reunirá, pensamentos?
Chegais a existir, pensamentos?
É provável, mas desconfiados e inválidos,
Rosnando estúpidos, com cães.
Ó inúteis, aquietai-vos!
Voltai como os cães das quintas
ao ponto da partida, decepcionados.
E enrolai-vos tristonhos, rabugentos, desinteressados.
III
Esse gesto...
Esse desânimo e essa vaidade...
A vaidade ferida comove-me,
comove-me o ser ferido!
A vaidade não é generosa, é egoísta,
Mas chega a ser bela, e curiosa!
E então assim acabrunhada...
Com franqueza, enternece-me.
Subtil
A minha mão que, julgo, ridiicularizas,
de que desconheces a suavidade,
cerra-te pacificamente os olhos
e aquieta benignamente o ar.
Paira sobre a tua cabeça, móbil, branda,
na prática de um velho rito,
feminil, piedoso, desconhecido e inconfesso.
IV
Ó luxúria brutal, perversa e felina,
dos outros, alheia,
sem pensamentos nem repouso!
retira-me da frente o venenoso cálice,
a tua peçonha adocicada.
Que a morte, o nirvana, a indiferença
dos longuíssimos anos sem sobressaltos, me retome.
Abro os braços e meço: cá, lá... cá, lá...
solidão, infinita solidão!
E neste movimento, neste balouço, adormeço,
Cá, lá... morte, vida... morte, vida...
Todas as ausências, todas as negações.
V
Os poetas cumprimentam-se, delicados.
Cada um como seu metro, o seu espírito, a sua forma;
as suas credenciais...
Mas são simpáticos os poetas!
Sensíveis, femininos, curiosos.
Envolve-os um mistério.
Não! Esta é a linguagem de toda gente: o mistério...
Que mistério?
Os poetas são apenas reservados, são apenas...
perturbados e capciosos.
VI
Cai um pássaro do ar, devagar, muito devagar.
E as árvores soturnas não se mexem.
Estio!
Não se vêem bulir as árvores, em bloco, ou aos arcos,, estampadas...
Elegante Lapa! Sol fosco, paisagem de manhã.
A gente do sítio, pobreza e riqueza, ainda recolhida.
Aqui, uma janela discreta que se abre, preta, cega.
Ali outra fechada.
E esta alternância, bastante irregular, vai-se repetindo, repete-se...
E eu, ai eu! Prisioneira, sempre prisioneira; tão enfadada!
in Revista de Portugal, n. 3, 1938
Postado por Fernando Martins às 01:30 0 bocas
Marcadores: Irene Lisboa, pedagogia, poesia, professores