terça-feira, outubro 05, 2010

Uma notícia no Dia do Professor e das Inaugurações

Cada lixeira recebe um tipo de material/Divulgação
(imagem daqui)


Requalificação
Escolas têm de ir às 'sobras' buscar mobiliário

Desperdício de algumas escolas fornece material para outras. Parque Escolar acusada de deitar fora equipamento novo.


Enquanto o Governo inaugura hoje cem escolas por todo o País, e centenas estão receber obras de requalificação, outras têm de recorrer a mobiliário mandado fora para equipar as suas instalações. Em muitos casos, acusam pais, autarcas e sindicatos, os responsáveis pelas obras estão a desperdiçar milhares de euros gas- tos no últimos ano em equipamentos e móveis que estão a ser deitados para o lixo sem qualquer aproveitamento.

Em Viseu, a Escola Secundária Alves Martins, uma das que vai ser inaugurada, está a sofrer uma profunda remodelação, que inclui novas salas de aulas e equipamentos. A obra segue-se a uma outra, feita em 2003, através da qual a escola foi dotada de novos equipamentos e de um auditório. Portas, tectos, mobiliário, iluminação e informática foi tudo devorado pelas novas obras. Material "que envolveu um gasto superior aos cem mil euros, foi arrancado e enviado para o lixo", contou fonte da direcção da escola. Um desperdício que "chocou a direcção da escola, que procurou encaminhar algum deste material, quase novo e em bom estado, para outras escolas".

A menos de 500 metros, o desperdício da requalificação foi aproveitado pela Escola Infante D. Henrique, também em Viseu, que passou a dispor de um auditório que "de outro modo seria desperdiçado", precisou a fonte. Mas este é um dos poucos casos de aproveitamento existentes. Na mesma escola, "iluminação, equipamentos e mobiliários: foi tudo para o lixo", denuncia o delegado em Viseu do Sindicato dos Professores da Região Centro. Francisco Almeida adianta que "não há cuidado em aproveitar o que pode servir a outras escolas envoltas em tanta carência. Parece que somos um País rico, em que o desperdício é normal".

Mas não é só nas escolas de Viseu que há desperdícios. Depois de dois pedidos à Direcção Regional de Educação de Lisboa para substituir o material escolar, parte dele com vinte anos, os responsáveis da Escola EB 2/3 Prof. João Fernandes Pratas, em Samora Correia, acabaram por recorrer às sobras da renovada escola de Salvaterra de Magos para renovar o parque escolar (ver texto).

"Há vários exemplos em que escolas vizinhas aproveitam cadeiras, frigoríficos e até máquinas de cozinha que estavam destinados ao lixo", denuncia António José Ganhão, vice-presidente da Associação de Municípios, responsável pela educação.

in DN - ler notícia

Hoje é o Dia Mundial do Professor


(imagem daqui)

Hoje, 5 de Outubro, as Nações Unidas celebram o Dia Mundial do Professor, cujo tema de 2010 é "A Recuperação Começa com Professores".

Segundo a Rádio ONU, o objectivo da acção é homenagear docentes que actuam em áreas de desastres naturais, conflitos e outras crises. De acordo com a agência, os professores têm um papel vital na reconstrução social, económica e intelectual.

Para a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, os professores são "construtores da paz", pois podem preparar o caminho para uma sociedade harmónica ao promoverem o respeito, a tolerância e a solidariedade.

Um dado importante e preocupante deve ser observado pela comunidade internacional. Em muitos países pobres e em desenvolvimento, faltam professores nas escolas. Segundo dados da UNESCO, pelo menos mais 9 milhões de professores terão de ser contratados até 2015, em alguns países do mundo, para que se alcance a Meta do Milénio que estabelece a promoção de educação para todos.

Fernando Pessoa nas comemorações


(imagem daqui)

Comemorações do centenário da República
Pessoa: Uma escolha poética pouco republicana

No espectáculo “Os bigodes da res publica”, que abriu as cerimónias oficiais do 5 de Outubro, na Praça do Município, em Lisboa, foram declamados poemas de Fernando Pessoa, autor que depreciava o regime.

Poemas de “O eu profundo e os outros eus”, de Fernando Pessoa, foram declamados por uma actriz da companhia O Bando, responsável pelo espectáculo “Os bigodes da res publica”, realizado na praça e protagonizado por cerca de 400 figurantes.

Refira-se que foi Pessoa quem escreveu, em “Da República” (Ática), o seguinte sobre o regime implantado a 5 de Outubro de 1910: 

"(...) E o regimen está, na verdade, expresso naquele ignóbil trapo que, imposto por uma reduzidíssima minoria de esfarrapados mentais, nos serve de bandeira nacional - trapo contrário à heráldica e à estética, porque duas cores se justapõem sem intervenção de um metal e porque é a mais feia coisa que se pode inventar em cor. Está ali contudo a alma do republicanismo português - o encarnado do sangue que derramaram e fizeram derramar, o verde da erva de que, por direito natural, devem alimentar-se."

Parabéns aos Homens da Luta

Poema para triste dia

Meu País Desgraçado


Meu país desgraçado!...
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas ...


Meu país desgraçado!...
Por que fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?


Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.


E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.


Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!


Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!


Sebastião da Gama

NOTA: via blog Geocrusoe...

Não se poderá descomemorar a I República e celebrar a democracia?



A I República não acabou a 28 de Maio de 1926 – terminou a 19 de Outubro de 1921, na “Noite Sangrenta”. Morreu moralmente quando mataram o seu herói fundador, Machado Santos. O marinheiro que, na Rotunda, salvou a revolução republicana ao não desertar – como a generalidade dos oficiais que o acompanhavam – nem se suicidar – como o almirante Cândido dos Reis, o líder formal da revolta – acabaria por morrer às mãos de uma trupe descontrolada que, após mais um golpe de Estado, tomou por uma noite conta de Lisboa. Foi uma noite em que a “fera a fera que todos nós, e eu, açulámos” andou “à solta, matando porque era preciso matar”, como na época disse Cunha Leal, e “os actos revolucionários que visam a conquista do poder tiveram a condenação suprema”, como acrescentou Jaime Cortesão.

Depois do 19 de Outubro ainda houve I República – tal como houvera Monarquia depois do assassinato do Rei D. Carlos. Mas era um regime ferido e irreformável, sucedendo-se os governos e os escândalos sem renovação ou remissão possível. Depois dessa noite de Outubro de 1921 não houve mais ilusões: a República nunca seria como Machado Santos a tinha sonhado – uma “república para todos os portugueses” –, antes continuaria a ser “a república para os republicanos” tal como João Chagas a definira. Sendo que por republicanos se deviam entender os membros do partido radical de Afonso Costa, o Partido Republicano Português (PRP).

Não deixa por isso de ser estranha a forma como, 100 anos depois, se está a comemorar a I República. Primeiro, porque isso está a ser feito de uma forma que reduz a realidade complexa de então a uma falsa dicotomia entre uma Monarquia corrupta e uma República redentora. Depois porque, de forma chocantemente manipulatória, se pretende fazer radicar tudo o que hoje associamos à democracia em que vivemos no espúrio regime de então. Só encontro uma explicação para isso, e não é entusiasmante: a existência de angustiantes paralelos entre o regime que saiu do 5 de Outubro e certas práticas políticas dos dias que correm. Mas já lá irei. Antes vale a pena revisitar algumas mentiras da linha dominante nas actuais comemorações.
Tem-se querido apresentar a implantação da República como um momento redentor para a política e para a democracia. Não foi assim. É falso, por exemplo, que a República tenha oferecido aos portugueses o direito ao sufrágio directo e universal, como ainda esta semana se repetiu numa série que a RTP2 está a passar, Nós Republicanos. Qualquer estudioso da I República sabe que a lei eleitoral de 1911 conservou o sufrágio restrito do “rotativismo” da monarquia liberal. Pior: como partido de Afonso Costa sabia que não tinha apoio no país, e era preciso “proteger e consolidar as instituições”, como se escrevia no seu jornal, O Mundo, tratou de garantir que nada impediria a vitória do PRP. Foi assim que 91 dos 229 deputados eleitos para a Assembleia Constituinte (e que depois se auto-nomeariam para o Parlamento e para o Senado…) foram pura e simplesmente designados, não tende sequer sido votados. Mesmo assim, não fosse o diabo tecê-las, a nova lei eleitoral de 1913 ainda era mais restritiva, ao ponto de António Sérgio ter escrito que estávamos perante um “facto único na História”: “uma República que restringe o voto em relação à Monarquia que deitou abaixo em nome de princípios democráticos!” O número de recenseados desceu para menos de metade e a lei ia ao ponto de negar mesmo expressamente o voto às mulheres – provocando interessantes e reveladores debates parlamentares. Este último dado também contraria o mito de que a I República teria respeitado as reivindicações feministas.

Outra mentira habitual é a de que o regime saído do 5 de Outubro teria feito da Educação uma das suas prioridades – é o mito da “educação republicana”, essa lenda que alimenta a farsa da “inauguração”, pelo centenário, de 100 novas escolas. Ora a primeira preocupação da República não foi a Educação, antes a perseguição dos católicos, em especial dos jesuítas. Menos de cem horas depois de José Relvas ter subido à varanda dos Paços do Concelho de Lisboa, foi proclamada uma lei a renovar a proscrição dos jesuítas, repondo em vigor a legislação do Marquês de Pombal. Todos os membros de associações religiosas foram proibidos de “exercer o ensino ou intervir na educação”, o que teve como consequência imediata o encerramento de muitas escolas. No tempo de Pombal a expulsão dos jesuítas fizera desaparecer a rede de ensino secundário, a qual levaria décadas ser reconstruída; com a República repetia-se o mesmo erro. O fracasso, registado pelas estatísticas oficiais, traduziu-se na teimosa persistência de níveis elevadíssimos de analfabetismo e em taxas muito baixas de frequência da escola primária: entre 1910 e 1926 o número de crianças nesse grau de ensino passou de 271 mil para apenas 367 mil, correspondentes a tão-somente 29,7 por cento do universo de crianças em idade de frequentar esse grau de ensino.

Também se proclama que a República trouxe a liberdade de imprensa, quando a verdade é que a imprensa era mais livre no tempo da monarquia constitucional do que durante os conturbados anos em que, na prática, vigorou em Portugal uma ditadura do partido de Afonso Costa. A diferença não estava nas leis, formalmente mais liberais as da República, mas nas práticas, mais autoritárias. De facto, não tinham sequer passado três meses sobre o 5 de Outubro e já as instalações de jornais como o Correio da Manhã, O Liberal e o Diário Ilustrado estavam a ser assaltados pela nova Guarda Republicana ou pela milícia do PRP conhecida por “formiga branca”. Na mesma altura foi também proibido o jornal de Francisco Homem Christo, sinal de que na República não havia censura prévia, mas havia castigo imediato. Como? Assaltando redacções e tipografias, aí espalhando e misturando os caracteres tipográficos, em acções descritas como de “empastelamento” que tinham como consequência impedir a regular publicação dos títulos desafectos ao novo regime. Os próprios ardinas dos jornais chegaram a ser perseguidos ou até presos sem culpa formada.

Os exemplos poderiam multiplicar-se, mas a conclusão não mudaria: é difícil, senão impossível, ter alguma coisa para comemorar numa República que só uma certa oposição ao Estado Novo venerou, e que os seus descendentes erradamente mitificam.

Há, contudo, uma perturbante semelhança entre esses tempos e os de hoje, e não nos referimos ao eterno dilema do equilíbrio das contas públicas. É que a República de Afonso Costa, como hoje o socratismo, vivia na permanente contradição entre a mentira da retórica e a verdade nua e crua dos factos. O PRP prometia liberdade mas organizava a repressão utilizando os militares que lhe eram afectos e as suas milícias; Sócrates promete a defesa do Estado social ao mesmo tempo que o tem tornado, por via dos défices acumulados, cada vez mais inviável. O PRP dizia-se a favor da liberdade de imprensa mas organizava o assalto às redacções; Sócrates conta antes com amigos para montar operações de compra da TVI e tem uma ERC para exercer uma tutela atrofiante. O PRP prometeu resgatar o país por via de uma “educação republicana” mas deixou-o quase tão analfabeto como o encontrou; Sócrates tem assegurado enormes “vitórias” estatísticas na Educação à conta de sucessivas opções pelo facilitismo.

E se Afonso Costa defendia que “a República é para os republicanos”, Sócrates tem praticado a máxima de que o Estado e as suas mordomias são para os socialistas.

Hoje é inimaginável que uma qualquer “camioneta fantasma” percorra de noite as ruas de Lisboa a capturar, um a um, adversários políticos, mas tal não impede que hoje, como a seguir à morte de D. Carlos, como nos anos finais da República, como no ocaso do marcelismo, se respire um ambiente de fim de regime, de grave divórcio entre os cidadãos e os poderosos, de bloqueios aparentemente inamovíveis. Hoje os políticos já não se desafiam para duelos nas vielas do Lumiar, como há um século, mas isso não os impede de trocarem mimos ou mesmo insultos. Chegámos mesmo a um ponto em que os problemas de carácter do primeiro-ministro se transformaram num problema do regime, fazendo-o apodrecer por inacção e complacência.

Cretinice comemoradeira



Por que é que não se há-de comemorar o "28 de Maio" que, à semelhança do "5 de Outubro", implantou uma ditadura? Ou outra porcaria qualquer? Ou o contrário? Ou os croquetes do D. Duarte? Em Loures apareceu o candidato presidencial do BE e do PS a dizer umas parvoíces ao mesmo tempo que uns totós, de uma janela, fingiam implantar a república e o "povo", cá em baixo, nesciamente aplaudia. Daqui a pouco a coisa repete-se, em Lisboa, com o Estado democrático em peso vergado ao sinistro fantasma de Afonso Costa. E tudo isto para nada. Porque não há rigorosamente nada para comemorar.

in portugal dos pequeninos - post de João Gonçalves

Poesia ideal para a data


A Canalha

Como esta gente odeia, como espuma
por entre os dentes podres a sua baba
de tudo sujo nem sequer prazer!
Como se querem reles e mesquinhos,
piolhosos, fétidos e promíscuos
na sarna vergonhosa e pustulenta!
Como se rabialçam de importantes,
fingindo-se de vítimas, vestais,
piedosas prostitutas delicadas!
Como se querem torpes e venais
palhaços pagos da miséria rasca
de seus cafés, popós e brilhantinas!
Há que esmagar a DDT, penicilina
e pau pelos costados tal canalha
de coxos, vesgos, e ladrões e pulhas,
tratá-los como lixo de oito séculos
de um povo que merece melhor gente
para salvá-lo de si mesmo e de outrem.

Jorge de Sena
NOTA: ideia roubada ao Blog Portugal dos Pequeninos...

Uma boa pergunta para um dia de inauguração de escolas




O que digo neste texto não vai além daquilo que Carlos Fiolhais disse em texto anterior, pois pretendo tão só fazer eco das suas palavras, sobretudo daquelas que dedicou à nossa educação.

Quando já não havia possibilidade de esconder os danos na economia, os políticos reconhecerem o que alguns (apelidados de catastrofistas, pessimistas e derrotistas) vinham afirmando há anos: o caminho para o abismo.

É o momento de perguntar se demorará muito para que o mesmo aconteça na educação.

Porque, não tenhamos ilusões: irá acontecer. Só falta saber-se o momento. A realidade impõe-se por si mesma. Não é possível continuar a esconder o estado desastroso do nosso ensino e, correlativamente, da aprendizagem.

Isto digo eu... E digo-o porque, longe de ser um só nível de escolaridade que se encontra num estado crítico, são todos os níveis que se apresentam num estado crítico: desde a educação de infância até ao ensino superior. Não podemos continuar, por muito mais tempo, a ignorar esta evidência, a fazer de conta que não é assim. Porque, infelizmente, é mesmo assim!

Haverá uma outra escola, um ou outro curso que ainda tentará resistir à panóplia de ameaças à sua qualidade (não, não falo da “qualidade” assente em critérios burocráticos, mas numa outra que se define pela aquisição de saber e de desenvolvimento cognitivo e axiológico), mas, continuando este estranho processo em curso, também eles acabarão por desistir.

Salvar-se-ão, no final, meia-dúzia de escolas (na maioria privadas) onde aqueles que nos levam à ruína económica e educativa põem, apartados da turba ignorante, os seus filhos e netos, com bilhete pré-comprado para universidades estrangeiras.

Acrescento o seguinte: se foi relativamente fácil explicar aos portugueses o caos económico em que estamos, porque isso se materializa, muito concretamente, em dinheiro na carteira ou no banco, como lhes poderemos explicar que a educação soft que receberam de pouco ou nada lhes vai valer? Que os certificados que lhe atribuíram são um logro? Que o caminho da educação que trilhamos só nos pode conduzir à pior miséria que se pode imaginar - a ignorância?

Na verdade, como um leitor do De Rerum Natura bem referiu num comentário: há uma “impossibilidade lógica de explicar a mediocridade a um medíocre”. Teremos chegado a esse ponto? Ou ainda haverá esperança caso tenhamos o discernimento de reconhecer, agora, que é preciso mudar o rumo?

in De Rerum Natura - post de Helena Damião

Música para um dia triste

Hoje é um dia importante para Portugal


Passam hoje 867 anos sobre a assinatura do Tratado de Zamora, que deu a independência ao Reino de Portugal - veja-se o texto da Wikipédia sobre o tratado:

O Tratado de Zamora foi um diploma resultante da conferência de paz entre D. Afonso Henriques e seu primo, Afonso VII de Leão e Castela. Celebrado a 5 de Outubro de 1143, esta é considerada como a data da independência de Portugal e o início da dinastia afonsina.
Vitorioso na batalha de Ourique, em 1139, D. Afonso Henriques beneficiou da acção desenvolvida, em favor da constituição do novo Reino de Portugal, pelo arcebispo de Braga, Dom João Peculiar. Este procurara conciliar os dois primeiros e fez com que eles se encontrassem em Zamora nos dias 4 e 5 de Outubro de 1143 na presença do cardeal Guido de Vico.
Pelos termos do tratado, Afonso VII concordou em que o Condado Portucalense passasse a ser Reino, tendo D. Afonso Henriques como seu "rex" (rei). Embora reconhecesse a independência, D. Afonso Henriques continuava a ser vassalo, pois D. Afonso VII para além de ser rei de Leão e Castela era Imperador de toda a Hispânia. Contudo nunca D. Afonso Henriques prestou vassalagem ao Imperador, sendo caso único de entre todos os reis existentes na península Ibérica.
A soberania portuguesa, reconhecida por Afonso VII em Zamora, só veio a ser confirmada pelo Papa Alexandre III em 1179, mas o título de "rex", que D. Afonso Henriques usava desde 1140, foi confirmado em Zamora, comprometendo-se então o monarca português, ante o cardeal, a considerar-se vassalo da Santa Sé, obrigando-se, por si e pelos seus descendentes, ao pagamento de um censo anual.
Em Zamora, revogou-se o anterior Tratado de Tui datado de 1137.
A partir de 1143 D. Afonso Henriques vai enviar ao Papa remissórias declarando-se seu vassalo lígio e comprometendo-se a enviar anualmente uma determinada quantia de ouro. As negociações vão durar vários anos, de 1143 a 1179. Em 1179 o Papa Alexandre III envia a D. Afonso Henriques a "Bula Manifestis probatum"; neste documento o Papa aceita que D. Afonso Henriques lhe preste vassalagem directa, reconhece-se definitivamente a independência do Reino de Portugal sem vassalagem em relação a D. Afonso VII de Leão e Castela (pois nenhum vassalo podia ter dois senhores directos) e D. Afonso Henriques como primeiro rei de Portugal, ou seja, Afonso I de Portugal.

Passam ainda 30 anos sobre as eleições legislativas de 1980, que mostraram que, com coligações  coerentes, o sistema político português podia funcionar - isto para além de, há um século, um golpe de estado antidemocrático, derrubou uma democracia e gerou um república caótica, assassina e mentirosa, que se manteve apenas 16 anos...

Vídeos para celebrar a imposição da república - V

A imposição da república foi há 100 anos


Dia triste para o país e para a democracia - contra a vontade da maioria do povo foi-nos imposta, há 100 anos, a república...


FÁBULA

No tempo em que os animais falavam.
Liberdade!
Igualdade!
Fraternidade!

Joaquim Namorado

segunda-feira, outubro 04, 2010

Por favor vejam este vídeo

Análise de grande lucidez sobre a situação do país feita por Frei Fernando Ventura. Por favor vejam. Vale a pena.


Parece que nada mudou.

Ausência de liderança, de memória, de consciência e de responsabilização.

"Acordem, meus amigos. Vivemos numa BARRACA com um submarino à porta."

O que se festeja amanhã?

Sidónio Pais, ditador na I República (assassinado em 1918)

No meio da maior crise financeira de que há memória, o país político prepara-se para comemorar cem anos de república - com maior espavento do que se comemorasse a própria fundação de Portugal.
Lamentavelmente, não é preciso ser monárquico para chegar a esta conclusão: há poucos motivos para festejar. Dos cem anos do regime que se comemora, apenas 34 - um terço - decorreram em democracia plena. Os 15 anos e meio da I República merecem figurar nos manuais como um período histórico que nenhum português gostaria de reviver: sufrágio restrito, jornais encerrados, sindicalistas presos, perseguições religiosas, atentados bombistas, conspirações permanentes, homicídios políticos (um presidente e um primeiro-ministro assassinados), finanças caóticas. Generalizada degradação da autoridade do Estado. Uma absurda e suicida intervenção na I Guerra Mundial que levou o luto a milhares de famílias portuguesas. Intelectuais de todos os matizes - de Fernando Pessoa ao grupo da Seara Nova - clamando por uma "regeneração nacional" que chegou à bruta, a 28 de Maio de 1926: a incompetência dos políticos dessa época adubou o terreno para 48 anos de ditadura.
Na própria I República houve dois períodos ditatoriais, convenientemente omitidos da historiografia oficial: o "golpe das espadas", de Pimenta de Castro (1915), e o bonapartismo reencarnado por Sidónio Pais, fugaz ídolo das massas até ser morto na estação do Rossio (1917-18).
Woodrow Wilson foi presidente dos EUA durante oito anos (1913-21). Neste período, Portugal teve seis presidentes (Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, Bernardino Machado, Sidónio, o monárquico Canto e Castro, António José de Almeida), dois golpes de estado e 27 governos, além de várias "incursões" monárquicas, aliás desautorizadas pelo bom senso do último rei, D. Manuel II, exilado no Reino Unido.

Machado Santos, herói do 5 de Outubro (assassinado em 1921)

É isto que amanhã se comemora, novamente com as finanças exangues. Em vez de festejar, os políticos actuais deviam analisar seriamente a profusão de erros e omissões da I República, um regime que não tardou a devorar os seus heróis, começando por Machado Santos, o "bravo da Rotunda", assassinado na sangrenta madrugada de 19 de Outubro de 1921. Deviam também interrogar-se sobre o terreno que eles próprios adubam nos dias de hoje. Não há regimes eternos, como o estudo da História bem demonstra. Em política, toda a incompetência tem um preço: o pior é que a factura costuma ser paga pelos povos.


in Delito de Opinião - post de Pedro Correia

Recordar Janis Joplin

Mais uma que queria o Mercedes novo do nosso PM

Janis Joplin morreu há 40 anos


Janis Lyn Joplin (Port Arthur, 19 de Janeiro de 1943Los Angeles, 4 de Outubro de 1970) foi uma cantora e compositora norte americana. Tornou-se conhecida no final dos anos 60 como vocalista da banda Big Brother and the Holding Company, e posteriormente como artista a solo.

(...)
Janis Joplin morreu de overdose de heroína em 4 de outubro de 1970, em Los Angeles, Califórnia, com apenas 27 anos. Foi cremada no cemitério-parque memorial de Westwood Village, em Westwood, Califórnia, e, numa cerimónia, as suas cinzas foram espalhadas pelo Oceano Pacífico.

O álbum Pearl foi lançado 6 meses após sua morte. O filme The Rose, com Bette Midler no papel de Janis Joplin, baseou-se em sua vida.

Ela hoje é lembrada por sua voz forte e marcante, bastante distante das influências folk mais comuns em sua época, e também pelos temas de dor e perda que escolhia para suas músicas.

Os festejos




Uns quantos do costume mais alguns outros bem intencionados andam entretidos a engalanar o país para os grandiosos festejos do centenário da república. Não consigo perceber a alegria nem os festejos. Ao longo destes cem anos republicanos, bem mais de metade do tempo foi passado em regimes não democráticos. A 1ª república terminou com as finanças em fanicos, dando origem ao Estado Novo, que orientou a 2ª república. Nem uma nem outra foram exemplos de democracia ou de liberdade.

A 2ª república veio a dar origem ao comunismo do PREC. Falar-se em democracia ou em liberdade nessa altura é pura anedota, e só para os que não foram perseguidos à época.

E este simulacro de democracia e liberdade dos últimos trinta e poucos anos pôs novamente as finanças em fanicos, com o descalabro das contas públicas e a ameaça de intervenção exterior para organizar a desorganizada república. Festejar o quê, neste momento? Confesso não conseguir compreender, embora considere que as pessoas são livres de festejar e de se divertirem como entenderem.

Quando era garoto, na quinta dos meus Avós havia um trabalhador engraçado, já entradote, que diariamente se embriagava e diariamente gritava a plenos pulmões “viva o pesterico!” Nunca soube o que seria o pesterico, mas que também ele se divertia muito, divertia.
in Delito de Opinião - post (a convite) de Vasco Lobo Xavier

Dia Mundial dos Animais

(imagem daqui)

Hoje, além de ser o Dia da Arquitectura, comemora-se o Dia Mundial dos Animais, pelo facto de ser também o dia de São Francisco de Assis.

"Deus quer que ajudemos aos animais, se necessitam de ajuda. Toda criatura em desgraça tem o mesmo direito a ser protegida."

São Francisco de Assis

Subscrevo e assino por baixo

Monarquia vs República

(imagem daqui)

Obrigado a todos

Não param de chegar e-mails às minhas caixas de mensagens a convidar-me para comparecer numa miríade de iniciativas destinadas a comemorar a implantação da república. Como não consigo responder a todos, faço-o agora por esta via: Muito obrigado pelas hilariantes iniciativas de falsificação histórica que realizam também com o meu dinheiro. É extremamente compensador perceber que está a ser muito bem gasto.  Estou certo que as gerações futuras não deixarão de olhar com ternura para semelhante fraude organizada por um regime que, servindo mal e porcamente os seus cidadãos, procura justificar a triste existência através da sua associação a um outro que nunca serviu.

in 31 da Armada - post de João Vacas

Sismo no Açores - mapa com epicentro


Fonte: IM

A ética republicana e socialista - versão do príncipe da república



Reacções a anúncio de medidas de austeridade
Almeida Santos diz que sacrifícios pedidos “não são incomportáveis


O presidente do PS considerou hoje que o esforço pedido hoje pelo Executivo com novas medidas de austeridade “não são sacrifícios incomportáveis” e que “o povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre”.


Questionado pelos jornalistas à entrada da sede do PS, onde vão decorrer esta noite reuniões do Secretariado Nacional e da Comissão Política, convocadas por José Sócrates, Almeida Santos recusou comentar o tempo que o Governo demorou a tomar tais decisões, dizendo que o Executivo “tentou tomar em conta a possibilidade de não serem necessárias”.

O histórico socialista lembrou que “esta crise só tem paralelo nos anos 20 do século passado” e reconheceu que “são medidas impopularíssimas”, mas que deverão chegar para “afastar o FMI”. “Não é qualquer Governo que toma medidas como estas e está disponível para sofrer as consequências”, vincou, afirmando porém que “o povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre”.

“Eu não gosto do FMI, devo dizê-lo. Mas o FMI já nos salvou duas vezes no passado, não é assim um problema de uma gravidade excepcional [o FMI intervir]”, realçou o presidente do PS, acrescentando: “Se precisarmos que o FMI nos salve, talvez essa seja de facto a nossa salvação. Mas não sejamos tão pessimistas!”

Para Almeida Santos “é evidente que a bola agora está no lado da oposição”, e avisou que “não se pede ao PSD que seja co-responsável. Pede-se que por razões patrióticas aprove o orçamento”. Afirmando que “a despesa não tem grande margem de manobra”, deixou um repto: “Dizem que se corte na despesa, mas não dizem onde. Se isto não chega, digam onde.”

in Público - ler notícia

Sismo em S. Miguel

 Recebido do Instituto de Meteorologia, via e-mail:

O Instituto de Meteorologia informa que no dia 03-10-2010 pelas 21:34 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Arquipélago dos Açores, um sismo de magnitude 3.7 (Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 20 km a Sul de Faial da Terra (S. Miguel).

Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima III (escala de Mercalli modificada) na região de Povoação e Vila Franca do Campo, intensidade II/III em Água de Pau e intensidade II em Lagoa, Ilha de São Miguel.

Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IM na Internet (www.meteo.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto do Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros (www.srpcba.pt).

O país dos burlões


Da credibilidade de um primeiro-ministro

A minha avó Luísa, com a sabedoria popular de quem anda por cá há mais de 90 anos, dizia esta semana, a propósito das medidas de austeridade anunciadas pelo primeiro-ministro: "Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo."

Não me atrevo a ir tão longe, até porque, reconheço, há toda uma conjuntura internacional que nos empurrou para onde estamos hoje. Sucede, porém, que quem ouviu o que José Sócrates andou a propagandear no último ano e meio não pode deixar de pensar na velha história do "Pedro e o Lobo", em versão do avesso. Não foi assim há tanto tempo que o chefe do Governo garantiu não haver qualquer descontrolo das contas públicas e da despesa, e que as medidas previstas no malfadado PEC II (aprovado com o PSD) seriam suficientes para alcançar os objectivos orçamentais em 2010 e 2011. E eis que, esta semana, em poucos dias, tudo mudou. Portugal está, afinal, em grandes dificuldades financeiras, os mercados desconfiam da nossa credibilidade e há que pedir (ainda) mais sacrifícios aos portugueses.

Recuemos, pois. A 27 de Setembro de 2009, José Sócrates foi reeleito primeiro-ministro tendo por bandeira as grandes obras públicas como alavanca para o relançamento da economia. E onde estão elas? Congeladas pelo ambiente económico adverso que, à época, o Governo certamente não desconhecia e ainda assim se comprometeu com elas, as obras públicas, em nome do optimismo (hoje percebemos que era afinal irrealismo ou eleitoralismo). Mas houve mais. Promessas de não aumentar a carga fiscal quebradas uma e outra vez. A última agora mesmo com a anunciada subida da taxa máxima do IVA para os 23%, depois de, ao longo do ano, o próprio Sócrates ter repetido que "a consolidação orçamental se fará baseada na redução da despesa e não através de aumento de impostos".

A reeleição foi também conseguida à custa dos aumentos salariais de 2,9% para os funcionários públicos, fixados em Janeiro do ano da graça eleitoral de 2009. Agora, os mesmos funcionários do Estado vêem-se confrontados com cortes médios de 5%, que haviam sido negados em Junho pelo primeiro-ministro. Ou dos novos escalões e dos aumentos no abono de família que agora caem por terra, do cheque-bebé que nunca passou de um decreto, das comparticipações a 100% nos medicamentos que agora acabam e que resistiram um ano na boca do primeiro-ministro.

E isto para não falar do recurso a receitas extraordinárias para cobrir o défice público - veja-se a transferência do fundo de pensões da PT para a esfera do Estado -, que, foi o próprio José Sócrates quem o assegurou mais do que uma vez, jamais em tempo algum aconteceria, porque nunca repetiria o que foi feito pela ex-ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite.

Hoje, parece evidente, estas medidas duras são inevitáveis. Mesmo incontornáveis. É também absolutamente claro que, se tomadas há mais tempo, seriam seguramente menos dolorosas para todos e bastante mais eficazes. São, no entanto, uma contradição absoluta com as ilusões vendidas pelo Governo ao longo do último ano e meio.

Até admito gostar de um primeiro-ministro que se engane e que, não raras vezes, tenha dúvidas. Não gosto é de ser enganado.

Vídeos para celebrar a imposição da república - IV

domingo, outubro 03, 2010

Música adequada ao momento político

Almoço dos Geopedrados - as fotos

Para além das fotos que já publiquei no no Grupo dos Geopedrados do Facebook - AQUI - deixamos neste post mais algumas, para memória futura...


Entradas e conversa em dia


Pedra d'armas


Vergonhosamente atrasados


Uma mesa

Outra mesa


A mesa da patroa...


O brinde aos 25 anos


Geopedradas, com guarda de honra


Os geopedrados (não me perguntem sobre o casal em cima...)


16 geopedrados (a Fátima perdeu-se...)


O grupo


Geopedrado dormindo...

Actividade do Blog Geopedrados na terça-feira

Na próxima terça-feira, dia 05.10.2010, os Blogues Geopedrados e GeoLeiria irão organizar uma Saída de Campo pelo Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC). Esta será feita recorrendo a veículos dos participantes e será feita nos seguintes moldes:


1. Trajecto

Leiria – Alqueidão da Serra – Porto de Mós – Alcaria – Serra de Santo António – Pé da Pedreira – Portela de Teira – Leiria.


2. Horário

09.30 – Partida da Travessa da Rua das Olhalvas; 10.00 – Alqueidão da Serra - visita a afloramento com disjunção esferóidal; 11.00 – Ecoteca de Porto de Mós - eventual visita; 12.30 – Alcaria - observação de local com fósseis e almoço partilhado; 14.00 – Serra de Santo António - visita a um Algar; 15.00 – Pé da Pedreira - visita ao Geomonumento de Vale de Meios; 16.00 - Portela de Teira - visita a afloramento com disjunção prismática; 17.00 – Chegada ao ponto de partida.


3. Custos

Poderá ser combinada um valor para dar aos donos dos veículos.


4. Aspectos práticos da visita

- Trazer roupa e calçado para andar no campo e chapéu ou boné, bem como máquina fotográfica e GPS (opcionais);
- Trazer água e alimentação (o almoço e merenda serão em pic-nic partilhado).


NOTA: As pessoas interessadas devem contactar-me, por e-mail, indicando quantos adultos e quantas crianças vão e se pretendem levar automóvel.

A longa espera

"Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa história sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra para o medo"


(Natália Correia)

1. Não há nada pior para uma comunidade que a percepção de que o sacrifício a que é sujeita não irá ter uma contrapartida.

Olhando para o novo plano de austeridade, é com essa sensação que ficamos. Nada nos garante que daqui a pouco tempo não nos será dito que é preciso mais do nosso dinheiro para aguentar a máquina do Estado, que o assalto fiscal não continuará, que não teremos de aceitar menos apoios sociais, que uma parte importante dos nossos concidadãos não irá cair na pobreza.

De facto, nada de estrutural muda. Não vemos um plano, vemos apenas medidas avulsas sem um propósito preciso e bem definido.

Há algum projecto de reforma do aparelho do Estado? Há, finalmente, uma definição concreta do papel do Estado na comunidade? Em algum lado vemos que vai haver um esforço para acabar com os milhares de fundações, institutos, empresas públicas que nada produzem e que não deixam produzir?

Há algum plano que nos dê, pelo menos, a ilusão de que vai haver crescimento económico? Podemos discernir um projecto que nos garanta que a iniciativa privada vai ser apoiada ou pelo menos não boicotada?

O que vamos ter é um plano que corta de forma igual os salários aos funcionários públicos que são bons trabalhadores e aos que se arrastam pelas repartições públicas. Um aumento de impostos que vai gerar ainda mais desigualdades. Um pequeno decréscimo nas transferências para empresas que nem sequer deviam estar na alçada do Estado. Retiram-se apoios a pessoas que vivem nos limiares da sobrevivência.

Nada muda. Continuamos descrentes esperando que nos anunciem outro e outro plano de austeridade.


2. Não fossem as particularidades do nosso sistema político, e o Governo teria caído na última quinta- -feira.

Não, não por causa do anúncio do enésimo malfadado pacote; não por as medidas anunciadas serem correctas ou incorrectas, evitáveis ou inevitáveis; não pela sensação de que, se tivessem sido implementadas mais cedo, poderiam ser menos duras; não por desconfiarmos de que há uma manigância (lembram-se?) na questão do fundo de pensões da PT; não por nos ter sido dito e redito que era impossível cortar na despesa e afinal...;

Não duvido que seria legítimo pensar que estas razões seriam suficientes para que o Governo não pudesse estar em funções nem mais um dia, mas não me parece que sejam definitivas. A grande questão é que o Governo desistiu de dar explicações aos portugueses. O Governo convenceu-se de que o seu mandato lhe confere o poder de não prestar contas. Esta atitude rompe, de maneira definitiva, o contrato entre os eleitores e quem os governa. O Governo esquece que os eleitores não passam um cheque em branco, que a democracia não é a ditadura da maioria, que a democracia não se esgota nas eleições.

Os eleitores devem sempre ser a todo o tempo esclarecidos sobre a condução dos assuntos que a todos dizem respeito, se o Governo não está disposto a isso deve imediatamente ser substituído.

Quinta-feira, os representantes dos cidadãos perguntaram várias vezes ao primeiro-ministro o que todos os portugueses querem saber: o que mudou em quatro meses? O que se passou para praticamente dum momento para o outro o PEC II ser insuficiente para atingir as metas propostas? Porque é que dia 6 de Julho tudo estava a correr como o planeado, e pouco mais de dois meses volvidos nos dizem que é preciso outro pacote?

O primeiro-ministro, recusando-se a dar qualquer tipo de satisfação, insultou a democracia e os portugueses. Não, repito, pelas novas medidas de austeridade (agora provavelmente inevitáveis), mas por lhes negar as respostas a que todos temos democraticamente direito.

Não pode ser esquecida a responsabilidade do PSD neste processo. E não é a falsa responsabilidade que lhe querem imputar, ou seja, a de ter de deixar passar o novo orçamento a qualquer preço. Quer os sociais-democratas se abstenham quer votem contra o Orçamento, há só um e apenas um responsável pelas medidas que, provavelmente, aí vêm: o Governo.

O PSD não pode, não deve, aceitar qualquer negociação enquanto não lhe for dada uma explicação sobre os resultados do PEC II. O PSD não pode partir para o diálogo fazendo tábua rasa do passado recente.

Os sociais-democratas devem isso aos portugueses.

NOTA: o poema citado tem uma versão musical, lindíssima, a Queixa das almas jovens censuradas, cantada por José Mário Branco, que queremos partilhar com os nossos leitores:

Hoje é o dia em que Alemanhã acabou de pagar as dívidas decorrentes da I Grande Guerra


Como cá em Portugal não se fala do assunto (as compensações decorrente do Tratado de Versalhes, por causa da participação do Império Alemão na I Grande Guerra, com a curiosidade de coincidir com os 20 anos da Unificação Alemã...), aqui fica um link para artigo do El Mundo, em castelhano:

Notícia sobre Paleontologia no DN

Pinguim gigante viveu há 36 milhões de anos


Tinha o dobro do peso do pinguim-imperador e mais 30 centímetros do que este, chegando aos 1,5 metros de altura.


Uma equipa de paleontólogos norte-americanos descobriu o fóssil de um antigo pinguim gigante que viveu há mais de 36 milhões de anos no Peru. O Inkayacu paracasensis, ou "rei das águas", media mais de 1,5 metros de altura, tinha o dobro do peso do pinguim-imperador e estava coberto de penas castanhas e cinzentas. A descoberta permite perceber melhor a evolução desta aves, segundo o estudo publicado na revista Science.

"Antes da descoberta deste fóssil, não tínhamos qualquer indicação sobre as penas, a sua cor e a forma dos membros destes antigos pinguins", explicou Julia Clarke, da Universidade do Texas. "Tínhamos várias perguntas e esta é a primeira hipótese de respondermos", acrescentou a principal autora do estudo.

O fóssil - que foi baptizado de "Pedro" - foi encontrado por um estudante peruano na Reserva Nacional de Paracas e mostra que o formato dos membros e das penas evoluiu muito cedo, enquanto as cores - hoje o preto e branco, em vez do castanho e cinzento - só terão surgido mais recentemente.

É a forma dos seus membros e o modo como as penas criam uma camada protectora que permite que os pinguins sejam tão bons nadadores. "Uma coisa que é interessante é que a profundidade a que os pinguins de hoje conseguem mergulhar está relacionada com o seu peso", disse Clarke à BBC. "Quanto mais pesado, mais fundo vai. Se isto for verdade para qualquer pinguim, então estes gigantes atingiam profundidades muito diferentes dos de hoje." 

in DN - ler notícia

Humor (quase) geológico...


CCC - Crise, Carros e Camaradas do PS


O novo Mercedes, cuja compra está a causar polémica em tempo de crise, está estacionado na garagem da Presidência do Conselho de Ministros


Miguel Freitas ia para o Algarve num BMW 330 quando o radar disparou entre os nós do Fogueteiro e Coina. Não pagou logo a coima de 120 euros.

NOTA: a crise, quando chega, é para funcionários públicos e pobres, diz Sócrates. Já o deputado do PS Miguel Freitas acha que isso de limites de velocidade é para os outros. Resumindo, todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros.

Sobre as comemorações da imposição da república

(imagem daqui)
 
Contra o branqueamento do 5 de Outubro


Um dos nossos mais prestigiados historiadores, especialista na história política portuguesa do fim das guerras liberais à consolidação do Estado Novo, tem levantado a voz contra «a forma como nos andam a vender o regime saído do 5 de Outubro». «Ao arrepio de toda a investigação histórica», acusa. Ao Destak, explica o que foi a I República e como não há razões nenhumas para celebrar a traição do verdadeiro ideal de república.


As suas posições sobre as comemorações do 5 de Outubro de 1910 têm sido polémicas. Acha que estão a branquear os factos?

O que é polémico não são o que chama «as minhas posições», mas a forma como nos andam a vender o regime saído do 5 de Outubro. Imagine que alguém falava do Salazar mencionando apenas as barragens, o abono de família, a neutralidade na segunda guerra mundial, sem jamais referir a PIDE, a censura, a guerra colonial. Está a imaginar a gritaria que já não iria para aí? Pois é o que temos visto sobre o domínio da vida pública portuguesa pelo Partido Republicano depois de 1910: nada sobre a retirada do direito de voto à maioria da população, nada sobre a negação do direito de voto às mulheres, nada sobre o "empastelamento" e apreensão dos jornais, nada sobre a política de genocídio no sul de Angola, e o menos possível sobre a perseguição ao clero e aos sindicatos. É esse branqueamento, ao arrepio de toda a investigação histórica, que é polémico. Porque a verdade é que se voltássemos aos tempos de Afonso Costa, a maioria dos portugueses de hoje teria um choque tão grande como se voltássemos aos tempos de Salazar.

O que era a monarquia constitucional?

A monarquia constitucional, governada pelos liberais, foi o regime político que nos últimos 200 anos mais tempo durou em Portugal, e não por acaso. Os liberais conseguiram um equilíbrio de correntes políticas que ressalvou o pluralismo e a liberdade e extinguiu a violência política, alargou a participação eleitoral dos cidadãos ao mais alto nível antes de 1975, e criou condições para períodos de grande prosperidade. Mas atenção: a governação liberal não instalou uma democracia, não conseguiu resolver o problema do desenvolvimento sustentado a longo prazo, gerou desequilíbrios financeiros graves e no fim tinha entrado numa crise política aparentemente sem remédio. Se devemos criticar o branqueamento da república, não devemos omitir os impasses a que chegara o regime anterior.

A situação política antes do 5 de Outubro era complicada. A monarquia foi boicotada pelos próprios monárquicos?

Não havia monárquicos. A chamada monarquia era governada por políticos que se classificavam a si próprios como "liberais", e raramente como "monárquicos". Os liberais eram "republicanos teóricos", isto é, consideravam a república a melhor forma de regime, e só aceitavam a monarquia provisoriamente, porque pensavam que os portugueses ainda não estavam suficientemente instruídos para se governarem a si próprios. A monarquia era apenas um expediente, até ver. Por isso, os liberais nunca cultivaram qualquer espécie de fidelidade à dinastia. Pelo contrário. Aqueles a quem as opções do rei desagradavam habituaram-se a atacá-lo e a ameaçá-lo com uma revolução. Em 1910, tudo isso tinha chegado a um ponto extremo. Os políticos detestavam D. Manuel e a rainha D. Amélia. Repare: quando os republicanos avançam, ninguém de facto defende a monarquia.

O Partido Republicano tinha lugar nas Cortes e concorria a eleições livres. O 5 de Outubro foi um golpe de Estado?

Foi uma sublevação militar, apoiada por civis, que só pode ser compreendida no contexto da crise da monarquia constitucional no ano de 1910. Em Junho desse ano, o rei D. Manuel tinha concedido o governo à esquerda liberal. Isso irritou a direita conservadora, que se divorciou do regime. Alguns republicanos decidiram apoiar o governo contra os conservadores; outros, porém, viram uma oportunidade para derrubar o regime, já que sabiam que a direita conservadora não defenderia a monarquia. Foi o que aconteceu. Os republicanos não derrubaram um regime próspero e estável. O que verdadeiramente fizeram, em 5 de Outubro, foi preencher um vazio de poder. Nesse momento, ninguém estava certo do tipo de república que viria. Havia quem esperasse um regime tolerante.

A facção que ficou no poder era a mais radical?

Aquilo a que é costume chamar I República corresponde ao domínio do País pelos militantes do chamado Partido Republicano. Depois de tomar o poder, em 1910, esse partido dividiu-se no ano seguinte e, a pouco e pouco, o novo regime passou a ser hegemonizado pela facção dirigida por Afonso Costa. O problema da república esteve nesta hegemonia. Aquilo que tornou o regime odioso para muitos esteve no monopólio do poder por um partido que excluía e perseguia todos os outros da maneira mais violenta. Essa política de sectarismo brutal de Afonso Costa e do seu partido não teve só a Igreja ou os defensores de uma restauração da monarquia como vítimas, mas também o movimento sindical e sobretudo os outros republicanos. Muitos republicanos, na chamada "direita republicana", acreditavam que era possível e necessário fazer outro tipo de república, aberta a todos os portugueses. Era o caso, por exemplo, do primeiro Presidente da República, Manuel de Arriaga, um homem decente, obrigado a resignar o mandato e enxovalhado. É importante lembrar que entre os republicanos que mais combateram Afonso Costa e o seu partido estiveram precisamente os que fizeram o 5 de Outubro: Machado Santos, o herói da Rotunda, e José Carlos da Maia, que comandou a tomada do couraçado D. Carlos. Por causa disso, foram assassinados na "noite sangrenta" de 19 de Outubro de 1921.

Diz que, se o que se pretende celebrar é o ideal de República, se escolheu a data errada. Porquê?

Porque o ideal da república não começou com o 5 de Outubro nem se reduz ao Partido Republicano, nem a haver um chefe de Estado eleito. Pelo contrário: em muitos aspectos fundamentais, o domínio do Partido Republicano foi a negação completa desse ideal.

O primeiro-ministro vai inaugurar nesse dia 100 escolas - a educação é, de facto, a bandeira da I República?

A assimilação entre a educação e o monopólio do poder pelo Partido Republicano não faz sentido. Todos os regimes dos últimos 200 anos quiseram escolarizar os portugueses. O Partido Republicano distinguiu-se por ter sido o que menos fez por isso. Não por qualquer intenção obscurantista, mas porque não teve meios para grandes investimentos públicos. A sua grande bandeira, depois do anti-clericalismo, foi a ortodoxia financeira. Para além de Salazar, Afonso Costa foi o único governante português do século XX a apresentar um orçamento sem défice. A melhor maneira de o primeiro-ministro celebrar a hegemonia sectária e intolerante do Partido Republicano, se é isso que quer, seria com um orçamento fortemente restritivo, à Afonso Costa.

Defende que quando se percebeu que a I República não tinha nada que ver com a democracia pós-25 de Abril, isso cortou as pernas às comemorações. Acha que as pessoas perceberam isso, ou que simplesmente estão com a cabeça na crise?

Provavelmente, tudo isso. Por um lado, todos viram esta coisa aberrante que é estarmos a celebrar como exemplo e inspiração para o futuro um regime de exclusivismo partidário que, quando as pessoas começaram a ler coisas sobre a época percebem que é estranho a princípios básicos do regime actual. Por outro lado, creio que todos sentimos, da parte dos mais exaltados manipuladores do centenário, um mau hálito sectário, a que já não estávamos habituados: para alguns deles, basta alguém expor o que honesta e rigorosamente investigou sobre uma época histórica para o acusarem de "fascista", "monárquico", "clerical" e não sei que mais crimes e pecados mortais. A comemoração está a ser explorada por aqueles que querem substituir o sistema científico de debate por um regime de suspeição política, de caça às bruxas, de agressão pessoal. Isso acabou por tornar toda esta celebração bafienta e antipática. É como descer a uma cave há muito tempo fechada e sem ventilação, onde só vivem coisas que se dão bem com o bolor e a podridão.

Mas, então, quem é que acredita estar tão interessado em comemorar a I República?

As esquerdas no século XX foram quem pior disse da I República. Enquanto foram marxistas, trataram os velhos republicanos como burgueses ou "pequeno-burgueses", que se tinham distraído com perseguições à Igreja e até combatido a "classe operária", em vez de destruírem o capitalismo e implantarem o socialismo em Portugal. Só depois de terem deixado de ser marxistas, com o fracasso das ditaduras comunistas na Europa, é que importaram a política de guerra cultural da América do Norte. Foi por essa via que descobriram uma admiração pelo sectarismo anticlerical dos republicanos radicais de 1910. Os mais facciosos estão a tentar perverter as comemorações no sentido de identificar a actual democracia com essa tradição velha e já morta, de modo a poderem tratar como marginais e sob suspeita todos aqueles que, por vários motivos, não estão dispostos a dar vivas ao defunto.

A rainha D. Amélia e muitos com ela argumentavam que o povo não queria a República, que lhes foi imposta. Fazia sentido um referendo?

O "povo" em Portugal nunca foi e não é único. Havia povo que queria a República, e até a República que existiu, e havia povo que não queria. Temos de nos habituar à ideia de que vivemos num país plural, que os portugueses com direito a Portugal não são só aqueles que pensam como nós. Esta comemoração revelou que esse simples princípio de decência e respeito ainda não iluminou algumas cabeças mais primitivas. Mas, atenção: o actual regime democrático nada tem a ver, felizmente, com o domínio exclusivista e repressor do Partido Republicano. É mesmo o contrário daquilo que existiu em Portugal nesse tempo. Nós hoje vivemos em democracia, o sufrágio é universal, as eleições são livres, há rotação no poder por via eleitoral, etc. Creio que isso é o mais importante para a maioria dos cidadãos.



Nome: Rui Ramos.
Profissão: Historiador, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa 
Marco Importante: Doutoramento em Oxford.
Livros: Coordenou a mais recente História de Portugal, escreveu a biografia de D. Carlos, entre muitos outros. 
Época Histórica Favorita: História política nacional entre 1834 e 1936 (fim das guerras liberais ao Estado Novo).