(imagem daqui)
Alexandre Maria Pinheiro Torres (Amarante, 27 de dezembro de 1921 – Cardiff, 3 de agosto de 1999) foi um escritor, historiador de literatura, crítico literário português do movimento neo-realista.
Filho de João Maria Pinheiro Torres e de Margarida Francisca da Silva Pinheiro Torres, estudou na Universidade do Porto, onde se bacharelou em Ciências Físico-Químicas. Mais tarde, na Universidade de Coimbra, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas.
Foi um dos fundadores da revista A Serpente.
Enquanto residia em Coimbra, conviveu em com diversos poetas da sua época. Esse grupo de poetas tiveram parte das suas obras poéticas reunidas no Novo Cancioneiro.
Foi professor do ensino secundário até ao momento em que foi obrigado a exilar-se no Brasil. A partir de 1965 esse exílio foi continuado em Cardiff (País de Gales), onde foi professor na Faculdade de Cardiff.
O exílio de Pinheiro Torres foi consequência de ter sido proibido de ensinar em Portugal, pelo regime salazarista. Essa proibição foi consequência de o escritor, quando convidado pela Sociedade Portuguesa de Escritores para fazer parte em 1965 do júri do Grande Prémio de Ficção, ter querido atribuir esse prémio à obra “Luuanda” de Luandino Vieira, que estava preso no Tarrafal, em Cabo Verde, pela prática de crimes políticos. Com efeito, Alexandre Pinheiro Torres chegou a ser detido e interrogado no Aljube, na sequência destes acontecimentos. Este exílio só seria quebrado quando regressava a Portugal em férias ou de passagem.
De acordo com Eunice Cabral, na recensão que fez ao romance «Vai Alta a Noite» em 1997 para o jornal Público, este momento terá marcado profundamente a obra de Pinheiro Torres, que terá passado a perfilhar abertamente uma posição crítica do Estado Novo e da sociedade portuguesa. Em todo o caso, a autora Agustina Bessa-Luís, conterrânea e conhecida de Pinheiro Torres, concordando com a autora, fez a obtemperação de que noutras obras de ficção, particularmente no «Adeus às Virgens», aquele não deixou de transparecer um saudosismo ternurento pela terra-natal.
Na Universidade de Cardiff em 1970, criou a disciplina “Literatura Africana de Expressão Portuguesa”. Foi a primeira universidade inglesa a ter essa disciplina. Em 1976 fundou um departamento designado por “Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros”.
Ao longo da sua vida traduziu Hemingway e de D. H. Lawrence.
A Sociedade Portuguesa de Autores fez, em 27 de novembro de 1997, uma sessão solene de homenagem comemorando os 50 anos de vida literária do escritor.
SUPER FLUMINA
Ó desamável pátria minha Tens
vivido
do sangue do teu Filho Mas agora
que toco teus seios de maçã tudo
me é indiferente É tão fácil
a
tua poesia de tramar lágrimas Sei
teu parado sonho de passarem tudo
por cavalos brancos e que o sol se
economize em todo o mundo não em ti
Crescem meus braços por teus ramos
esponjados Continua-te um céu
em jejum de tempestade Beberes o meu
é a forma de me teres e amar
Alexandre Pinheiro Torres
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