Foi travada numa das incursões que os cristãos faziam em terra de
mouros para apreenderem gado, escravos e outros despojos. Nela se
defrontaram as tropas cristãs, comandadas por
D. Afonso Henriques, e as
muçulmanas, em número bastante maior.
Inesperadamente, um exército mouro saiu-lhes ao encontro e, apesar da
inferioridade numérica, os cristãos venceram. A vitória cristã foi
tamanha que D. Afonso Henriques resolveu autoproclamar-se
Rei de Portugal (ou foi aclamado pelas suas tropas ainda no campo de batalha), tendo a sua
chancelaria começado a usar a intitulação
Rex Portugallensis (
Rei dos Portucalenses ou
Rei dos Portugueses) a partir
1140 - tornando-o rei
de facto, sendo o título
de jure (e a independência de
Portugal) reconhecido pelo
rei de Leão em
1143 mediante o
Tratado de Zamora e, posteriormente o reconhecimento formal pela
Santa Sé em Maio de
1179, através da bula
Manifestis probatum, do
Papa Alexandre III.
A primeira referência conhecida ao milagre ligado a esta batalha é do
século XIV, depois da batalha. Ourique serve, a partir daí, de argumento político para justificar a
independência do Reino de Portugal: a intervenção pessoal de Deus era a prova da existência de um Portugal independente por vontade divina e, portanto, eterna.
A tradição narra que, naquele dia, consagrado a Santiago, o soberano
português teve uma visão de Jesus Cristo rodeado de anjos na figura do
Anjo Custódio de Portugal, garantindo-lhe a vitória em combate. Contudo, esse detalhe da narrativa, é semelhante ao da narrativa da
Batalha da Ponte Mílvio, opondo
Magêncio a
Constantino, segundo a qual
Deus teria aparecido a este último dizendo
IN HOC SIGNO VINCES (
latim, «Com este sinal vencerás!»).
Este evento histórico marcou de tal forma o imaginário português, que o referencia como um milagre e se encontra retratado no
brasão de armas da nação de Portugal: cinco escudetes (cada qual com cinco besantes), representando as
Cinco Chagas de Jesus e os cinco reis mouros vencidos na batalha.
Não há consenso entre os estudiosos acerca do local exato onde se travou a batalha de Ourique.
A mais antiga descrição da batalha figura na
Crónica dos Godos sob a entrada dos acontecimentos da Era Hispânica de 1177 (
1139 da Era Cristã).
(...)
De qualquer modo, como consequência, quando o Cardeal
Guido de Vico, emissário do Papa, reuniu D. Afonso Henriques e Afonso VII em
Zamora (
1143), para tentar convencê-los que a animosidade entre ambos favorecia os infiéis, o soberano português escreveu ao
Papa Inocêncio II,
reclamando para si e para os seus descendentes, o status de «censual»,
isto é, dependente apenas de Roma, invocando para esse fim o «milagre de
Ourique», o que ocorrerá apenas em
1179. Entretanto, naquele encontro, pelo tratado então firmado (
Tratado de Zamora), Afonso VII considerou D. Afonso Henriques como igual: afirmava-se a
independência de Portugal.