O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
No
dia 19 de abril de 1973, na cidade alemã de Bad Münstereifel,
militantes da Ação Socialista Portuguesa idos de Portugal e de diversos
núcleos no estrangeiro, de entre outros países e cidades de Londres,
Paris, Genebra, Suécia, Argélia e Brasil, reunidos em Congresso da Ação
Socialista Portuguesa e "ponderando os superiores interesses da
Pátria, a atual estrutura e dimensão do movimento, as exigências
concretas do presente e a necessidade de dinamizar os militantes para as
grandes tarefas do futuro, deliberou transformar a A.S.P. em Partido
Socialista", aprovaram, por 20 votos a favor e 7 contra, a
transformação da Ação Socialista Portuguesa em Partido Socialista. A
decisão não foi consensual para os vinte e sete delegados aí presentes,
pois alguns discordavam, não da sua fundação, mas do momento desta.
Finda a votação, às 18 horas desse dia, todos os congressistas
aplaudiram de pé a deliberação e discutiram e aprovaram os diversos
documentos preparatórios dessa reunião, bem como, outros que viriam a
ser publicados na sequência direta da fundação do PS. De entre estes, o
que se veio a revelar mais mediático foi a brochura de protesto contra a
visita de Marcelo Caetano a Londres e de divulgação da criação do
Partido Socialista.
A Declaração de Princípios e Programa do Partido Socialista foram
aprovados em agosto de 1973 e resultaram de diversas contribuições de
militantes e simpatizantes do interior e do exterior. Na Declaração de
Princípios afirmava-se a defesa do socialismo em liberdade, ao mesmo
tempo que se defendia como objetivo último uma sociedade sem classes e o
marxismo era aceite como "inspiração teórica predominante", embora
permanentemente repensado. O programa refletia, assim, um compromisso
entre o sistema parlamentar da Europa Ocidental e uma estratégia de
rutura com a organização capitalista da economia.
Mário Soares foi um dos fundadores e o primeiro Secretário-Geral do Partido Socialista
Elemento da Tuna Académica, foi intérprete do canto e da guitarra de Coimbra, devendo-se-lhe umas conhecidas Variações em ré menor, bem como a gravação de vários temas tradicionais, como Nossas mágoas são o fruto ou Balada do entardecer, que registou em EP 45 RPM.
Estabeleceu-se como advogado em Lourenço Marques (atual Maputo) em 1953,
onde viveu durante mais de 20 anos. Nesta província ultramarina, foi um
dos mais importantes defensores dos presos políticos, juntando-se
também à defesa da autodeterminação a partir do contacto com o ativista
nacionalista Filipe Mussongui Tembe Júnior, mais conhecido por Filipana.
Pertenceu ainda ao Grupo dos Democratas de Moçambique e foi candidato, por duas vezes, às eleições para a Assembleia Nacional, em listas da Oposição Democrática. Viu, em ambos os casos, anulada a sua candidatura por ato da Administração Colonial.
É autor de mais de uma dezena de livros, incluindo ensaios jurídicos. Em 2006, publicou Quase Memórias, uma autobiografia em dois volumes, grande parte da qual dedicada ao processo de descolonização entre 1974 e 1975. Neste livro, avança uma explicação para a mudança de atitude de Samora Machel
(que conheceu de perto) em relação aos portugueses. Com efeito, é quase
consensualmente admitido que uma das principais razões do colapso da
economia moçambicana após a independência foi a partida precipitada da
maioria dos cerca de 200 000 portugueses residentes em Moçambique até ao
25 de Abril de 1974, e que esse êxodo terá sido provocado por uma
mudança brusca de atitude por parte de Samora Machel. O governo de
transição que iria dirigir Moçambique entre o acordo de cessar-fogo
(assinado a 7 de setembro de 1974 em Lusaca pelo governo provisório português e pela Frelimo)
e a independência (prevista para 25 de junho do ano seguinte) tinha-se
mostrado bastante conciliador. O primeiro-ministro, Joaquim Chissano
(que se tornaria presidente da República depois da morte de Machel, doze
anos mais tarde), conseguiu convencer a maior parte dos brancos de que
somente os que tivessem graves responsabilidades nas páginas mais
sombrias da época colonial poderiam recear o governo da Frelimo. Ora, um
mês antes da independência, ou seja, em meados de maio de 1975, Samora
Machel entrou em Moçambique pela fronteira norte, vindo da Tanzânia,
e encetou um périplo com destino à capital, situada no extremo sul,
aonde deveria chegar na véspera da independência. Ao longo dessa viagem,
inflamava literalmente as massas com os seus discursos, nos quais não
cessava de repisar os aspetos mais odiosos e humilhantes do colonialismo
(na perspetiva dos colonizados). O mal-estar instalou-se
progressivamente entre a comunidade portuguesa, numerosos membros da
qual decidiram ir refazer a vida noutras paragens.
Almeida Santos dá a seguinte explicação para esta aparentemente
inusitada hostilidade: o presidente da Frelimo teria sido muito afetado
por dois episódios de violência, o primeiro dos quais causado por um
levantamento na capital, com tomada das instalações do Rádio Clube de
Moçambique, na sequência da assinatura do acordo de Lusaca de 7 de
setembro de 1974, que previa a concessão exclusiva do poder ao movimento
nacionalista: este levantamento foi dirigido pela FICO (Frente
Integracionista de Continuidade Ocidental), um movimento
maioritariamente branco ao qual se tinham aliado dissidentes da Frelimo e
outros membros da comunidade negra que não viam com bons olhos a
instauração de um regime de partido único em nome da Frelimo. Como
represália, eclodiram então motins sangrentos nos bairros negros da
cidade e, durante vários dias, milhares de habitantes, sobretudo
portugueses, foram barbaramente massacrados por apoiantes da Frelimo. O
segundo episódio de violência ocorreu poucas semanas mais tarde, a 21 de
outubro de 1974, na sequência de uma querela entre comandos portugueses
e guerrilheiros da Frelimo, provocando também motins sangrentos nos
bairros de maioria negra, com o assassinato de dezenas de brancos.
Segundo Almeida Santos, Machel ter-se-ia possivelmente convencido de que
a presença de uma numerosa comunidade portuguesa em Moçambique
constituiria sempre uma fonte de instabilidade e uma ameaça potencial
contra o poder da Frelimo. A isso ter-se-iam juntado as pressões da União Soviética,
para com quem a Frelimo tinha contraído uma pesada dívida, sobretudo
política, e que teria interesse em se desembaraçar dos portugueses a fim
de melhor exercer a sua influência a todos os níveis.
Ora, se os episódios de violência tinham ocorrido no início do
período de transição (o primeiro eclodira mesmo antes da entrada em
funções do governo presidido por Joaquim Chissano), a Frelimo teria,
portanto, tomado a decisão de expulsar os portugueses no próprio momento
em que o primeiro-ministro Chissano, por ela nomeado, parecia
encorajá-los a ficarem.
No livro Que Nova Ordem Mundial?, de 2009, defendeu convictamente a nova ordem mundial e a globalização e propôs soluções que envolvem a globalização da política, não só do comércio.
Em maio de 2007, defendeu a Ota
como localização preferencial do novo aeroporto de Lisboa, argumentando
que se o mesmo fosse construído na margem sul do Tejo, terroristas
poderiam dinamitar as diversas pontes sobre o Tejo, cortando o acesso ao
Aeroporto. Foi bastante criticado na altura.
Em maio de 2011, defendeu que José Sócrates deveria demitir-se no caso de perder as eleições.
Foi Presidente da Assembleia Geral da GEO Capital - Investimentos estratégicos S.A., com sede em Macau, cujos acionistas de referência são Jorge Ferro Ribeiro, Stanley Ho e Ambrose So.
Foi também membro da Maçonaria Portuguesa, com o grau supremo, o Grau 33 do Grande Oriente Lusitano.
Morte
Faleceu a 18
de janeiro de 2016, pouco antes da meia-noite, aos 89 anos de idade, na
sua casa de Oeiras, após uma indisposição sentida a seguir ao jantar, à
qual não resistiu. A sua morte ocorreu pouco depois de ter manifestado apoio à candidatura de Maria de Belém Roseira nas eleições presidenciais de 2016; já se encontrava afetado com uma gripe durante esta campanha.
Escândalos da democracia: O livro que vendeu 30 mil exemplares e desapareceu
Não foi só o livro - o autor emigrou após as revelações que atingiram Mário Soares
Fixe bem esta data: 27 de janeiro de 1996. Era um sábado e o público
português assistiu a um fenómeno sem precedentes: um livro, escrito por
um autor nacional, vendeu 30.000 exemplares no lançamento. Depois foi
retirado do mercado e nunca mais reapareceu."Contos proibidos. Memórias de um PS desconhecido"
foi a obra "mais atrevida", segundo Nelson de Matos, a pessoa que o
publicou na Dom Quixote. Numa entrevista ao "Expresso", em 2004, o
editor negou ter sofrido pressões ou ameaças, mas denunciou a
existência de "comentários negativos" que lhe causaram "bastantes dificuldades pessoais".
"A todos expliquei que o livro existia", disse na altura. "Tinha
revelações importantes e procurava ser sério ao ponto de as provar.
Desse ponto de vista, achei que merecia ser discutido na sociedade."
Nelson de Matos é também, provavelmente, uma das poucas pessoas que
conhece o paradeiro do autor - a hipótese mais repetida é a
Suécia, mas ninguém está em condições de confirmar nada. O escritor,
tal como acontecera antes com o bestseller instantâneo,
desapareceu sem deixar rasto. Dez anos mais tarde, o jornalista Joaquim
Vieira publicou cinco textos sobre o assunto na "Grande Reportagem".
Em conversa com o i, recorda que "quando o livro saiu, o Rui Mateus foi
entrevistado pelo Miguel Sousa Tavares na SIC, e a primeira pergunta que este lhe fez foi: 'Então, como é que se sente na pele de um traidor?'
Toda a entrevista decorreu sob essa ideia."Mas o que continha o livro
afinal? Qual o motivo para as desaparições? Retomando a síntese de
Vieira, que o analisou a fundo, Rui Mateus diz que Mário Soares, "após
ganhar as primeiras presidenciais, em 1986, fundou com alguns amigos
políticos um grupo empresarial destinado a usar fundos financeiros
remanescentes da campanha.
(...)
Que, não podendo presidir ao grupo por
questões óbvias, Soares colocou os amigos como testas-de-ferro". O
investigador Bernardo Pires de Lima também leu o livro e conserva um
exemplar. "Parece-me evidente que desapareceu de circulação rapidamente
por ser um documento incómodo para muita gente, sobretudo altas
figuras do PS, metidas numa teia de tráfico de influências complicada
que o livro não se recusa a revelar com documentos", observa. A obra
consta de dez capítulos e 47 anexos. Ao todo, 455 páginas que arrancam
na infância do autor, percorrem o primeiro quarto de século do PS
(desde as origens na clandestinidade da Ação Socialista) e acabam em
1995, perto do final do segundo mandato de Soares. Na introdução,
Mateus escreve: "É um livro de memórias em redor do Partido Socialista,
duma perspetiva das suas relações internacionais, que eu dirigira
durante mais de uma década." Os últimos três capítulos abordam o caso Emaudio
- um escândalo rebentado pelo próprio Mateus e que motivou a escrita
de "Contos proibidos" para "repor a verdade". Para Joaquim Vieira e
Bernardo Pires de Lima, a credibilidade do livro é de oito sobre dez.
"O livro adianta imensos detalhes que reforçam a sua credibilidade e
nenhum deles foi alguma vez desmentido", argumenta o jornalista e
atual presidente do Observatório da Imprensa. Vieira lamenta o
"impacto político nulo e nenhuns efeitos" das revelações de Mateus. "Em
vez de investigar práticas porventura ilícitas de um chefe de Estado,
os jornalistas preferiram crucificar o autor pela 'traição' a Soares."
Apesar de, na estreia, terem tido todas as coberturas, livro e autor
caíram rapidamente no esquecimento. Hoje, a obra pulula na Internet em versão PDF.
O Acordo do Alvor, assinado entre o governo português e os três principais movimentos de libertação de Angola (MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola), em 15 de janeiro de 1975, em Alvor, no Algarve, e que estabeleceu os parâmetros para a partilha do poder na ex-colónia entre esse movimentos, após a concessão da independência a Angola.
Negociações e assinatura
Em julho de 1974 os líderes do MPLA, da FNLA e da UNITA reuniram-se em Bucavu, no Zaire, onde concordaram em constituir uma unidade política para negociar com os portugueses a concessão da independência de Angola. Eles se encontraram novamente em Mombaça, no Quénia, em 5 de janeiro de 1975, onde concordaram no cessar-fogo e delinearam uma posição de negociação conjunta sobre uma nova constituição. Eles se encontraram pela terceira vez num pequena vila da chamada Alvor, em Portugal, de 10 a 15 de janeiro de 1975 e assinaram o que ficou conhecido como Acordo de Alvor.
Composto por 60 artigos o documento assinado em Alvor deixava
claro que, após a data de sua independência, Angola seria um estado
livre e soberano.
Seria adotada uma constituição, mediada por um governo de transição
composto pela presença de um alto-comissariado português em conjunto com
um colégio presidencial ocupado por um membro de cada movimento de
libertação.
A pasta do Ministério da Informação estava com a seguinte configuração: ministro Manuel Rui (MPLA), secretariado por Jaka Jamba (UNITA) e Hendrick Vaal Neto (FNLA).
A pasta do Ministério do Trabalho e Segurança Social estava com a seguinte configuração: ministro António Dembo (UNITA), secretariado por Cornélio Caley (MPLA) e Baptista Nguvulu (FNLA).
A pasta do Ministério do Interior estava com a seguinte configuração: ministro Ngola Kabangu (FNLA), secretariado por Henrique Onambwé (MPLA) e João Mulombo Vaikene (UNITA).
A pasta do Ministério da Economia estava com a seguinte configuração: ministro Vasco Vieira de Almeida (Portugal-Junta de Salvação Nacional);
comportava as seguintes secretarias especiais: Secretaria de Estado da
Indústria e Energia, sob comando de Augusto Lopes "Tutu" Teixeira
(MPLA); Secretaria de Estado das Pescas, sob comando de Manuel Alberto
Teixeira Coelho (UNITA), e; Secretaria de Estado do Comércio e Turismo,
sob comando de Graça Tavares (FNLA).
A pasta do Ministério do Planeamento e Finanças ficou a cargo do ministro Saíde Mingas (MPLA), a do Ministério da Justiça ficou a cargo do ministro Diógenes Boavida
(MPLA), a do Ministério dos Transportes e Comunicação ficou a cargo do
ministro Joaquim Albino Antunes da Cunha (Portugal-Junta de Salvação
Nacional), a do Ministério da Saúde e Assuntos Sociais ficou a cargo do
ministro Samuel Abrigada (FNLA), a do Ministério das Obras Públicas,
Habitação e Urbanismo ficou a cargo do ministro Manuel Alfredo Resende
de Oliveira (Portugal-Junta de Salvação Nacional), a do Ministério da
Educação e Cultura ficou a cargo do ministro Jerónimo Elavoko Wanga
(UNITA), a do Ministério da Agricultura ficou a cargo do ministro
Mateus Neto (FNLA) e a do Ministério dos Recursos Naturais ficou a cargo
do ministro Jeremias Chitunda (UNITA).
A hierarquia militar do Governo de Transição ficou da seguinte forma: Comandante da Região Militar de Angola, general Ernesto Ferreira de Macedo; Comandante da 2ª Região Aérea, brigadeiro José Ferreira Valente; Comandante da Base Naval de Angola, almirante Leonel Cardoso, e; Comandos de Área com Pedro Timóteo "Barreiro" Kiakanwa (FNLA), João Jacob Caetano "Monstro Imortal" (MPLA) e "Edmundo Rocha" Sabino Sandele (UNITA).
Dificuldades na sua aplicação
Em entrevista à Agência Lusa, o dirigente socialista, António de Almeida Santos,
que a 15 de janeiro de 1975 era ministro da Coordenação
Inter-Territorial e integrava a delegação portuguesa que assinou o
acordo, refere que, assim que viu o documento, soube que "aquilo não resultaria".
De facto, no mês seguinte após o acordo ter sido assinado, os
três movimentos envolveram-se numa luta armada pelo controlo do país
e, em especial, da sua capital, Luanda, no que ficou conhecido como a Guerra Civil de Angola.
Rescaldo
Uma última tentativa de salvar as disposições e compromissos de Alvor foram feitas no Acordo de Nakuru, em junho de 1975.
No processo de transição democrática subsequente ao 25 de abril de 1974 Mário Soares afirmou-se como líder partidário no campo democrático, contra o Partido Comunista,
batendo-se pela realização de eleições. Foi ainda Ministro de alguns
dos governos provisórios - Ministro dos Negócios Estrangeiros, logo no I Governo Provisório,
ficou associado ao processo de descolonização, defendendo de forma
intransigente a independência e autodeterminação das províncias
ultramarinas.
Vencedor das primeiras eleições legislativas realizadas em democracia,
foi Primeiro-Ministro dos dois primeiros governos constitucionais, o I e II governos constitucionais, este último de coligação com o CDS. A sua governação foi marcada pela instabilidade democrática - nomeadamente, pela tensão entre o Governo e o Presidente da República - Conselho da Revolução - pela crise financeira e pela necessidade de fazer face à paralisação da economia ocorrida após o 25 de abril, que levou o Governo a negociar um grande empréstimo com os EUA.
Ao mesmo tempo, foi um período em que o Governo, e Soares em
particular, se empenhou em desenvolver contactos com outros líderes
europeus, tendentes à adesão de Portugal às Comunidades Europeias.
Foi, de novo, Primeiro-Ministro do IX governo, do chamado Bloco Central, num período marcado por uma nova crise financeira e pela intervenção do FMI em Portugal.
Posteriormente, foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996, vencendo de forma tangente, e à segunda volta, as eleições presidenciais de 1986, e com larga maioria as de 1991, em que contou não só com o apoio do PS como do PSD, de Cavaco Silva. Sendo o primeiro civil a exercer o cargo de Presidente da República, deixou patente um novo estilo presidencial, promovendo a proximidade com as populações e a projeção de Portugal no estrangeiro; sendo marcado ao mesmo tempo pela tensão política com os governos de Cavaco Silva e pelo polémico caso TDM (Teledifusão de Macau).
No processo de transição democrática subsequente ao 25 de abril de 1974 Mário Soares afirmou-se como líder partidário no campo democrático, contra o Partido Comunista,
batendo-se pela realização de eleições. Foi ainda Ministro de alguns
dos governos provisórios - Ministro dos Negócios Estrangeiros, logo no I Governo Provisório,
ficou associado ao processo de descolonização, defendendo de forma
intransigente a independência e autodeterminação das províncias
ultramarinas.
Vencedor das primeiras eleições legislativas realizadas em democracia,
foi Primeiro-Ministro dos dois primeiros governos constitucionais, o I e II governos constitucionais, este último de coligação com o CDS. A sua governação foi marcada pela instabilidade democrática - nomeadamente, pela tensão entre o Governo e o Presidente da República - Conselho da Revolução - pela crise financeira e pela necessidade de fazer face à paralisação da economia ocorrida após o 25 de abril, que levou o Governo a negociar um grande empréstimo com os EUA.
Ao mesmo tempo, foi um período em que o Governo, e Soares em
particular, se empenhou em desenvolver contactos com outros líderes
europeus, tendentes à adesão de Portugal às Comunidades Europeias.
Foi, de novo, Primeiro-Ministro do IX governo, do chamado Bloco Central, num período marcado por uma nova crise financeira e pela intervenção do FMI em Portugal.
Posteriormente, foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996, vencendo de forma tangente, e à segunda volta, as eleições presidenciais de 1986, e com larga maioria as de 1991, em que contou não só com o apoio do PS como do PSD, de Cavaco Silva. Sendo o primeiro civil a exercer o cargo de Presidente da República, deixou patente um novo estilo presidencial, promovendo a proximidade com as populações e a projeção de Portugal no estrangeiro; sendo marcado ao mesmo tempo pela tensão política com os governos de Cavaco Silva e pelo polémico caso TDM (Teledifusão de Macau).
Os sindicatos garantem que se trata da maior manifestação de sempre na
Educação e um dos maiores protestos dos últimos anos em Lisboa. Segundo a
PSP, a Marcha da Indignação juntou 80 mil professores, mas os
organizadores garantem que mais de cem mil docentes participaram na
iniciativa, que tingiu de negro as ruas do centro de Lisboa.
Natural de Braga, era filho do médico
Henrique de Araújo Salgado Zenha (25 de maio de 1887 - 12 de agosto de
1957) e de Maria Ernestina de Mesquita de Almeida e Silva (1 de agosto
de 1893 - 25 de julho de 1974) e simultaneamente sobrinho-neto e sobrinho-bisneto do 1.º
Barão de Salgado Zenha.
Entrada na política e no Partido Comunista Português
Aderindo ao Partido Comunista Português no início da década de 1940, foi o primeiro aluno eleito presidente da Direção da Associação Académica de Coimbra, em 1944.
Seria demitido no cargo no ano seguinte, pelo facto da Associação
declinar, em Assembleia Magna, o convite do reitor para o acompanhar
numa visita a Salazar, com o fim de lhe agradecer a neutralidade durante a guerra.
Em finais de 1945, passa a ser responsável pela organização da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas em Coimbra. Nessa qualidade estará entre os fundadores do Movimento de Unidade Democrática Juvenil, integrando a sua Comissão Central. Preso pela primeira vez em 1947, será uma das muitas vezes que visitará os calabouços da PIDE. Neste período conhece Mário Soares, iniciando uma relação de amizade que irá ser reforçada pela participação de ambos na candidatura presidencial de Norton de Matos, em 1949.
Também no final da década de 40 inicia a sua vida profissional como advogado, realizando o estágio no escritório de Adelino da Palma Carlos. A par da carreira política e profissional, colabora na revista Vértice.
Até ao 25 de Abril
Salgado Zenha fez parte do grupo restrito de advogados que se destacou
na defesa de presos políticos e participantes em atividades
subversivas. Ganhou notoriedade na defesa de António de Sommer Champalimaud, no âmbito do Caso Herança Sommer, em 1973, garantindo a absolvição deste.
Ainda em 1964 participa na fundação da Ação Socialista Portuguesa, que iria resultar na criação do Partido Socialista, em 1973, e do qual seria, ainda que contrariado, membro fundador. Não estando presente em Bad Münstereifel, foi um dos sete elementos da Ação Socialista que entregou o seu voto contra a transformação da Associação em partido a Maria Barroso, que o representou.
Após o 25 de Abril de 1974
No pós-25 de Abril
converte-se num das figuras de proa no processo de democratização. Foi
ministro da Justiça nos I, II, III e IV Governos Provisórios, e ministro
das Finanças no VI Governo Provisório. Foi negociador na revisão da Concordata com a Santa Sé, que veio permitir o divórcio em Portugal, em 1975. Foi também um dos fortes opositores à unicidade sindical, que pretendia a criação de uma única central sindical.
Em 1976 o PS ganha as eleições, ocupando Salgado Zenha o lugar de líder da bancada parlamentar na Assembleia da República. Na altura Mário Soares terá alegado que não o levara para o governo de que era primeiro-ministro, porque Zenha era a «consciência moral» do partido.
Por volta de 1980 entra em rutura com Mário Soares, na sequência da polémica em torno do apoio ou não à candidatura de Ramalho Eanes a Presidente da República. Quando o PS
decide manter o apoio, em linha com a opinião de Salgado Zenha, Mário
Soares demite-se da liderança do partido, só regressando em 1981. Neste período Zenha manter-se-á como líder parlamentar, mas seria afastado devido a um processo disciplinar, movido por Soares,
por causa do apoio de Salgado Zenha a Ramalho Eanes nas presidenciais
de 1980. Como resultado foi expulso do Partido Socialista.
Agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade a 1 de outubro de 1985, todavia recusou na altura.
Em 1986, anuncia a sua candidatura a Presidente da República, afastando-se definitivamente do PS e selando a rutura com seu adversário Mário Soares. Salgado Zenha, garantindo o apoio do PCP e do PRD,
conseguiu 20% dos votos, não passando à segunda volta. Afasta-se então
da intervenção política, publicando as principais ideias da sua campanha
no livro As Reformas Necessárias, de 1988.
Apesar de ter sido sugerido várias vezes ao longo dos anos para ser condecorado com a Ordem da Liberdade, só com a persuasão de António Guterres, amigo de longa data, aceitaria. Seria condecorado a 10 de junho de 1990 com o grau de Grã-Cruz. Seria também António Guterres, então líder do PS, que o convidaria a reingressar no partido, mas Salgado Zenha manter-se-á como independente.
Morreu em 1 de novembro de 1993 em Lisboa,
após doença prolongada. A viúva, Maria Irene de Miranda da Cunha da
Silva Araújo (31 de maio de 1919 - 9 de janeiro de 2014), filha de José Joaquim Marques da
Silva Araújo (Braga, Pousada,
9 de maio de 1879 - ?) e de sua mulher (16 de dezembro de 1916) Julieta
de Miranda da Cunha (Lisboa, Conceição Nova - ?), de quem não tivera
descendência, criou a Fundação Salgado Zenha, que atribui um prémio e bolsas de estudo anuais na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, tendo sido agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito a 3 de maio de 2004.
Em 2014, foi erigida em Braga uma escultura, denominada "Silo da Memória" em homenagem ao político bracarense.
A Câmara Municipal de Lisboa prestou-lhe a sua homenagem ao atribuir o seu nome a uma avenida de Lisboa, situada na freguesia de Marvila.
António Moreira Portugal teve como professores dois guitarristas “futricas”, barbeiros de profissão e irmãos (o Flávio e o Fernando).
Nasceu em 23 de outubro de 1931, na República Centro-Africana, e morreu em Coimbra, a 26 de junho de 1994, com 63 anos.
Com um ano de idade foi viver para Coimbra (a sua família era de
Penacova) e aí fez a escola primária, os estudos secundários e se
licenciou em Direito.
Foi no Liceu D. João III que conheceu Luiz Goes e José Afonso e que
os começou a acompanhar, em 1949, com um grupo constituído por Manuel
Mora (2º guitarra) e Manuel Costa Brás (militar de Abril e ex-ministro) e
António Serrão, à viola.
Em 1951 matriculou-se na Faculdade de Direito e ingressou na tuna
e Orfeon Académico. Em 1952 conheceu António Brojo, que o convidou para
integrar o histórico grupo de fados e guitarradas do qual faziam parte
os cantores Luiz Goes, José Afonso, Florêncio de Carvalho, Fernando
Rolim e, um pouco mais tarde, Fernando Machado Soares.
Para além de António Brojo e de António Portugal, nas guitarras,
faziam ainda parte do grupo os violas Aurélio Reis e Mário de Castro. Em
1953 – e depois de muitos anos em que não se gravaram discos de Fado de
Coimbra – o grupo liderado por António Brojo registou uma série de 8
discos de 78 rotações por minuto.
António Portugal, durante mais de 45 anos, esteve omnipresente em tudo o que se relaciona com a “Canção de Coimbra”.
De 1949 a 1994, criou uma obra ímpar, quer pela qualidade e inovação
das suas composições e arranjos, quer pela forma como sabia ensaiar os
cantores, e com eles criar uma dinâmica de acompanhamento que o
distingue de todos os outros guitarristas do seu tempo.
António Portugal deixou, de longe, a mais ampla e completa discografia do Fado e da Guitarra de Coimbra.
Embora de forma esquemática e muito resumida, o percurso musical de António Portugal poderá ser dividido em quatro fases.
A primeira, iniciática, em que António Portugal se aplica na execução
e pesquisa da guitarra, e na sua colaboração, já referida, com os
maiores e mais importantes nomes da geração de 50.
A segunda, que inicia com a formação do grupo do “Coimbra Quintet”
(Luiz Goes, Jorge Godinho – 2º guitarra, também já falecido e Manuel
Pepe e Levy Batista), corresponde à transição para a renovação do fado e
da guitarra de Coimbra, que culminou com a gravação da “Balada de
Outono”, de José Afonso e onde, pela primeira vez ao lado de António
Portugal, surge a viola de Rui Pato.
A terceira fase – início dos anos 60 – é fundamentalmente marcada pela canção de intervenção
e pelos nomes de Adriano Correia de Oliveira e Manuel Alegre. A “Trova
do vento que passa”, de que António Portugal é autor da música em conjunto com Adriano Correia de Oliveira, é o hino e o emblema da resistência ao regime e à guerra colonial.
A quarta e última fase, é também a mais longa: é o período da maturidade e da consagração.
Depois do 25 de Abril, António Portugal, que ao longo dos anos tinha
sido um ativista político persistente e eficaz na luta contra o
fascismo, “trocou” temporariamente a guitarra pela política activa, quer
na Assembleia Municipal de Coimbra (onde foi, até à sua morte, líder da
bancada do PS), quer na Assembleia da República, como deputado.
Ultrapassado o período revolucionário de 1975 – em que a onda de
contestação não poupou também as tradições coimbrãs – e com o “regresso”
de António Brojo ao gosto e ao gozo da guitarra, reconstituiu-se o
grupo dos anos 50 e foi reiniciada uma atividade de intensa
participação, quer em espetáculos em Portugal e por todo o mundo, quer
numa série de programas para a RTP, quer ainda a gravação de uma
coletânea de 6 LP, “Tempos de Coimbra – oito décadas no canto e na
guitarra”, onde se registam, para a história – desde Augusto Hilário à
atualidade – dezenas de fados e guitarradas, fruto de laboriosa e
cuidada recolha.
A sua morte interrompeu o seu último projeto, que vinha realizando
com António Brojo, sobre a guitarra de Coimbra: ambos os solistas
preparavam um duplo álbum de guitarradas, em que alternadamente se
acompanhavam um ao outro, e que já ia a caminho da finalização.
No dia 10 de junho de 1994, quando se encontrava no Oriente para
atuar com o seu grupo nas Comemorações do Dia de Portugal, o Presidente
da República, Dr. Mário Soares, atribui-lhe, em Coimbra, a Ordem da
Liberdade.
António Portugal não teve a alegria de ver, e ostentar, essa
justíssima condecoração porque, à chegada ao aeroporto de Pedras Rubras,
foi vitimado por acidente vascular cerebral, morrendo dias depois, em
Coimbra.
Como escreveu o conceituado Rui Vieira Nery, na Revista do jornal “Expresso”,
“A morte de António Portugal, encarnação modelar da guitarra
coimbrã e de toda a tradição que nela se foi condensando ao longo destes
dois últimos séculos, deixa-nos aquela espécie de vazio doloroso que é a
de uma perda simultaneamente individual e geral. Perdemos um músico
excelente que marcou decisivamente a nossa música popular urbana dos
anos 60 e 70, mas perdemos também uma trave-mestra desse universo cada
vez mais frágil e mais difuso que é o da guitarra portuguesa e,
especificamente, o da guitarra de Coimbra”.
Os incêndios florestais em Portugal de outubro de 2017 deflagraram no dia 15 de outubro de 2017 no centro e norte do país, bem como na região da Galiza em Espanha. 440 incêndios estavam ativos em Portugal (523 ocorrências, segundo o primeiro-ministro), dos quais 33 de tamanho importante. A porta-voz da proteção civil descreveu este dia como "o pior dia do ano em matéria de incêndios florestais".
O fogo propagou-se rapidamente devido aos ventos fortes provocados pelo furacão Ophelia que assolaram o litoral da península Ibérica, às temperaturas invulgares, acima dos 30º, e à seca na Península Ibérica de 2017.
O mês de setembro de 2017 foi o mais seco em 87 anos e 81% do
território encontrava-se em seca severa (e 7,4% em seca extrema). No
mesmo ano, o número de incêndios na Europa duplicou, fenómeno que os
especialistas atribuem ao aquecimento global.
Os incêndios destruíram várias casas e edifícios industriais, e chegaram a cortar múltiplas estradas, incluindo autoestradas. Os incêndios resultaram em 50 vítimas mortais confirmadas.
Imagem de satélite do dia 15 de outubro, com nuvens de fumo no centro e norte de Portugal e na Galiza
Principais incêndios
Os dados aqui descritos são do dia 16 de outubro de 2017, às 19 horas e 30 minutos do fuso horário UTC+0.
Lousã, onde perto de 700 bombeiros combateram as chamas.
Pampilhosa da Serra, o fogo começou no concelho da Sertã acabando por passar para o
concelho da Pampilhosa, onde se perderam cerca de 500 infraestruturas e
arderam 30.000 hectares, deixando apenas 20% do município por arder.
Seia,
com mais de 400 bombeiros a tentar travar o incêndio. Neste concelho
houve dois incêndios em pontos distantes das populações mais próximas a
horas distintas, na área do Sabugueiro e depois em Sandomil. Apenas uma
das duas ignições fez chegar o fogo aos concelhos de Mangualde,
Gouveia; ambas fizeram depois uma única frente de fogo que atingiu o
concelho de Nelas.
Nelas, onde o fogo consumiu grande parte da zona sul do concelho, provocando uma vítima mortal, na aldeia de Caldas da Felgueira.
Penacova, São Pedro de Alva,
onde o fogo provocou 5 vítimas mortais e consumiu 28 habitações
permanentes, cerca de uma dezena de empresas e seis mil hectares de
floresta.
Quiaios, Tocha, Mira, Vagos e Ílhavo, com 115 operacionais, onde arderam cerca de 25.000 hectares de floresta.
Carregal do Sal, o incêndio consumiu cerca de 70 a 80% da mancha florestal de Carregal do Sal, uma dezena de casas e vitimou uma pessoa.
Vítimas e danos
Houve
50 vítimas mortais e mais de 70 feridos, ligeiros e graves, um pouco em
todo o lado. O distrito onde mais vitimas houve foi o distrito de Coimbra, com 25 vitimas mortais, seguido do distrito de Viseu, com 15 mortes, por causa dos difíceis acessos para os bombeiros.
No concelho de Oliveira do Hospital, 10 pessoas morreram, e mais de uma centena de famílias foram desalojadas.
Mais de 50.000 hectares terão sido consumidos pelas chamas, incluindo perto de 80% da superfície do Pinhal do Rei, no distrito de Leiria, plantado no século XIII. Por causa do mesmo incêndio, um parque de campismo foi atingido na Praia da Vieira.
No mesmo distrito, vários estabelecimentos de ensino foram fechados
devido às dificuldades de respiração causadas pelas nuvens de fumo nas
cidades de Leiria e Marinha Grande e em Vieira de Leiria, entre outras localidades.
Outro incêndio ocorrido no mesmo dia, iniciado em Quiaios destruiu a Mata Nacional da região, e progrediu para norte, destruindo quase por completo as zonas florestais da Tocha e de Mira. O Parque de Campismo da Praia da Tocha foi evacuado ao final da tarde de dia 15 de outubro
e a estrada de acesso à praia foi cortada, isolando os habitantes da
localidade. A mesma foi reaberta por volta da 01:20 de segunda-feira, 16 de outubro.
A Zona Industrial de Mira foi afetada por este incêndio, tal como a
Zona Industrial da Tocha, onde ardeu a fábrica da Sanindusa, provocando
um prejuízo de mais de 25 milhões de euros. Esta área florestal já tinha ardido em julho de 1993, com a diferença de que esse incêndio tinha começado a norte, perto de Mira, evoluindo para o sul.