sexta-feira, dezembro 27, 2024

Osip Mandelstam morreu, mais uma vítima do estalinismo, há 86 anos...

    

Osip Mandelstam ou Ossip Emilievich Mandelstam (Varsóvia, 15 de janeiro de 1891 - Vtoraya Rechka, 27 de dezembro de 1938) foi um poeta russo, um dos principais nomes do acmeísmo.

Osip, após um período de afastamento dos agrupamentos literários de então, acabou por falecer, num campo de prisioneiros estalinista, em 1938, na Sibéria.

Após escrever um poema anti-estalinista, chamado Epigrama de Estaline, este levou-o a ser preso, em 1934.

Poucos meses depois, porém, foi solto. Isto provou ser um alívio temporário. Nos anos seguintes, Mandelstam escreveu uma coleção de poemas conhecida como a Voronezh Notebooks, que incluiu o ciclo Versos sobre a Soldado Desconhecido. Ele também escreveu vários poemas que pareciam glorificar Estaline (incluindo "Ode a Estaline").

Em 1937, no início do Grande Purga, foi acusando novamente de abrigar visões anti-soviéticas e, em cinco de maio de 1938 foi preso, acusado de "atividades contra-revolucionárias", e, quatro meses mais tarde, em dois de agosto de 1938, Mandelstam foi condenado a cinco anos em campos de trabalhos forçados. Chegou a Vtoraya Rechka, próximo de Vladivostok, no Extremo Oriente da Rússia, de onde conseguiu enviar uma nota à sua esposa, pedindo roupas quentes, que nunca recebeu. A causa oficial de sua morte é doença não especificada.

Em 1956 Ossip Mandelstam foi reabilitado e declarado exonerado das acusações feitas contra ele em 1938. Em 28 de outubro de 1987 durante o governo de Mikhail Gorbachev, Mandelstam foi declarado inocente das acusações de 1934 e portanto, totalmente reabilitado. Em 1977, um asteroide passou a ser o planeta menor 3461 Mandelshtam - descoberto pelo astrónomo soviético Nikolai Stepanovich Chernykh, foi assim nomeado em sua homenagem.

 

in Wikipédia

  

 

Um corpo me foi dado

     

Um corpo me foi dado — e o que fazer assim
Com ele que é tão único, algo tão de mim.

Pela alegria calma em respirar, viver,
Me diga então a quem eu devo agradecer?

Eu cuido do jardim e a flor eu também sou.
No cárcere do mundo sozinho eu não estou.

Nos vidros do eterno se deitaram já
Minha respiração e o quente que em mim há.

E há de ser impresso nele um arabesco,
que é irreconhecível, feito agora, fresco.

Deixemos que o instante jorre a borra ao lado —
E o arabesco lindo não será riscado.


  


Osip Mandelstam

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