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Comemorações do centenário da República
Pessoa: Uma escolha poética pouco republicana
No espectáculo “Os bigodes da res publica”, que abriu as cerimónias oficiais do 5 de Outubro, na Praça do Município, em Lisboa, foram declamados poemas de Fernando Pessoa, autor que depreciava o regime.
Poemas de “O eu profundo e os outros eus”, de Fernando Pessoa, foram declamados por uma actriz da companhia O Bando, responsável pelo espectáculo “Os bigodes da res publica”, realizado na praça e protagonizado por cerca de 400 figurantes.
Refira-se que foi Pessoa quem escreveu, em “Da República” (Ática), o seguinte sobre o regime implantado a 5 de Outubro de 1910:
"(...) E o regimen está, na verdade, expresso naquele ignóbil trapo que, imposto por uma reduzidíssima minoria de esfarrapados mentais, nos serve de bandeira nacional - trapo contrário à heráldica e à estética, porque duas cores se justapõem sem intervenção de um metal e porque é a mais feia coisa que se pode inventar em cor. Está ali contudo a alma do republicanismo português - o encarnado do sangue que derramaram e fizeram derramar, o verde da erva de que, por direito natural, devem alimentar-se."
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