O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Portugal foi-nos roubado - João Ferreira-Rosa Portugal foi-nos roubado Há que dizê-lo a cantar Para isso nos serve o Fado Para isso e para não chorar 5 de outubro que treta O que foi isso afinal Dona Lisboa de Opereta Muito chique por sinal Sou português e por tal Nunca fui republicano O que eu quero é Portugal Para desfazer o engano Os heróis dos republicanos Banqueiros, tropa, doutores No estado em que ainda estamos Só lhe devemos favores Outubro, maio e abril Cinco, dois oito, dois cinco Reina a canalha mais vil Neste pano verde e tinto Sou português e por tal Nunca fui republicano Compartilhar O que eu quero é Portugal Para desfazer o engano.
Celebremos o 5 de outubro de 1143 que é de todos, e esqueçamos o de 1910 que foi de muito poucos.
“A I República nasceu da violência e dali em diante viveu da
violência. Essa violência, como costuma suceder desde 1789, tomou a
forma de um terrorismo de massa. Até 1917, e com mais brandura, até
1926, grupos republicanos (ligados diretamente ou indiretamente ao
partido), à mistura com algumas centenas de adeptos da anarquia e da
bomba: mataram, prenderam, torturaram, degredaram, espiaram e ameaçaram o
cidadão comum. Milhares de inocentes por discordância ou inadvertência
lhes caíram nas mãos.”
Vasco Pulido Valente, 9 de setembro de 2012
Depois de aqui há anos, no centenário da República, ter sido realizado o
maior escrutínio historiográfico alguma vez feito a este período negro
da nossa história, seria natural que os bem-intencionados titulares do
regime se envergonhassem um pouco no momento de o festejar: a revolução
de 5 de outubro de 1910, definitivamente, não merece quaisquer
celebrações num país que pretenda ser civilizado.
Bandeira da Carbonária (organização terrorista secreta republicana)
Mas, porque a memória é curta, atrevo-me a fazer hoje uma pequena
síntese daquele período de terror, emergente do feroz regicídio, o
assassinato do Rei D. Carlos I e do Príncipe D. Luís Filipe, acicatado
pelas mais indecorosas campanhas de propaganda populista pelos
extremistas na imprensa livre das cidades de Lisboa e Porto, que fariam
corar de vergonha os seus homólogos da atualidade.
Poucos anos antes de 1910, o PRP era um partido sem implantação
nacional, só com alguma expressão nos grandes centros urbanos, como
acontece atualmente com os partidos da esquerda radical: as suas
estruturas paroquiais não funcionavam, e os seus líderes detestavam-se
passando o tempo em intrigas e guerras intestinas. Por isso, apesar dum
crescimento no reinado de D. Manuel II, entre os anos de 1908/10, o
triunfo da República no 5 de Outubro foi recebido com surpresa e
incredulidade por quase todo o país, em particular pelos próprios
republicanos. São muitos os testemunhos nesse sentido. Os portugueses,
ainda mal refeitos do escândalo do regicídio, nem imaginavam o que os
esperava.
O facto é que, nos tempos que se seguiram à revolução, foi implantado
um dos regimes mais intolerantes e violentos que Portugal alguma vez
teve. Com a demissão ou exílio das antigas elites, militares e civis, a
aceleração da decadência das instituições, o caos da vida pública, as
prisões políticas em massa, os assassinatos, as bombas e tiroteios, a
repressão da imprensa livre, materializada na destruição, assalto e
violência exercida sobre os jornais e os jornalistas, o processo
atingiria píncaros impensáveis a 19 de outubro de 1921.
A Camioneta Fantasma
Nesse dia, um levantamento
militar obscuro conhecido por Noite Sangrenta, fez percorrer uma
“camioneta-fantasma” por Lisboa em busca de diversas figuras do regime
republicano, que foram executadas a sangue-frio por um grupo de
marinheiros chefiado pelo Cabo Abel Olímpio, homem sinistro conhecido
pela alcunha de “Dente d’Ouro”. O País, há muito arrastado pelo chão,
afundava-se na lama. Nessa terrível noite, foram assassinados entre
outros, o Presidente do Conselho de Ministros, António Granjo, e Machado
Santos e Carlos da Maia, “heróis da Rotunda”. A instabilidade política e
social que, entre 1910 e 1926, resultou em 45 governos e sete
presidentes da República, um dos quais assassinado a tiro (Sidónio
Pais), reflete bem um país sem rei nem roque.
Todo este processo de violência e acelerada decadência, a perseguição
aos católicos, que eram a grande maioria dos portugueses, os assaltos e
encerramentos de jornais, a restrição acentuada do direito de voto, as
prisões políticas, a criação da Formiga Branca, e todo o terrorismo
patrocinado pelo Estado, contribuiu definitivamente para o golpe militar
de 1926 e a emergência do Estado Novo. O silêncio acrítico da maioria
da historiografia do Estado Novo quanto ao regime tenebroso que o
antecedeu foi por certo um alto preço pago por Salazar para manter o
apoio dos republicanos, deste modo postos em sossego.
Piquete da Formiga Branca
Como seria de esperar, as promessas republicanas de delirantes amanhãs
que cantavam depressa se revelaram em desavergonhadas mentiras. Desde
logo quanto à discriminação da participação política das mulheres na
vida pública. De facto, foi a I República que excluiu pela primeira vez
as mulheres da vida cívica, ao negar-lhes por lei o direito de voto,
depois de a médica Beatriz Ângelo ter alcançado esse intento ao votar
nas primeiras eleições republicanas, em 28 de Maio de 1911, aproveitando
as indefinições existentes no enunciado de uma Lei… da monarquia.
Quando se falou do voto feminino pela primeira vez na Assembleia
Constituinte de 1911, a sugestão foi recebida com uma frase curta,
lacónica, recusando categoricamente a utilidade do voto feminino: “Tem
dado lá fora (o alargamento do sufrágio) mau resultado porque as
mulheres têm sido quase todas reacionárias” (Atas da Assembleia
Nacional Constituinte. Sessão n.º 21, de 14 de Julho de 1911). Na
“História da República”, de Raúl Rego, pode ler-se que a legislação de
1913 retirou o voto aos analfabetos e às mulheres, significando isto que
“a República, na igualdade dos sexos, voltava sobre si mesma e à
discriminação da mulher, anjo do lar”. A “democracia” emergente do 5 de
Outubro assentou na redução do eleitorado de 70% para 30% dos homens
adultos em Portugal…
Convite para sessão inaugural da Assembleia constituinte – só para homens
Com o 5 de Outubro de 1910 iniciou-se um período de violenta
perseguição religiosa em Portugal. A Igreja viveu por esses dias um
período de semiclandestinidade durante o qual diversos membros do clero
foram sujeitos à prisão, a maus-tratos e à morte. No Natal de 1910, com
as Igrejas tomadas pelos republicanos, a Missa do Galo foi celebrada à
porta fechada, com acesso limitado, e poucos tinham acesso aos
“bilhetes” de entrada distribuídos às escondidas.
Curiosamente,
não será coincidência a acrisolada devoção dos republicanos ao Marquês
de Pombal, na mesma medida em que tomaram os jesuítas como bodes
expiatórios, tão insistentemente perseguidos pela propaganda
revolucionária. É sintomático que a reverência ao tirânico
primeiro-ministro de Dom José tenha perdurado ao longo das décadas, e a
sua estátua, a maior de Lisboa, tenha sido inaugurada em 1934 em pleno
Estado Novo. De facto, o Marquês de Pombal, além da perseguição aos
jesuítas, era tido por um herói inspirador do Partido Republicano
Português. O seu centenário foi celebrado ruidosamente pelo PRP, em
1882, e sobre o déspota foram proclamados os maiores encómios, como
este: “A barbaridade, essa era do tempo e nada tem que admirar no
supplicio dos Tavoras. O que temos a notar, porem, é que o rigor do
ferreo ministro cahia egualmente implacável sobre nobres e plebeus,
sobre os poderosos e sobre os parias!”; ou este: “O despotismo, a
tyrannia de que se argue Pombal, era imposta pelas necessidades, como o
único meio de chegar à liberdade” (M. Emygdio Garcia). Robespierre e
Saint-Juste não diriam melhor.
Caricatura de Afonso Costa
Os jesuítas foram impiedosamente acossados, nos dias seguintes à
implantação da República, e são sinistros os relatos do jornalista
Valentine Williams, correspondente do News-Chronicle que
chegara a Lisboa para testemunhar os acontecimentos. O seu relato do
bombardeamento e assalto popular ao colégio jesuíta do Quelhas é
impressionante, tendo o próprio, ao ser confundido com um padre da
Companhia, sido detido, preso por uma corda, arrastado e conduzido à
sede do Governo Civil, onde conseguiu identificar-se e ser libertado,
não sem antes lhe terem inspecionado a nuca à procura da tonsura. Na
sequência do seu testemunho da destruição em curso no Colégio,
dirigiu-se ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, Bernardino Machado,
pedindo-lhe que pusesse cobro à destruição da valiosa biblioteca. A
resposta do futuro presidente da República – que curiosamente ou talvez
não, não acabou nenhum dos seus dois mandatos – foi lacónica: “A
propriedade desses patifes está sequestrada pelo povo Português”,
declarou com a solenidade de um mocho. “O povo está no seu direito. Não
há nada que eu possa fazer. Bom dia”.
Dos milhares de presos
políticos da Primeira República também pouco se fala. Em 1913, já as
notícias sobre maus-tratos que lhes eram infligidos tinham transposto
fronteiras e conquistado as atenções da opinião pública nos países com
mais ascendente sobre a nação lusa. Os grandes órgãos da imprensa
britânica, o Times, o Spectator, o MorningPost,
reproduziam, com abundância de pormenores, os casos de humilhação,
violência, tortura, abuso de poder e tratamento desumano nas prisões
portuguesas – a República tinha, por exemplo, adotado o humilhante
capuz penitenciário. A Duquesa de Bedford, presidente da Associação de
Visitadoras de Prisões, deslocou-se a Portugal nos princípios de 1913 e
visitou várias prisões, onde encontrou motivos para um indignado
protesto que publicou em Londres. Sobre este assunto aconselha-se
vivamente a leitura do livro biográfico Constança Telles da Gama – Fio-de-Prumo,
da autoria de Maria João da Câmara, que inclui pungentes testemunhos da
selvajaria infligida a todos aqueles, das mais diversas classes sociais
(os mais indefesos naturalmente, eram os mais humildes), que foram
denunciados e detidos como monárquicos.
São contundentes os números relativos ao ensino, apresentados por Rui Ramos na sua História de Portugal
publicada pela Esfera dos Livros: “O número de escolas primárias em
funcionamento, que subira de 4.665 em 1901 para 6.412 em 1911,
continuava em 6.750 em 1918. A taxa de escolarização, depois de aumentar
de 22,1% para 29,3% entre 1900 e 1910, quase estagnou até 1920 (30,3%).
Entre 1911 e 1920, o analfabetismo na população maior de 7 anos recuou
apenas de 70,2% para 66,2%, isto é, desceu menos que entre 1900 e 1911”.
Empenhados em reprimir o país que rebeldemente lhes resistia, cada vez
mais miserável, a velha promessa de prover educação ao povo, “e acabar
com a acabar com a religião católica em Portugal em duas gerações” –
como declarou Afonso Costa, quando era ministro da Justiça e Cultos –
poucos resultados teve.
No que respeita à censura e ao controlo da
imprensa, o método utilizado na maioria das vezes foi o do
empastelamento, do assalto e da destruição dos jornais que se atreviam a
confrontar o regime, pela Formiga Branca, uma autêntica polícia
política irregular, antecessora da PIDE, que existiu na órbita do
Partido Republicano. Durante esse período, o regime estabeleceu formas
imaginativas, diretas e eficazes de impedir o acesso do público aos
textos críticos ou condenatórios do regime: o uso do assalto, da
apreensão, da suspensão, e até da censura sem fundamento legal de
jornais ou artigos foi tão frequente e continuado, que, no seu conjunto,
constituiu um sistema repressivo sólido e consistente. A estratégia era
a sustentação de um regime que não aceitava a contestação dos seus
fundamentos, e de uma classe política que não arriscava colocar em jogo a
sua permanência no poder. É irónico que os ardinas tenham sido das
maiores vítimas da Formiga Branca: quando apanhados viam-se despojados
dos jornais, cuja venda era o seu ganha-pão. As correrias dos ardinas,
em fuga pelas ruas do Bairro Alto, eram acontecimento quotidiano.
O Ardina a fugir do Guarda Republicano, in Papagaio Real, 1914
Sabemos
que os herdeiros dos revolucionários de 1910 subsistem nos dias de hoje
em Portugal. Habitam as margens radicais da esquerda portuguesa. Sendo
uma minoria, têm exposição e palco desproporcionados à sua verdadeira
dimensão. Ainda que muitos o não confessem, sabemos, até porque lemos o
que escrevem e ouvimos o que dizem, que dificilmente hesitariam em usar
métodos semelhantes se o sistema o permitisse. Mas, mesmo assim, julgo
que isso não justifica que não se comece a pensar em reformar o feriado
do 5 de outubro, associando-o a um acontecimento capaz de unir e
mobilizar os portugueses, o da assinatura do Tratado de Zamora em 1143,
consensualmente considerado o momento da fundação da nacionalidade.
O
que passou está passado; as feridas, mesmo as mais profundas, estão,
para a maioria dos portugueses, já curadas e mesmo esquecidas. Já não há
justiça que se possa fazer. Mas ainda podemos ansiar por um futuro mais
harmonioso que faça justiça à nossa História comum. Hoje, por esse país
fora, em Lisboa, Coimbra e Guimarães, de forma invisível, celebra-se o 5
de outubro bom. Nesse sentido, celebremos 1143 que é de todos e
esqueçamos 1910 que foi de muito poucos.
Após a relutância do exército em combater os cerca de dois mil soldados
e marinheiros revoltosos entre 3 e 4 de outubro de 1910, a República
foi proclamada, às 09.00 horas da manhã do dia seguinte, da varanda dos Paços do Concelho de Lisboa. Após a revolução, um governo provisório chefiado por Teófilo Braga dirigiu os destinos do país até à aprovação da Constituição de 1911 que deu início à Primeira República. Entre outras mudanças, com a implantação da República, foram substituídos os símbolos nacionais como o hino nacional e a bandeira.
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem - ou desgraça ou ânsia -
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância -
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
Portugal foi-nos roubado - João Ferreira-Rosa Portugal foi-nos roubado Há que dizê-lo a cantar Para isso nos serve o Fado Para isso e para não chorar 5 de outubro que treta O que foi isso afinal Dona Lisboa de Opereta Muito chique por sinal Sou português e por tal Nunca fui republicano O que eu quero é Portugal Para desfazer o engano Os heróis dos republicanos Banqueiros, tropa, doutores No estado em que ainda estamos Só lhe devemos favores Outubro, maio e abril Cinco, dois oito, dois cinco Reina a canalha mais vil Neste pano verde e tinto Sou português e por tal Nunca fui republicano Compartilhar O que eu quero é Portugal Para desfazer o engano.
Após a relutância do exército em combater os cerca de dois mil soldados
e marinheiros revoltosos entre 3 e 4 de outubro de 1910, a República
foi proclamada, às 09.00 horas da manhã do dia seguinte, da varanda dos Paços do Concelho de Lisboa. Após a revolução, um governo provisório chefiado por Teófilo Braga dirigiu os destinos do país até à aprovação da Constituição de 1911 que deu início à Primeira República. Entre outras mudanças, com a implantação da República, foram substituídos os símbolos nacionais: o hino nacional e a bandeira.
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem - ou desgraça ou ânsia -
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância -
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
Após a relutância do exército em combater os cerca de dois mil soldados
e marinheiros revoltosos entre 3 e 4 de outubro de 1910, a República
foi proclamada, às 09.00 horas da manhã do dia seguinte, da varanda dos Paços do Concelho de Lisboa. Após a revolução, um governo provisório chefiado por Teófilo Braga dirigiu os destinos do país até à aprovação da Constituição de 1911 que deu início à Primeira República. Entre outras mudanças, com a implantação da República, foram substituídos os símbolos nacionais: o hino nacional e a bandeira.
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem - ou desgraça ou ânsia -
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância -
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
Portugal foi-nos roubado - João Ferreira-Rosa Portugal foi-nos roubado Há que dizê-lo a cantar Para isso nos serve o Fado Para isso e para não chorar 5 de outubro que treta O que foi isso afinal Dona Lisboa de Opereta Muito chique por sinal Sou português e por tal Nunca fui republicano O que eu quero é Portugal Para desfazer o engano Os heróis dos republicanos Banqueiros, tropa, doutores No estado em que ainda estamos Só lhe devemos favores Outubro, maio e abril Cinco, dois oito, dois cinco Reina a canalha mais vil Neste pano verde e tinto Sou português e por tal Nunca fui republicano O que eu quero é Portugal Para desfazer o engano.
Após a relutância do exército em combater os cerca de dois mil soldados
e marinheiros revoltosos entre 3 e 4 de outubro de 1910, a República
foi proclamada, às 09.00 horas da manhã do dia seguinte, da varanda dos Paços do Concelho de Lisboa. Após a revolução, um governo provisório chefiado por Teófilo Braga dirigiu os destinos do país até à aprovação da Constituição de 1911 que deu início à Primeira República. Entre outras mudanças, com a implantação da República, foram substituídos os símbolos nacionais: o hino nacional e a bandeira.
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem - ou desgraça ou ânsia -
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância -
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
... pois hoje celebra-se o reconhecimento de Portugal como nação independente, há 868 anos, no Tratado de Zamora, em que Afonso VII de Leão e Castela reconheceu o seu primo, Afonso Henriques, com Rei de Portugal.
Embora há 101 anos um bando de parvos acabasse com a Monarquia, recordemos o descendente do primeiro Rei de Portugal que teve o sagrado dever de defender a sua pátria como último Rei (e, depois da imposição da república, como simples cidadão) :
Passam hoje 867 anos sobre a assinatura do Tratado de Zamora, que deu a independência ao Reino de Portugal - veja-se o texto da Wikipédia sobre o tratado:
Pelos termos do tratado, Afonso VII concordou em que o Condado Portucalense passasse a ser Reino, tendo D. Afonso Henriques como seu "rex" (rei). Embora reconhecesse a independência, D. Afonso Henriques continuava a ser vassalo, pois D. Afonso VII para além de ser rei de Leão e Castela era Imperador de toda a Hispânia. Contudo nunca D. Afonso Henriques prestou vassalagem ao Imperador, sendo caso único de entre todos os reis existentes na península Ibérica.
A soberania portuguesa, reconhecida por Afonso VII em Zamora, só veio a ser confirmada pelo Papa Alexandre III em 1179, mas o título de "rex", que D. Afonso Henriques usava desde 1140, foi confirmado em Zamora, comprometendo-se então o monarca português, ante o cardeal, a considerar-se vassalo da Santa Sé, obrigando-se, por si e pelos seus descendentes, ao pagamento de um censo anual.
A partir de 1143 D. Afonso Henriques vai enviar ao Papa remissórias declarando-se seu vassalo lígio e comprometendo-se a enviar anualmente uma determinada quantia de ouro. As negociações vão durar vários anos, de 1143 a 1179. Em 1179 o Papa Alexandre III envia a D. Afonso Henriques a "Bula Manifestis probatum"; neste documento o Papa aceita que D. Afonso Henriques lhe preste vassalagem directa, reconhece-se definitivamente a independência do Reino de Portugal sem vassalagem em relação a D. Afonso VII de Leão e Castela (pois nenhum vassalo podia ter dois senhores directos) e D. Afonso Henriques como primeiro rei de Portugal, ou seja, Afonso I de Portugal.
Passam ainda 30 anos sobre as eleições legislativas de 1980, que mostraram que, com coligações coerentes, o sistema político português podia funcionar - isto para além de, há um século, um golpe de estado antidemocrático, derrubou uma democracia e gerou um república caótica, assassina e mentirosa, que se manteve apenas 16 anos...