sexta-feira, julho 23, 2021

Adolfo Casais Monteiro morreu há 49 anos

(imagem daqui)
   
Adolfo Casais Monteiro (Porto, 4 de julho de 1908 - São Paulo, 23 de julho de 1972) foi um poeta, crítico e novelista português.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade do Porto (Faculdade de Letras), onde foi colega de Agostinho da Silva e Delfim Santos, tendo-se formado em 1933. Foi também nessa cidade que começou por ser professor no Liceu Rodrigues de Freitas, até ao momento em que foi afastado da carreira por motivos políticos. Exilou-se em 1954 no Brasil, por motivos políticos e por lhe ser vedada a docência em Portugal.
Foi diretor, em 1931, da revista "Presença", depois da demissão de Branquinho da Fonseca, ainda que não tenha sido um dos seus fundadores. A revista viria ter o seu fim em 1940, tendo provavelmente contribuído para o seu encerramento as opções políticas de Casais Monteiro, que acabaria por se instalar no Brasil em 1954, após ter participado nas comemorações do 4º centenário da Cidade de São Paulo. Dele se afirma que, sendo um heterodoxo, tal como Eduardo Lourenço, é natural que viesse a exilar-se, já que a própria oposição ao regime se regia por normas (ortodoxias) que não se adequavam ao seu modo de ser.
Lecionou, então, Literatura Portuguesa em diversas universidades brasileiras, incluindo a da Bahia (Salvador), até se fixar em 1962 na Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Araraquara - São Paulo. Escreveu por essa altura vários ensaios, ao mesmo tempo que escrevia, como crítico, para vários jornais brasileiros, tendo deixado contributos para o estudo de Fernando Pessoa e do grupo da "Presença".
Entre os seus trabalhos de tradução conta-se "A Germânia", de Tácito, em 1941. O seu único romance, de 1945, intitulava-se "Adolescentes".
A sua obra poética, iniciada em 1929 com "Confusão", foi influenciada pelo primeiro modernismo português, aproximando-se estilisticamente do esteticismo de André Gide. As suas críticas ao concretismo baseavam-se na ideia de que esta corrente estética promovia a impessoalidade, partindo da "mais pura das abstrações" na construção de uma "uma linguagem nova ao serviço de nada, uma pura linguagem, uma invenção de objetos - em resumo: um lindo brinquedo". Enquanto alguns autores o descrevem como independente do Surrealismo outros acentuam a influência que esta corrente estética teve no autor, como se pode verificar nos seus ensaios sobre autores como Jules Supervielle, Henri Michaux e Antonin Artaud (designando o último como "presença insustentável). Muita da sua obra poética dedica-se ao período histórico específico por ele vivido, como acontece no poema "Europa", de 1945, que foi lido por António Pedro na BBC de Londres, no decorrer da Segunda Guerra Mundial.


Vem, Vento, Varre

Vem, vento, varre
sonhos e mortos.
Vem, vento, varre
medos e culpas.
Quer seja dia,
quer faça treva,
varre sem pena,
leva adiante
paz e sossego,
leva contigo
nocturnas preces,
presságios fúnebres,
pávidos rostos
só cobardia.


Que fique apenas
erecto e duro
o tronco estreme
de raiz funda.


Leva a doçura,
se for preciso:
ao canto fundo
basta o que basta.


Vem, vento, varre!
   


Adolfo Casais Monteiro

Daniel Jacob Radcliffe - 32 anos


Daniel Jacob Radcliffe
(Hammersmith, Londres, 23 de julho de 1989) é um ator britânico, conhecido internacionalmente por interpretar o personagem-título na série de filmes da saga Harry Potter escrita por J. K. Rowling. Fez sua primeira atuação profissional aos dez anos de idade no telefilme David Copperfield (1999) da BBC, seguido pela sua primeira aparição no cinema pelo filme O Alfaiate do Panamá (2001). Aos onze anos, atuou no primeiro filme da saga Harry Potter. Por seu trabalho na série, conquistou diversos prémios e ganhou mais de 54 milhões de libras esterlinas.
    

A chacina da Candelária (Rio de Janeiro) foi há 28 anos...

O monumento com a igreja no fundo
   
A chacina da Candelária, como ficou registada pelos media, ocorreu na madrugada do dia 23 de julho de 1993 próximo da Igreja de mesmo nome, localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro.  Neste crime, oito jovens foram assassinados. O caso foi listado pelo portal Brasil Online (BOL, 2015) e pela Superinteressante (2015) ao lado de outros crimes que "chocaram" o Brasil.
 
A chacina
Na madrugada do dia 23 de julho de 1993, aproximadamente à meia-noite, vários carros pararam em frente à Igreja da Candelária. Logo após, os policias abriram fogo contra mais de setenta crianças e adolescentes que estavam dormindo nas proximidades da Igreja. Como resultado da chacina, seis menores e dois maiores morreram e várias crianças e adolescentes ficaram feridos. Um dos sobreviventes da chacina, Sandro Barbosa do Nascimento, mais tarde voltou aos noticiários quando se tornou o responsável pelo sequestro do autocarro 174.
Os nomes dos oito mortos no episódio encontram-se inscritos numa cruz de madeira, erguida no jardim em frente da Igreja:
  • Paulo Roberto de Oliveira, 11 anos
  • Anderson de Oliveira Pereira, 13 anos
  • Marcelo Cândido de Jesus, 14 anos
  • Valdevino Miguel de Almeida, 14 anos
  • "Gambazinho", 17 anos
  • Leandro Santos da Conceição, 17 anos
  • Paulo José da Silva, 18 anos
  • Marcos Antônio Alves da Silva, 19 anos
Investigação, participantes e assassinos

A investigação do ato levou até Wagner dos Santos, um dos adolescentes que sobreviveu, apesar de ter sido atingido por quatro tiros. Santos sofreria um segundo atentado em 12 de setembro de 1994 na Estação Central do Brasil e a partir de então, o Ministério Público o colocou no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas. O seu testemunho foi fundamental no reconhecimento dos envolvidos. Wagner deixou o país com a ajuda do governo federal e sofre com sérios problemas de saúde.

No decorrer do processo, foram indiciadas sete pessoas no total: o ex-Policial Militar Marcus Vinícius Emmanuel Borges, os Policiais Militares Cláudio dos Santos e Marcelo Cortes, o serralheiro Jurandir Gomes França, Nelson Oliveira dos Santos, Marco Aurélio Dias de Alcântara e Arlindo Afonso Lisboa Júnior.

  • Cláudio, Marcelo e Jurandir foram inocentados no processo.
  • Arlindo ainda não foi julgado pela chacina, tendo sido condenado a dois anos por ter em sua posse uma das armas do crime.
Os outros três, que já foram condenados, permanecem em liberdade, beneficiadas por indulto ou em liberdade condicional:
  • Marcus Vinicius Emmanuel Borges, ex-Policial Militar – foi condenado a 309 anos de prisão em primeira instância. Recorreu a sentença e, num segundo julgamento, foi condenado a 89 anos. Insatisfeito com o resultado, o Ministério Público pediu um novo julgamento e, em fevereiro de 2003, Emmanuel foi condenado a 300 anos mas permanece em liberdade;
  • Nelson Oliveira dos Santos – foi condenado a 243 anos de prisão pelas mortes da chacina e a 18 anos por tentativa de assassinato de Santos. Recorreu a sentença, sendo absolvido pelas mortes em um segundo julgamento, mesmo após ter confessado o crime. O Ministério Público recorreu e, no ano de 2000, Nelson foi condenando a 27 anos de prisão pelas mortes e foi mantida a condenação por tentativa de assassinato, somando uma pena de 45 anos. Nelson Oliveira dos Santos também já está solto. Atualmente ele está em liberdade condicional por outros crimes, segundo o Tribunal de Justiça do Rio;
  • Marco Aurélio Dias de Alcântara – foi condenado a 204 anos de prisão e também foi libertado da prisão.
  
Monumento e referências
Há em frente à igreja um pequeno monumento que relembra à chacina. Ele é constituído por uma cruz de madeira, que tem inscrito os nomes dos jovens assassinados, e uma placa de concreto. Esta mesma sofreu aparentemente ações de vandalismo, pois está bastante danificada, desmembrada do seu suporte e com a sua epígrafe ilegível.
A chacina foi retratada em um episódio do programa Linha Direta da Rede Globo. Também é retratada, em formato de flashback, pelo protagonista do livro O Imperador da Ursa Maior de Carlos Eduardo Novaes. O documentário Ônibus 174 de José Padilha e o filme Última Parada 174, de Bruno Barreto, narram a história de Sandro Barbosa do Nascimento, sobrevivente do massacre que, sete anos mais tarde, protagonizou o sequestro ao autocarro da linha 174 da mesma cidade. Uma referência à chacina também é feita no jogo Metal Gear Rising: Revengeance. Em uma conversa de CODEC, durante o ARQUIVO R-02, o personagem Kevin e o protagonista Raiden conversam sobre a situação de crianças de rua mencionando o incidente.
   

O Hale-Bopp, o grande cometa do século XX, foi descoberto há 26 anos

  
O Hale-Bopp, ou C/1995 O1, foi um dos maiores cometas observados no século XX e um dos mais brilhantes da segunda metade do século XX. Pôde ser contemplado a olho nu durante 18 meses, quase o dobro do tempo do Grande cometa de 1811.
Foi descoberto a 23 de julho de 1995 a uma grande distância do Sol, criando-se desde logo uma grande expectativa de que este seria um cometa muito brilhante quando passasse perto da Terra. O brilho de um cometa é algo muito difícil de prever com exactidão, mas o Hale-Bopp superou todas as expectativas quando atingiu o periélio a 1 de abril de 1997. Foi denominado o Grande Cometa de 1997.
A sua passagem deu origem a alguma preocupação e receio por parte da população, uma vez não eram observados cometas com estas características havia várias décadas. Surgiram inclusive rumores de que uma grande nave extraterrestre estaria no seu encalço, o que levou a um suicídio em massa entre os seguidores da seita Heaven's Gate
    
     

Domenico Scarlatti morreu há 264 anos

    
Giuseppe Domenico Scarlatti (Nápoles, 26 de outubro de 1685 - Madrid, 23 de julho de 1757) foi um compositor italiano
Filho do também músico e compositor Alessandro Scarlatti, as suas maiores contribuições para a música foram as suas sonatas para teclado num único movimento, em que empreendeu abordagens harmónicas bastante inovadoras, apesar de ter composto também obras para orquestra e voz. Embora tenha vivido no período que corresponde ao auge da música barroca europeia, suas composições, mais leves e homofónicas, têm estilo mais próximo daquele do início do período clássico.
Domenico Scarlatti nasceu no mesmo ano em que nasceram dois outros grandes mestres do barroco, Johann Sebastian Bach e Georg Friedrich Händel. Foi o sexto de dez filhos e o irmão mais novo de Pietro Filippo Scarlatti, também músico. O mais provável é que tenha recebido as primeiras lições de música com seu pai. Outros compositores que também podem ter sido seus professores foram: Gaetano Greco, Francesco Gasparini e Bernardo Pasquini, que parecem ter influenciado seu estilo musical.
Scarlatti se tornou compositor e organista na capela real de Nápoles em 1701. Em 1704, ele fez uma revisão à ópera Irene de Carlo Francesco Pollarolo para ser apresentada em Nápoles. Pouco depois seu pai o mandou para Veneza. Não existem registos a seu respeito nos próximos quatro anos. Em 1709, ele foi a Roma a serviço da rainha polaca, então no exílio, Marie Casimire, onde ele encontrou Thomas Roseingrave que liderou em Londres uma entusiástica recepção às sonatas do compositor. Já um cravista renomado, há uma história de que numa competição com Georg Friedrich Händel, no palácio do cardeal Ottoboni, em Roma, ele talvez tenha sido julgado superior a Händel naquele instrumento, embora inferior com relação ao órgão. Mais tarde, Scarlatti ficou conhecido pela veneração com que se referia às habilidades de Händel.
Também, enquanto em Roma, Scarlatti compôs várias óperas para o teatro particular da Rainha Casimire. Ele foi maestro di cappella em São Pedro, de 1715 a 1719 e, neste último ano, foi a Londres para dirigir sua ópera Narciso no King's Theatre.
Em 1720, ou 1721, Scarlatti foi a Lisboa, onde ensinou música à princesa portuguesa Maria Magdalena Bárbara (Maria Bárbara de Bragança). Esteve novamente em Nápoles, em 1725. Durante uma visita a Roma, em 1728, casou-se com Maria Caterina Gentili. Em 1729 mudou-se para Sevilha onde permaneceu por quatro anos. Ali veio a conhecer o flamenco. Em 1733, foi a Madrid para assumir o cargo de maestro de música da princesa Maria Bárbara, que se casara com o Príncipe Herdeiro de Espanha. D. Maria Bárbara tornou-se rainha da Espanha e ele permaneceu no país por cerca de vinte e cinco anos, tendo, ali, sido pai de cinco filhos. Depois da morte de sua esposa, em 1742, desposou uma espanhola, Anastasia Maxarti Ximenes. Durante o período que permaneceu na Espanha, Scarlatti compôs mais de quinhentas sonatas para teclado e é por esses trabalhos que ele hoje é lembrado.
Scarlatti foi amigo do cantor castrato Farinelli, um napolitano que estava sendo patrocinado pela casa real, em Madrid. O musicólogo Ralph Kirkpatrick reconhece que a correspondência de Scarlatti com Farinelli fornece "a informação mais direta sobre [o compositor] que foi deixada para os nossos dias".
Domenico Scarlatti faleceu em Madrid, com 71 anos. A sua casa na Calle Leganitos é identificada com uma placa histórica e seus descendentes ainda vivem naquela cidade.
    

 


A Batalha da Cova da Piedade foi há 188 anos

 (imagem daqui)
  
A Batalha da Cova da Piedade foi travada no dia 23 de julho de 1833 entre as forças realistas (miguelistas ou absolutistas) de Dom Miguel e as forças constitucionais (ou Liberais) de Dom Pedro IV.
As tropas liberais planeavam invadir Lisboa através da margem sul do Rio Tejo.
O choque entre os dois exércitos deu-se na localidade da Cova da Piedade, a poucos quilómetros de Cacilhas.
Após confronto inicial, o exército liberal conseguiu avançar sobre os absolutistas, forçando-os a bater em retirada para Lisboa, onde se refugiaram no Castelo de Almada.
No dia seguinte, o castelo foi capturado pelos liberais e o General Teles Jordão das forças absolutistas foi morto a golpes de sabre por um oficial liberal, sendo enterrado na praia com um braço de fora.
Esta vitória marcou o fim das esperanças dos Miguelistas de conter o avanço Liberal sobre a Capital, e foi decisiva para a ocupação de Lisboa bem como para o desfecho da Guerra Civil Portuguesa.
 

Carlos Paredes morreu há dezassete anos...

    
Foi um dos grandes guitarristas e é um símbolo ímpar da cultura portuguesa. É um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa e grande compositor. Carlos Paredes é um guitarrista que para além das influências dos seus antepassados - pai, avô, e tio, tendo sido o pai, Artur Paredes, o grande mestre da guitarra de Coimbra - mantém um estilo coimbrão, a sua guitarra é de Coimbra, e própria afinação era do Fado de Coimbra. A sua vida em Lisboa marcou-o e inspirou-lhe muitos dos seus temas e composições. Ficou conhecido como O mestre da guitarra portuguesa ou O homem dos mil dedos.
   
Biografia
Filho do famoso compositor e guitarrista, mestre Artur Paredes, neto e bisneto de guitarristas, Gonçalo Paredes e António Paredes, começou a estudar guitarra portuguesa aos quatro anos com o seu pai, embora a mãe preferisse que o filho se dedicasse ao piano; frequenta o Liceu Passos Manuel, começando também a ter aulas de violino na Academia de Amadores de Música. Na sua última entrevista, recorda: "Em pequeno, a minha mãe, coitadita, arranjou-me duas professoras de violino e piano. Eram senhoras muito cultas a quem devo a cultura musical que tenho".
  
Em 1934, a família muda-se para Lisboa, o pai era funcionário do BNU e vem transferido para a capital. Abandona a aprendizagem do violino para se dedicar, sob a orientação do pai, completamente à guitarra. Carlos Paredes fala com saudades desses tempos: "Neste anos, creio que inventei muita coisa. Criei uma forma de tocar muito própria que é diferente da do meu pai e do meu avô".
  
Carlos Paredes inicia em 1949 uma colaboração regular num programa de Artur Paredes na Emissora Nacional e termina os estudos secundários num colégio particular. Não chega a concluir o curso liceal e inscreve-se nas aulas de canto da Juventude Musical Portuguesa, tornando-se, em 1949, funcionário administrativo do Hospital de São José.
Em 1958, é preso pela PIDE por fazer oposição a Salazar, é acusado de pertencer ao Partido Comunista Português, do qual era de facto militante, sendo libertado no final de 1959 e expulso da função pública, na sequência de julgamento. Durante este tempo andava de um lado para o outro da cela fingindo tocar música, o que levou os companheiros de prisão a pensar que estaria louco - de facto, o que ele estava a fazer, era compor músicas, na sua cabeça. Quando voltou para o local onde trabalhava no Hospital, uma das ex-colegas, Rosa Semião, recorda-se da mágoa do guitarrista devido à denúncia de que foi alvo: «Para ele foi uma traição, ter sido denunciado por um colega de trabalho do hospital. E contudo, mais tarde, ao cruzar-se com um dos homens que o denunciou, não deixou de o cumprimentar, revelando uma enorme capacidade de perdoar!»
   
Em 1962, é convidado pelo realizador Paulo Rocha, para compor a banda sonora do filme Os Verdes Anos: «Muitos jovens vinham de outras terras para tentarem a sorte em Lisboa. Isso tinha para mim um grande interesse humano e serviu de inspiração a muitas das minhas músicas. Eram jovens completamente marginalizados, empregadas domésticas, de lojas - Eram precisamente essas pessoas com que eu simpatizava profundamente, pela sua simplicidade». Recebeu um reconhecimento especial por “Os Verdes anos”.
  
Tocou com muitos artistas, incluindo Charlie Haden, Adriano Correia de Oliveira e Carlos do Carmo. Escreveu muitas músicas para filmes e em 1967 gravou o seu primeiro LP "Guitarra Portuguesa".
Quando os presos políticos foram libertados depois do 25 de Abril de 1974, eram vistos como heróis. No entanto, Carlos Paredes sempre recusou esse estatuto, dado pelo povo. Sobre o tempo que foi preso nunca gostou muito de comentar. Dizia «que havia pessoas, que sofreram mais do que eu!». Ele é reintegrado no quadro do Hospital de São José e percorre o país, actuando em sessões culturais, musicais e políticas em simultâneo, mantendo sempre uma vida simples, e por incrível que possa parecer, a sua profissão de arquivista de radiografias. Várias compilações de gravações de Carlos Paredes são editadas, estando desde 2003 a sua obra completa reunida numa caixa de oito CDs.
A sua paixão pela guitarra era tanta que, conta que certa vez, a sua guitarra se perdeu numa viagem de avião e ele confessou a um amigo que «pensou em se suicidar».
    
Uma doença do sistema nervoso central, (mielopatia), impediu-o de tocar durante os últimos 11 anos da sua vida. Morreu a 23 de julho de 2004 na Fundação Lar Nossa Senhora da Saúde em Lisboa, sendo decretado Luto Nacional.
Cquote1.svg "Quando eu morrer, morre a guitarra também.
O meu pai dizia que, quando morresse, queria que lhe partissem a guitarra e a enterrassem com ele.
Eu desejaria fazer o mesmo. Se eu tiver de morrer.”
Cquote2.svg
- Carlos Paredes
     

 


Amy Winehouse morreu há dez anos...

Amy Winehouse em 2007
   
Amy Jade Winehouse (Londres, 14 de setembro de 1983 - Londres, 23 de julho de 2011) foi uma cantora e compositora britânica conhecida por seu poderoso e profundo contralto vocal e sua mistura eclética de géneros musicais, incluindo soul, jazz e R&B. Iniciou uma carreira musical ainda na adolescência, apresentando-se em pequenos clubes de jazz em Londres. No fim de 1999, assinou o seu primeiro contrato com uma editora discográfica, a EMI Music, mas após ter sido descoberta por Darcus Breeze, em 2001, assinou contrato com a Island Records.
A sua primeira aparição no cenário musical britânico foi em 2003, com o seu álbum de estreia Frank. O disco foi bem recebido pela crítica especialista, mas, inicialmente, não obteve sucesso comercial e gerou quatro singles, todos sem êxito. Foi em 2006, com o lançamento do seu segundo álbum de estúdio, Back to Black, com o qual Amy Winehouse ganhou proeminência como artista. Este obteve um bom desempenho comercial e alcançou as posições mais elevadas no ranking internacional, tendo atingido o número um em dezoito países, incluindo Reino Unido, Áustria, Alemanha, Dinamarca e Irlanda, enquanto nos Estados Unidos chegou à sua posição máxima no número dois. Deste trabalho foram retirados seis singles, sendo "Rehab" o mais bem-sucedido. Back to Black vendeu seis milhões de cópias e foi o segundo disco mais vendido de 2007. No ano seguinte, o álbum foi nomeado para seis categorias na 50.ª edição dos Grammy Awards, das quais venceu cinco, o que fez de Winehouse a artista feminina britânica mais premiada em apenas uma edição deste famoso prémio. Além disso, as suas conquistas incluem três prémios Ivor Novello Awards, dois ECHO Awards e um total de seis Grammy Awards, entre outros.
Considerada a desencadeadora da nova invasão britânica, Amy Winehouse é denominada como Nova Rainha do Soul pela crítica especialista. Ela é citada como influência musical por várias cantoras, incluindo Adele, Duffy, Rumer e Lady Gaga, e foi a intérprete que mais vendeu a nível digital no Reino Unido em 2007, sendo posicionada no número dez na Lista dos Ricos do jornal inglês Sunday Times, com uma renda total de dez milhões de libras. Foi, ainda, eleita a segunda maior heroína dos britânicos pelo canal de televisão Sky News, com base em uma pesquisa realizada entre pessoas com menos de 25 anos de idade, em 2008, atrás apenas da princesa Diana.
No entanto, apesar de bem-sucedida, a sua carreira foi muitas vezes ofuscada pelos seus problemas pessoais, principalmente pelo seu casamento conturbado com o ex-assistente de vídeo Blake Fielder-Civil, uma vez que as disputas do casal foram diariamente comentadas pela imprensa. Além disso, o seu envolvimento com álcool e drogas e a sua luta para superar as dependências também prejudicaram a sua imagem pública.
Amy Winehouse foi encontrada morta na sua casa, em Londres, a 23 de julho de 2011. A causa da morte foi intoxicação por álcool. Após o falecimento da cantora, Back to Black tornou-se o disco mais vendido do século XXI no Reino Unido. Também em 2011, foi lançada a compilação póstuma Lioness: Hidden Treasures, que recebeu críticas positivas dos media especializados e teve um desempenho comercial favorável. Nesse mesmo ano, o jornal sueco Metro International concedeu à cantora o título de Celebridade do Ano, enquanto o canal VH1 colocou-a na 26.ª posição em sua lista das 100 Grandes Mulheres da Música, em 2012.
    
(...)
    
A sua última aparição pública foi em 20 de julho de 2011, quando ela subiu ao palco para apoiar a sua sobrinha, Dionne Bromfield, que realizava um show em Camden Town, com o grupo The Wanted. Três dias depois Amy Winehouse foi encontrada morta na sua casa por causas até então desconhecidas.
Por volta das 15.54 horas de 23 de julho de 2011 (horário de verão britânico, UTC+1), duas ambulâncias foram chamadas para a casa de Winehouse em Camden, Londres, devido a uma chamada para a polícia britânica, para atender uma mulher desmaiada.
Pouco tempo depois, as autoridades metropolitanas confirmaram a morte da cantora. Posteriormente, foi aberta uma investigação, a fim de determinar a causa da morte de Amy Winehouse, porém os primeiros resultados não foram conclusivos e uma análise toxicológica foi necessária. Apenas em 26 de outubro do mesmo ano, os relatórios finais puderam indicar que a causa da morte decorreu de um consumo abusivo de álcool após um período de abstinência, que mantivera até o dia 22 do mesmo mês. Suzanne Greenaway, médica legista disse que a quantidade de álcool encontrado no sangue da artista era de 4,16 g/l, cinco vezes maior que o suportável.
No dia da morte, a editora discográfica Universal Music Group emitiu um comunicado expressando seu pesar pela morte inesperada da cantora. Além disso, artistas como os U2, Lady Gaga, Nicki Minaj, Bruno Mars, Rihanna, George Michael, Adele, Kelly Clarkson e Courtney Love fizeram tributos a Amy Winehouse. Diversos fãs também fizeram homenagens a ela, deixando garrafas de bebidas alcoólicas, taças, cigarros e diversas fotos da cantora em frente à sua casa em Camden Town. A sua morte também trouxe de volta os seus materiais discográficos aos rankings ao redor do mundo.
A cerimónia fúnebre ocorreu no dia 26 de julho de 2011, terça-feira, no cemitério Edgwarebury, em Londres. A família e os amigos mais íntimos de Winehouse, além de algumas celebridades, como Mark Ronson, Kelly Osbourne e Bryan Adams, participaram da cerimónia, que seguiu os preceitos da religião judaica. O corpo da artista foi cremado e suas cinzas foram misturadas com as de sua avó, Cynthia. Com a conclusão do funeral, os seus pais declararam a sua intenção de criar uma fundação para ajudar jovens viciados em drogas.
A 17 de dezembro de 2012, as autoridades britânicas decidiram reabrir o inquérito para confirmar a causa da morte de Amy Winehouse e a 8 de janeiro de 2013 os relatórios confirmaram que a cantora morreu devido a uma intoxicação alcoólica.
      

 


Dominguinhos morreu há oito anos

José Domingos de Morais (Garanhuns, 12 de fevereiro de 1941 - São Paulo, 23 de julho de 2013), conhecido como Dominguinhos, foi um instrumentista, cantor e compositor brasileiro. Exímio sanfoneiro, teve como mestres nomes como Luiz Gonzaga e Orlando Silveira. Teve na sua formação musical influências de baião, bossa nova, choro, forró, xote e jazz.
 
(...)
  
No decorrer de um tratamento contra um cancro do pulmão, que já durava seis anos, Dominguinhos teve problemas com arritmia cardíaca e infecção respiratória e foi internado no Recife em dezembro de 2012. Um mês depois foi transferido para o Hospital Sírio-Libanês em São Paulo. No decorrer dos meses seguintes seu quadro se agravou, tendo sofrido várias paragens cardíacas. Em março o seu filho Mauro declarou à imprensa que o cantor não deveria mais sair do coma em que se encontrava, informação não confirmada pelos médicos, que, segundo os boletins divulgados, afirmavam que Dominguinhos estava minimamente consciente e apresentava leve melhoria.
Em 13 de julho, o cantor deixou a UTI, mas ainda permaneceu internado, com quadro considerado estável.
Com um novo agravamento no seu quadro, voltou para a UTI, onde morreu às dezoito horas do dia 23 de julho de 2013, após sofrer complicações infecciosas e cardíacas.
Devido a uma disputa judicial entre os seus familiares, quanto ao local do sepultamento, o corpo de Dominguinhos teve dois sepultamentos. O primeiro foi no Cemitério Morada da Paz em Paulista, Região Metropolitana do Recife, no dia 25 de julho de 2013.
Dois meses depois, em 26 de setembro, o seu corpo foi transferido para Garanhuns, onde houve um novo sepultamento no mesmo dia, no Cemitério São Miguel. O desejo de Dominguinhos era ser sepultado na sua terra natal.
 

 


Martin Gore, dos Depeche Mode, faz hoje sessenta anos...!

   
Martin Lee Gore (Dagenham, London, England, 23 July 1961) is an English songwriter, singer, guitarist and keyboardist, and also producer, remixer and DJ. He is a founding member of Depeche Mode and has written the majority of their songs. His work now spans over three decades. Gore's best-known compositions include hits such as "Personal Jesus", "Enjoy the Silence", "I Feel You", "People Are People", "Everything Counts", "Shake the Disease" and "Never Let Me Down Again".
In addition to composing music and writing lyrics for Depeche Mode songs, he has also been lead vocalist on several, and usually solo (some examples are, "Somebody", "A Question of Lust" and "Home"), as evidenced by most of the Depeche Mode concerts, and has been a backing vocalist on many others.
In 1999 he received the Ivor Novello Award from the British Academy of Songwriters, Composers and Authors for "International Achievement", the Moog Innovation Award "for his many contributions to the exploration of sound in popular music" in 2019, and became a Rock and Roll Hall of Fame member in late 2020 with fellow Depeche Mode members, Andrew Fletcher and Dave Gahan.
    

 


quinta-feira, julho 22, 2021

Àcerca do maluco que hoje recordamos...

(imagem daqui)
   
Anders Behring Breivik, também conhecido como Fjotolf Hansen (Oslo, 13 de fevereiro de 1979), é um terrorista cristão, ativista da extrema-direita norueguesa, e o autor confesso dos atentados na Noruega que mataram 77 pessoas e feriram outras 51 pessoas, no dia 22 de julho de 2011.
   
Condenação
Condenado por unanimidade no dia 24 de agosto de 2012, em Oslo, a 21 anos de prisão, prorrogáveis, ouviu com um sorriso o veredicto no qual foi declarado responsável pelo assassinato de 77 pessoas no dia 22 de julho de 2011 ao disparar contra um acampamento de jovens trabalhistas, depois de detonar uma bomba perto da sede do governo da Noruega. Por decisão do tribunal de Oslo, a sentença é prorrogável e pode estender-se indefinidamente, se a Justiça norueguesa avaliar que o réu continua a representar um perigo para a sociedade. Breivik respondeu pelas mortes causadas em um duplo atentado de 22 de julho de 2011, em Oslo e na ilha de Utoya, na Noruega. A custódia é uma figura legal do direito norueguês, que na prática pode equivaler a uma prisão perpétua.
Anders Behring Breivik sorriu ao ouvir o veredicto da justiça, fez a saudação da extrema-direita e pediu desculpas aos extremistas por não ter conseguido matar mais pessoas no ataque pelo qual foi condenado a 21 anos de prisão, numa prova de que o assassino em massa norueguês permaneceu desafiador até o fim. Para o autoproclamado guerreiro em batalha contra o multiculturalismo e a "invasão do Islão", a sentença máxima de 21 anos de prisão e não o confinamento num hospital psiquiátrico, foi a melhor possível. Ele já havia dito que ser enviado para uma instituição psiquiátrica - como pedido pelos promotores - seria um destino "pior do que a morte". O atirador inicialmente dissera que só recorreria caso fosse declarado doente mental e condenado a tratamento psiquiátrico forçado. O criminoso afirmou querer ser condenado, para que não pesasse dúvida sobre sua sanidade e sua ideologia e não deve recorrer da sentença. O atirador era réu confesso dos piores ataques no país desde a Segunda Guerra Mundial. Os seus advogados afirmaram que ele não iria apelar da sentença. Como a culpa de Breivik, de 33 anos, não estava em questão, o tema central do julgamento, que terminou no dia 22 de junho, foi a sua saúde mental.
A custódia é uma figura legal do Direito norueguês, que, na prática, pode equivaler à prisão perpétua. Uma vez cumprida a pena, esta pode ser prolongada por forma indefinida caso seja considerado que o réu continua a ser um perigo para a sociedade. A pena será cumprida num centro de segurança máxima em Ila, a oeste de Oslo, onde Breivik permaneceu em prisão preventiva desde o dia do crime.
    

Música adequada à data...!

Rick Davies, co-fundador e líder dos Supertramp, faz hoje 77 anos

  
Richard Davies (Eastcott Hill, Inglaterra, 22 de julho de 1944) é um músico anglo-norte-americano, mais conhecido por ser co-fundador e o líder da banda britânica Supertramp.
Rick toca teclado, piano (incluindo o piano elétrico Wurlitzer), gaita, órgão, escaleta e percussão, além de compor canções e letras. Rick, ao lado de Roger Hodgson, era um dos vocalistas principais da banda e responsável pelo registo vocal de barítono (em contraste com o registo de tenor de Hodgson).
Davies começou a aprender música aos 12 anos, na sua cidade natal, na banda marcial da Associação Britânica de Estradas de Ferro, como percussionista. Numa entrevista de 2002 ele contou: "Quando criança, a percussão das bandas marciais chamava-me a atenção quando aconteciam desfiles cívicos na minha cidade, na Inglaterra. Para mim, era um som fantástico. Pouco tempo depois, arranjei uma bateria e fiz aulas do instrumento. Eu levava-as a sério... por isso, imaginava como prosseguir, tornar-me profissional, um baterista de verdade, mas também ser capaz de ler partituras e tocar com big bands, bandas de rock, música clássica, música latina. Quis definir o que eu queria fazer, tornar-me requisitado e com isso estabelecer-me na vida. Nesse momento, comecei a arranhar nos teclados e por alguma razão as pessoas reagiram melhor do que o que fazia na bateria. Por isso, investi mais naquilo a que as pessoas reagiam melhor".
Em 1959 a atenção de Rick Davies voltou-se para o rock'n'roll e entrou para uma banda chamada Vince and the Vigilantes. Em 1962, enquanto estudava Artes na Faculdade de Swindon, formou a primeira banda da qual foi líder, Rick's Blues, e agregou às suas referências musicais o blues, rhythm and blues e jazz, que desde então são os seus estilos favoritos. No Rick's Blues Davies tocava um piano elétrico Hohner, em vez da bateria. Quando o seu pai adoeceu, Rick acabou com os Rick's Blues, deixou a faculdade e conseguiu um emprego como soldador numa fábrica de sistemas de controle de larga escala. Então, durante algum tempo, as suas aspirações artísticas foram colocadas de lado em nome da sobrevivência da sua família.
Em setembro de 1966, entretanto, Rick recebeu uma oferta para integrar um grupo profissional chamado The Lonely Ones, que tocava basicamente soul e foi um dos primeiros grupos de que o baixista Noel Redding fez parte. Rick foi admitido como organista, embora não soubesse tocar o instrumento, aceitou o posto para se livrar do trabalho na fábrica. The Lonely Ones apresentaram-se na Europa continental, passando pela Suíça e pela Itália. Em julho de 1967, o grupo foi renomeado para "The Joint". Daí em diante, a Suíça e a Alemanha passaram a ser países em que a nova banda sempre fazia shows. Datam dessa época as gravações de bandas sonoras que o The Joint fez para filmes de baixo orçamento, como What's Happening, Der Griller, Jet Generation e Lieber und so Weiter.
Em 1968, The Joint conheceu o milionário holandês Stanley August Miesegaes (apelidado Sam), que morava em Genebra, na Suíça. Após alguns shows, participações na TV suíça, contatos e novos equipamentos, os outros membros desinteressaram-se. Rick Davies era o mais talentoso, e Sam sabia disso, tanto que se dispôs a financiar testes para novos integrantes. Davies então decide voltar para a Inglaterra e reunir músicos para uma nova banda.
Em agosto de 1969 é publicado um anúncio no jornal Melody Maker, ao qual respondem muitos aspirantes, mas foram escolhidos Roger Hodgson (baixo e vocal de apoio), Richard Palmer-James (guitarra e vocal principal) e Keith Baker (bateria). O resultado foi nomeado como Daddy e a banda tocou principalmente em Munique, na Alemanha, no famoso clube PN, com Rick Davies mais concentrado como organista. Lá conheceram o cineasta checo Haro Senft, que teve a ideia de fazer um documentário musical que não desse glamour aos músicos, mas que valorizasse mais a música em si. Os Daddy mostraram-se a banda ideal para esse projeto e, em 14 de dezembro de 1969, foi filmada a apresentação deles com a música "All Along the Watchtower", de Bob Dylan.
Em janeiro de 1970, os Daddy decidem mudar seu nome para Supertramp, por sugestão do guitarrista Richard Palmer-James, que lia àquela altura o livro "The Autobiography of a Supertramp", do poeta galês W. H. Davies. À essa altura, o documentário de Senft já havia sido editado e recebeu o título de "Supertramp Portrait 1970", que não pode ser lançado comercialmente pois Bob Dylan não autorizou o uso da sua música. No entanto, os membros do Supertramp sempre se mostraram gratos a Senft por esse documentário, pois divulgou bem o seu nome nos locais em que foi exibido.
Enquanto isso, Keith Baker saiu e foram abertos testes em fevereiro de 1970 para um novo baterista. O escolhido foi o inglês Robert Millar. Com essa formação, o Supertramp foi ao estúdio para gravar seu primeiro disco, o epónimo Supertramp, patrocinado pelo mecenas Sam. O estilo musical predominante foi o psicadélico, marcado por longos instrumentais e um clima bastante introspectivo. Rick Davies e Roger Hodgson encabeçaram as composições, todas feitas em parceria. Em relação às letras, ambos estavam relutantes, pois nunca haviam feito isso. Depois de muitos desentendimentos entre os integrantes, o guitarrista Richard Palmer-James assumiu a tarefa e compôs as letras, ainda que ele também fosse inexperiente nessa área.
O disco de estreia foi lançado em 14 de julho de 1970, no Clube "Revolution", de Londres. Pouco mais de um mês depois, os Supertramp apresentaram-se no Festival da Ilha de Wight, conhecido como o "Woodstock inglês". A formação da banda ao vivo era completada pelo flautista e saxofonista norte-americano Dave Winthrop, radicado na Inglaterra desde os oito anos de idade. As relações entre os membros nessa primeira fase não eram amigáveis, e os desentendimentos predominavam.
Apesar de tudo, os iniciantes Supertramp foram convidados a gravar a banda sonora de um filme alemão, ainda em 1970. O filme, no título original, chama-se "Fegefeuer" (Purgatory, título em inglês). A banda compôs oito faixas instrumentais para esse projeto, e o disco é uma grande raridade, pois não foi relançado e tão pouco os Supertramp o consideram parte da sua discografia oficial. Quanto aos problemas, chegaram a um ponto entre os membros que Richard Palmer-James preferiu deixar os Supertramp em dezembro de 1970. A ele seguiu-se Robert Millar, alguns meses depois, já em 1971, após os shows particularmente problemáticos que tentaram fazer na Noruega. Millar sofreu um colapso nervoso que o deixou em estado semi-vegetativo, retirou-se do mundo musical e desde então mais nenhuma notícia se teve dele.
Com a entrada de novos membros, Frank Farrell no baixo e Kevin Currie na bateria, Roger Hodgson deixou o baixo em favor da guitarra e essa formação gravou o segundo álbum, Indelibly Stamped. Ao contrário do primeiro disco, em que Hodgson foi o principal cantor, Indelibly Stamped teve como principal cantor o líder Rick Davies. As influências desse disco se concentraram no R&B, jazz e blues, e o resultado foi mais eclético do que o precedente. Outra diferença que começou com o segundo disco foi o trabalho individual de cada compositor, música e letra, e menos em termos de parceria, ainda que não dispensassem as contribuições um do outro nos detalhes e finalização.
Todavia, o facto era que Indelibly Stamped não fez melhor nos tops de sucesso do que o álbum de estreia, as vendas foram inexpressivas e os Supertramp continuavam em dificuldades para agendar shows e crescer no reconhecimento dos ouvintes e até para prover as suas necessidades básicas.
Nessa altura, em janeiro de 1973, ainda sem datas para shows e sem ganhos suficientes, Roger Hodgson, Frank Farrell e Kevin Currie aceitaram o convite para tocar com Chuck Berry como músicos contratados, em alguns shows dele na Inglaterra. Em 1973, Farrell e Currie saíram da banda, cansados de enfrentar revezes, guerras de egos e escassez de recursos. Davies e Hodgson também estavam incertos, e nesse período foram sondados para entrarem na banda Free, de Paul Rodgers e Paul Kossov. Em vez disso, aceitaram participar de algumas faixas do primeiro disco solo de Chick Churchill, tecladista dos Ten Years After, chamado "You & Me". Davies tocou bateria nas faixas "You and Me", "Reality in Arrears", "Ode to an Angel" e "You're not Listening". Enquanto isso, insistiam junto à gravadora A&M e Sam para que não voltassem atrás, pois estavam compondo novas músicas, mais maduras, e precisavam de suporte para encontrar novos músicos.
Nesse período, fizeram teste para baixista e escolheram o escocês Dougie Thomson, que tocara com o Alan Bown Set. Também em 1973 entraram em contacto com Bob C. Benberg, baterista norte-americano que tocava com o Bees Make Honey. Depois disso, estando novamente com cinco músicos, gravaram fitas demo com canções que despontariam pouco depois, como School e Rudy. No final do ano, Dave Winthrop sai da banda, muito desmotivado e sem ver futuro naquela situação.
Para agravar o quadro, Sam decide retirar o seu patrocínio. O holandês percebeu que tanto o seu protegido Rick Davies quanto Roger Hodgson não estavam a fim de misturar música clássica com a influência pop, aspiração que comparece, quando muito, vaga, nos dois álbuns lançados até então. Sam deixa os Supertramp com o equipamento reunido até então, comprado pelo holandês, paga as dívidas da banda junto da A&M e lhes deseja sucesso dali para a frente.
A banda precisava de um tocador de instrumento de sopro, então Dougie lembrou-se do seu colega John Helliwell, da banda anterior, Alan Bown Set. Tenta fazer um contacto, mas Helliwell estava tocando na Alemanha, sem se saber quando iria voltar à Inglaterra. Os testes continuam, a gravação de demos também, assim como as tentativas de aumentar a quantidade de shows. Em 1973, John Helliwell retorna ao país de origem e é informado pela esposa de que o seu antigo colega entrou em contacto. Helliwell fala então com Dougie e este é convidado para um teste. O saxofonista agrada, tanto pela musicalidade quanto pelo bom humor, e ficou com os Supertramp, ainda que nada tenha sido oficializado.
Com essa formação promissora, os Supertramp reúnem-se com a presidência da A&M, que esperava deles um pedido de rescisão de contrato. Em vez disso, a banda pede apoio para mais um álbum. A presidência ouve as fitas demo, fica empolgada e põe os Supertramp em contato com o produtor Dave Margereson, que também gosta do material e juntos tomam as providências para os ensaios e gravações do que se tornaria o álbum Crime of the Century, lançado em 1974. O álbum alcançou a quarta posição nos tops ingleses e a 38ª nos EUA.
No ano seguinte, a banda gravou "Crisis? What Crisis?", que ficou na 20ª posição nos tops ingleses e na 44ª nas norte-americanas. Em 1977, a banda muda para os Estados Unidos e lança "Even in the Quietest Moments", que ficou 16ª posição nos nos tops. Dois anos depois, é a vez do maior sucesso comercial da carreira dos Supertramp, com "Breakfast in America", que alcançou a primeira posição nos EUA e o terceiro lugar na Grã-Bretanha. Durante o recesso do Supertramp, foi lançado em 1980 o disco ao vivo "Paris", que faturou a 8ª posição nos EUA. Em 1982, sai "...Famous Last Words...", que conquistou a 5ª posição nos EUA e a 6ª na Grã-Bretanha.
Rick Davies e Roger Hodgson, embora trabalhassem separadamente em suas composições próprias, creditavam todas a ambos, no mesmo esquema que era feito entre John Lennon e Paul McCartney, dos Beatles. A diferenciação é feita a partir do vocal principal, pois Rick Davies sempre cantou as suas próprias músicas, e Roger Hodgson, a mesma coisa. Entretanto, sabe-se que algumas músicas que alcançaram o Top-20 nos nos tops norte-americanos, como "Bloody Well Right", "Rudy", "Crime of the Century, "Ain't Nobody But Me", "From Now On", "Goodbye Stranger", "Bonnie" e "My Kind of Lady", entre outras, são de autoria de Rick Davies.
Com a saída de Roger Hodgson, em 1983, Davies assumiu o controle das composições do Supertramp. Em 1985, foi lançado "Brother Where You Bound", que chegou à 20ª posição no Reino Unido e 21ª nos Estados Unidos, com críticas bastante favoráveis. Desse disco em diante, o som dos Supertramp torna-se mais próximo do jazz fusion, abandonando bastante de seu lado pop. Em 1986, Rick Davies tocou piano no disco de estreia, auto-intitulado, da dupla humorística canadense "Bowser and Blue".
Em 1987, os Supertramp lançam o álbum "Free as a Bird", com o novo integrante Mark Hart em substituição de Hodgson. O disco fica no 101ª lugar nos Estados Unidos e é considerado pela crítica e pelos fãs como o trabalho mais fraco da banda. Após a turnê de suporte do álbum, os Supertramp entram em paragem.
Ao que se sabe, Rick Davies passou esse tempo compondo e guardando, e acumulou bastante material. Em 1997, tentando reunir músicas e músicos para uma carreira a solo, Davies já havia recrutado John Helliwell e Bob Siebenberg, e preferiu fazer um reunião do Supertramp para esse trabalho. O resultado, "Some Things Never Change", que não chamou a atenção da crítica, embora seja um trabalho de qualidade que remonta ao que a banda fez antes de 1987. Incrivelmente, o álbum ficou na 3ª posição dos tops alemãs e na 74ª nos Estados Unidos.
Dois anos depois, é lançado o álbum duplo "It Was The Best Of Times", que registra a força da nova formação dos Supertramp, mas que só marcou pontos nos nos tops alemães, na 29ª posição. Em 2002 sai "Slow Motion", que foi elogiado pela crítica, ao mesmo tempo em que ressaltada a precariedade da produção. Três anos depois, é lançada a antologia "Retrospectacle", bem mais abrangente do que as similares lançadas nos anos 80. Inclui algumas faixas dos obscuros dois primeiros álbums e também músicas raras de alguns compactos e lados B.
Davies possui atualmente uma companhia, chamada Rick Davies Productions, que é detentora dos direitos de copyright e do nome da banda Supertramp.
Casou-se em 1977 com a nova-iorquina Sue, que é empresária da banda desde 1984. O casal não tem filhos.
Depois de viver nos Estados Unidos durante mais de três décadas, Davies tornou-se cidadão norte-americano.