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sábado, novembro 30, 2024

Durante o Mandato Britânico da Palestina começou uma guerra civil há 77 anos

  
A guerra civil durante o Mandato da Palestina (também chamada de guerra palestino-sionista) ocorreu entre 30 de novembro de 1947 (um dia depois da aprovação, pelas Nações Unidas, do Plano de Partilha da Palestina, que marcou o fim do Mandato Britânico na região) e 14 de maio de 1948.

Este período é o primeira fase da Guerra da Palestina de 1948, durante a qual os judeus e os árabes da Palestina se confrontaram, enquanto os britânicos, que supostamente tinham a obrigação de manter a ordem e garantir a segurança da região, organizaram a sua retirada, intervindo apenas ocasionalmente.

A fase seguinte, a Guerra árabe-israelita de 1948, iniciou-se em 15 de maio de 1948, com o fim do Mandato Britânico e a criação do Estado de Israel, quando o conflito na Palestina se tornou uma guerra total entre o novo Estado judeu e os seus vizinhos árabes. 

A fase seguinte, a Guerra árabe-israelita de 1948, iniciou-se em 15 de maio de 1948, com o fim do Mandato Britânico e a criação do Estado de Israel, quando o conflito na Palestina tornou-se uma guerra total entre o novo Estado judeu e seus vizinhos árabes.

A guerra da Palestina de 1948 teve início em 30 de novembro de 1947 e perdurou até meados de 1949 na Palestina Mandatária.

A guerra é dividida em duas fases principais :

Os protagonistas e comentadores denominam esses eventos de maneiras diferentes: os palestiniana referem-se à Guerra Civil de 1947-1948 como Al-Naqba ou Al Nakba ("a catástrofe"), aludindo principalmente ao primeiro período, durante o qual os árabes foram vencidos pelas forças judaicas, e grande parte da população árabe da Palestina viveu um êxodo. Já do ponto de vista israelita, trata-se da Guerra da Independência ou Guerra da Libertação, expressão que concerne sobretudo ao segundo período, iniciado com a declaração de independência do Estado de Israel e seguida de confronto entre Israel e os Estados Árabes vizinhos.

A partir dos anos 80, após a abertura dos arquivos israelitas sobre a guerra da Palestina, o conflito foi objeto de novos estudos, realizados sobretudo pelos chamados Novos Historiadores, que reescreveram (ou, segundo os seus detratores, fabricaram) a história do conflito.

O último armistício assinado foi entre Israel e a Síria, em 20 de abril de 1949, porém nenhum acordo foi feito entre Israel e o Iraque, nem entre Israel e o Alto Comité Árabe.

A população árabe palestiniana incluía uma importante comunidade cristã, estabelecida principalmente em Haifa, Nazaré e no norte da Galileia.

 

sábado, outubro 26, 2024

D. Miguel I nasceu há 222 anos...

 

D. Miguel I de Portugal, de nome completo: Miguel Maria do Patrocínio João Carlos Francisco de Assis Xavier de Paula Pedro de Alcântara António Rafael Gabriel Joaquim José Gonzaga Evaristo de Bragança e Bourbon (Queluz, 26 de outubro de 1802 - Jagdschloss Karlshöhe, Esselbach, Grão-ducado de Baden, 14 de novembro de 1866) foi Rei de Portugal entre 1828 e 1834, tendo sido o terceiro filho do rei D. João VI e de D. Carlota Joaquina de Bourbon.
Foi detentor, sucessivamente, dos títulos de Infante de Portugal, Senhor do Infantado e duque de Beja, duque de Bragança e senhor de Samora Correia, príncipe-regente de Portugal e, posteriormente, Rei de Portugal.
     
      

quarta-feira, julho 24, 2024

Os Liberais conquistaram Lisboa há 191 anos...

  
De início o partido miguelista levou a melhor e a causa pedrista parecia perdida. Miguel I procurou obter reconhecimento internacional, mas foi apenas reconhecido como rei pelos Estados Unidos e pelo Vaticano. As monarquias europeias mantiveram-se em silêncio. Em 1831, o Imperador Pedro I foi forçado a abdicar da coroa do Brasil para o filho, o Imperador D. Pedro II, e viajou para Portugal para defender o direito ao trono português por parte de sua filha. Em 1831, Pedro desembarca as suas tropas nos Açores e toma diversas ilhas, estabelecendo o arquipélago como base de operações.
Conquistada a fortíssima posição militar e naval de Angra, nos Açores, por essa armada, D. Pedro partirá depois daí, mais tarde, para invadir o continente português, o que ocorrerá a norte do Porto, na  Praia da Memória, que ficou conhecido como o desembarque do Mindelo, onde atualmente se encontra o grande monumento aos mortos da Guerra Civil, em forma de obelisco colocado junto ao mar onde foi efetuado o desembarque.
Seguidamente, as forças pedristas desembarcadas entrincheiraram-se dentro dos muros da Cidade Invicta, dando os miguelistas início ao duro e prolongado cerco do Porto. Finalmente, conseguindo furar o bloqueio naval da barra do Douro, uma frota liberal fez-se ao mar e seguiu até ao Algarve, onde desembarcou uma divisão do seu exército, que avançou para Lisboa rapidamente, protegido pela esquadra inglesa. Lisboa foi entregue ao comandante-chefe liberal, marechal Duque da Terceira, sem combate nem resistência, pelo Duque do Cadaval, antigo primeiro-ministro do rei D. Miguel, em 24 de julho de 1833.
    


  

terça-feira, maio 28, 2024

A revolta da Comuna de Paris acabou há 153 anos...

Exécution en masse des communards capturés dans les cours de la caserne Lobau près de l'Hôtel de Ville - gravure de Frédéric Lix

A Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa, durante a resistência popular ante a invasão por parte do Reino da Prússia e II Reich.
A história moderna regista algumas experiências de regimes comunais, impostos como afirmação revolucionária da autonomia da cidade. A mais importante delas - a Comuna de Paris - veio na sequência da insurreição popular de 18 de março de 1871. Durante a guerra franco-prussiana, as províncias francesas elegeram para a Assembleia Nacional Francesa uma maioria de deputados monárquicos, francamente favorável à capitulação ante a Prússia. A população de Paris, no entanto, opunha-se a essa política. Louis Adolphe Thiers, elevado à chefia do gabinete conservador, tentou esmagar os insurretos. Estes, porém, com o apoio da Guarda Nacional, derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonar precipitadamente Paris, onde o comité central da Guarda Nacional passou a exercer a sua autoridade. A Comuna de Paris - considerada a primeira república proletária da história - adotou uma política de caráter socialista, baseada nos princípios da Primeira Internacional dos Trabalhadores.
O poder comunal manteve-se durante cerca de quarenta dias. O seu esmagamento revestiu-se de extrema crueldade. De acordo com a enciclopédia Barsa, mais de 20.000 communards foram executados pelas forças de Thiers.
O governo durou oficialmente de 26 de março a 28 de maio, enfrentando não só o invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna era um movimento de revolta ante o armistício assinado pelo governo nacional (transferido para Versalhes) após a derrota na guerra franco-prussiana. Os alemães tiveram ainda que libertar militares franceses feitos prisioneiros de guerra para auxiliar na tomada de Paris.

O Governo Provisório, com sede na prefeitura de Paris, iniciou um processo de capitulação da França entregando a maior parte de seu exército permanente, bem como as suas armas, a contragosto da população parisiense. O único contingente agora armado era a Guarda Nacional, formada na sua maior parte por operários e alguns membros da pequena burguesia.
Convictos na resistência ao exército estrangeiro, a Guarda Nacional assaltou a prefeitura e expulsou os membros da assembleia, que se instalariam em Versalhes. A administração pública de Paris, que agora se encontrava nas mãos do Comité Central da Guarda Nacional, manteria conversações com Versalhes até 18 de março, quando o presidente Thiers mandou desarmar a Guarda Nacional numa operação sigilosa, durante a madrugada daquele dia. Apanhada de surpresa, a população parisiense expulsa o contingente de Thiers, dando início à independência política de Paris frente à Assembleia de Versalhes, culminando com a eleição e a declaração da Comuna, em 26 e 28 de março.
Apesar da evidente disposição do povo parisiense em resistir, a Assembleia de Versalhes acabou assinando a paz com os alemães. Num episódio humilhante, Guilherme I, o soberano alemão, foi coroado imperador do Segundo Reich na sala dos espelhos do Palácio de Versalhes.

O governo revolucionário foi formado por uma federação de representantes de bairro (a guarda nacional, uma milícia formada por cidadãos comuns). Uma das suas primeiras proclamações foi a "abolição do sistema da escravidão do salário de uma vez por todas". A guarda nacional misturou-se aos soldados franceses, que se amotinaram e massacraram os seus comandantes. O governo oficial, que ainda existia, fugiu, juntamente com as suas tropas leais, e Paris ficou sem autoridade. O Comité Central da federação dos bairros ocupou este vácuo, e instalou-se na prefeitura. O comité era formado por Blanquistas, membros da Associação Internacional dos Trabalhadores, Proudhonistas e uma miscelânea de indivíduos não-afiliados politicamente, a maioria trabalhadores braçais, escritores e artistas.

(...)


O governo oficial, agora instalado em Versalhes e sob o comando de Thiers, fez a paz com o Império Alemão para que tivesse tempo de esmagar a Comuna de Paris. Como acordado entre os dois países, a Alemanha libertou prisioneiros de guerra para compor as forças que o exército francês usaria contra a Comuna. Esta possuía menos de 15.000 milicianos, defendendo a cidade contra o exército de 100.000 soldados, sob o comando de Versalhes.
Assim como durante o período da comuna, na sua queda os revolucionários destruíram os símbolos do Segundo Império Francês - prédios administrativos e palácios - e executaram reféns, em sua maioria clérigos, militares e juízes. Na perspetiva dos communards, derrubar a velha ordem e tudo que com ela tinha vínculo era preciso para que novas instituições pudessem florescer.
Ao todo, a Comuna de Paris executou cem pessoas e matou outras novecentas, na defesa da cidade. As tropas de Thiers, por outro lado, executaram 20.000 pessoas, número que, somado às baixas em combate, provavelmente alcançou a cifra dos 80.000 mortos. 40.000 pessoas foram presas e muitas delas foram torturadas e executadas sem qualquer comprovação de que fossem de facto membros da Comuna. As execuções só pararam por medo de que a quantidade imensa de cadáveres pudesse causar uma epidemia de doenças.
A Comuna é considerada, por grupos políticos revolucionários posteriores (anarquistas, comunistas, situacionistas), como a primeira experiência moderna de um governo popular. Um acontecimento histórico resultante da iniciativa de grupos revolucionários e da espontaneidade política das massas, no meio de circunstâncias dramáticas, de uma guerra perdida (guerra franco-prussiana) e de uma guerra civil em curso.
   
Cadáveres de communards executados
 

Hoje é dia de recordar uma data triste e uma revolução falhada...

domingo, maio 26, 2024

As Guerras Liberais terminaram há cento e noventa anos...

Castelo de Évora Monte
    
A Convenção de Évora Monte, também referida como Concessão de Évora Monte e Capitulação de Évora Monte, foi um diploma assinado entre liberais e miguelistas na vila alentejana de Évora Monte (atual concelho de Estremoz), em 26 de maio de 1834, que pôs termo à Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).
   
(...)  
      

D. Miguel I, considerado rei legítimo pelos seus partidários, após a sua aclamação pelas Cortes, mas visto como um usurpador do trono de sua sobrinha D. Maria da Glória pelos liberais, havia perdido as grandes batalhas da guerra civil no Ribatejo (Pernes, Almoster e Asseiceira) no primeiro semestre de 1834, e refugiara-se com o seu quartel-general no Alentejo, a única região do Reino que lhe continuava formalmente fiel.

Com um exército pouco motivado para continuar a sua luta por uma causa já perdida, com inúmeras baixas e algumas deserções para o lado que acabaria por sair vencedor, D. Miguel instalou-se no então concelho de Évora-Monte com o seu Conselho de Guerra. Ponderando a hipótese de uma derradeira e decisiva batalha às portas de Évora, a manutenção de uma guerra de guerrilha no Baixo Alentejo e Algarve, a retirada para Espanha para auxiliar a causa carlista de seu primo Carlos de Bourbon, Conde de Molina (pretendente ao trono da Espanha, que o disputava à sua sobrinha Isabel II), ou a rendição pura e simples, acabou o Conselho de Guerra por deliberar, no dia 23 de maio, pedir um armistício aos chefes liberais, para que cessassem imediatamente as hostilidades.

Viria a ser precisamente em Evoramonte, na casa de Joaquim António Saramago (onde ainda hoje se encontra uma lápide comemorativa do evento), que se assinou o acordo que pôs fim às guerras entre liberais e tradicionalistas (chamados absolutistas ou miguelistas pelos liberais), em Portugal. Para esse efeito, reuniram-se os generais Azevedo e Lemos, comandante-em-chefe do exército tradicionalista, com os generais João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun, Conde (futuro Marquês) de Saldanha, e António José Severim de Noronha, Conde de Vila Flor (futuro Duque da Terceira), comandantes das forças de D. Pedro IV, na presença de um legado do britânico, John Grant, a fim de se discutirem as condições definitivas para a paz em Portugal.

Saldanha e Terceira fizeram saber a Lemos que o governo do Duque de Bragança em nome da rainha D. Maria II aceitaria somente uma rendição incondicional das forças miguelistas; mais acrescentaram que as forças que comandavam prosseguiriam inexoravelmente a sua caminhada triunfal até Évora (onde o exército de D. Miguel se acantonara), até que este se rendesse.

Incapaz de prosseguir o esforço de guerra, D. Miguel aceitou os termos propostos pelos liberais para esta rendição incondicional. D. Pedro, porém, procurou não impor mais nenhuma condição aviltante para o irmão ou seus partidários, procurando assim sanar todos os conflitos e evitar o agravamento de dissensões entre todos os Portugueses - condição que na altura pareceu a mais premente e imperativa para que se pudesse estabelecer a paz geral.

  

  
No dia 26 de maio de 1834, apuseram as suas assinaturas no texto da concessão os generais Lemos (pelos tradicionalistas) e Saldanha e Terceira (pelos liberais), a qual estipulava as condições sine qua non seria possível o término da guerra civil que opusera ambas as fações ao longo dos dois anos precedentes:

  • a imediata e incondicional rendição de D. Miguel e de todas as suas forças, com a deposição e entrega das suas armas aos liberais;
  • amnistia geral para todos os crimes políticos cometidos desde 1 de agosto de 1826;
  • licença para que os amnistiados pudessem sair livremente do Reino e dispor dos seus bens, mediante o compromisso de não mais intervirem nos negócios públicos do Reino de Portugal;
  • a promessa, da parte dos liberais, da não perseguição dos apoiantes de D. Miguel;
  • o pagamento anual ao infante D. Miguel de uma pensão vitalícia no valor de 60 contos de réis, podendo o príncipe dispor livremente de todos os seus bens particulares; D. Miguel deveria porém abandonar a Península Ibérica ad æternum dentro do período de quinze dias subsequente à assinatura da convenção, a bordo de um navio estrangeiro, devendo ainda assinar uma declaração pela qual se comprometia a jamais regressar a território português, metropolitano ou colonial, nem a intervir nos negócios políticos do Reino ou, de qualquer outra forma, contribuir para desestabilizar o País.
 

sexta-feira, abril 12, 2024

A Guerra da Secessão, entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos, começou há 163 anos

  
A Batalha do Fort Sumter é o termo utilizado para se referir ao bombardeamento realizado entre 12 e a 13 de abril de 1861 pelo exército dos Estados Confederados da América com a intenção de expulsar as tropas federais que ocupavam a fortificação do Fort Sumter, situada na entrada da baía de Charleston, na Carolina do Sul. A importância desta batalha, que não causou muitas baixas, provem do facto de ter sido o rastilho que desencadeou a Guerra da Secessão ou Guerra Civil Americana (1861-1865), o conflito mais sangrento ocorrido no território dos Estados Unidos.
As negociações prévias tentavam pactuar o rendimento das tropas que ocupavam o forte e das condições do mesmo. Paralelamente, ambos os governos acusavam-se mutuamente de serem culpáveis de uma possível entrada no conflito. Para ambos os bandos, as ações prévias visavam estimular as suas tropas e convencer os estados ainda indecisos para que se unissem à sua causa, visando a apresentar o adversário como o agressor caso de finalmente a guerra se tornasse efetiva. O conflito começou com o confronto do governador de Carolina do Sul, Francis W. Pickens, com o Presidente dos Estados Unidos em exercício, o democrata James Buchanan. Este confronto continuou a partir de março, através do Presidente do Governo confederado Jefferson Davis com o Presidente norte-americano Abraham Lincoln.
Após vários meses de negociação, o ataque ao forte das tropas confederadas provocou a mobilização do exército federal por Abraham Lincoln e precipitou o país na guerra civil.
    

quinta-feira, janeiro 18, 2024

Passos Manuel, brilhante parlamentar e primeiro ministro da monarquia constitucional, morreu há 162 anos

    
Manuel da Silva Passos (São Martinho de Guifões, Bouças, 5 de janeiro de 1801 - Santarém, 18 de janeiro de 1862), mais conhecido por Passos Manuel, bacharel formado em Direito, advogado, parlamentar brilhante, ministro em vários ministérios e um dos vultos mais proeminentes das primeiras décadas do liberalismo, encarnando a esquerda do movimento vintista na fase inicial da monarquia constitucional, tendo depois assumido o papel de líder incontestado dos setembristas. Foi seu irmão mais velho, e inseparável aliado na vida política, José da Silva Passos, um também proeminente político da esquerda liberal. Ficou célebre a sua declaração de princípios: A Rainha é o chefe da nação toda. E antes de eu ser de esquerda já era da Pátria. A Pátria é a minha política.

(...)

Em finais da década de 1850, os problemas de saúde que o afligiam há longos anos pioraram, remetendo-o definitivamente para a sua casa de Santarém. Falou pela última vez nas Cortes a 17 de fevereiro de 1857.
O rei D. Pedro V, que lhe tinha recusado em 1857 um lugar no Conselho de Estado, por carta régia de 17 de maio de 1861 nomeou-o Par do Reino, embora ele, aparentemente por razões de saúde, não tenha tomado assento na câmara alta.
Manuel da Silva Passos faleceu na sua casa de Santarém a 16 de janeiro de 1862, sem ter tomado posse na Câmara dos Pares. Nunca aceitou mercês ou títulos, embora a sua filha mais velha tenha sido elevada a viscondessa de Passos, em 1851, em atenção aos merecimentos do pai.
Quando a notícia do seu falecimento foi sabida em Lisboa, a Câmara dos Deputados, que estava reunida, lançou na acta um voto de sentimento pela morte do grande liberal e, por proposta de José da Silva Mendes Leal, determinou que na sala da biblioteca da câmara, fundada pelo eminente tribuno, se colocasse o seu busto, o qual ali perdura.
Anos depois, os seus conterrâneos do concelho de Bouças, hoje Matosinhos, erigiram-lhe uma estátua na Alameda de Leça. O mesmo lhe fez a cidade de Santarém, em cujo centro está uma estátua de Passos Manuel.
O seu nome é recordado na toponímia de múltiplas localidades, com destaque para a cidade do Porto, que lhe dedica várias estruturas. A Escola Secundária Passos Manuel é o mais antigo liceu de Lisboa.
      

terça-feira, janeiro 16, 2024

Laurent-Désiré Kabila, presidente da RDC, foi assassinado há vinte e três anos

   

Laurent-Désiré Kabila (Likasi, Katanga, 27 de novembro de 1939 - Kinshasa, 16 de janeiro de 2001) foi um guerrilheiro que assumiu o poder na República Democrática do Congo após a queda do poder do ditador Mobutu Sese Seko. Quando foi morto, em 2001, por um guarda-costas, em plena guerra civil no seu país, o  seu filho, Joseph Kabila, assumiu o cargo de presidente, logo a seguir.


sábado, dezembro 09, 2023

Almeida Garrett morreu há 169 anos

     
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu com o nome de João Leitão da Silva no Porto, a 4 de fevereiro de 1799, filho segundo de António Bernardo da Silva Garrett, selador-mor da Alfândega do Porto, e Ana Augusta de Almeida Leitão. Mais tarde viria a escrever a este propósito: "Nasci no Porto, mas criei-me em Gaia". No período de sua adolescência foi viver para os Açores, na ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra.
De seguida, em 1816 foi para Coimbra, onde acabou por se matricular no curso de Direito. Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que fez com que lhe pusessem um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. É também neste ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida Garrett.

(...)

Por decreto do Rei D. Pedro V de Portugal datado de 25 de junho de 1851 Garrett é feito Visconde de Almeida Garrett em vida (tendo o título sido posteriormente renovado por 2 vezes). Em 1852 sobraça, por poucos dias, a pasta do Negócios Estrangeiros num governo presidido pelo Duque de Saldanha.
Em 1852 é eleito novamente deputado, e de 4 a 17 de agosto será ministro dos Negócios Estrangeiros. A sua última intervenção no Parlamento será em março de 1854, em que ataca o governo, na pessoa de Rodrigo de Fonseca Magalhães.
Falece a 9 de dezembro de 1854, vítima de um cancro de origem hepática, na sua casa, situada na atual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique, Lisboa. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, tendo sido trasladado, a 8 de março de 1926, para o Panteão Nacional, à data no Mosteiro dos Jerónimos. Encontra-se atualmente no Panteão Nacional, na Igreja de Santa Engrácia.





Brasão de Visconde de Almeida Garrett (daqui)
       


Beleza

Vem do amor a Beleza,
Como a luz vem da chama.
É lei da natureza:
Queres ser bela? - ama.

Formas de encantar,
Na tela o pincel
As pode pintar;
No bronze o buril
As sabe gravar;
E estátua gentil
Fazer o cinzel
Da pedra mais dura...
Mas Beleza é isso? - Não; só formosura.

Sorrindo entre dores
Ao filho que adora
Inda antes de o ver
- Qual sorri a aurora
Chorando nas flores
Que estão por nascer –
A mãe é a mais bela das obras de Deus.
Se ela ama! - O mais puro do fogo dos céus
Lhe ateia essa chama de luz cristalina:

É a luz divina
Que nunca mudou,
É luz... é a Beleza
Em toda a pureza
Que Deus a criou.


 

in Folhas Caídas (1853) - Almeida Garrett

quinta-feira, novembro 30, 2023

A guerra civil, ainda durante o Mandato Britânico da Palestina, começou há 76 anos

  
A guerra civil durante o Mandato da Palestina (também chamada de guerra palestino-sionista) ocorreu entre 30 de novembro de 1947 (um dia depois da aprovação, pelas Nações Unidas, do Plano de Partilha da Palestina, que marcou o fim do Mandato Britânico na região) e 14 de maio de 1948.

Este período é o primeira fase da Guerra da Palestina de 1948, durante a qual os judeus e os árabes da Palestina se confrontaram, enquanto os britânicos, que supostamente tinham a obrigação de manter a ordem e garantir a segurança da região, organizaram a sua retirada, intervindo apenas ocasionalmente.

A fase seguinte, a Guerra árabe-israelita de 1948, iniciou-se em 15 de maio de 1948, com o fim do Mandato Britânico e a criação do Estado de Israel, quando o conflito na Palestina se tornou uma guerra total entre o novo Estado judeu e os seus vizinhos árabes. 

A fase seguinte, a Guerra árabe-israelita de 1948, iniciou-se em 15 de maio de 1948, com o fim do Mandato Britânico e a criação do Estado de Israel, quando o conflito na Palestina tornou-se uma guerra total entre o novo Estado judeu e seus vizinhos árabes.

A guerra da Palestina de 1948 teve início em 30 de novembro de 1947 e perdurou até meados de 1949 na Palestina Mandatária.

A guerra é dividida em duas fases principais :

Os protagonistas e comentadores denominam esses eventos de maneiras diferentes: os palestiniana referem-se à Guerra Civil de 1947-1948 como Al-Naqba ou Al Nakba ("a catástrofe"), aludindo principalmente ao primeiro período, durante o qual os árabes foram vencidos pelas forças judaicas, e grande parte da população árabe da Palestina viveu um êxodo. Já do ponto de vista israelita, trata-se da Guerra da Independência ou Guerra da Libertação, expressão que concerne sobretudo ao segundo período, iniciado com a declaração de independência do Estado de Israel e seguida de confronto entre Israel e os Estados Árabes vizinhos.

A partir dos anos 80, após a abertura dos arquivos israelitas sobre a guerra da Palestina, o conflito foi objeto de novos estudos, realizados sobretudo pelos chamados Novos Historiadores, que reescreveram (ou, segundo os seus detratores, fabricaram) a história do conflito.

O último armistício assinado foi entre Israel e a Síria, em 20 de abril de 1949, porém nenhum acordo foi feito entre Israel e o Iraque, nem entre Israel e o Alto Comité Árabe.

A população árabe palestiniana incluía uma importante comunidade cristã, estabelecida principalmente em Haifa, Nazareth e no norte da Galileia.

 

quinta-feira, outubro 26, 2023

O rei D. Miguel I nasceu há 221 anos

 

D. Miguel I de Portugal, de nome completo: Miguel Maria do Patrocínio João Carlos Francisco de Assis Xavier de Paula Pedro de Alcântara António Rafael Gabriel Joaquim José Gonzaga Evaristo de Bragança e Bourbon (Queluz, 26 de outubro de 1802 - Jagdschloss Karlshöhe, Esselbach, Grão-ducado de Baden, 14 de novembro de 1866) foi Rei de Portugal entre 1828 e 1834, tendo sido o terceiro filho do rei D. João VI e de D. Carlota Joaquina de Bourbon.
Foi detentor, sucessivamente, dos títulos de Infante de Portugal, Senhor do Infantado e duque de Beja, duque de Bragança e senhor de Samora Correia, príncipe-regente de Portugal e, posteriormente, Rei de Portugal.
     
      

segunda-feira, julho 24, 2023

Os Liberais conquistaram Lisboa há cento e noventa anos...

  
De início o partido miguelista levou a melhor e a causa pedrista parecia perdida. Miguel I procurou obter reconhecimento internacional, mas foi apenas reconhecido como rei pelos Estados Unidos e pelo Vaticano. As monarquias europeias mantiveram-se em silêncio. Em 1831, o Imperador Pedro I foi forçado a abdicar da coroa do Brasil para o filho, o Imperador D. Pedro II, e viajou para Portugal para defender o direito ao trono português por parte de sua filha. Em 1831, Pedro desembarca as suas tropas nos Açores e toma diversas ilhas, estabelecendo o arquipélago como base de operações.
Conquistada a fortíssima posição militar e naval de Angra, nos Açores, por essa armada, D. Pedro partirá depois daí, mais tarde, para invadir o continente português, o que ocorrerá a norte do Porto, na  Praia da Memória, que ficou conhecido como o desembarque do Mindelo, onde atualmente se encontra o grande monumento aos mortos da Guerra Civil, em forma de obelisco colocado junto ao mar onde foi efetuado o desembarque.
Seguidamente, as forças pedristas desembarcadas entrincheiraram-se dentro dos muros da Cidade Invicta, dando os miguelistas início ao duro e prolongado cerco do Porto. Finalmente, conseguindo furar o bloqueio naval da barra do Douro, uma frota liberal fez-se ao mar e seguiu até ao Algarve, onde desembarcou uma divisão do seu exército, que avançou para Lisboa rapidamente, protegido pela esquadra inglesa. Lisboa foi entregue ao comandante-chefe liberal, marechal Duque da Terceira, sem combate nem resistência, pelo Duque do Cadaval, antigo primeiro-ministro do rei D. Miguel, em 24 de julho de 1833.
    


  

domingo, julho 23, 2023

A Batalha da Cova da Piedade foi há 190 anos

 (imagem daqui)
   
A Batalha da Cova da Piedade foi travada no dia 23 de julho de 1833 entre as forças realistas (miguelistas ou absolutistas) de D. Miguel e as forças constitucionais (ou Liberais) de D. Pedro IV.
As tropas liberais planeavam invadir Lisboa através da margem sul do Rio Tejo.
O choque entre os dois exércitos deu-se na localidade da Cova da Piedade, a poucos quilómetros de Cacilhas.
Após confronto inicial, o exército liberal conseguiu avançar sobre os absolutistas, forçando-os a bater em retirada para Lisboa, onde se refugiaram no Castelo de Almada.
No dia seguinte, o castelo foi capturado pelos liberais e o General Teles Jordão das forças absolutistas foi morto a golpes de sabre por um oficial liberal, sendo enterrado na praia com um braço de fora.
Esta vitória marcou o fim das esperanças dos Miguelistas de conter o avanço Liberal sobre a Capital, e foi decisiva para a ocupação de Lisboa bem como para o desfecho da Guerra Civil Portuguesa.
 

domingo, maio 28, 2023

Música para uma data triste e uma revolução falhada...

A revolta da Comuna de Paris acabou há 152 anos...

 

Exécution en masse des communards capturés dans les cours de la caserne Lobau près de l'Hôtel de Ville - gravure de Frédéric Lix

A Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa, durante a resistência popular ante a invasão por parte do Reino da Prússia e II Reich.
A história moderna regista algumas experiências de regimes comunais, impostos como afirmação revolucionária da autonomia da cidade. A mais importante delas - a Comuna de Paris - veio na sequência da insurreição popular de 18 de março de 1871. Durante a guerra franco-prussiana, as províncias francesas elegeram para a Assembleia Nacional Francesa uma maioria de deputados monárquicos, francamente favorável à capitulação ante a Prússia. A população de Paris, no entanto, opunha-se a essa política. Louis Adolphe Thiers, elevado à chefia do gabinete conservador, tentou esmagar os insurretos. Estes, porém, com o apoio da Guarda Nacional, derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonar precipitadamente Paris, onde o comité central da Guarda Nacional passou a exercer a sua autoridade. A Comuna de Paris - considerada a primeira república proletária da história - adotou uma política de caráter socialista, baseada nos princípios da Primeira Internacional dos Trabalhadores.
O poder comunal manteve-se durante cerca de quarenta dias. O seu esmagamento revestiu-se de extrema crueldade. De acordo com a enciclopédia Barsa, mais de 20.000 communards foram executados pelas forças de Thiers.
O governo durou oficialmente de 26 de março a 28 de maio, enfrentando não só o invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna era um movimento de revolta ante o armistício assinado pelo governo nacional (transferido para Versalhes) após a derrota na guerra franco-prussiana. Os alemães tiveram ainda que libertar militares franceses feitos prisioneiros de guerra para auxiliar na tomada de Paris.

O Governo Provisório, com sede na prefeitura de Paris, iniciou um processo de capitulação da França entregando a maior parte de seu exército permanente, bem como as suas armas, a contragosto da população parisiense. O único contingente agora armado era a Guarda Nacional, formada na sua maior parte por operários e alguns membros da pequena burguesia.
Convictos na resistência ao exército estrangeiro, a Guarda Nacional assaltou a prefeitura e expulsou os membros da assembleia, que se instalariam em Versalhes. A administração pública de Paris, que agora se encontrava nas mãos do Comité Central da Guarda Nacional, manteria conversações com Versalhes até 18 de março, quando o presidente Thiers mandou desarmar a Guarda Nacional numa operação sigilosa, durante a madrugada daquele dia. Apanhada de surpresa, a população parisiense expulsa o contingente de Thiers, dando início à independência política de Paris frente à Assembleia de Versalhes, culminando com a eleição e a declaração da Comuna, em 26 e 28 de março.
Apesar da evidente disposição do povo parisiense em resistir, a Assembleia de Versalhes acabou assinando a paz com os alemães. Num episódio humilhante, Guilherme I, o soberano alemão, foi coroado imperador do Segundo Reich na sala dos espelhos do Palácio de Versalhes.

O governo revolucionário foi formado por uma federação de representantes de bairro (a guarda nacional, uma milícia formada por cidadãos comuns). Uma das suas primeiras proclamações foi a "abolição do sistema da escravidão do salário de uma vez por todas". A guarda nacional misturou-se aos soldados franceses, que se amotinaram e massacraram os seus comandantes. O governo oficial, que ainda existia, fugiu, juntamente com as suas tropas leais, e Paris ficou sem autoridade. O Comité Central da federação dos bairros ocupou este vácuo, e instalou-se na prefeitura. O comité era formado por Blanquistas, membros da Associação Internacional dos Trabalhadores, Proudhonistas e uma miscelânea de indivíduos não-afiliados politicamente, a maioria trabalhadores braçais, escritores e artistas.

(...)


O governo oficial, agora instalado em Versalhes e sob o comando de Thiers, fez a paz com o Império Alemão para que tivesse tempo de esmagar a Comuna de Paris. Como acordado entre os dois países, a Alemanha libertou prisioneiros de guerra para compor as forças que o exército francês usaria contra a Comuna. Esta possuía menos de 15.000 milicianos, defendendo a cidade contra o exército de 100.000 soldados, sob o comando de Versalhes.
Assim como durante o período da comuna, na sua queda os revolucionários destruíram os símbolos do Segundo Império Francês - prédios administrativos e palácios - e executaram reféns, em sua maioria clérigos, militares e juízes. Na perspetiva dos communards, derrubar a velha ordem e tudo que com ela tinha vínculo era preciso para que novas instituições pudessem florescer.
Ao todo, a Comuna de Paris executou cem pessoas e matou outras novecentas, na defesa da cidade. As tropas de Thiers, por outro lado, executaram 20.000 pessoas, número que, somado às baixas em combate, provavelmente alcançou a cifra dos 80.000 mortos. 40.000 pessoas foram presas e muitas delas foram torturadas e executadas sem qualquer comprovação de que fossem de facto membros da Comuna. As execuções só pararam por medo de que a quantidade imensa de cadáveres pudesse causar uma epidemia de doenças.
A Comuna é considerada, por grupos políticos revolucionários posteriores (anarquistas, comunistas, situacionistas), como a primeira experiência moderna de um governo popular. Um acontecimento histórico resultante da iniciativa de grupos revolucionários e da espontaneidade política das massas, no meio de circunstâncias dramáticas, de uma guerra perdida (guerra franco-prussiana) e de uma guerra civil em curso.
   
Cadáveres de communards executados
 

sexta-feira, maio 26, 2023

As Guerras Liberais terminaram há 189 anos

Castelo de Évora Monte
    
A Convenção de Évora Monte, também referida como Concessão de Évora Monte e Capitulação de Évora Monte, foi um diploma assinado entre liberais e miguelistas na vila alentejana de Évora Monte (atual concelho de Estremoz), em 26 de maio de 1834, que pôs termo à Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).
   
(...)  
      

D. Miguel I, considerado rei legítimo pelos seus partidários após a sua aclamação pelas Cortes mas visto como um usurpador do trono de sua sobrinha D. Maria da Glória pelos liberais, havia perdido as grandes batalhas da guerra civil no Ribatejo (Pernes, Almoster e Asseiceira) no primeiro semestre de 1834, e refugiara-se com o seu quartel-general no Alentejo, a única região do Reino que lhe continuava formalmente fiel.

Com um exército pouco motivado para continuar a sua luta por uma causa já perdida, com inúmeras baixas e algumas deserções para o lado que acabaria por sair vencedor, D. Miguel instalou-se no então concelho de Évora-Monte com o seu Conselho de Guerra. Ponderando a hipótese de uma derradeira e decisiva batalha às portas de Évora, a manutenção de uma guerra de guerrilha no Baixo Alentejo e Algarve, a retirada para Espanha para auxiliar a causa carlista de seu primo Carlos de Bourbon, Conde de Molina (pretendente ao trono da Espanha, que o disputava à sua sobrinha Isabel II), ou a rendição pura e simples, acabou o Conselho de Guerra por deliberar, no dia 23 de maio, pedir um armistício aos chefes liberais, para que cessassem imediatamente as hostilidades.

Viria a ser precisamente em Evoramonte, na casa de Joaquim António Saramago (onde ainda hoje se encontra uma lápide comemorativa do evento), que se assinou o acordo que pôs fim às guerras entre liberais e tradicionalistas (chamados absolutistas ou miguelistas pelos liberais), em Portugal. Para esse efeito, reuniram-se os generais Azevedo e Lemos, comandante-em-chefe do exército tradicionalista, com os generais João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun, Conde (futuro Marquês) de Saldanha, e António José Severim de Noronha, Conde de Vila Flor (futuro Duque da Terceira), comandantes das forças de D. Pedro IV, na presença de um legado do britânico, John Grant, a fim de se discutirem as condições definitivas para a paz em Portugal.

Saldanha e Terceira fizeram saber a Lemos que o governo do Duque de Bragança em nome da rainha D. Maria II aceitaria somente uma rendição incondicional das forças miguelistas; mais acrescentaram que as forças que comandavam prosseguiriam inexoravelmente a sua caminhada triunfal até Évora (onde o exército de D. Miguel se acantonara), até que este se rendesse.

Incapaz de prosseguir o esforço de guerra, D. Miguel aceitou os termos propostos pelos liberais para esta rendição incondicional. D. Pedro, porém, procurou não impor mais nenhuma condição aviltante para o irmão ou seus partidários, procurando assim sanar todos os conflitos e evitar o agravamento de dissensões entre todos os Portugueses - condição que na altura pareceu a mais premente e imperativa para que se pudesse estabelecer a paz geral.

  

  
No dia 26 de maio de 1834, apuseram as suas assinaturas no texto da concessão os generais Lemos (pelos tradicionalistas) e Saldanha e Terceira (pelos liberais), a qual estipulava as condições sine qua non seria possível o término da guerra civil que opusera ambas as fações ao longo dos dois anos precedentes:

  • a imediata e incondicional rendição de D. Miguel e de todas as suas forças, com a deposição e entrega das suas armas aos liberais;
  • amnistia geral para todos os crimes políticos cometidos desde 1 de agosto de 1826;
  • licença para que os amnistiados pudessem sair livremente do Reino e dispor dos seus bens, mediante o compromisso de não mais intervirem nos negócios públicos do Reino de Portugal;
  • a promessa, da parte dos liberais, da não perseguição dos apoiantes de D. Miguel;
  • o pagamento anual ao infante D. Miguel de uma pensão vitalícia no valor de 60 contos de réis, podendo o príncipe dispor livremente de todos os seus bens particulares; D. Miguel deveria porém abandonar a Península Ibérica ad æternum dentro do período de quinze dias subsequente à assinatura da convenção, a bordo de um navio estrangeiro, devendo ainda assinar uma declaração pela qual se comprometia a jamais regressar a território português, metropolitano ou colonial, nem a intervir nos negócios políticos do Reino ou, de qualquer outra forma, contribuir para desestabilizar o País.