sexta-feira, janeiro 08, 2021

Galileu morreu há 379 anos

   
Galileu Galilei (em italiano: Galileo Galilei; Pisa, 15 de fevereiro de 1564 - Florença, 8 de janeiro de 1642) foi um físico, matemático, astrónomo e filósofo italiano.
Galileu Galilei foi personalidade fundamental na revolução científica. Foi o mais velho dos sete filhos do alaudista Vincenzo Galilei e de Giulia Ammannati. Viveu a maior parte de sua vida em Pisa e em Florença, na época integrantes do Grão-Ducado da Toscana.
Galileu Galilei desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformemente acelerado e do movimento do pêndulo. Descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia e o conceito de referencial inercial, ideias precursoras da mecânica newtoniana. Galileu melhorou significativamente o telescópio refrator e com ele descobriu as manchas solares, o relevo da Lua, as fases de Vénus, quatro dos satélites de Júpiter, os anéis de Saturno, as estrelas da Via Láctea. Estas descobertas contribuíram decisivamente na defesa do heliocentrismo. Contudo, a principal contribuição de Galileu para a Ciência foi para o método científico, pois a ciência assentava até aí numa metodologia aristotélica.
O físico desenvolveu ainda vários instrumentos como a balança hidrostática, um tipo de compasso geométrico que permitia medir ângulos e áreas, o termómetro de Galileu e o precursor do relógio de pêndulo. O método empírico, defendido por Galileu, constitui um corte com o método aristotélico mais abstrato utilizado nessa época, devido a este Galileu é considerado como o "pai da ciência moderna".
    

Steve Clark, guitarrista dos Def Leppard, morreu há trinta anos...

  
Stephen Maynard Clark (Hillsborough, Sheffield, 23 de abril de 1960 – Londres, 8 de janeiro de 1991) foi um dos guitarristas fundadores da banda de hard rock britânica Def Leppard. Morreu em 1991, de uma overdose acidental de codeína, misturada com Valium, morfina e bebidas alcóolicas. Clark foi classificado em 11º pela Classic Rock Magazine's na lista dos "100 maiores heróis da guitarra".
   
   

 


Baden-Powell morreu há oitenta anos...

 

 

Robert Stephenson Smyth Baden-Powell (Londres, 22 de fevereiro de 1857 - Nairobi, 8 de janeiro de 1941) foi um tenente-general do Exército Britânico, fundador do escutismo.
 
Brasão do I Barão de Baden-Powell de Gilwell
 
  
(...)
  
O Movimento Escutista continuou a crescer. No dia em que atingiu a "maioridade", completando 21 anos contava com mais de 2 milhões de membros em praticamente todos os países do mundo. Nesta ocasião, B-P recebeu do rei Jorge V a honra de ser elevado a barão, sob o nome de Lord Baden-Powell of Gilwell. Mas apesar deste título, para todos os escuteiros ele continuou e continuará sempre sendo B-P, o Escuteiro-Chefe-Mundial.
Quando suas forças afinal começaram a declinar, depois de completar 80 anos de idade, regressou à sua amada África com a sua esposa, Lady Olave Baden-Powell, que fora uma entusiástica colaboradora em todos os seus esforços, e que era a Chefe-Mundial das "Girl Guides" (Guias), movimento também iniciado por Baden-Powell.
Fixaram residência no Quénia, num lugar tranquilo e com um panorama maravilhoso: florestas com quilómetros de extensão, tendo ao fundo montanhas com picos cobertos de neve. Foi lá que morreu B-P, a 8 de janeiro de 1941, faltando um pouco mais de um mês para completar 84 anos de idade. Encontra-se sepultado na Saint Peter's Churchyard, Nyeri, no Quénia
  
   
     

Graham Chapman, humorista dos Monty Python, nasceu há oitenta anos!

Graham Arthur Chapman (Leicester, Leicestershire, 8 de janeiro de 1941 - Maidstone, 4 de outubro de 1989) foi um actor e escritor britânico e membro do grupo Monty Python.
  
Vida
Graham Chapman nasceu enquanto acontecia um ataque aéreo alemão. O pai de Graham, Walter, era inspector-chefe da polícia e provavelmente inspirou as múltiplas vezes que Graham representou figuras autoritárias. A profissão do seu pai obrigava a sua família a mudar-se constantemente, dependendo de onde o seu pai era colocado. Assim Chapman e o seu irmão mais velho, John, passaram por várias escolas, um pouco por toda a Inglaterra, durante a sua infância. Aquela que parece ter tido uma maior influência em Graham foi a Melton Mowbray Grammar, onde este ficou apaixonado pelo teatro ao envolver-se em várias peças que a escola organizava. Foi também nesta altura que Chapman viu um vídeo do clube humorístico de Cambridge, os Footlights. A descoberta deste grupo influenciou mais tarde a escolha de Cambridge para estudar. Durante a sua infância, Chapman, à semelhança dos restantes membros dos Monty Python, era fã do programa de rádio The Goons, que influenciou muito o seu trabalho.
Quando chegou a altura de escolher a universidade onde queria prosseguir os seus estudos, Graham foi aconselhado pelo director da escola a candidatar-se a Universidade de Cambridge. Chapman estava aberto à ideia, até porque os Footlights o atraía. A escolha do curso de Medicina foi feita devido ao facto de o seu irmão já se encontrar na universidade a estudar o mesmo. Em 1959, Graham foi admitido em Cambridge, depois de ter passado nos exames sem grandes dificuldades.
Assim que conseguiu um lugar em Cambridge, Chapman procurou um lugar no Footlights, no entanto foi-lhe barrada a entrada na primeira tentativa. Chapman não desistiu e em conjunto com o amigo Anthony Branch escreveu um "smoker" (uma espécie de peça que servia de pré-audição para os Footlights). Os dois convidaram membros do grupo para assistir à peça que tinham escrito. Estes ficaram impressionados e decidiram convidar os dois para as audições. Foi nestas audições que Graham Chapman conheceu John Cleese, que viria a se tornar o seu principal colega de escrita nos anos posteriores.
A sua participação no Footlights foi o principal motivo que o fez decidir o queria fazer no futuro. Uma das produções do grupo, uma revista intitulada A Clump Of Pliths, foi exibida no Edinburgh Fringe Festival com um sucesso enorme, o que levou o grupo a fazer uma digressão que os levou ao West End de Londres, à Nova Zelândia, à Broadway e até ao The Ed Sullivan Show, em outubro de 1964. Os pais de Chapman não aprovaram a ida do seu filho em digressão, uma vez que isso implicava ter de interromper os seus estudos durante algum tempo. No entanto, Chapman teve a oportunidade de conhecer a Rainha Mãe, a quem perguntou se deveria fazer a digressão com os Footlights ou ficar em Cambridge a estudar. A Rainha Mãe disse que ele devia fazer a digressão. Quando Graham contou isto aos seus pais, eles deixaram-no ir.
Quando regressou da digressão, Chapman retomou os estudos e conseguiu terminar o curso em Cambridge entre os melhores alunos. Depois de Cambridge, Graham foi para o Barts Hospital Medical College, onde começou a estudar a parte prática da medicina. Também aqui Graham se formou com distinção. No entanto nunca chegou a exercer medicina profissionalmente, uma vez que, na altura já escrevia para a BBC.

BBC
Chapman e Cleese começaram a escrever profissionalmente para a BBC durante os anos 60, no princípio para David Frost, mas também para Marty Feldman. Chapman também contribuiu com sketches para a série de rádio da BBC, I’m Sorry, I’ll Read That Again e para programas televisivos como The Ilustrated Weekly Hudd (com Roy Hudd como protagonista), Cilla Black, This Is Petula Clarck e This Is Tom Jones. Chapman, Cleese e Tim Brooke-Taylor juntaram-se mais tarde a Martin Feldman na sua série televisiva de comédia, At Last the 1948 Show. Chapman e por vezes Cleese também escreveram para a série Doctor in the House. Chapman também foi um dos escritores de vários episódios com Bernard McKenna e David Sherlock.


Monty Python

Em 1969, Chapman e Cleese juntaram-se a Michael Palin, Eric Idle, Terry Jones e Terry Gilliam (os quatro tinham feito o programa infantil Do Not Adjust Your Set) e juntos formaram os Monty Python. O programa do grupo, Monty Python's Flying Circus, foi transmitido pela primeira vez pela BBC a 5 de outubro de 1969 e, apesar de os primeiros programas não terem sido um sucesso na altura, o grupo acabou por revolucionar o humor.
Os sketches clássicos da dupla Chapman\Cleese incluem o Raymond Luxury Yacht (o especialista em pele com um nariz enorme) e o Dead Parrot (O Papagaio Morto). Os seus papeis em Flying Circus aproximaram-se mais da sua própria personalidade: personagens calmas, figuras autoritárias e imprevisíveis.

No livro de David Morgan, Monty Python Speaks de 1999, Cleese afirmou que Chapman, embora fosse o seu colega de escrita oficial em muitos dos seus sketches, contribuía relativamente pouco na escrita directa. Segundo os restantes Pythons, a sua maior contribuição na escrita era a sua intuição incomparável para o que era engraçado. Apesar de pequenas, as suas contribuições eram muitas vezes o “tempero” que dava aos sketches o seu sabor. No clássico Dead Parrot, escrito maioritariamente por Cleese, o cliente frustrado estava inicialmente a tentar devolver uma torradeira defeituosa. Chapman perguntou como poderiam fazê-lo mais furioso, e pensou que a devolução de um papagaio morto a uma loja de animais seria mais interessante do que uma torradeira.
Durante os anos dos Monty Python, os problemas de alcoolismo de Chapman, que na altura se encontravam no seu pico, afectaram em muito o seu desempenho. Os seus piores momentos foram vividos durante as filmagens de Monty Python e o Cálice Sagrado. Muitas das vezes, Graham não se lembrava das suas deixas ou não conseguia executar algumas partes mais físicas do seu papel, como foi o caso da cena da Ponte da Morte. Graham não conseguiu passar a ponte, por se encontrar embriagado. Um dos maiores desafios para Chapman durante as filmagens aconteceu no primeiro dia. Como o grupo se encontrava a filmar numa zona remota da Escócia, era quase impossível comprar álcool. Apesar de ter perguntado a quase toda a equipa se tinha álcool, Graham não o encontrou e começou a sofrer efeitos secundários da sua dependência.

Na altura de A Vida de Brian, Chapman já tinha ultrapassado os seus problemas relacionados com o álcool e os restantes Pythons ficaram surpreendidos e diziam que ele se tinha tornado num "santo" uma vez que, todos os dias, depois das filmagens, este dava consultas e fazia pequenas cirurgias a qualquer membro da equipa e aos figurantes.

Vida pessoal
Chapman era em muitos aspectos o estereótipo da respeitabilidade do ensino público britânico; era alto (1,88 m), um ávido fumador de cachimbo que gostava de montanhismo e de jogar rugby. Ao mesmo tempo e, curiosamente, era um homossexual orgulhoso e muito excêntrico.
Chapman era alcoólico desde os tempos em que estudava medicina. A bebida afectava os seus desempenhos nos estúdios televisivos e também nos filmes. Ele finalmente parou de beber no Boxing Day em 1977, depois de ter irritado os restantes Pythons com uma entrevista sem tabus (e muito regada) com o New Musical Express.

Chapman manteve a sua homossexualidade em segredo até aos anos 70, altura em que revelou publicamente durante uma entrevista num talk show. Chapman foi uma das primeiras celebridades a admitir a sua homossexualidade e na altura provocou alguma polémica. Alguns dias após a famosa entrevista, Graham organizou uma festa na sua casa onde revelou aos seus amigos que era gay, e para apresentar oficialmente David Sherlock como seu companheiro. A sua relação com Sherlock foi descrita pelo próprio como sendo um verdadeiro casamento. Os dois estiveram juntos durante vinte anos, até à morte de Chapman, e adoptaram um rapaz, John Tomiczek, em 1971. Depois de assumir a sua orientação sexual, Chapman passou a defender publicamente os direitos dos homossexuais, sendo também o fundador da revista Gay News, que apoiava financeira e editorialmente.
Mais tarde, nas suas digressões por universidades, Chapman disse que, quando anunciou publicamente a sua homossexualidade, uma espectadora escreveu para os Monty Python a queixar-se que tinha ouvido dizer que um dos membros do grupo, que segundo ela não se tinha dignado a revelar a identidade, era gay. Juntamente com a carta, a espectadora enviou cerca de 20 páginas de orações que, se fossem repetidas todos os dias, poderiam salvar o membro em questão do inferno. Eric Idle, ciente da orientação sexual do amigo, enviou uma carta à espectadora onde dizia “Descobrimos quem era e matámo-lo.” Mais tarde, no seu livro, A Liar's Autobiography, Chapman escreveu, em tom de brincadeira, que como John Cleese não entrou na temporada seguinte de Flying Circus, a mulher deve ter levado a carta a sério.


Morte

Em 1988, a saúde de Graham começou a deteriorar-se. Os seus anos de alcoolismo tinham deixado a sua marca e este tinha o fígado em muito mau estado. No entanto foi algo diferente que o matou - em novembro desse ano, durante uma consulta de rotina no seu dentista, este reparou que as suas amígdalas estavam estranhamente grandes. Mais tarde descobriu-se um tumor maligno nas amígdalas, que teve de remover. Depois de uma consulta com o seu médico, Chapman descobriu que o problema nas amígdalas derivava de um cancro na coluna. Ele foi operado e removeu o tumor, mas ficou confinado a uma cadeira de rodas. Durante o ano de 1989 submeteu-se a várias operações e a tratamentos de radioterapia, mas sempre que retirava um tumor, aparecia-lhe outro ou na coluna ou na garganta. Foi na sua cadeira de rodas que gravou algum material para a celebração dos vinte anos dos Monty Python. Mas, a 1 de outubro, foi hospitalizado em Maidstone, depois de um ataque cardíaco grave que se tornou numa hemorragia interna.
Na noite da sua morte, a 4 de outubro, estavam presentes John Cleese, Michael Palin, o seu companheiro David Sherlock, o seu irmão John e a sua cunhada, no entanto John Cleese teve de ser levado para lidar com a dor e o choque de ver o seu amigo a morrer. Terry Jones e Peter Cook também o tinham visitado nesse dia. A morte de Chapman ocorreu na véspera do 20º aniversário da primeira transmissão do Monty Python's Flying Circus, algo a que Terry Jones chamou o "pior caso de festa perdida da História".
Os Monty Python decidiram não estar presentes no seu funeral, para que este não se tornasse num circo dos media e para dar alguma privacidade à família de Chapman. A sua presença foi marcada de uma forma bastante humorística, como sempre. O grupo enviou o pé característico dos seus programas com a mensagem: "Para o Graham dos outros Pythons. Pára-nos se estivermos a ficar muito patetas". Em vez de marcarem presença no funeral, os Pythons organizaram um Memorial, com todos os amigos de Graham, para celebrar a sua vida. O elogio foi feito por John Cleese e ainda hoje é um dos mais famosos de sempre. Os restantes Pythons também discursaram, sendo que Idle tinha lágrimas nos olhos e disse que Graham tinha preferido morrer a ouvir mais Michael Palin a falar (é conhecido como uma piada dos Monty Python que Palin fala demasidado). Durante a cerimónia foram cantadas músicas como Jerusalem, uma das preferidas de Chapman e Always Look On The Bright Side Of Life. Esta foi cantada pelos amigos mais próximos de Graham, guiados por Eric Idle, que mais tarde confessou ter sido uma das coisas mais difíceis que alguma vez teve de fazer.
O elogio feito por John Cleese foi o seguinte:

Graham Chapman, co-autor de "Parrot Sketch", já não é.
Deixou de ser, foi desta para melhor, descansa em paz, esticou as canelas, bateu as botas, nos deixou, foi-se, deu seu último suspiro e foi ter com o "Poderoso Chefe do Entretenimento do Céu", e acho que estamos todos pensando que é muito triste que um homem com tanto talento, tanta capacidade e bondade, de tanta inteligência, nos tenha sido levado com apenas 48 anos, antes de ter conseguido muitas das coisas de que era capaz, e antes de se ter divertido o suficiente.
Bem, eu sinto que devo dizer algo sem noção como: já vai tarde, otário, espero que queime no inferno.
E a razão pela qual sinto que devo dizer isto, é porque ele nunca me perdoaria se eu não o fizesse, se eu desperdiçasse esta oportunidade de chocar vocês em nome dele. Tudo para ele era contradizer o bom gosto. Podia ouvi-lo a sussurrar nos meus ouvidos ontem à noite quando estava a escrever isto:
"Tudo bem, Cleese, estás muito orgulhoso por ter sido a primeira pessoa a dizer 'merda' na televisão. Se este Memorial é mesmo para mim, quero que seja a primeira pessoa a dizer 'foda-se' num Memorial na Inglaterra!"
O problema é que não consigo. Se ele estivesse aqui comigo agora, provavelmente teria coragem, porque ele me incentivou. Mas a verdade é que, não tenho os tomates dele, o seu desafio esplêndido. E por isso vou ter contentar-me por dizer 'Betty Mardsen…'
Mas depois de mim pessoas mais arrojadas e desinibidas vão vir para aqui. O Jones e o Idle, o Gilliam e o Palin. Só Deus sabe o que a próxima hora vai trazer em nome do Graham. Calças a descer, blasfémias e saltitões, demonstrações espantosas de peidos a alta-velocidade, incesto sincronizado. Um dos quatro está a planear enfiar um ocelote morto e uma máquina de escrever da Remington de 1922 no seu próprio rabo ao som do terceiro movimento do Concerto de Violoncelo de Elgar. E isto é na primeira parte.
Porque o Gray quereria isto desta forma. A sério. Para ele é tudo menos bom gosto sem cabeça. E é isso que vou lembrar sempre dele, sem contar, claro, com a sua extravagância olímpica. Ele era o príncipe do mau gosto. Ele adorava chocar. De facto, mais do que ninguém que eu conheça, o Gray corporizava e simbolizava tudo o que era mais ofensivo e juvenil nos Monty Python. E o seu prazer em chocar pessoas levava-o a feitos cada vez maiores. Gosto de pensar nele como um pioneiro que abriu o caminho para que espíritos mais fracos o pudessem seguir.
Algumas memórias. Lembro-me de escrever o sketche da agência funerária com ele, e ele sugeriu a punch line, "Vamos come-la toda a noite, mas depois vamos sentir-nos mal por isso, vamos escavar uma campa e podemos vomitar para lá". Lembro-me de descobrir que, em 1969, quando escrevíamos todos os dias no apartamento onde a Connie Booth e eu morávamos, que ele tinha descoberto o jogo de escrever palavrões em papelinhos, e depois punha-os discretamente em sítios estratégicos em todo o nosso apartamento, o que nos forçava a fazer procuras frenéticas de última hora sempre que esperávamos convidados importantes.
Lembro-me dele em festas da BBC e rastejar pelo chão a esfregar-se afanosamente nas pernas de executivos de fato e lamber delicadamente os tornozelos femininos mais apetecidos. A senhora Eric Morecambe também se lembra disso.
Lembro-me de quando ele foi convidado para discursar na Oxford Union, e de entrar na sala vestido de cenoura, um fato cor-de-laranja completo com um chapéu verde grande, e depois, quando chegou a vez dele de falar, recusou-se a fazê-lo. Ficou ali especado, sem dizer nada, durante vinte minutos, com um lindo sorriso. Foi a única vez na História em que homem completamente calado conseguiu causar um motim.
Lembro-me de o Graham ter recebido um prémio de TV do jornal Sun do Reggie Maudling. Quem mais! E de levar o troféu a cair para o chão e a rastejar todo o caminho até à sua mesa, a gritar alto, o mais alto que conseguia. E se se lembram do Gray, isso era mesmo muito alto.
É magnifico, não é? Estão a ver, aquilo do choque… não é que zangue algumas pessoas, penso eu; Penso que dá aos outros uma alegria momentária de libertação, assim que nos apercebemos que nesse instante as regras sociais que comprimem as nossas vidas tão terrivelmente não são, na verdade, muito importantes.
Bem, o Gray não pode fazer mais isso por nós. Ele foi-se. É um ex-Chapman. Tudo o que temos dele agora são as nossas memórias. Mas vai demorar muito tempo até que desapareçam.
No dia 31 de dezembro de 1999, houve rumores de que as cinzas de Chapman tinham sido lançadas para o céu através de um foguetão. Na verdade, as suas cinzas foram espalhadas pelo seu companheiro David Sherlock em Snowdon, no norte do País de Gales, em 2005.
 

 


quinta-feira, janeiro 07, 2021

A sonda Lunar Prospector foi lançada há 23 anos

   
Lunar Prospector was the third mission selected by NASA for full development and construction as part of the Discovery Program. At a cost of $62.8 million, the 19-month mission was designed for a low polar orbit investigation of the Moon, including mapping of surface composition including polar ice deposits, measurements of magnetic and gravity fields, and study of lunar outgassing events. The mission ended July 31, 1999, when the orbiter was deliberately crashed into a crater near the lunar south pole after the presence of water ice was successfully detected.
Data from the mission allowed the construction of a detailed map of the surface composition of the Moon, and helped to improve understanding of the origin, evolution, current state, and resources of the Moon. Several articles on the scientific results were published in the journal Science.
Lunar Prospector was managed by NASA Ames Research Center with the prime contractor Lockheed Martin. The Principal Investigator for the mission was Alan Binder. His personal account of the mission, Lunar Prospector: Against all Odds, is highly critical of the bureaucracy of NASA overall, and of its contractors.
   
  

O retratista Thomas Lawrence morreu há 191 anos

Autorretrato, 1788

    

Thomas Lawrence (Bristol, 13 de abril de 1769Londres, 7 de janeiro 1830) foi um dos principais pintores retratistas britânicos do início do século XIX, além de presidente da Academia Real Inglesa. Nascido em Bristol, Lawrence era um rapaz muito adiante do seu tempo e que começou a pintar com apenas dez anos, apoiando a sua família, fazendo retratos em pastel. Aos dezoito anos foi para Londres e logo conseguiu uma reputação de retratista a óleo, recebendo a sua primeira comissão real: um retrato da rainha Carlota de Mecklemburgo-Strelitz, em 1790. No ano seguinte tornou-se associado da Academia Real Inglesa, um membro de 1794 e seu presidente em 1820. Lawrence teve como patrono Jorge, Príncipe Regente, em 1810, sendo enviado para o exterior a fim de pintar os líderes aliados responsáveis pela queda de Napoleão Bonaparte, para a Câmara Waterloo do Castelo de Windsor. A quando da sua morte, era o pintor retratista mais popular da Europa, mas a sua reputação desapareceu na era vitoriana, porém desde então foi restaurada. 

  

Retrato de Maria II de Portugal 1829, Royal Collection

     

in Wikipédia

A Rainha Carlota Joaquina morreu há 191 anos

  
Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbón e Bourbón, em castelhano Carlota Joaquina Teresa Cayetana de Borbón y Borbón (Aranjuez, 25 de abril de 1775 - Palácio de Queluz, 7 de janeiro de 1830) foi uma infanta de Espanha por nascimento, e Infanta consorte de Portugal, princesa-consorte do Brasil, Princesa-regente consorte de Portugal, Rainha consorte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e Rainha consorte de Portugal pelo seu casamento com o então Infante português D. João Maria de Bragança (futuro D. João VI), àquela altura Senhor do Infantado e duque de Beja. Foi também Imperatriz do Brasil, entre 1825 e 1826

Brasão  Real de D.ª Carlota Joaquina
   

Santa Bernadete de Lourdes nasceu há 177 anos

 
Marie-Bernard Soubirous, ou Maria Bernada Sobeirons em occitano (Lourdes, 7 de janeiro de 1844 - Nevers, 16 de abril de 1879), foi uma religiosa francesa, canonizada pela Igreja Católica.
Filha de um pobre moleiro chamado Francisco Soubirous e de Luísa Castèrot, Bernadette foi a primeira de nove filhos. Na sua infância trabalhou como pastora e criada doméstica. O pai esteve preso sob a acusação de furto de farinha, contudo foi absolvido.
Durante os dez primeiros anos viveu no moinho de Boly (onde nasceu). Depois, passando por graves dificuldades financeiras, a família muda-se para Lourdes onde vive em condições de miséria, morando no prédio da antiga cadeia municipal que fora abandonado pouco tempo antes. Apesar de parecer insalubre, moravam no andar superior do edifício, o do primo de Francisco Soubirous, pai de Bernadette, junto à sua mulher e seus filhos. Era um buraco infecto e sombrio, a divisão inabitável da antiga prisão abandonada por causa da insalubridade.
Desde pequena, Bernadete teve a saúde debilitada devido à extrema pobreza de sua habitação. Nos primeiros anos de vida foi acometida pelo cólera, o que a deixou extremamente enfraquecida. Em seguida, por causa também do clima frio no inverno, adquiriu asma aos dez anos. Tinha dificuldades de aprendizagem e na catequese, o que fez com que a sua primeira comunhão fosse atrasada. Não pôde frequentar a escola e até os catorze anos manteve-se absolutamente analfabeta.
Em Lourdes, uma cidade com população em torno de quatro mil habitantes, no dia 11 de fevereiro de 1858, Bernadete disse ter visto uma aparição de Nossa Senhora numa gruta denominada "massabielle", o que significa, no dialeto birgudão local - "pedra velha" ou "rocha velha" - junto à margem do rio Gave, aparição que de outra vez se lhe apresentou como sendo a "Imaculada Conceição", segundo o seu relato.
Enquanto o assunto era submetido ao exame da hierarquia eclesiástica que se comportava com cética prudência, curas cientificamente inexplicáveis foram verificadas na gruta de "massabielle". Em 25 de fevereiro de 1858, na presença de uma multidão, por ocasião de uma das suas visões, surgiu sob as mãos de Bernadete uma fonte que jorra água até os dias de hoje no volume de cinco mil litros por dia.
De acordo com o pároco da cidade, padre Dominique, que bem a conhecia, era impossível que Bernadete soubesse ou pudesse ter o conhecimento do que significava o dogma da "Imaculada Conceição", então recentemente promulgado pelo Papa. Afirmou ter tido dezoito visões da Virgem Maria no mesmo local entre 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858.
Afirmou e defendeu a autenticidade das aparições com um denodo e uma firmeza incomuns para uma adolescente da sua idade com o seu temperamento humilde e obediente, nível de instrução e nível sócio-económico, contra a opinião geral de todos na localidade: a sua família, o clero e autoridades públicas. Pelas autoridades civis foi submetida a métodos de interrogatórios, constrangimentos e intimidações que seriam inadmissíveis nos dias de hoje. Não obstante, nunca vacilou em afirmar com toda a convicção a autenticidade das aparições, o que fez até à sua morte.
Para fugir à curiosidade geral, Bernadete refugiou-se como "pensionista indigente" no hospital das Irmãs da Caridade de Nevers, em Lourdes (1860). Ali recebe instrução e, em 1861, faz do próprio punho o primeiro relato escrito das aparições. No dia 18 de janeiro de 1862, Monsenhor Bertrand Sévère Laurence, Bispo de Tarbes, reconhece pública e oficialmente a realidade do facto das aparições.
Em julho de 1866 Bernadette inicia o seu noviciado no convento de Saint-Gildard e, em 30 de outubro de 1867, faz a profissão de religiosa da Congregação das Irmãs da Caridade de Nevers. Dedicou-se à enfermagem até ser imobilizada, em 1878, pela doença que lhe causou a morte.
Uma imensa multidão assistiu ao seu funeral, no dia 19 de abril de 1879 que foi necessário ser adiado por causa da grande afluência de gente, totalmente inesperada. Em 20 de agosto de 1908, Monsenhor Gauthey, bispo de Nevers, constitui um tribunal eclesiástico para investigar "o caso Bernadette Soubirous".
   
Local de pergrinações
Em virtude das supostas manifestações divinas nos arredores da cidade, uma relativamente grande massa de peregrinos vai à gruta, estimulados pelos rumores de curas miraculosas por intermédio da água de uma certa fonte que brotara há pouco, no exato local onde a "Senhora de Lourdes" teria aparecido. A pedido do comissário Jacomet da polícia de Lourdes, o prefeito da cidade Alexis Lacadé toma a decisão de proibir, a partir de 8 de junho de 1858, o acesso à gruta. No mês de setembro de 1858 o Imperador Napoleão III e a Imperatriz Eugénia estão em Biarritz. A imperatriz está bem informada dos acontecimentos ocorridos em Lourdes e o Imperador decide pedir explicações ao arcebispo de Auch, metropolitano de Tarbes e Lourdes. Depois, determina ao ministro de Cultos que "deseja que o acesso à gruta fique livre, como também o uso da água do manancial." No dia 2 de outubro levanta-se a proibição de acesso à Gruta de Massabielle. Lourdes, rapidamente, tornou-se um dos mais importantes centros de peregrinação da cristandade.
Assim como qualquer local onde houve ou há manifestações de uma força sobrenatural, Lourdes é hoje um grande centro de peregrinação católica, com cerca de 6 milhões de visitantes anuais, interessados não somente no turismo religioso, mas também na história, arquitetura e belezas naturais singulares da pequena cidade. Tal massa turística injeta dezenas de milhões de dólares no comércio geral, o que transforma Lourdes numa parte importante do PIB francês. Além disso, as visões de Bernadette, com as de Fátima em Portugal, foram as mais famosas de uma série de manifestações marianas que fortaleceram ainda mais o culto a Nossa Senhora como mãe de Deus. Houve também a confirmação do dogma da Imaculada Conceição, que fora declarado pelo Papa pouco tempo antes.
   
Canonização
Foi canonizada em 8 de dezembro de 1933, festa da Imaculada Conceição, pelo Papa Pio XI como Santa Bernadete de Lourdes, depois de terem sido reconhecidas pela Santa Sé a heroicidade das suas virtudes pessoais e curas milagrosas a ela atribuídas após a sua morte. A sua festa litúrgica é celebrada na Igreja Católica no dia 16 de abril. Na França, é celebrada no dia 18 de fevereiro. A ela tem sido atribuídos vários milagres. Em 1983 o Papa João Paulo II esteve em Lourdes em peregrinação e ali retornou em agosto de 2004. 
  

Música do Rei D. Dinis, no dia de aniversário da sua morte...

 

 

Amigo, queredes-vos ir?

 

– Amigo, queredes-vos ir?
– Si, mia senhor, ca nom poss'al
fazer ca seria meu mal
e vosso; por end'a partir
mi convem daqueste logar.
– Mais que gram coita d'endurar
mi será, pois m'é sem vós vir!
 
Amigu', e de mim que será?
– Bem, senhor bõa, e de prez;
e pois m'eu for daquesta vez
o vosso mui bem se passará,
mais morte m'é de m'alongar
de vós e ir-m'alhur morar.
– Mais, pois é vós ũa vez já!
 
Amigu', eu sem vós morrerei.
– Nom o querrá Deus esso, senhor,
mais pois u vós fordes nom for
o que morrerá eu serei;
mais quer'eu ant'o meu passar
ca_assi do voss'aventurar,
ca eu sem vós de morrer hei!
 
Queredes-m', amigo, matar?
– Nom, mia senhor, mais por guardar
vós mato-mi, que m'o busquei. 

 

El-Rei D. Dinis

D. Dinis...

 

(imagem daqui)

 

D. DINIS


Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.



9-2-1934


in Mensagem, Fernando Pessoa

Francis Poulenc nasceu há 121 anos

Poulenc e Wanda Landowska
   
Francis Jean Marcel Poulenc (Paris, 7 de janeiro de 190030 de janeiro de 1963) foi um compositor e pianista francês, membro do grupo Les Six, autor de obras que abarcam a maior parte dos géneros musicais, incluindo canção, música de câmara, oratório, ópera, música para bailado e música orquestral. O crítico Claude Rostand, num artigo do Paris-Presse, de julho de 1950, descreveu Poulenc como "meio monge, meio mau rapaz" ("le moine et le voyou"), uma etiqueta que lhe ficou associada para o resto da vida.
   

 


Hoje é dia de recordar a que depois de morta foi Rainha...

 
 

Linda Inês

Choram ainda a tua morte escura
Aquelas que chorando a memoraram;
As lágrimas choradas não secaram
Nos saudosos campos da ternura.

Santa entre as santas pela má ventura,
Rainha, mais que todas que reinaram;
Amada, os teus amores não passaram
E és sempre bela e viva e loira e pura.

Ó Linda, sonha aí, posta em sossêgo
No teu muymento de alva pedra fina,
Como outrora na Fonte do Mondego.

Dorme, sombra de graça e de saudade,
Colo de Garça, amor, moça menina,
Bem-amada por toda a eternidade!
  
  
in Cancioneiro de Coimbra (1920) - Afonso Lopes Vieira

Nikola Tesla morreu há 78 anos

   
Nikola Tesla (Smiljan, Império Austríaco, 10 de julho de 1856 - Nova Iorque, 7 de janeiro de 1943) foi um inventor nos campos da engenharia mecânica e electrotécnica, de etnia sérvia, nascido na aldeia de Smiljan, Vojna Krajina, no território da atual Croácia. Era súbdito do Império Austríaco no nascimento e mais tarde tornou-se um cidadão americano. Tesla é muitas vezes descrito como um importante cientista e inventor da modernidade, um homem que "espalhou luz sobre a face da Terra". É mais conhecido pela suas muitas contribuições revolucionárias no campo do electromagnetismo no fim do século XIX e início do século XX. As patentes de Tesla e o seu trabalho teórico formam as bases dos modernos sistemas de potência eléctrica em corrente alternada (AC), incluindo os sistemas polifásicos de distribuição de energia e o motor AC, com os quais ajudou na introdução da Segunda Revolução Industrial.
Depois da sua demonstração de transmissão sem fios (rádio) em 1894 e após ser o vencedor da "Guerra das Correntes", tornou-se largamente respeitado como um dos maiores engenheiros electrotécnicos que trabalhavam nos EUA. Muitos dos seus primeiros trabalhos foram pioneiros na moderna engenharia electrotécnica e muitas das suas descobertas foram importantes a desbravar caminho para o futuro. Durante este período, nos Estados Unidos, a fama de Tesla rivalizou com a de qualquer outro inventor ou cientista da história e cultura popular, mas devido à sua personalidade excêntrica e às suas afirmações, aparentemente bizarras e inacreditáveis, sobre possíveis desenvolvimentos científicos, Tesla caiu eventualmente no ostracismo e era visto como um cientista louco. Nunca tendo dado muita atenção às suas finanças, Tesla morreu pobre, aos 86 anos.
A unidade de SI que mede a densidade do fluxo magnético ou a indução magnética (geralmente conhecida como campo magnético "B"), o tesla, foi nomeada em sua honra (na Conférence Générale des Poids et Mesures, Paris, 1960), assim como o efeito Tesla da transmissão sem-fios de energia para aparelhos electrónicos com energia sem fios, que Tesla demonstrou numa escala menor (lâmpadas eléctricas) já em 1893 e aspirava usar para a transmissão intercontinental de níveis industriais de energia no seu projecto inacabado da Wardenclyffe Tower.
À parte os seus trabalhos em electromagnetismo e engenharia electromecânica, Tesla contribuiu em diferentes medidas para o estabelecimento da robótica, controle remoto, radar e ciência computacional, e para a expansão da balística, física nuclear e física teórica.
   

Luiz Melodia nasceu há setenta anos!

 
Luiz Carlos dos Santos (Rio de Janeiro, 7 de janeiro de 1951 – Rio de Janeiro, 4 de agosto de 2017), mais conhecido como Luiz Melodia, foi um ator, cantor e compositor brasileiro de MPB, rock, blues, soul e samba. Filho do sambista e compositor Oswaldo Melodia, de quem herdou o nome artístico, cresceu no morro de São Carlos no bairro do Estácio. Foi casado com a cantora, compositora e produtora Jane Reis desde 1977 até à sua morte, e era pai do rapper Mahal Reis (1980)
Começou a sua carreira musical em 1963 com o cantor Mizinho, ao mesmo tempo em que trabalhava como tipógrafo, vendedor, caixeiro e músico em bares noturnos. Em 1964 formou o conjunto musical Os Instantâneos, com Manoel, Nazareno e Mizinho. Lança o seu primeiro LP em 1973, Pérola Negra. No "Festival Abertura", competição musical da Rede Globo, consegue chegar à final com sua canção "Ébano".
Nas décadas seguintes Melodia lançou diversos álbuns e realizou shows no Brasil e na Europa. Em 1987, apresentou-se em Chateauvallon, na França, e em Berna, Suíça. Em 1992, participou do "III Festival de Música de Folcalquier", na França, e, em 2004, do Festival de Jazz de Montreux, à beira do Lago Leman, onde se apresentou no Auditorium Stravinski, palco principal do festival.
Participou do quarto disco solo do titã Sérgio Britto, lançado em setembro de 2011 (Purabossanova).
Em 2015, ganhou o 26º Prémio da Música Brasileira na categoria Melhor Cantor de MPB. Em 31 de maio de 2018, foi confirmado como homenageado póstumo da 29º Prémio da Música Brasileira.

  

  


El-Rei D. Dinis morreu há 696 anos

 
D. Dinis I de Portugal (Lisboa [?], 9 de outubro de 1261 - Santarém, 7 de janeiro de 1325) foi o sexto Rei de Portugal, com o cognome de o Lavrador, pelo grande impulso que deu à agricultura e ampliação do pinhal de Leiria ou o Rei-Poeta, devido à sua obra literária.
Filho de D. Afonso III de Portugal e da infanta Beatriz de Castela, foi aclamado em Lisboa em 1279, tendo subido ao trono com 17 anos. Em 1282 desposou Isabel de Aragão, que ficaria conhecida como a Rainha Santa.
  
   
Ao longo de 46 anos a governar os Reinos de Portugal e dos Algarves foi um dos principais responsáveis pela criação da identidade nacional e o alvor da consciência de Portugal enquanto estado-nação: em 1297, após a conclusão da Reconquista pelo seu pai, definiu as fronteiras de Portugal no Tratado de Alcanizes, prosseguiu relevantes reformas judiciais, instituiu a língua Portuguesa como língua oficial da corte, criou a primeira Universidade portuguesa, libertou as Ordens Militares no território nacional de influências estrangeiras e prosseguiu um sistemático acréscimo do centralismo régio. A sua política centralizadora foi articulada com importantes acções de fomento económico - como a criação de inúmeros concelhos e feiras. D. Dinis ordenou a exploração de minas de cobre, prata, estanho e ferro e organizou a exportação da produção excedente para outros países europeus. Em 1308 assinou o primeiro acordo comercial português com a Inglaterra. Em 1312 fundou a marinha Portuguesa, nomeando 1ºAlmirante de Portugal, o genovês Manuel Pessanha, e ordenando a construção de várias docas.
Foi grande amante das artes e letras. Tendo sido um famoso trovador, cultivou as Cantigas de Amigo, de Amor e a sátira, contribuindo para o desenvolvimento da poesia trovadoresca na península Ibérica. Pensa-se ter sido o primeiro monarca português verdadeiramente alfabetizado, tendo assinado sempre com o nome completo. Culto e curioso das letras e das ciências, terá impulsionado a tradução de muitas obras para português, entre as quais se contam os tratados do seu avô, o Rei de Castela Afonso X, o Sábio. Foi o responsável pela criação da primeira Universidade portuguesa, inicialmente instalada na zona do actual Largo do Carmo, em Lisboa e por si transferida, pela primeira vez, para Coimbra, em 1308. Esta universidade, que foi transferida várias vezes entre as duas cidades, ficou definitivamente instalada em Coimbra em 1537, por ordem de D. João III.
Entre 1320 e 1324 houve uma guerra civil que opôs o rei ao futuro Afonso IV. Este julgava que o pai pretendia dar o trono a Afonso Sanches. Nesta guerra, o rei contou com pouco apoio popular, pois nos últimos anos de reinado deu grandes privilégios aos nobres. O infante contou com o apoio dos concelhos. Apesar dos motivos da revolta, esta guerra foi no fundo um conflito entre grandes e pequenos.
Após a sua morte, em 1325 foi sucedido pelo seu filho legítimo, Afonso IV de Portugal, apesar da oposição do seu favorito, o filho natural Afonso Sanches.
  

 

D. Dinis
  
Dorme na tua glória, grande rei
Poeta!
Não acordes agora.
A hora
Não te merece.
A pátria continua,
Mas não parece
A mesma que te viu a majestade.
Dorme na eternidade
Paciente
De quem num areal
Semeou um futuro Portugal,
Confiado na graça da semente.
  
  

in Diário XIV (1987) - Miguel Torga

Inês de Castro foi assassinada há 666 anos

    
Inês de Castro (Reino da Galiza, circa 1320/1325 - Quinta das Lágrimas, Coimbra, 7 de janeiro de 1355) foi uma nobre galega, rainha de Portugal, amada pelo futuro rei D. Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos. Foi executada, por ordem do pai deste, o rei D. Afonso IV. Era descendente direta do rei Sancho I de Aragão pois era trineta, por via masculina, de Fernão Guterrez de Castro.
    
Coroação póstuma de Inês de Castro - pintura de Pierre-Charles Comte (1849)
  
Morte
Depois de alguns anos no Norte de Portugal, Pedro e Inês tinham regressado a Coimbra e instalaram-se no Paço de Santa Clara. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a Rainha Santa Isabel, foi neste Paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de Reis e Príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas.
Havia boatos de que o Príncipe tinha se casado secretamente com D. Inês. Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia se casar livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D.ª Inês.
A 7 de janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e aproveitando a ausência de D. Pedro, numa excursão de caça, foi com Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte dos Amores da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado.
A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha D. Beatriz conseguiu intervir e fez selar a paz, em agosto de 1355.
D. Pedro tornou-se no oitavo rei de Portugal como D. Pedro I em 1357. Em junho de 1360 fez a declaração de Cantanhede, legitimando os filhos de Inês ao afirmar que se tinha casado secretamente com ela, em 1354, em Bragança, «em dia que não se lembrava». A palavra do rei, do seu capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.
De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o Reino de Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei no seu leito de morte.
D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em 1367. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na década de 80 do século XVIII os túmulos foram mudados para o recém construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em 1956 foram mudados para a sua actual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os túmulos, no século XVIII, foram colocados frente a frente, apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final». A tétrica cerimónia da coroação e do beija mão à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que tornar-se-ia numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, terá sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do século XVI.