Inês de Castro (
Reino da Galiza,
circa 1320/
1325 - Quinta das Lágrimas,
Coimbra,
7 de janeiro de
1355) foi uma nobre
galega, rainha de
Portugal, amada pelo futuro rei D.
Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos. Foi executada, por ordem do pai deste, o rei D.
Afonso IV. Era descendente direta do rei
Sancho I de Aragão pois era trineta, por via masculina, de
Fernão Guterrez de Castro.
Coroação póstuma de Inês de Castro - pintura de Pierre-Charles Comte (1849)
Morte
Depois de alguns anos no
Norte de Portugal, Pedro e Inês tinham regressado a
Coimbra e instalaram-se no
Paço de Santa Clara. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a
Rainha Santa Isabel,
foi neste Paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando
expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de Reis e
Príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas.
Havia boatos de que o Príncipe tinha se casado secretamente com D.
Inês. Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações
políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da
corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta
influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor
solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade o Rei
ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele
podia se casar livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro
percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava
casar-se nunca com D.ª Inês.
A 7 de janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e aproveitando a ausência de D. Pedro, numa excursão de
caça, foi com
Pêro Coelho,
Álvaro Gonçalves,
Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a
lenda, as lágrimas derramadas no
rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte dos Amores da
Quinta das Lágrimas, e algumas
algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu
sangue derramado.
A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha
D. Beatriz conseguiu intervir e fez selar a paz, em agosto de 1355.
D. Pedro tornou-se no
oitavo rei de Portugal como D.
Pedro I em 1357. Em junho de 1360 fez a
declaração de Cantanhede, legitimando os filhos de Inês ao afirmar que se tinha casado, secretamente, com ela em
1354, em Bragança, «
em dia que não se lembrava». A palavra do rei, do seu
capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.
D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos
túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no
mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em
1367.
A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a
nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a
São Bento. Na década de 80 do século XVIII os túmulos foram mudados
para o recém construído panteão real, onde foram colocados frente a
frente. Em 1956 foram mudados para a sua atual posição, D. Pedro no
transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os
túmulos, no século XVIII, foram colocados frente a frente, apareceu a
lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «
possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final».
A tétrica cerimónia da coroação e do beija mão à Rainha D. Inês, já
morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que
tornar-se-ia numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, terá
sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do
século XVI.