Mostrar mensagens com a etiqueta Alcobaça. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Alcobaça. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, abril 08, 2024

El-Rei D. Pedro I, o eterno namorado de Inês de Castro, nasceu há 704 anos

        
D. Pedro I de Portugal (Coimbra, 8 de abril de 1320 - Estremoz, 18 de janeiro de 1367) foi o oitavo Rei de Portugal. Recebeu os cognomes de O Justiceiro (e também O Cruel ou O Cru), pela energia posta em vingar o assassínio de Inês de Castro. Filho do Rei D. Afonso IV e da sua mulher, a Rainha D. Beatriz de Castela, Pedro I sucedeu ao seu pai em 1357.
    
  
 
 
(imagem daqui)
  
  

Alcobaça

   
  
Corpos feitos de pedra - para sempre
aqui
nesta nave de gelo e de sombra,
no incandescente sono a que chamamos
eternidade.

Quem desperta o teu rosto? Quem move
as tuas mãos no gesto com que iludes
a distância dos vivos? Não sabemos
morrer
e repetimos hoje o mesmo abraço
fiel à órbita dos astros
e a esta certeza de que fomos
e somos e seremos
um do outro.

É assim o amor - uma palavra
sonâmbula, uma bênção
que os séculos não apagam
sob as pequenas asas de alguns anjos
guardando e protegendo o nosso imenso
segredo.

Corpos feitos de pedra - ainda e sempre
aqui
até ao fim do mundo,
até ao fim.



in Pena Suspensa (2004) - Fernando Pinto do Amaral 

sábado, março 30, 2024

Vem aí uma série da RTP sobre o vinho e vinha em Portugal

Série documental da RTP1 sobre vinhos estreia-se na segunda-feira

 

Vinhos Com História, a nova série da RTP1 sobre vinhos nacionais, terá cinco episódios, cada um dedicado a uma zona diferente do país. O primeiro foi filmado na ilha do Pico.


A série demorou cerca de três anos a filmar, com uma pandemia pelo meio a dificultar as viagens para a ilha do Pico, nos Açores, onde acontece o primeiro episódio


Os vinhos do Pico, os vinhos de talha do Alentejo, os verdes tintos do Minho, os medievais entre Alcobaça e Ourém e os vinhos de Colares. Vinhos Com História, a nova série documental da RTP1, com estreia marcada para esta segunda-feira, 1 de abril, às 23.00, dedica cada um dos seus cinco episódios à história de vinhos portugueses únicos e dos seus produtores. A ideia foi da realizadora Cristina Ferreira Gomes que, antes da série, não tinha nenhuma ligação com o vinho. 

Foi por acaso, numa viagem de carro a caminho da Praia das Maçãs, em Sintra, que Cristina Ferreira Gomes entrou na Adega Visconde de Salreu para visitar uma exposição sobre o vinho de Colares. “Era uma realidade que desconhecia completamente”, conta ao Terroir. “A improbabilidade de ter vinhos ali naquela região de Colares, com vinhas escavadas na areia, autênticas trincheiras paliçadas com canas. Comecei a pensar que, tal como eu, também muita gente não conheceria esta realidade.”

Série documental da RTP1 sobre vinhos estreia-se na segunda-feira A ideia de uma série documental sobre vinhos portugueses começou a ganhar forma. “Comecei a investigar se haveria em Portugal vinhos com histórias tão interessantes e tão arrebatadoras como as do vinho de Colares”, continua a realizadora e autora. Descobriu várias, mas não foi fácil pôr a série em marcha. “Demorou muito tempo a concretizar. Tive de reunir financiamento e contactar uma série de entidades que permitissem que a série fosse filmada [além de câmaras municipais, também a ViniPortugal e a Comissão Vitivinícola Regional dos Açores apoiaram o projeto].”

 

A vinha do enforcado, no Minho, será o tema de um dos episódios

 

Mais do que falar sobre a origem dos vinhos, o seu objetivo era documentar os tempos atuais e destacar os produtores “que mantêm viva a história”, sublinha a realizadora. “As pessoas que comercializam os vinhos e são apaixonadas por eles.” Série documental da RTP1 sobre vinhos estreia-se na segunda-feira 

Além disso, queria retratar as vinhas ao longo das várias estações do ano e acompanhar o processo de fabrico dos vinhos, dos trabalhos no campo e na adega até à vindima. 

Ao todo, a série demorou cerca de três anos a filmar, com uma pandemia pelo meio a dificultar as viagens para a ilha do Pico, nos Açores, onde acontece o primeiro episódio, talvez o mais trabalhoso. “[Esse episódio] conta a história do vinho do Pico desde o tempo da expansão marítima até à queda do império do Verdelho e à recuperação, na contemporaneidade, das vinhas do Pico, absolutamente fabulosas.” 

O episódio menciona também a crise da filoxera, que destruiu as vinhas e deu origem à “grande vaga de imigração do Pico, Faial e São Jorge”, explica Cristina. 

O segundo a ser exibido, na segunda-feira seguinte, 8 de abril, também às 23.00, conta a história dos vinhos de Colares, a inspiração para a série, com uma explicação sobre a maneira como o crash da bolsa de Nova Iorque, em 1929, afetou a produção deste vinho.

 

 

VINHO DO PICO, DOCUMENTÁRIO- SÉRIE DOCUMENTAL VINHOS COM HISTÓRIA from Mares do Sul on Vimeo 

 

Os episódios seguintes serão dedicados aos vinhos de talha da zona de Vila de Frades, no Alentejo, ao vinho medieval cisterciense, entre Alcobaça e Ourém, e à vinha do enforcado, no Minho. “Há muitos programas sobre vinhos, mas sempre do ponto de vista do consumo. O que me interessa é a história, o vinho como um objeto que faz parte da nossa vida”, resume a realizadora. “Somos um país de vinho.”

Cristina Ferreira Gomes não tinha nenhuma ligação a esta área. Aliás, também em abril, no dia 5, a RTP2 tem agendada a estreia de outro documentário seu, Olga Roriz, sobre a coreógrafa e bailarina portuguesa. “Não tenho um conhecimento do mundo dos vinhos, nem tenho essa pretensão”, confessa a realizadora. “O meu interesse foi mesmo do ponto de vista documental, de fazer uma série sobre vinho.”

in Público

domingo, janeiro 07, 2024

Inês de Castro foi executada há 669 anos...

    
Inês de Castro (Reino da Galiza, circa 1320/1325 - Quinta das Lágrimas, Coimbra, 7 de janeiro de 1355) foi uma nobre galega, rainha de Portugal, amada pelo futuro rei D. Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos. Foi executada, por ordem do pai deste, o rei D. Afonso IV. Era descendente direta do rei Sancho I de Aragão pois era trineta, por via masculina, de Fernão Guterrez de Castro.
    
Coroação póstuma de Inês de Castro - pintura de Pierre-Charles Comte (1849)
  
Morte
Depois de alguns anos no Norte de Portugal, Pedro e Inês tinham regressado a Coimbra e instalaram-se no Paço de Santa Clara. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a Rainha Santa Isabel, foi neste Paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de Reis e Príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas.
Havia boatos de que o Príncipe tinha se casado secretamente com D. Inês. Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia se casar livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D.ª Inês.
A 7 de janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e aproveitando a ausência de D. Pedro, numa excursão de caça, foi com Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte dos Amores da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado.
A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha D. Beatriz conseguiu intervir e fez selar a paz, em agosto de 1355.
D. Pedro tornou-se no oitavo rei de Portugal como D. Pedro I em 1357. Em junho de 1360 fez a declaração de Cantanhede, legitimando os filhos de Inês ao afirmar que se tinha casado, secretamente, com ela em 1354, em Bragança, «em dia que não se lembrava». A palavra do rei, do seu capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.
De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o Reino de Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei, no seu leito de morte.
D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em 1367. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na década de 80 do século XVIII os túmulos foram mudados para o recém construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em 1956 foram mudados para a sua atual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os túmulos, no século XVIII, foram colocados frente a frente, apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final». A tétrica cerimónia da coroação e do beija mão à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que tornar-se-ia numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, terá sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do século XVI.
   

sábado, abril 08, 2023

D. Pedro I, o (e)terno namorado de Inês, nasceu há 703 anos

        
D. Pedro I de Portugal (Coimbra, 8 de abril de 1320 - Estremoz, 18 de janeiro de 1367) foi o oitavo Rei de Portugal. Recebeu os cognomes de O Justiceiro (e também O Cruel ou O Cru), pela energia posta em vingar o assassínio de Inês de Castro. Filho do Rei Afonso IV e da sua mulher, a Rainha D. Beatriz de Castela, Pedro I sucedeu ao seu pai em 1357.
    
  
 
 
(imagem daqui)
  
  

Alcobaça

   
  
Corpos feitos de pedra - para sempre
aqui
nesta nave de gelo e de sombra,
no incandescente sono a que chamamos
eternidade.

Quem desperta o teu rosto? Quem move
as tuas mãos no gesto com que iludes
a distância dos vivos? Não sabemos
morrer
e repetimos hoje o mesmo abraço
fiel à órbita dos astros
e a esta certeza de que fomos
e somos e seremos
um do outro.

É assim o amor - uma palavra
sonâmbula, uma bênção
que os séculos não apagam
sob as pequenas asas de alguns anjos
guardando e protegendo o nosso imenso
segredo.

Corpos feitos de pedra - ainda e sempre
aqui
até ao fim do mundo,
até ao fim.



in Pena Suspensa (2004) - Fernando Pinto do Amaral 

sábado, janeiro 07, 2023

Inês de Castro foi assassinada há 668 anos...

    
Inês de Castro (Reino da Galiza, circa 1320/1325 - Quinta das Lágrimas, Coimbra, 7 de janeiro de 1355) foi uma nobre galega, rainha de Portugal, amada pelo futuro rei D. Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos. Foi executada, por ordem do pai deste, o rei D. Afonso IV. Era descendente direta do rei Sancho I de Aragão pois era trineta, por via masculina, de Fernão Guterrez de Castro.
    
Coroação póstuma de Inês de Castro - pintura de Pierre-Charles Comte (1849)
  
Morte
Depois de alguns anos no Norte de Portugal, Pedro e Inês tinham regressado a Coimbra e instalaram-se no Paço de Santa Clara. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a Rainha Santa Isabel, foi neste Paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de Reis e Príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas.
Havia boatos de que o Príncipe tinha se casado secretamente com D. Inês. Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia se casar livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D.ª Inês.
A 7 de janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e aproveitando a ausência de D. Pedro, numa excursão de caça, foi com Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte dos Amores da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado.
A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha D. Beatriz conseguiu intervir e fez selar a paz, em agosto de 1355.
D. Pedro tornou-se no oitavo rei de Portugal como D. Pedro I em 1357. Em junho de 1360 fez a declaração de Cantanhede, legitimando os filhos de Inês ao afirmar que se tinha casado secretamente com ela, em 1354, em Bragança, «em dia que não se lembrava». A palavra do rei, do seu capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.
De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o Reino de Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei no seu leito de morte.
D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em 1367. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na década de 80 do século XVIII os túmulos foram mudados para o recém construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em 1956 foram mudados para a sua atual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os túmulos, no século XVIII, foram colocados frente a frente, apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final». A tétrica cerimónia da coroação e do beija mão à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que tornar-se-ia numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, terá sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do século XVI.
   

sexta-feira, abril 08, 2022

El-Rei D. Pedro I nasceu há 702 anos

        
D. Pedro I de Portugal (Coimbra, 8 de abril de 1320 - Estremoz, 18 de janeiro de 1367) foi o oitavo Rei de Portugal. Recebeu os cognomes de O Justiceiro (e também O Cruel ou O Cru), pela energia posta em vingar o assassínio de Inês de Castro. Filho do Rei Afonso IV e da sua mulher, a Rainha D. Beatriz de Castela, Pedro I sucedeu ao seu pai em 1357.
    
  
 
 
(imagem daqui)
  
  

Alcobaça

   
  
Corpos feitos de pedra - para sempre
aqui
nesta nave de gelo e de sombra,
no incandescente sono a que chamamos
eternidade.

Quem desperta o teu rosto? Quem move
as tuas mãos no gesto com que iludes
a distância dos vivos? Não sabemos
morrer
e repetimos hoje o mesmo abraço
fiel à órbita dos astros
e a esta certeza de que fomos
e somos e seremos
um do outro.

É assim o amor - uma palavra
sonâmbula, uma bênção
que os séculos não apagam
sob as pequenas asas de alguns anjos
guardando e protegendo o nosso imenso
segredo.

Corpos feitos de pedra - ainda e sempre
aqui
até ao fim do mundo,
até ao fim.



in Pena Suspensa (2004) - Fernando Pinto do Amaral 

sexta-feira, janeiro 07, 2022

Inês de Castro foi assassinada há 667 anos

    
Inês de Castro (Reino da Galiza, circa 1320/1325 - Quinta das Lágrimas, Coimbra, 7 de janeiro de 1355) foi uma nobre galega, rainha de Portugal, amada pelo futuro rei D. Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos. Foi executada, por ordem do pai deste, o rei D. Afonso IV. Era descendente direta do rei Sancho I de Aragão pois era trineta, por via masculina, de Fernão Guterrez de Castro.
    
Coroação póstuma de Inês de Castro - pintura de Pierre-Charles Comte (1849)
  
Morte
Depois de alguns anos no Norte de Portugal, Pedro e Inês tinham regressado a Coimbra e instalaram-se no Paço de Santa Clara. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a Rainha Santa Isabel, foi neste Paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de Reis e Príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas.
Havia boatos de que o Príncipe tinha se casado secretamente com D. Inês. Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia se casar livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D.ª Inês.
A 7 de janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e aproveitando a ausência de D. Pedro, numa excursão de caça, foi com Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte dos Amores da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado.
A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha D. Beatriz conseguiu intervir e fez selar a paz, em agosto de 1355.
D. Pedro tornou-se no oitavo rei de Portugal como D. Pedro I em 1357. Em junho de 1360 fez a declaração de Cantanhede, legitimando os filhos de Inês ao afirmar que se tinha casado secretamente com ela, em 1354, em Bragança, «em dia que não se lembrava». A palavra do rei, do seu capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.
De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o Reino de Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei no seu leito de morte.
D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em 1367. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na década de 80 do século XVIII os túmulos foram mudados para o recém construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em 1956 foram mudados para a sua actual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os túmulos, no século XVIII, foram colocados frente a frente, apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final». A tétrica cerimónia da coroação e do beija mão à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que tornar-se-ia numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, terá sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do século XVI.
   

quinta-feira, abril 08, 2021

El-Rei D. Pedro I nasceu há 701 anos

   
D. Pedro I de Portugal (Coimbra, 8 de abril de 1320 - Estremoz, 18 de janeiro de 1367) foi o oitavo Rei de Portugal. Recebeu os cognomes de O Justiceiro (e também O Cruel ou O Cru), pela energia posta em vingar o assassínio de Inês de Castro. Filho do Rei Afonso IV e da sua mulher, a Rainha D. Beatriz de Castela, Pedro I sucedeu ao seu pai em 1357.
  
  
 
 
(imagem daqui)
  
  
Alcobaça

Corpos feitos de pedra - para sempre
aqui
nesta nave de gelo e de sombra,
no incandescente sono a que chamamos
eternidade.

Quem desperta o teu rosto? Quem move
as tuas mãos no gesto com que iludes
a distância dos vivos? Não sabemos
morrer
e repetimos hoje o mesmo abraço
fiel à órbita dos astros
e a esta certeza de que fomos
e somos e seremos
um do outro.

É assim o amor - uma palavra
sonâmbula, uma bênção
que os séculos não apagam
sob as pequenas asas de alguns anjos
guardando e protegendo o nosso imenso
segredo.

Corpos feitos de pedra - ainda e sempre
aqui
até ao fim do mundo,
até ao fim.



in Pena Suspensa (2004) - Fernando Pinto do Amaral 

quinta-feira, janeiro 07, 2021

Inês de Castro foi assassinada há 666 anos

    
Inês de Castro (Reino da Galiza, circa 1320/1325 - Quinta das Lágrimas, Coimbra, 7 de janeiro de 1355) foi uma nobre galega, rainha de Portugal, amada pelo futuro rei D. Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos. Foi executada, por ordem do pai deste, o rei D. Afonso IV. Era descendente direta do rei Sancho I de Aragão pois era trineta, por via masculina, de Fernão Guterrez de Castro.
    
Coroação póstuma de Inês de Castro - pintura de Pierre-Charles Comte (1849)
  
Morte
Depois de alguns anos no Norte de Portugal, Pedro e Inês tinham regressado a Coimbra e instalaram-se no Paço de Santa Clara. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a Rainha Santa Isabel, foi neste Paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de Reis e Príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas.
Havia boatos de que o Príncipe tinha se casado secretamente com D. Inês. Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia se casar livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D.ª Inês.
A 7 de janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e aproveitando a ausência de D. Pedro, numa excursão de caça, foi com Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte dos Amores da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado.
A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha D. Beatriz conseguiu intervir e fez selar a paz, em agosto de 1355.
D. Pedro tornou-se no oitavo rei de Portugal como D. Pedro I em 1357. Em junho de 1360 fez a declaração de Cantanhede, legitimando os filhos de Inês ao afirmar que se tinha casado secretamente com ela, em 1354, em Bragança, «em dia que não se lembrava». A palavra do rei, do seu capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.
De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o Reino de Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei no seu leito de morte.
D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em 1367. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na década de 80 do século XVIII os túmulos foram mudados para o recém construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em 1956 foram mudados para a sua actual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os túmulos, no século XVIII, foram colocados frente a frente, apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final». A tétrica cerimónia da coroação e do beija mão à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que tornar-se-ia numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, terá sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do século XVI.
   

terça-feira, janeiro 07, 2020

A que, depois de morta foi Rainha, foi assassinada há 665 anos

  
Inês de Castro (Reino da Galiza, circa 1320/1325 - Quinta das Lágrimas, Coimbra, 7 de janeiro de 1355) foi uma nobre galega, rainha de Portugal, amada pelo futuro rei D. Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos. Foi executada por ordem do pai deste, o rei D. Afonso IV. Era descendente direta do rei Sancho I de Aragão pois era trineta, por via masculina, de Fernão Guterrez de Castro.
  
Coroação póstuma de Inês de Castro - pintura de Pierre-Charles Comte (1849)
  
Morte
Depois de alguns anos no Norte de Portugal, Pedro e Inês tinham regressado a Coimbra e instalaram-se no Paço de Santa Clara. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a Rainha Santa Isabel, foi neste Paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de Reis e Príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas.
Havia boatos de que o Príncipe tinha se casado secretamente com D. Inês. Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia se casar livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D.ª Inês.
A 7 de janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e aproveitando a ausência de D. Pedro, numa excursão de caça, foi com Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte dos Amores da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado.
A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha D. Beatriz conseguiu intervir e fez selar a paz, em agosto de 1355.
D. Pedro tornou-se no oitavo rei de Portugal como D. Pedro I em 1357. Em junho de 1360 fez a declaração de Cantanhede, legitimando os filhos de Inês ao afirmar que se tinha casado secretamente com ela, em 1354, em Bragança, «em dia que não se lembrava». A palavra do rei, do seu capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.
De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o Reino de Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei no seu leito de morte.
D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em 1367. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na década de 80 do século XVIII os túmulos foram mudados para o recém construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em 1956 foram mudados para a sua actual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os túmulos, no século XVIII, foram colocados frente a frente, apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final». A tétrica cerimónia da coroação e do beija mão à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que tornar-se-ia numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, terá sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do século XVI.
  
  
(imagem daqui)
  
Nave de Alcobaça
  
Vazia, vertical, de pedra branca e fria,
longa de luz e linhas, do silêncio
a arcada sucessiva, madrugada
mortal da eternidade, vácuo puro
do espaço preenchido, pontiaguda
como se transparência cristalina
dos céus harmónicos, espessa, côncava
de rectas concreção, ar retirado
ao tremor último da carne viva,
pedra não-pedra que em pilar's se amarra
em feixes de brancura, geometria
do espírito provável, proporção
da essência tripartida, ideograma
da muda imensidão que se contrai
na perspectiva humana. Ambulatório
da expectação tranquila.
----------------------------- Nave e ceptro,
e sepulcral resíduo, tempestade
suspensa e transferida. Rosa e tempo.
Escada horizontal. Cilindro curvo.
Exemplo e manifesto. Paz e forma
do abstracto e do concreto.
----------------------------- Hierarquia
de uma outra vida sobre a terra. Gesto
de pedra branca e fria, sem limites
por dentro dos limites. Esperança
vazia e vertical. Humanidade.
    
  
Jorge de Sena
  
(imagem daqui)

quarta-feira, janeiro 07, 2015

A que, depois de morta, foi Rainha, foi assassinada há 660 anos

Inês de Castro (Reino da Galiza, circa 1320/1325 - Quinta das Lágrimas, Coimbra, 7 de janeiro de 1355) foi uma nobre galega, rainha de Portugal, amada pelo futuro rei D. Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos. Foi executada por ordem do pai deste, o rei D. Afonso IV. Era descendente direta do rei Sancho I de Aragão pois era trineta, por via masculina, de Fernão Guterrez de Castro.

Coroação póstuma de Inês de Castro - pintura de Pierre-Charles Comte (1849)

Morte
Depois de alguns anos no Norte de Portugal, Pedro e Inês tinham regressado a Coimbra e instalaram-se no Paço de Santa Clara. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a Rainha Santa Isabel, foi neste Paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de Reis e Príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas.
Havia boatos de que o Príncipe tinha se casado secretamente com D. Inês. Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia se casar livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D.ª Inês.
A 7 de janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e aproveitando a ausência de D. Pedro, numa excursão de caça, foi com Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte dos Amores da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado.
A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha D. Beatriz conseguiu intervir e fez selar a paz, em agosto de 1355.
D. Pedro tornou-se no oitavo rei de Portugal como D. Pedro I em 1357. Em junho de 1360 fez a declaração de Cantanhede, legitimando os filhos de Inês ao afirmar que se tinha casado secretamente com ela, em 1354, em Bragança, «em dia que não se lembrava». A palavra do rei, do seu capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.
De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o Reino de Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei no seu leito de morte.
D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em 1367. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na década de 80 do século XVIII os túmulos foram mudados para o recém construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em 1956 foram mudados para a sua actual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os túmulos, no século XVIII, foram colocados frente a frente, apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final». A tétrica cerimónia da coroação e do beija mão à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que tornar-se-ia numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, terá sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do século XVI.


(imagem daqui)

Nave de Alcobaça

Vazia, vertical, de pedra branca e fria,
longa de luz e linhas, do silêncio
a arcada sucessiva, madrugada
mortal da eternidade, vácuo puro
do espaço preenchido, pontiaguda
como se transparência cristalina
dos céus harmónicos, espessa, côncava
de rectas concreção, ar retirado
ao tremor último da carne viva,
pedra não-pedra que em pilar's se amarra
em feixes de brancura, geometria
do espírito provável, proporção
da essência tripartida, ideograma
da muda imensidão que se contrai
na perspectiva humana. Ambulatório
da expectação tranquila.
----------------------------- Nave e ceptro,
e sepulcral resíduo, tempestade
suspensa e transferida. Rosa e tempo.
Escada horizontal. Cilindro curvo.
Exemplo e manifesto. Paz e forma
do abstracto e do concreto.
----------------------------- Hierarquia
de uma outra vida sobre a terra. Gesto
de pedra branca e fria, sem limites
por dentro dos limites. Esperança
vazia e vertical. Humanidade.
Jorge de Sena

(imagem daqui)

sábado, abril 14, 2012

Ação de formação em Alcobaça - Geologia Sedimentar

 

Irá decorrer em Alcobaça, entre 25 de maio e 8 de junho de 2012, uma Ação de Formação intitulada Geologia Sedimentar – Conceitos, Processos e Produtos, organizada pelo Centro de Formação da Associação de Escolas de Alcobaça e Nazaré.
  
Esta é dada pelo Doutor Jorge Dinis, professor do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, tem como custo 80 euros e as sessões teóricas serão realizadas na Escola Secundária D.ª Inês de Castro Alcobaça (Rua Costa Veiga, 2460-028 ALCOBAÇA).


Documentos de apoio:

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Continua a procura de hidrcarbonetos na zona de Aljubarrota e Alcobaça

Empresa quer fazer ‘ecografia’ ao subsolo
Petróleo ou gás sob o Mosteiro de Alcobaça

Nesta fase, os trabalhos de prospecção estão a decorrer nas zonas de Aljubarrota e Alpedriz

A empresa norte-americana Mohave Oil & Gas Corporation, que está a fazer prospecção de petróleo e gás natural na região de Alcobaça, já tem autorização da autarquia local para fazer testes sísmicos a 500 metros do Mosteiro, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade. O avanço dos trabalhos está no entanto dependente de autorização do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR).

A Câmara de Alcobaça autorizou os trabalhos na cidade, com a salvaguarda de "haver uma área de protecção ao Mosteiro e ao centro histórico, autorizada pelo IGESPAR", revelou ontem o presidente, Paulo Inácio, adiantando que a operação se justifica "para bem da Nação". Os trabalhos deverão prolongar-se por uma semana e constam de "uma ‘ecografia' ao subsolo, para traçar a cartografia da sua superfície e identificar a existência de petróleo ou gás natural", explicou ao Correio da Manhã Rui Vieira, geólogo da Mohave Oil & Gas.

Actualmente, os trabalhos decorrem nas zonas de Aljubarrota e Alpedriz, que estão a ser alvo de "varrimentos" para detectar indícios de existência de petróleo ou gás natural, de forma a depois serem feitas sondagens que permitam avaliar a qualidade da jazida e a rentabilidade da sua exploração.

O projecto global da petrolífera já está cumprido a trinta por cento, e envolve a colocação, ao longo de 160 quilómetros quadrados, de 8500 estações de emissão e dez mil de recepção da informação do sinal sísmico gerado por máquinas que fazem vibrar o solo. "É uma grande agitação de máquinas", conta Américo Ribeiro, morador em Alpedriz. "Não sei se seria bom encontrarem alguma coisa. É uma localidade muito tranquila, a população não ia gostar de muito barulho com as movimentações, mas também podia ser bom para a economia."

As equipas que fazem os testes sísmicos são acompanhadas por militares da GNR, que garantem a realização dos trabalhos em segurança e sem condicionar o trânsito.

PROPRIETÁRIOS DOS TERRENOS TÊM COLABORADO

"Começámos por pedir permissão a todos os proprietários de terrenos onde temos de colocar as caixas para onde é transmitida a informação destas vibrações. Os ‘vibradores' têm placas que encostam ao chão quatro vezes, 12 segundos cada, a terra treme e a informação é recolhida. Tudo é registado, medido e monitorizado, para o caso de haver reclamações", disse ontem uma fonte ligada às operações, adiantando que tem havido boa colaboração dos proprietários, que se mostram "interessados" no projecto. 

in CM - ler notícia