José Maria Ferreira de Castro (Ossela, Oliveira de Azeméis, 24 de maio de 1898 - Porto, 29 de junho de 1974) foi um escritor português.
Com o seu nome existem uma biblioteca e uma escola secundária, em Oliveira de Azeméis, e uma escola secundária e um museu, em Sintra.
Biografia
Filho mais velho de José Eustáquio Ferreira de Castro e de Maria Rosa
Soares de Castro. Aos 8 anos ficou órfão de pai, um camponês pobre e
decide, aos 12 anos, emigrar com a intenção de sustentar a família. A 7
de Janeiro de 1911 embarcou no vapor "Jerôme" com destino a Belém do Pará, no Brasil. Ali viria a publicar o seu primeiro romance, Criminoso por ambição, em 1916.
Durante quatro anos viveu no seringal Paraíso, em plena floresta amazónica,
junto à margem do rio Madeira. Depois de partir do seringal Paraíso,
viveu em precárias condições, tendo de recorrer a trabalhos como colar
cartazes, embarcadiço em navios do Amazonas, etc.
Mais tarde, em Portugal, foi redator do jornal O Século, do jornal A Batalha, diretor do jornal O Diabo e colaborador das revistas O domingo ilustrado (1925-1927), Renovação (1925-1926) e Ilustração
(iniciada em 1926). Ao serviço do jornal de Pereira da Rosa, assinou
crónicas vibrantes, como o dia em que se deixou prender no Limoeiro para
testemunhar a vida dos reclusos nas cadeias portuguesas ou a sua
entrevista exclusiva em Dublin com Eamon de Valera, líder do Sinn Fein
em 1930.
Em 1930 publica A Selva,
a obra que o tornaria um escritor de dimensão internacional, inclusive
candidato ao Prémio Nobel. O livro recebe críticas positivas no The New York Times
e abre-lhe caminho em Hollywood e possibilita-lhe o ingresso no Pen
Clube francês. Nessa altura perde tragicamente a esposa, Diana de Liz, a
quem dedicou o livro.
Após o falecimento da esposa, Ferreira de Castro partiu para Inglaterra de barco, na companhia do escritor Assis Esperança. Fica doente, com septicemia, mas é tratado pelo médico e historiador de arte Reynaldo dos Santos.
Em consequência do estado de luto, em dezembro de 1931 Ferreira de
Castro tenta o suicídio sem sucesso. Para convalescer parte para a
Madeira, onde escreve o romance Eternidade (1933), cujo tema é a obsessão pela morte.
Ferreira de Castro ordenou a transladação dos ossos da esposa Diana e erigiu-lhe um mausoléu.
Faleceu em 1974, pouco depois do 25 de abril, tendo chegado a desfilar no 1º de maio, Dia do Trabalhador. Encontra-se enterrado em Sintra, por sua expressa vontade.
Foi
casado com Diana de Liz, escritora, defensora da emancipação feminina,
que morreu em 1930 de causas desconhecidas. Voltou a casar-se com Elena
Muriel, pintora espanhola refugiada no Estoril. Com ela viveu 40 anos e
teve uma filha, Elsa Beatriz.
Emigrante,
homem do jornalismo, mas sobretudo ficcionista, é hoje em dia, ainda,
um dos autores com maior obra traduzida em todo o mundo, podendo-se
incluir a sua obra na categoria de literatura universal moderna,
precursora do neorrealismo, de escrita caracteristicamente identificada
com a intervenção social e ideológica.
A exemplo da sua ainda grande atualidade pode referir-se a recente adaptação ao cinema, com muito sucesso, da sua obra A Selva.