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segunda-feira, novembro 11, 2024

O cisma do Ocidente da Igreja Católica terminou há 607 anos

   
O Concílio de Constança, realizado entre 1414 e 1418 em Constança, foi o 16º concílio ecuménico da Igreja Católica. O seu principal objetivo foi acabar com o cisma papal que tinha resultado do Papado de Avinhão, ou "a captividade babilónica da Igreja", como também é conhecido (um termo cunhado por Martinho Lutero).
Quando o concílio foi convocado, havia três papas, todos clamando legitimidade. Alguns anos antes, em um dos primeiros golpes que afetaram o movimento conciliador, os bispos do concílio de Pisa tinham deposto ambos os papas anteriores e eleito um terceiro papa, argumentando que, em tal situação, um concílio de bispos tem mais autoridade do que um Papa. Isto apenas contribuiu para agravar o cisma.
Com o apoio de Sigismundo, Sacro Imperador Romano, o concílio de Constança recomendou que todos os três papas abdicassem e que um outro fosse escolhido.
   
(...)
   
O concílio também tentou iniciar reformas eclesiásticas. Foi mais tarde declarado que um concílio de bispos não tem maior influência do que o Papa.
Em 1415 o concílio depôs os papas rivais Bento XIII e João XXIII, Gregório XII antes de ser deposto abdicou em 4 de junho. Mais tarde, em 1417, fora eleito Otto de Colonna como Papa Martinho V (1417-1431), dando fim ao Grande Cisma Papal do Ocidente.
  
   
 
   
Martinho V, nascido Oddone Colonna (Genazzano, 1365/1368 - Perúgia ou Roma, 20 ou 21 de fevereiro de 1431, Papa entre 1417 e 1431) foi o Papa com o qual terminou o longo cisma do Ocidente da Igreja.

Filho de Agapito Colonna, Senhor de Genazzano, Capranica Prenestina, San Vito e Ciciliano desde 1374, falecido depois de 23 de maio de 1398, e da sua mulher Caterina Conti, foi Protonotário Apostólico e Cardeal com o título de San Giorgio al Velabro desde 12 de junho de 1405. Papa, com nome de Martinho V, desde 11 de novembro de 1417, foi consagrado em Constança a 21 de novembro de 1417.
Eleito de harmonia com os cânones do Concílio de Constança, ficou condicionado pelas respetivas conclusões, em contraste com os seus desígnios de soberania pontifícia não colegial. 
  
   

segunda-feira, outubro 28, 2024

A Igreja Católica escolheu São João XXIII como Papa há sessenta e seis anos


            
O Papa João XXIII, ou São João XXIII pp, nascido Angelo Giuseppe Roncalli (Sotto Il Monte, 25 de novembro de 1881 - Vaticano, 3 de junho de 1963) foi Papa de 28 de outubro de 1958 até à sua morte. Pertencia à Ordem Franciscana Secular e escolheu como lema papal: Obediência e Paz.
Sendo um sacerdote católico desde 1904, iniciou a sua vida sacerdotal em Itália, onde foi secretário particular do bispo de Bérgamo D. Giacomo Radini-Tedeschi (1905-1914), professor do Seminário de Bérgamo e estudioso da vida e obra de São Carlos Borromeu, capelão militar do Exército italiano durante a Primeira Guerra Mundial e presidente italiano do "Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé" (1921-1925). Em 1925, sendo já um arcebispo-titular, iniciou-se a sua longa carreira diplomática, onde o levou à Bulgária como visitador apostólico (1925-1935), à Grécia e Turquia como delegado apostólico (1935-1944) e à França como núncio apostólico (1944-1953). Em todos estes países, ele destacou-se pela sua enorme capacidade conciliadora, pela sua maneira simples e sincera de diálogo, pelo seu empenho ecuménico e pela sua bondade corajosa em salvar judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1953, foi nomeado cardeal e Patriarca de Veneza.
Foi eleito Papa no dia 28 de outubro de 1958. Considerado inicialmente um Papa de transição, depois do longo pontificado de Pio XII, convocou, para surpresa de muitos, o Concílio Vaticano II, que visava a renovação da Igreja e à formulação de uma nova forma de explicar pastoralmente a doutrina católica ao mundo moderno. No seu curto pontificado de cinco anos escreveu oito encíclicas, sendo as principais a Mater et Magistra (Mãe e Mestra) e a Pacem in Terris (Paz na Terra).
Devido à sua bondade, simpatia, sorriso, jovialidade e simplicidade, João XXIII era aclamado e elogiado mundialmente como o "Papa bom" ou o "Papa da bondade". Mas, mesmo assim, vários grupos minoritários de católicos tradicionalistas acusavam-no de ser maçom, radical esquerdista e herege modernista, por ter convocado o Concílio Vaticano II e promovido a liberdade religiosa e o ecumenismo. Foi declarado Beato pelo Papa João Paulo II, no dia 3 de setembro de 2000. É considerado o patrono dos delegados pontifícios e a sua festa litúrgica é celebrada no dia 11 de outubro, tendo sido canonizado a 27 de abril de 2014, domingo da Divina Misericórdia, juntamente com o também Papa João Paulo II. A missa de canonização foi presidida pelo Papa Francisco e concelebrada pelo Papa Emérito Bento XVI.
   
  OBŒDIENTIA ET PAX
 
       
in Wikipédia

quinta-feira, outubro 17, 2024

João Paulo I, o Papa do Sorriso, nasceu há 112 anos...


O Papa João Paulo I, nascido Albino Luciani (Forno di Canale, 17 de outubro de 1912 - Vaticano, 28 de setembro de 1978) e oriundo de família humilde, foi Papa da Igreja Católica. Governou a Santa Sé durante cerca de um mês, entre 26 de agosto de 1978 até à data da sua morte. Tornou-se rapidamente conhecido na Cúria Romana pelo apelido de "Papa do Sorriso", pela sua afabilidade.
Foi o primeiro Papa, desde Clemente V, a recusar uma coroação formal, cerimónia não oficialmente abolida, ficando a cargo do eleito escolher como quer iniciar seu pontificado. Contudo, desde então, os papas eleitos têm optado por uma cerimónia de "início do pontificado", com a respetiva entronização e o juramento de fidelidade. Não aceitava ser carregado numa liteira como os outros papas, por uma questão de humildade. Também foi pioneiro ao adotar um nome papal duplo.
Antes de ser Papa, Luciani foi Patriarca de Veneza e não tinha ambição alguma, nunca tendo sonhado em ser papa. Foi o primeiro Papa a nascer no século XX. O seu nome papal duplo foi uma homenagem aos seus dois antecessores, Paulo VI e João XXIII.
   
  
Albino Luciani nasceu na província de Belluno, norte da Itália. O seu nome de batismo fora uma homenagem a um amigo da família, que morrera numa explosão numa mina de carvão na Alemanha. De origem humilde, viu o seu pai, chamado Giovanni, que era socialista, ser inúmeras vezes forçado a buscar trabalho em outros países, por ocasião da Primeira Guerra Mundial. A sua mãe, Bertola, católica fervorosa, incentivou-o a seguir a formação religiosa, no que foi bem sucedida: Albino foi ordenado padre em 1935, assumindo a posição paroquial que tanto desejara.
Embora, segundo consta, embora não tivesse grande ambições, foi nomeado bispo pelo João XXIII e cardeal pelo Paulo VI, com o título de São Marcos. Esteve presente no Concílio Vaticano II, convocado em 1962 por João XXIII. Albino Luciani era o Patriarca de Veneza quando, com 65 anos, foi eleito Papa, em 26 de agosto de 1978, na terceira votação do conclave que se seguiu à morte do Papa Paulo VI, superando o cardeal considerado "ultraconservador" Giuseppe Siri - favorito ao trono de São Pedro, de acordo com a imprensa - por 99 votos a 11. Segundo conta-se, a princípio, um atónito Luciani teria declinado aceitar o pontificado, mas fora persuadido do contrário pelo cardeal holandês Johannes Willebrands, que estava sentado a seu lado na Capela Sistina. Para isso, ter-lhe-ia dito: "Coragem. O Senhor dá o fardo, mas também a força para carregá-lo".
Escolheu o nome de João Paulo (Ioannes Paulus, pela grafia em latim) para homenagear os seus antecessores, João XXIII e Paulo VI. Morreu na madrugada de 28 de setembro de 1978, entre as 23.30 e 04.30 horas da manhã, no Palácio Apostólico do Vaticano. Na época do conclave, o cardeal britânico Basil Hume, um de seus eleitores, chamou João Paulo I de "o candidato de Deus". A figura de João Paulo I na Igreja Católica sempre foi a de um papa afável, tendo, por isso, recebido a alcunha de "O Papa do Sorriso".
Reza uma lenda que João Paulo I teria feito uma premonição sobre sua morte, ao afirmar a conhecidos que "alguém mais forte que eu, e que merece estar neste lugar, estava sentado à minha frente durante o conclave". Um cardeal presente na ocasião – que preferiu escudar-se no anonimato – confirmou que esse homem era, de facto, o polaco Karol Wojtyla. "Ele virá, porque eu me vou", prosseguiu o "Papa Breve". Curiosamente, Wojtyla realmente votara em Luciani naquele conclave e logo depois veio a se tornar João Paulo II. Por outro lado, o que há de concreto é que João Paulo I teria falado da sua morte, um dia antes dela ocorrer, ao Bispo John Magee.

Morte
Embora João Paulo I tenha sido encontrado morto por uma freira que trabalhava para ele e o acordava havia muitos anos, a versão oficial divulgada pelo Vaticano, contudo, diz que o corpo de João Paulo I teria sido encontrado pelo padre Diego Lorenzi, um de seus secretários, enunciando a morte como "possivelmente associada com enfarte do miocárdio". Para alguns, João Paulo I teria sido vítima das terríveis pressões características de seu cargo, e que, não as tendo suportado, veio a perecer. A citada freira, após a morte deste, fez voto de silêncio.
Outra hipótese levantada foi a de que o Papa "Sorriso de Deus" teria sido vítima de embolia pulmonar. De qualquer maneira, a sua morte provocou enorme consternação entre os católicos; mesmo sob chuva torrencial, a Praça de São Pedro esteve totalmente lotada quando de seus serviços funerais. Em sua homenagem, o seu sucessor adotaria o seu nome papal ao ser eleito, em 16 de outubro de 1978.

Encontro com a Irmã Lúcia
A revista italiana 30 Giorni revela, com base em declarações de um dos quatro irmãos de João Paulo I, que a Irmã Lúcia, durante a visita que o então Patriarca de Veneza lhe fez no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, sempre o tratou por "Santo Padre". O Cardeal Luciani fica impressionado e pergunta: "Porquê?", ao que a Irmã responde: "Vossa Eminência um dia será eleito Papa". E ele disse: "Sabe-se lá, irmã…", e a Irmã retorquiu: "Será sim, mas o seu pontificado será muito breve".
 
Beatificação
O caminho para a beatificação de João Paulo I foi iniciado em outubro de 2021 pelo papa Francisco, ao autorizar a promulgação do decreto referente a um milagre atribuído à intercessão de Luciani, proclamando-o bem-aventurado, em data a ser fixada pela Santa Sé. O milagre atribuído teria sido a cura "cientificamente inexplicável" em 2011, de uma menina argentina de onze anos, que tinha uma grave doença cerebral. Em 4 de setembro de 2022 foi beatificado, pelo próprio Papa Francisco, na Praça de São Pedro.

quarta-feira, outubro 09, 2024

O Papa Pio XII morreu há 66 anos...


Papa Pio XII
(em italiano: Pio XII, em latim: Pius PP. XII; O.P., nascido Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli; Roma, 2 de março de 1876 - Castelgandolfo, 9 de outubro de 1958) foi eleito Papa no dia 2 de março de 1939 até à data da sua morte. Foi o primeiro Papa romano desde 1724.
Foi o único Papa do século XX a exercer o Magistério Extraordinário da Infalibilidade papal – invocado por Pio IX – quando definiu o dogma da Assunção de Maria em 1950, na sua encíclica Munificentissimus Deus. A sua ação durante a Segunda Guerra Mundial tem sido alvo de debate e polémica devido a sua posição papal de imparcialidade, com relação ao conflito. Ao todo criou 57 cardeais em dois consistórios.

  

Opus iustitiae pax

 

Provas escritas de ordem direta de Pio XII para proteger os judeus foram encontradas no Memorial das Religiosas Agustinas do mosteiro romano "Dei Santissimi Quattro Coronati" onde se lê: "O Santo Padre quer salvar os seus filhos, também os Judeus, e ordena que em todos os Mosteiros se dê hospitalidade a estes perseguidos". A anotação é de novembro de 1943 e inclui a lista de 24 pessoas acolhidas neste Mosteiro como adesão ao desejo do Sumo Pontífice.
A Pave the Way Foundation, uma fundação que se dedica à promoção da paz no mundo por meio do diálogo interreligioso, liderada pelo judeu Gary Lewis Krupp comunicou, em setembro de 2009, ao Papa Bento XVI uma iniciativa que busca dar a Pio XII o título de "Justo entre as Nações" – o que seria equivalente ao reconhecimento que faz a Igreja Católica dos santos - e assim colocar o seu nome no elenco do conhecido jardim dos justos no Yad Vashem de Jerusalém.

   

 


COMO DE VÓS...
À memória do Papa Pio XII que quis ouvir, moribundo, o “Allegretto” da Sétima Sinfonia de Beethoven.


Como de Vós, meu Deus, me fio em tudo,
mesmo no mal que consentis que eu faça,
por ser-Vos indiferente, ou não ser mal,
ou ser convosco um bem que eu não conheço,

importa pouco ou nada que em Vós creia,
que Vos invente ou não a fé que eu tenha,
que a própria fé não prove que existis,
ou que existir não seja a Vossa essência.

Não de existir sois feito, e também não
de ser pensado por quem só confia
em quem lhe fale, em quem o escute ou veja.
 
Humildemente sei que em Vós confio,
e mesmo isto o sei pouco ou quase esqueço,
pois que de Vós, meu Deus, me fio em tudo.


11.10.1958
 

 


in Fidelidade (1958) - Jorge de Sena

sábado, setembro 28, 2024

O Papa João Paulo I morreu há 45 anos...

   

João Paulo I, nascido Albino Luciani (Forno di Canale, 17 de outubro de 1912Vaticano, 28 de setembro de 1978) e oriundo de família humilde, foi Papa da Igreja Católica. Governou a Santa Sé durante apenas 33 dias, entre 26 de agosto de 1978 até a data da sua morte. Tornou-se rapidamente conhecido na Cúria Romana pela alcunha de "Papa do Sorriso", pela sua afabilidade. Foi proclamado venerável na sessão ordinária da Congregação para a Causa dos Santos no dia 7 de novembro de 2017 sendo a última etapa antes da beatificação. Foi beatificado, no dia 4 de setembro de 2022, pelo Papa Francisco, na Praça de São Pedro.

Foi o primeiro Papa desde Clemente V a recusar uma coroação formal, cerimónia não oficialmente abolida, ficando a cargo do eleito escolher como quer iniciar o seu pontificado. Contudo, desde então, os papas eleitos têm optado por uma cerimónia de "início do pontificado", com a respetiva entronização e o juramento de fidelidade. Não aceitava ser carregado numa liteira como os outros papas, por uma questão de humildade. Também foi pioneiro ao adotar um nome papal duplo. Foi, também, o último papa italiano.

Antes de ser Papa, Luciani foi Patriarca de Veneza e não tinha ambição alguma, nunca tendo sonhado em ser papa. Foi o primeiro Papa a nascer no século XX. O seu nome papal duplo foi uma homenagem aos seus dois antecessores, Paulo VI e João XXIII.

O Papa Francisco reconheceu, em 13 de outubro de 2021, um milagre atribuído à sua intercessão, sendo beatificado em 4 de setembro de 2022.


HVMILITAS
Lema e Brasão do Papa João Paulo I
     

quinta-feira, setembro 26, 2024

O Papa Paulo VI nasceu há 127 anos

  
O Papa Paulo VI, nascido Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini (Concesio, 26 de setembro de 1897Castelgandolfo, 6 de agosto de 1978) foi o Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana e Soberano da Cidade do Vaticano de 21 de junho de 1963 até à sua morte. Sucedeu ao Papa São João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II, e decidiu continuar os trabalhos do seu predecessor. Promoveu melhorias nas relações ecuménicas com os Ortodoxos, Anglicanos e Protestantes, o que resultou em diversos encontros e acordos históricos.
    
 
In Nomine Domini

Brasão do Papa Paulo VI
 
Paulo VI faleceu em 6 de agosto de 1978, na Festa da Transfiguração. O processo diocesano para a beatificação de Paulo VI iniciou-se em 11 de maio de 1993. Foi beatificado em 19 de outubro de 2014 e canonizado em 14 de outubro de 2018, pelo Papa Francisco.       
   

sexta-feira, setembro 13, 2024

O português João XXI foi eleito Papa há 748 anos

      

João XXI, nascido Pedro Julião Rebolo e mais conhecido como Pedro Hispano, (Lisboa, 1215 - Viterbo, 20 de maio de 1277) foi Papa desde 20 de setembro de 1276 até à data da sua morte, tendo sido também um famoso médico, filósofo, teólogo, professor e matemático português do século XIII.

Adotou sucessivamente os nomes de Pedro Julião como nome de batismo, Pedro Hispano como académico e João XXI como pontífice.

Alguns autores indicam como data de nascimento o ano de 1205, outros que foi antes de 1210, possivelmente em 1205 ou 1207 e outros ainda entre 1210 e 1220.
 
A eleição de Pedro Julião, em conclave realizado em Viterbo, após a morte do Papa Adriano V, a 18 de agosto de 1276, decorre num período muito perturbado por tensões políticas e religiosas e com alguns cardeais a sofrer violências físicas. É eleito Papa a 13 de setembro e coroado a 20 de setembro de 1276, e adota o nome de João XXI.
 
Pedro Julião, ou Pedro Hispano, nasce em Lisboa, no então Reino de Portugal, provavelmente na que é a atual freguesia de São Julião, em data não conhecida, mas seguramente antes de 1226, filho de Julião Rebelo, médico, cuja profissão segue, e de Teresa Gil (embora Luís Ribeiro Soares defenda que possa ter sido filho do chanceler de D. Sancho I, Mestre Julião Pais).
Começou os seus estudos na escola episcopal da catedral de Lisboa, tendo mais tarde estudado na Universidade de Paris (alguns historiadores afirmam que terá sido na Universidade de Montpellier) com mestres notáveis, como São Alberto Magno, e tendo por condiscípulos São Tomás de Aquino e São Boaventura, grandes nomes do cristianismo. Lá estuda medicina e teologia, dedicando especial atenção a palestras de dialética, lógica e sobretudo a física e metafísica de Aristóteles.
Entre 1246 e 1252 ensinou medicina na Universidade de Siena, onde escreveu algumas obras, de entre as quais se destaca o Tratado Summulæ Logicales que foi o manual de referência sobre lógica aristotélica durante mais de trezentos anos, nas universidades europeias, com 260 edições em toda a Europa, traduzido para grego e hebraico.
Prova da sua vastíssima cultura científica encontra-se na obra De oculo, um tratado de Oftalmologia, que conhece ampla difusão nas universidades europeias. Quando Miguel Ângelo adoece gravemente dos olhos, devido ao árduo labor consumido na decoração da Capela Sistina, encontra remédio numa receita de Pedro Julião. De sua autoria, o ‘Thesaurus Pauperum’ (Tesouro dos pobres), em que trata de várias doenças e suas curas, com cerca de uma centena de edições e traduzido para 12 línguas.
Já no domínio da Teologia, é autor de Comentários ao pseudo-Dionísio e Scientia libri de anima. Encontra-se por publicar a obra De tuenda valetudine, manuscrita em Paris, dedicada a Branca de Castela, esposa do rei Luís VIII de França, filha de Afonso IX de Castela.
Antes de 1261, ano em que é eleito decano da Sé de Lisboa, Pedro Julião ingressa no sacerdócio. O rei Afonso III de Portugal confia-lhe o priorado da Igreja de Santo André (Mafra) em 1263, posto o que é elevado a cónego e deão da Sé de Lisboa, Tesoureiro-mor na Sé do Porto e Dom Prior na Colegiada Real de Santa Maria de Guimarães.

Após a morte de Dom Martinho Geraldes, Pedro Julião é nomeado Arcebispo de Braga pelo Papa Gregório X, em 1273. Um ano depois, participa no XIV Concílio Ecuménico de Lião, altura em que Gregório X o eleva a Cardeal-bispo com o título de Tusculum-Frascati, da Diocese suburbicária de Frascati, o que permite ao pontífice poder contar com os serviços médicos do sábio português. Regressa ao Arcebispado de Braga, até ser nomeado o sucessor, Dom Sancho. De volta à corte pontifícia, Gregório X nomeia-o seu médico principal (arquiathros) em 1275.
A eleição de Pedro Julião, em conclave realizado em Viterbo, após a morte do Papa Adriano V, a 18 de agosto de 1276, decorre num período muito perturbado por tensões políticas e religiosas e com alguns cardeais a sofrer violências físicas. É eleito Papa a 13 de setembro e coroado a 20 de setembro de 1276, e adota o nome de João XXI.


Brasão de armas do Papa João XXI
 
João XXI irá marcar o seu breve pontificado (de pouco mais de 8 meses) pela fidelidade ao XIV Concílio Ecuménico de Lião. Apressa-se a mandar castigar, em tribunal criado para o efeito, os que haviam molestado os cardeais presentes no conclave que o elegera.
Embora sem grande sucesso, leva por diante a missão encetada por Gregório X de reunir a Igreja Grega à Igreja do Ocidente. Esforça-se por libertar a Terra Santa em poder dos turcos.
Tenta reconciliar grandes nações europeias, como França, Alemanha e Castela, dentro do espírito da unidade cristã. Neste sentido, envia legados a Rodolfo de Habsburgo e a Carlos de Anjou, sem sucesso.
Pontífice dotado de rara simplicidade, recebe em audiência tanto os ricos como os pobres. Dante Alighieri, poeta italiano (1265-1321), na sua famosa ‘Divina Comédia’, coloca a alma de João XXI no Paraíso, entre as almas que rodeiam a alma de São Boaventura, apelidando-o de "aquele que brilha em doze livros", menção clara a doze tratados escritos pelo erudito pontífice português. O rei castelhano Afonso X de Leão e Castela, o Sábio, avô de D. Dinis de Portugal, elogia-o em forma de canção no "Paraíso", canto XII. Mecenas de artistas e estudantes, é tido na sua época por 'egrégio varão de letras', 'grande filósofo', 'clérigo universal' e 'completo cientista físico e naturalista'.
Mais dado ao estudo que às tarefas pontifícias, João XXI delega no Cardeal Orsini, o futuro Papa Nicolau III, os assuntos correntes da Sé Apostólica. Ao sentir-se doente, retira-se para a cidade de Viterbo, onde morre a 20 de maio de 1277, com 51 anos, vitimado pelo desmoronamento das paredes do seu aposento, estando o palácio apostólico em obras. É sepultado junto do altar-mor da Catedral de São Lourenço, naquela cidade. No século XVI, durante os trabalhos de reconstrução do templo, os seus restos mortais são trasladados para modesto e ignorado túmulo, mas nem aqui encontraram repouso definitivo. Através do contributo da Câmara Municipal de Lisboa, por João Soares, então seu presidente, o mausoléu é colocado, a título definitivo, ao lado do Evangelho de Catedral de Viterbo, a 28 de março de 2000
     

terça-feira, setembro 03, 2024

São Gregório Magno foi eleito Papa há 1434 anos

São Gregório, por Francisco de Zurbarán
   
Papa Gregório I (em latim: Gregorius I), O.S.B., conhecido como Gregório Magno ou Gregório, o Grande, foi papa entre 3 de setembro de 590 e a sua morte, a 12 de março de 604, sendo conhecido principalmente pelas suas obras, mais numerosas que as de seus predecessores. Gregório é também conhecido como Gregório, o Dialogador, na Ortodoxia, por causa de seus "Diálogos" e é por isso que seu nome aparece em algumas obras listado como "Gregório Dialogus". Foi o primeiro papa a ter sido monge (da Ordem de São Bento ou Ordem Beneditina) antes do pontificado.
Gregório é reconhecido como um Doutor da Igreja e um dos Padres latinos. É também venerado como santo por católicos, ortodoxos, anglicanos e alguns luteranos. Foi canonizado assim que morreu, por aclamação popular, como era o costume. O reformador protestante João Calvino admirava Gregório e declarou nos seus "Institutos" que ele teria sido o "último bom papa".
    
 (...)
   
A principal forma de cantochão ocidental, padronizada no final do século IX, é creditada ao papa Gregório Magno e, por isso, recebeu o nome de "canto gregoriano". Esta atribuição remonta à hagiografia de Gregório escrita por João, o Diácono, em 873, quase três séculos depois de sua morte, segundo a qual o canto que leva seu nome "é o resultado da fusão de elementos romanos e francos ocorrida durante o império franco-germânico controlado por Pepino, Carlos Magno e seus sucessores"
  

 


segunda-feira, agosto 26, 2024

O breve Papa do Sorriso foi eleito há 46 anos...


O Papa João Paulo I, nascido Albino Luciani (Forno di Canale, 17 de outubro de 1912 - Vaticano, 28 de setembro de 1978) e oriundo de família humilde, foi Papa da Igreja Católica. Governou a Santa Sé durante cerca de um mês, entre 26 de agosto de 1978 até à data da sua morte. Tornou-se rapidamente conhecido na Cúria Romana pelo nome de "Papa do Sorriso", pela sua afabilidade. Foi proclamado Venerável na sessão ordinária da Congregação para a Causa dos Santos no dia 7 de novembro de 2017, sendo esta a última etapa antes da beatificação.
Foi o primeiro Papa desde Clemente V a recusar uma coroação formal, cerimónia não oficialmente abolida, ficando a cargo do eleito escolher como queria iniciar seu pontificado. Contudo, desde então, os papas eleitos têm optado por uma cerimónia de "início do pontificado", com a respetiva entronização e o juramento de fidelidade. Não aceitava ser carregado em uma liteira como os outros papas, por uma questão de humildade. Também foi pioneiro ao adotar um nome papal duplo.
Antes de ser Papa, Luciani foi Patriarca de Veneza e não tinha ambições, nunca tendo sonhado sequer em ser papa. Foi o primeiro Papa a nascer no século XX e o seu nome papal duplo foi uma homenagem aos seus dois antecessores, Paulo VI e João XXIII.
Albino Luciani nasceu na província de Belluno, norte da Itália. O seu nome de batismo fora uma homenagem a um amigo da família, que morrera numa explosão numa mina de carvão na Alemanha. De origem humilde, viu o seu pai, chamado Giovanni, que era socialista, ser inúmeras vezes forçado a buscar trabalho noutros países, por ocasião da Primeira Guerra Mundial. A sua mãe, Bertola, católica fervorosa, incentivou-o a seguir a formação religiosa. No que foi bem sucedida: Albino foi ordenado padre em 1935, assumindo a posição paroquial que tanto desejara.
Embora, segundo consta, não tivesse grande ambições, foi nomeado bispo pelo Papa João XXIII e cardeal pelo Papa Paulo VI, com o título de São Marcos. Esteve presente no Concílio Vaticano II, convocado em 1962 por João XXIII. Albino Luciani era o Patriarca de Veneza quando, com 65 anos, foi eleito Papa, em 26 de agosto de 1978, na terceira votação do conclave que se seguiu à morte do Papa Paulo VI, superando o cardeal considerado "ultraconservador" Giuseppe Siri - favorito ao trono de São Pedro, de acordo com a imprensa - por 99 votos a 11. Segundo se conta, a princípio, um atónito Luciani teria declinado de aceitar o pontificado, mas fora persuadido do contrário pelo cardeal holandês Johannes Willebrands, que estava sentado a seu lado na Capela Sistina. Para isso, ter-lhe-ia dito: "Coragem. O Senhor dá o fardo, mas também a força para carregá-lo".
Escolheu o nome de João Paulo (Ioannes Paulus, pela grafia em latim) para homenagear os seus antecessores, João XXIII e Paulo VI. Morreu na madrugada de 28 de setembro de 1978, entre as 23.30 e 04.30 horas da manhã, no Palácio Apostólico do Vaticano. Na época do conclave, o cardeal britânico Basil Hume, um de seus eleitores, chamou João Paulo I de "o candidato de Deus". A figura de João Paulo I na Igreja Católica sempre foi a de um papa afável, tendo, por isso, recebido a alcunha de "O Papa do Sorriso".
Reza uma lenda que João Paulo I teria feito uma premonição sobre a sua morte, ao afirmar a conhecidos que "alguém mais forte que eu, e que merece estar neste lugar, estava sentado à minha frente durante o conclave". Um cardeal presente na ocasião - que preferiu escudar-se no anonimato - confirmou que esse homem era, de facto, o polaco Karol Wojtyla. "Ele virá, porque eu irei", prosseguiu o "Papa Breve". Curiosamente, Wojtyla realmente votara em Luciani naquele conclave e logo depois veio a tornar-se João Paulo II. Por outro lado, o que há de concreto é que João Paulo I teria falado da sua morte um dia antes dela ao Bispo John Magee.
 
HVMILITAS
Brasão papal de João Paulo I
   
Embora João Paulo I tenha sido encontrado morto por uma freira que trabalhava para ele há muitos anos e o acordava sempre, a versão oficial divulgada pelo Vaticano, contudo, diz que o corpo de João Paulo I teria sido encontrado pelo padre Diego Lorenzi, um de seus secretários, enunciando a morte como "possivelmente associada com enfarte do miocárdio". Para alguns, João Paulo I teria sido vítima das terríveis pressões características de seu cargo, e que não as tendo suportado, veio a perecer. A citada freira, após a morte deste, fez voto de silêncio.
Outra hipótese levantada foi a de que o Papa "Sorriso de Deus" teria sido vítima de embolia pulmonar. De qualquer maneira, a sua morte provocou enorme consternação entre os católicos; mesmo sob chuva torrencial, a Praça de São Pedro esteve totalmente lotada quando de seus serviços funerais. Em sua homenagem, o seu sucessor (João Paulo II) adotaria o seu nome papal ao ser eleito, em 16 de outubro de 1978.
     
O momento da sua morte, apenas um mês depois de sua eleição para o papado, e alegadas dificuldades do Vaticano com os procedimentos cerimoniais e legais, juntamente com declarações inconsistentes feitas após a morte, fomentaram várias teorias da conspiração. O autor britânico David Yallop escreveu extensivamente sobre crimes não resolvidos e teorias da conspiração, e no seu livro de 1984 In God's Name sugeriu que João Paulo I morreu porque estava prestes a descobrir escândalos financeiros supostamente envolvendo o Vaticano. John Cornwell respondeu às acusações de Yallop em 1987, com o livro A Thief In The Night, em que analisou as várias alegações e negou a conspiração. De acordo com Eugene Kennedy, escrevendo para o The New York Times: o livro de Cornwell "ajuda a purificar o ar de paranoia e de teorias da conspiração, mostrando como a verdade, cuidadosamente escavada por um jornalista num volume pode nos refrescar, faz-nos livres."
    
A revista italiana 30 Giorni revela, com base em declarações de um dos quatro irmãos de João Paulo I, que a Irmã Lúcia, durante a visita que o então Patriarca de Veneza lhe fez no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, sempre o tratou por "Santo Padre". O Cardeal Luciani fica impressionado e pergunta: "Porquê?", ao que a Irmã responde: "Vossa Eminência um dia será eleito Papa". E ele disse: "Sabe-se lá, irmã…", e a Irmã retorquiu: "Será sim, mas o seu pontificado será muito breve".
 
(...)
 
O caminho para a beatificação de João Paulo I foi iniciado em outubro de 2021 pelo papa Francisco, ao autorizar a promulgação do decreto referente a um milagre atribuído à intercessão de Luciani, proclamando-o bem-aventurado em data a ser fixada pela Santa Sé. O milagre atribuído teria sido a cura "cientificamente inexplicável" em 2011, de uma menina argentina de onze anos, que tinha uma grave doença cerebral. Em 4 de setembro de 2022 foi beatificado pelo Papa Francisco, na Praça de São Pedro.
    

sábado, junho 29, 2024

Hoje é dia de São Pedro e São Paulo...!

Graffiti do século IV, numa catacumba romana
     
A Festa de São Pedro e São Paulo, também chamada de Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, é uma festa cristã em honra ao martírio em Roma dos apóstolos São Pedro e São Paulo, que é observada em 29 de junho. A celebração tem origem muito antiga, sendo a data escolhida sendo ou o aniversário da morte ou do transladação das relíquias de santos.
A sua liturgia convida-nos a refletir sobre estas duas figuras e a considerar o seu exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e de testemunho do projeto libertador de Deus.

 

Decapitação de São Paulo - Enrique Simonet, 1887
     

segunda-feira, junho 24, 2024

Lucrécia Bórgia morreu há 505 anos


Lucrécia Bórgia
(Subiaco, 18 de abril de 1480 - Ferrara, 24 de junho de 1519) foi a filha ilegítima de Rodrigo Bórgia, importante personagem italiano do Renascimento, que viria a se tornar o papa Alexandre VI. O irmão de Lucrécia foi o conhecido déspota César Bórgia.

(...)

Aos 39 anos de idade, Lucrécia estava prestes a enfrentar outro parto. Prevendo sua morte, ela enviou uma carta ao papa Leão X pedindo a bênção especial. Em 24 de junho de 1519, morreu Lucrécia Bórgia em Ferrara, devido a complicações após dar à luz o seu oitavo filho, depois de ter tido uma história ao longo da vida de gestações e de abortos complicados. A bênção papal não veio a tempo, mas Leão X escreveu ao viúvo que lamentava muito a morte da "boa duquesa", de quem o "inesquecível amigo César falava com tanto carinho". Foi sepultada no convento de Corpus Domini (do qual ela foi protetora em vida), em Ferrara, num hábito de freira.

sexta-feira, junho 21, 2024

São Paulo VI foi eleito Papa há sessenta e um anos

  
O Papa Paulo VI, nascido Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini (Concesio, 26 de setembro de 1897Castelgandolfo, 6 de agosto de 1978) foi o Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana e soberano da Cidade do Vaticano de 21 de junho de 1963 até à sua morte. Sucedeu ao Papa João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II, e decidiu continuar os trabalhos do seu predecessor. Promoveu melhorias nas relações ecuménicas com os Ortodoxos, Anglicanos e Protestantes, o que resultou em diversos encontros e acordos históricos.
      

In Nomine Domini

Brasão e lema do Papa Paulo VI
 
Paulo VI faleceu em 6 de agosto de 1978, na Festa da Transfiguração. O processo diocesano para a beatificação de Paulo VI iniciou-se em 11 de maio de 1993. Foi beatificado em 19 de outubro de 2014 e canonizado em 14 de outubro de 2018 pelo Papa Francisco.