Biografia
Frequentou a
Faculdade de Ciências e também a
Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa. Depois de concluir um curso da
Escola Normal Superior de Lisboa, foi professor do ensino secundário (desenho, matemática).
Tirou também o curso de arquitectura na
Escola de Belas-Artes. Expôs várias obras de pintura em museus portugueses, em
Espanha, no
Museu de Arte Contemporânea de Madrid e ainda no
Brasil.
Dramaturgo, peças suas subiram à cena em Lisboa, no
Teatro Nacional e noutras salas.
Cenógrafo, responsabilizou-se pela montagem de muitas peças.
Jornalista, dirigiu a revista
Notícias Ilustrado (1928-1935) e colaborou, por exemplo, nos jornais
O Século,
A Capital, e
ABC, na revista
Contemporânea (1915-1926). Fundou e dirigiu
O Domingo Ilustrado (1925-1927), e
Século Ilustrado. O seu nome consta da lista de colaboradores da revista de cinema
Movimento (1933-1934). Foi o principal animador da construção dos estúdios da
Tobis Portuguesa, concluídos em
1933 em conjunto com a qual realizou mais tarde, em 1966, o filme "A
Ponte Salazar sobre o Rio Tejo em Portugal"
.
Celebrizado pela sua carreira cinematográfica, Leitão de Barros
deixou também marcas duradouras no jornalismo português. Em 1938, foi
protagonista de uma longa entrevista à rainha Dona Amélia em
Paris,
publicada nas páginas de "O Século" e "O Século Ilustrado". A peça terá
sido um instrumento de propaganda para aproximar a rainha viúva do
Estado Novo e a monarca aproveitou a oportunidade para gabar algumas das
obras do
salazarismo.
Anos antes, em 1932, quando ainda trabalhava no "Notícias Ilustrado",
Leitão de Barros protagonizou outro caso célebre, dando cobertura à
alegação infantil de que um sósia de
António Oliveira Salazar estava representado nos
Painéis de São Vicente. A informação foi relatada entusiasticamente pelo suplemento do
Diário de Notícias, conferindo uma aura providencial ao ditador.
Organizou, a partir de
1934, vários cortejos históricos e marchas populares das
Festas da Cidade, actividade que regularmente manteve durante a década seguinte. Foi secretário-geral da
Exposição do Mundo Português e responsável pela organização da ‘’Feira Popular’’ de Lisboa (1943). Foi director da
Sociedade Nacional de Belas-Artes.
Interessou-se entretanto pelo cinema:
Malmequer e
Mal de Espanha (
1918)
foram os seus primeiros filmes. Neles se salientam duas tendências: a
evocação histórica dos temas e a crónica anedótica. Assimilou, por
influência de
Rino Lupo, o conceito de filme pictórico, desenvolvido por
Louis Feuillade, o do
Film Esthétique, e depois algumas das ideias formais do cinema soviético teorizadas por
Eisenstein.
Com o documentário Nazaré (1927), retomando um tema já explorado pelo francês Roger Lion em 1923, registou aspetos de rude beleza plástica e de aguda observação humana, tal como no filme Lisboa, Crónica Anedótica de uma Capital (1930), em que misturou atores conhecidos com a gente da rua, antecipando assim tendências modernas. No mesmo ano, rodou ainda na Nazaré a Maria do Mar. Depois filmou A Severa (1931), o primeiro filme sonoro português. Ala Arriba! (1942), escrito por Alfredo Cortês, apresentava os pescadores da Póvoa de Varzim com uma força dramática pouco vulgares. A Bienal de Veneza deu-lhe um dos seus prémios. Seria, a partir dos anos sessenta, um dos cineastas preferidos do regime. Publicou também Elementos de História de Arte e, em livro, Os Corvos (crónicas publicadas no jornal Diário de Notícias).
A 4 de setembro de 1935 foi feito Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 4 de março de 1941 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo.
Uma vasta obra e fervilhantes décadas de produção marcaram a vida
deste homem, desde a aguarela ao cinema, passando pelo ensino e
arquitetura. Aos 70 anos, viria a falecer de um tumor retroperitoneal, na sempre sua cidade, em 1967, estando sepultado no Cemitério dos Prazeres.
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