A
Batalha de Port Arthur (8 e 9 de fevereiro de 1904) foi a batalha inicial da
Guerra Russo-Japonesa. Ela começou com um ataque noturno surpresa, por um esquadrão de
contratorpedeiros japoneses contra a frota
russa, ancorada em
Port Arthur,
Manchúria, China (atual
Lüshunkou),
e continuou com um grande combate de superfície na manhã seguinte. A
batalha não teve um final conclusivo e as escaramuças continuaram até
maio de 1904. Perder em Port Arthur para os russos - e especialmente
para o Czar
Nicolau II
- era não apenas inconcebível para o mundo em geral mas também repleto
de circunstâncias terríveis para o regime Imperial russo. O povo
russo, da nobreza até os servos recém-emancipados, perdeu a confiança nos
militares; esta foi uma causa direta da
Revolução Russa de 1905, e é mais bem lembrada do que as derrotas ainda mais desastrosas da
Primeira Guerra Mundial.
Antecedentes
A
Guerra Russo-Japonesa começou com um
ataque preventivo pela
Marinha Imperial Japonesa contra a
frota do Pacífico russa baseada em
Port Arthur e em
Chemulpo. O plano inicial do
Almirante Togo era atacar Port Arthur com a 1ª Divisão da Frota Combinada, que consistia de seis pré-
encouraçados, liderados pela capitânia
Mikasa e a 2ª Divisão, que consistia de
cruzadores blidados. Esses navios estavam acompanhados por 15
contratorpedeiros e 20 navios menores. Na reserva, estavam os
cruzadores.
Com essa força grande, bem treinada e bem armada, e com o fator
surpresa ao seu lado, o Almirante Togo esperava causar um grande dano
para a frota russa logo após o rompimento das
relações diplomáticas entre os governos
japonês e
russo.
Do lado russo, o
Almirante Stark tinha os pré-
encouraçados, auxiliados pelos
cruzadores leves ou
cruzadores protegidos,
todos baseados sob a proteção da base naval fortificada de Port
Arthur. No entanto, as defesas de Port Arthur não eram tão fortes
quanto se esperava, com poucas baterias de
artilharia de costa operacionais, fundos para melhorar as defesas foram desviados para as proximidades de
Dalian, e a maioria dos oficias estavam celebrando numa festa organizada pelo Almirante Stark na noite de 9 de fevereiro de 1904.
Como o Almirante Togo recebeu informações falsas de espiões locais de
Port Arthur de que as guarnições dos fortes que protegiam o porto
estavam em alerta máximo, ele não estava disposto a arriscar os seus
preciosos navios frente à artilharia russa e, por isso, reteve a sua
frota principal da batalha. Ao invés disso, as forças de
destroyers foi
dividida em dois esquadrões de ataque, um para atacar Port Arthur e
outro para atacar a base russa em Dalian.
O ataque noturno de 8-9 de fevereiro de 1904
Por volta das 22.30 horas de 8 de fevereiro de 1904, o esquadrão de
ataque a Port Arthur de dez navios encontrou uma frota russa de
patrulhamento. Os russos receberam ordem para não iniciar combate, e
reportaram o contacto para o quartel-general. No entanto, como resultado
do encontro, dois
destroyers japoneses colidiram e recuaram, com os
restantes a dispersar. Por volta de 00.28 horas de 9 fevereiro de 1904,
os primeiros quatro
destroyers japoneses aproximaram-se de Port Arthur
sem serem observados e lançaram um ataque de
torpedo contra um cruzador russo (que foi atingido, começou a arder e afundou) e o
Retvizan (que teve o seu casco furado). Os outros navios japoneses tiveram menos sucesso, muitos dos torpedos caíram nas
redes de torpedos,
que efetivamente preveniram que a maioria dos torpedos atingissem os
pontos vitais dos navios russos. Outros
destroyers chegaram muito tarde
para beneficiar do fator surpresa, fazendo os seus ataques
individualmente, ao invés de fazer em grupo. No entanto, eles foram
capazes de danificar o mais poderoso navio da frota russa, o
Tsesarevich. O
destroyer japonês
Oboro
fez o último ataque, por volta das 02.00 horas da madrugada, quando os
russos estavam completamente acordados, e os seus holofotes e
artilharia fizeram qualquer ataque de torpedo impossível.
Apesar das condições ideais de um ataque surpresa, os resultados foram relativamente fracos. Dos dezasseis
torpedos
atirados, todos, exceto três, perderam-se ou não explodiram. Mas a
sorte também estava contra os russos pois dois dos três torpedos
atingiram os seus melhores navios, o
Retvizan e o
Tsesarevich foram colocados fora de ação durante semanas, assim como o
cruzeiro protegido Pallada.
Combate de superfície de 9 de fevereiro de 1904
Após o ataque noturno, o Almirante Togo enviou o seu subordinado, o
Vice-Almirante Shigeto Dewa, com quatro cruzadores em uma missão de
reconhecimento
às 08.00 horas da manhã para observar a ancoragem de Port Arthur e
para avaliar os danos. Às 09.00 horas, o Almirante Dewa estava perto o
suficiente para ver a frota russa, através da névoa da manhã. Ele
observou 12 navios de guerra e cruzadores, três ou quatro danificados.
Os navios menores fora da entrada do porto pareciam estar em desordem.
Dewa aproximou-se até cerca de 7 km do porto, mas, como ninguém se
apercebeu da presença dos navios japoneses, ele convenceu-se que o
ataque noturno paralisou com sucesso a frota russa, e enviou o
relatório para o Almirante Togo.
Não sabendo que a frota russa estava pronto para a batalha, Dewa avisou
o Almirante Togo que o momento era de extrema vantagem para a frota
principal para um ataque rápido. Embora Togo preferisse atrair a frota
russa para longe da proteção das baterias em terra, as conclusões
otimistas de Dewa fizeram-no acreditar que o risco era justificado. O
Almirante Togo ordenou que a Primeira Divisão atacasse o porto, com a
Terceira Divisão em reserva na retaguarda.
Ao aproximarem-se de Port Arthur, os japoneses vieram ao encontro do
cruzador russo
Boyarin, que estava em patrulha. O
Boyarin atacou o
Mikasa
de uma grande distância, depois virou e fugiu. Por volta de meio-dia,
numa faixa de 5 milhas, o combate começou entre as frotas japonesas e
russas. Os japoneses concentraram o fogo de seus canhões 12" nas
baterias terrestres, enquanto usavam os seus 8" e 6" contra os navios
russos. A mira era má dos dois lados, mas os japoneses danificaram
severamente o
Novik,
Petropavlovsk,
Poltava,
Diana e
Askold.
Entretanto, logo se tornou evidente que o Almirante Dewa cometeu um
erro crítico, os russos recuperaram do ataque inicial e os seus navios
de batalha moveram-se. Nos primeiros cinco minutos da batalha, o
Mikasa
foi atingido por um escudo ricocheteador, que se queimou sobre ele,
ferindo o engenheiro chefe, o tenente e cinco outros oficiais e homens.
Às 12.00 horas, o Almirante Togo decidiu dar meia volta e escapar da
armadilha. Era uma manobra de alto risco, que expôs a frota às baterias
terrestres russas. Apesar da artilharia pesada, os navios de guerra
japoneses completaram a manobra e rapidamente retiraram-se. O
Shikishima,
Mikasa,
Fuji e
Hatsuse foram danificados, recebendo 7 tiros. Alguns tiros também foram feitos nos cruzadores do Almirante
Hikonojo Kamimura, quando eles atingiam o ponto de viragem. Os russos, por sua vez, receberam cerca de 5 tiros, distribuídos entre os navios
Petropavlavsk,
Pobeda,
Poltava, e
Sevastopol. Ao mesmo tempo, o cruzador
Novik chegou a 3 mil metros de distância dos cruzadores japoneses e lançou uma salva de torpedos. Todos se perderam, embora o
Novik tenha recebido um tiro grave no casco, abaixo do nível da água.