Mauricio Araújo de Sousa (Santa Isabel, 27 de outubro de 1935) é um cartunista, empresário e escritor brasileiro. É um dos mais famosos cartunistas do Brasil, criador da Turma da Mônica e membro da Academia Paulista de Letras.
Infância e juventude
Mauricio nasceu em Santa Isabel, 1935. É filho de Antônio Mauricio de Sousa e de Petronilha Araújo de Sousa, Mauricio de Sousa viveu num ambiente cercado de arte, pois seu pai, além de barbeiro, era poeta, compositor e pintor, e sua mãe poetisa. Sua casa sempre esteve cheia de livros, permitindo um ambiente bastante cultural. Era comum em sua casa receber saraus, reuniões de artistas e rodas de chorinho.
Sua mãe queria que o filho se tornasse cantor juvenil, mas sua timidez não lhe permitiu seguir, ainda que sua mãe fosse firme e exigente com Mauricio. Com poucos meses de vida, Mauricio mudou-se de Santa Isabel para a vizinha Mogi das Cruzes, onde começou a desenhar cartazes e ilustrações para rádios e jornais. Quando contou a seu pai sobre querer viver como desenhista seu pai lhe disse: “Mauricio, desenhe de manhã e administre à tarde.”
Acusado de ser comunista, Maurício foi despedido pelo chefe de redação do jornal Folha de S.Paulo, retornando para Mogi das Cruzes; nesta época passou a apresentar um catálogo de suas tiras para fornecer aos jornais locais. Em 1962 é contratado pelo jornal carioca Tribuna da Imprensa, para o qual criou o personagem Piteco e sua turma. A estreia de Piteco no jornal Tribuna da Imprensa ocorreu em 25 abril de 1962, na parte inferior da página 9.
Atualmente Bidu, que é o animal de estimação de Franjinha, participa tanto com seu dono, como em historinhas em que é o astro principal, dialogando com outros cães e até com pedras(!). Bidu é o símbolo da empresa de Mauricio, a Mauricio de Sousa Produções. Na revistas Lostinho-Perdidinhos nos Quadrinhos e no primeiro número da revista Saiba Mais, no entanto, é revelado que a primeira criação de Mauricio foi um personagem super-herói chamado "Capitão Picolé".
Junto dos desenhistas como Messias de Mello, Gedeone Malagola, Ely Barbosa e Júlio Shimamoto, integrou a Associação de Desenhistas de São Paulo (ADESP), da qual chegou a ser presidente, que tinha como bandeira a reserva de mercado. Existia uma discussão no meio artístico que dividia os ilustradores: criar narrativas brasileiras ou aceitar a influência da cultura dos Estados Unidos na produção nacional, e Mauricio não se colocou em nenhum dos lados. Com a instalação da Ditadura Militar, saiu da associação, alegando que ela estava ganhando conotação política. Nesse período, perdeu o seu emprego no jornal Folha da Tarde e teve seu nome adicionado na lista negra de cartunistas de São Paulo, tendo que recorrer a fazer ilustrações em jornais de paróquias.
Em 1963, Mauricio de Sousa criou, junto com a jornalista Lenita Miranda de Figueiredo, Tia Lenita, a Folhinha de S. Paulo. A sua personagem Mônica também surgiu nesse ano. Antes dela, já havia criado o Cascão, em 1961. Criou a empresa Bidulândia Serviços de Imprensa, mais tarde chamada de Maurício de Sousa Produções, que atuava como um syndicate de distribuição de tiras de jornal.Em 1970, decidiu lançar a revista da Turma da Mônica, chamada então de Mônica e sua turma. Em 1987, passou a ilustrar o recém-criado suplemento infantil d'O Estado de S. Paulo, o Estadinho, que até hoje publica tiras da Turma da Mônica. Mauricio montou uma grande equipe de desenhistas e roteiristas, e depois de algum tempo passou a desenhar somente as histórias de Horácio, o dinossauro.
De 1970 — quando foi lançada a revista Mônica, com tiragem de 200 mil exemplares — a 1986, as revistas de Mauricio foram publicadas na editora Abril. A partir de janeiro de 1987, as revistas passaram a ser publicadas pela editora Globo, em conjunto com os estúdios Mauricio de Sousa. Após vinte anos de editora Globo, todos os títulos da Turma da Mônica passaram para a multinacional Panini, que detinha também os direitos das publicações dos super-heróis da Marvel e DC Comics. O objetivo de Mauricio foi ampliar sua participação no exterior.
Pai de dez filhos (Maurício Spada, Mônica, Magali, Mariângela, Vanda, Valéria, Marina, Mauricio Takeda, Mauro Takeda e Marcelo Pereira), além de criar personagens baseados em seus amigos de infância, Mauricio sempre criou personagens baseados em seus filhos, tais como: Mônica, Magali, Marina, Maria Cebolinha (inspirada na Mariângela), Nimbus (em Mauro), Do Contra (em Mauricio Takeda), Vanda, Valéria, Marcelinho e Dr. Spada. Titi e Franjinha são personagens inspirados em seus sobrinhos, enquanto Horácio, o dinossauro verde, é um alter ego do desenhista.
Alguns de seus filhos que viraram personagens passaram a trabalhar com Mauricio; Mônica é responsável pela divisão comercial de alimentos e produtos licenciados, Magali colabora como roteirista e Marina ajuda na criação de novas histórias.
Os quadrinhos de Mauricio de Sousa têm fama internacional, tendo sido adaptados para o cinema, para a televisão e para os Vídeo-games, além de terem sido licenciados para comércio em uma série de produtos com a marca das personagens. Há inclusive o parque temático da Turma da Mônica, o Parque da Mônica, aberto em 25 de janeiro de 1993, que, inicialmente era localizado no Shopping Eldorado, em São Paulo. O parque permaneceu nesse local até fevereiro de 2010, quando suspendeu temporariamente as suas atividades, sendo reaberto em 2015 no Shopping SP Market, também em São Paulo, ocupando uma área maior do que o espaço anterior, que já havia recebido o Parque da Xuxa. Já existiu também o Parque da Mônica de Curitiba, aberto em 1998 e fechado em 2000, e o do Rio de Janeiro, fechado no início de 2005. Está prevista a abertura de uma nova unidade do Parque em Gramado (RS), que deverá ocorrer no segundo semestre de 2020.
Mauricio casou pela primeira vez com Marilene Sousa, mãe de seus filhos Mariângela, Mônica, Magali e Mauricio Spada. O casamento teve uma duração de 12 anos, e Marilene faleceu em 7 de fevereiro de 2011. De um novo relacionamento, com Vera Lúcia Signorelli, nasceram Wanda e Valéria Signorelli e Sousa. Vera morreu em 7 de dezembro de 1971, num acidente de carro ocorrido na Via Dutra dois dias antes. Do casamento com Alice Keiko Takeda, nasceram Marina, Mauro e Maurício Takeda de Sousa. Por último nasceu Marcelo de Sousa, fruto de uma relação existente num período em que Mauricio e Alice estiveram separados.
Em 20 de março de 2008 seu filho mais novo, Marcelo, sua ex-esposa Marinalva Pereira dos Santos, mãe de Marcelo, e o filho dela, Vitor Hugo, então com 2 anos de idade, foram sequestrados numa residência na zona rural de São José dos Campos, por uma quadrilha. Foram levados para São Sebastião, litoral paulista, e libertados pela polícia civil em 6 de abril.
Em 2 de maio de 2016, morreu Mauricio Spada, seu filho de 44 anos, de ataque cardíaco enquanto estava em casa.
Homenagens
Em 2007 Mauricio de Sousa foi homenageado pela escola de samba Unidos do Peruche com o enredo "Com Mauricio de Sousa a Unidos do Peruche abre alas, abre livros, abre mentes e faz sonhar". Foi agraciado com a comenda da Ordem do Ipiranga pelo Governo do Estado de São Paulo.
Em 2019 foi anunciado que o diretor Pedro Vasconcelos dirigirá um filme inspirado pela obra Maurício - A História Que Não Está no Gibi.
Academia Paulista de Letras
No dia 13 de maio de 2011, Mauricio tomou posse na Academia Paulista de Letras, ocupando a cadeira 24, que anteriormente era ocupada pelo poeta Geraldo de Camargo Vidigal, tornando-se assim o primeiro quadrinista a ser empossado por esta Academia.
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