O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Madame Butterfly estreou no Teatro Nacional de São Carlos, ópera de Lisboa a 10 de março de 1908.
A trama da ópera recebeu, mais tarde, uma citação na peça teatral (depois adaptada para o cinema) M. Butterfly, de David Henry Hwang (1988), inspirada no relacionamento entre um diplomata francês, Bernard Boursicot, e um cantor da ópera de Pequim, Shi Pei Pu. O nome Butterfly faz a ligação entre as duas histórias.
Aristóteles Sócrates Onassis nasceu numa família grega que vivia em Esmirna,
região da Ásia Menor onde muitos gregos moravam e que, depois da Primeira
Guerra Mundial, era território grego, e que se dedicava ao comércio de tabaco. Em 1922, após uma tentativa frustrada de invadir Istambul,
o governo grego perdeu o controle que estabelecera em Esmirna em 1919 e
aceitou uma troca de civis. Cerca de 400 mil turcos que habitavam na Grécia
voltaram para a sua terra de origem, enquanto que um milhão de helenos
chegaram à Grécia como refugiados. A família de Onassis estava nesse
grupo.
Em 1927, partiu em direção à Argentina como refugiado, onde tentaria uma nova vida. Em Buenos Aires, falsificou a sua identidade para "envelhecer" seis anos e ter condições legais de trabalhar. Tornou-se telefonista
da British United River Plate Telephone Company e, nas horas vagas,
estudava por conta própria o mercado financeiro. Com os poucos lucros
obtidos pela especulação, pôde comprar roupas sofisticadas, passando a
frequentar discretamente a alta sociedade portenha.
Aos poucos, os ganhos de Onassis se tornaram mais significativos
e, com a ajuda de seu pai, que permanecera na Grécia, aventurou-se na
importação de tabaco turco. A ideia surgiu após Onassis ouvir uma
conversa telefónica entre um distribuidor de filmes argentino e um
executivo do estúdio Paramount Pictures, onde comentavam uma declaração do ator Rodolfo Valentino
sobre as coisas do Oriente estarem em evidência naquele momento.
Onassis também considerou que o tabaco turco faria sucesso entre as
mulheres, por ser mais suave que o cubano. Enganado por um empresário
argentino, perdeu tudo o que possuía. O seu contacto com a terra natal
aumentou, e ele decidiu manter-se na exportação de tabaco. Para ampliar a
sua capacidade de transporte de tabaco, obteve empréstimos e comprou
dois navios no Canadá.
Após um problema burocrático no porto de Roterdão, Onassis trocou a bandeira de seus barcos, agora com registo do Panamá.
Com isso, trâmites como número de tripulantes, impostos e tipo de carga
passaram a ser resolvidos com mais rapidez, tornando mais baratos os seus processos.
Sempre humilde, persistente e criativo, conseguia empréstimos bancários
com constância, aumentando o tamanho de sua frota.
Em 1946, casou-se com Athina Livanos, filha de Stavros Livanos, outro empresário grego do setor de marinha mercante. Mudou-se para os Estados Unidos, onde ganhou espaço no mercado de petroleiros e baleeiros. Em 1956, vendeu a sua frota baleeira a japoneses e, com o lucro, comprou navios petroleiros e fundou a companhia aérea Olympic Airways,
tornando-se o homem mais rico do mundo. Após diversas negociações com o
governo grego, a empresa obteve privilégios para se tornar a linha
aérea nacional da Grécia, mesmo sendo propriedade privada.
Em 1959, Onassis iniciou um longo romance com a soprano americana Maria Callas.
No ano seguinte, divorciou-se de Athina. A artista chegou a suspender a
sua carreira para acompanhar o empresário, até que o
grego anunciou o seu casamento com Jacqueline Kennedy, viúva do ex-presidente dos Estados UnidosJohn F. Kennedy, em 1968. Deprimida, Callas praticamente se retirou.
Na década de 70, o jornal britânico The Times
considerou a fortuna do bilionário grego "incomensurável" e Onassis
tornou-se o homem mais rico do mundo. Até hoje, foi o que mais tempo
permaneceu nessa posição.
A Olympic Airways sobrevivia com dificuldades, mas a família
Onassis quis mantê-la, dividindo-a em duas empresas. Com a morte de seu
filho Alexander Onassis,
num acidente aéreo em 1974, Aristóteles ficou extremamente abalado e
decidiu vender a Olympic Airways ao governo grego, que fez dessa
companhia um sucesso. A fortuna de Onassis passou a ser considerada
colossal.
Morte
Os negócios
com os petroleiros estavam bem, mas a saúde do milionário deteriorava.
Onassis morreu em 15 de março de 1975, em Neuilly-sur-Seine, França,
devido a complicações após uma cirurgia para tratar uma pneumonia, complicação de sua miastenia grave. Encontra-se sepultado na Ilha de Skorpios, na Grécia. A sua fortuna ficou para Christina Onassis, a sua única filha. Ela morreu em Buenos Aires em 1988, e a neta, Athina Roussel,
acabou herdando uma fortuna estimada, na altura, em 200 milhões de dólares.
Maria Callas (Nova Iorque, 2 de dezembro de 1923 - Paris, 16 de setembro de 1977) foi uma cantora lírica americana de ascendênciagrega, considerada a maior celebridade da Ópera no século XX e a maior soprano e cantora
de todos os tempos. Apesar de também famosa pela sua vida pessoal, o
seu legado mais duradouro deve-se ao impulso a um novo estilo de atuação
nas produções operáticas, à raridade e diferença do seu tipo de voz e
ao resgate de óperas há muito esquecidas do bel canto, estreladas por ela.
Biografia
Nascida Maria Cecilia Sofia Anna Kalogeropoulou, Callas era filha de imigrantes gregos e, devido a dificuldades económicas, teve que regressar à Grécia, com a sua mãe, em 1937. Estudou canto no Conservatório de Atenas, com a soprano coloraturaElvira de Hidalgo.
Callas começou a despontar no cenário lírico em 1948, com uma interpretação bastante notável para a protagonista da ópera Norma, de Bellini, em Florença.
Todavia, sua carreira só viria a projetar-se à escala mundial no ano
seguinte, quando a cantora surpreendeu crítica e público ao alternar, na
mesma semana, récitas de I Puritani, de Bellini, e Die Walküre, de Wagner. Ela preparara o papel de Elvira
para a primeira ópera em apenas dois dias, a convite de Serafin, para
substituir quem realmente faria aquele papel. Para se ter ideia do seu
feito, é o mesmo que pedir para Birgit Nilsson, famosa soprano
dramático para cantar Violetta em La Traviata, e como Callas não teve
tempo para aprender o libretto completo, apenas a música, tanto que o
ponto lhe soprou o texto.
A partir dos anos 1950, Callas começou a apresentar-se regularmente nas mais importantes casas de espetáculo dedicadas à ópera, tais como La Scala, Covent Garden e Metropolitan.
São os seus anos áureos e, ao lado de sua fama como cantora
internacional, também vai sua fama de temperamental, muitas vezes
excessivamente por causa do seu perfecionismo. Famosa foi a sua
rivalidade com Renata Tebaldi
e as disputas públicas, através de declarações para jornais, que
várias vezes lhe renderam a primeira página, assim como seus triunfos
operáticos. Era uma figura extremamente pública e contribuiu para
reacender o estrelato da ópera e dos seus intérpretes. Alguns críticos
inclusive afirmam que até nas gravadoras havia uma divisão, para acirrar
as disputas entre Callas e Tebaldi, e para influenciar as comparações
entre gravações feitas por Tebaldi ao lado do tenor Del Monaco, e
Callas ao lado de Di Stefano. A sua voz começou a apresentar sinais de
declínio no final dessa década, e a cantora diminuiu consideravelmente
as suas participações em montagens de óperas completas, limitando sua
carreira a recitais e noites de gala e terminando por abandonar os
palcos em 1965. O seu abandono deveu-se em grande parte ao desequilíbrio emocional da cantora, que ao conhecer o magnata gregoAristóteles Onassis,
dedica-se integralmente ao seu amado, afirmando ter começado ali sua
vida de verdade. Foi quando ela parou de ensaiar, adiou e cancelou
apresentações, se tornou figura constante em noites de festa, bebendo
inclusive, coisas que contribuíram para o declínio de sua voz e o fim da
carreira. Em 1964, encorajada pelo cineastaitalianoFranco Zefirelli, volta aos palcos em sua maior criação, Tosca, no Convent Garden, tendo como seu parceiro o amigo de longa data Tito Gobbi. Essa versão da Tosca está disponível em DVD (apenas o segundo ato) e em CD (completa) e entrou para a história do mundo operático. A sua última apresentação em uma ópera completa foi como Norma,
em Paris, no ano de 1965, e, devido à sua saúde vocal debilitada, não
aguentou até ao fim, desmaiando ao cair da cortina no fim da terceira
parte.
No início dos anos 70 passou a dedicar-se ao ensino de música na Juilliard School. Em 1974, entretanto, retornou aos palcos, para realizar uma série de concertos pela Europa, Estados Unidos e Extremo Oriente ao lado do tenorGiuseppe di Stefano.
Com sucesso no público, o programa foi todavia massacrado pela crítica
especializada. A voz já não era a mesma, mas o que mantinha o público
firme nas apresentações era o amor. A sua atuação foi prejudicada, pois
uma vez que tinha que fazer muito mais esforço para manter a afinação, a
entrega à interpretação não foi tão subtil como no passado.
Cantou em público pela última vez, a 11 de novembro de 1974, no Japão.
Onassis, então casado com Mrs. Kennedy, tem sérios problemas de saúde e
vem a falecer. Callas começa agora um período de isolamento e, afastada
do mundo, passa a viver na Avenue Georges Mandel, em Paris, com a
companhia da governanta, Bruna, e do motorista, Ferruccio. Um possível
regresso é ensaiado e preparada pelo cineastaFranco Zefirelli,
mas Callas não tem mais a segurança do passado, pois faltava-lhe a
vontade. Tenta realmente outras funções, como professora, diretora
artística, mestre de coral, mas nada a satisfazia. Não sabia sequer
como deslocar um coro. Começa a impor exigências absurdas para que
aconteçam as apresentações. Essa é agora sua maneira de dizer não,
exigindo o impossível. Uma gravação da Traviata, com o tenor em
ascensão Luciano Pavarotti
é estudada, mas o projeto logo é abandonado por Maria. Amigos ainda a
visitam com frequência. Giulini (maestro), o crítico John Ardoin, mas
Callas ja está "morta" há muito tempo, e, em 16 de setembro de 1977, ela
simplesmente deixa de existir, pouco antes de completar 54 anos, no
seu apartamento em Paris, por causa de um ataque cardíaco.
As suas cinzas foram atiradas ao Mar Egeu, como era a sua vontade.
Vida pessoal
Maria Callas foi a mais controversa e possivelmente a mais dedicada
intérprete lírica. Com uma voz de considerável alcance, Callas encantou
nos teatros mundiais de maior destaque. Esta intérprete, senhora de
raros dotes vocais e interpretativos, revolucionou o mundo da Ópera,
trazendo-a novamente às origens. Para Maria Callas a expressão vocal era
primordial, em detrimento dos exageros vocais injustificados - tudo na
Ópera tem que fazer sentido visando a dar ao público algo que o mova,
algo credível.
Esta foi a mais destacada e famosa cantora lírica, e fez jus à sua
fama, pois interpretou várias dezenas de Óperas de diversíssimos
estilos. Callas perpetuou-se em papéis como Medea, Norma, Tosca, Violetta, Lucia, Gioconda, Amina, entre outros, continuando, nestes papéis, a não existir nenhuma artista que lhe faça sombra.
Um dos aspectos que certamente contribuiu para a lenda que se formou em
torno de Maria Callas diz respeito à sua conturbada vida pessoal. Dona
de um temperamento forte, que parecia a correlação perfeita para a
intensa carga dramática com que costumava abordar as suas personagens no
palco, tornou-se famosa por indispor-se com maestros e colegas em
nome de suas crenças estéticas.
Em 1958, após ter abandonado uma récita de Norma na Ópera de Roma
doente, foi fortemente atacada pela imprensa italiana, que julgou que a
soprano queria ofender o presidente italiano, presente na plateia. O
escândalo comprometeu a sua carreira na Itália e, no mesmo ano, entrou
em disputa com Antonio Ghiringhelli, responsável pelo La Scala, que não mais a queria no teatro. Somente voltou a apresentar-se no La Scala em 1960, na ópera Poliuto de Donizetti; ainda em 1958, foi sumariamente demitida do Metropolitan por Rudolf Bing, que desejava que ela alternasse apresentações de La Traviata e Macbeth, óperas de Verdi
com exigências vocais muito distintas para a soprano. À exigência de
Bing, Callas, numa réplica célebre, respondeu que a sua voz não era um
elevador.
Em 1959, rompeu um casamento de dez anos com seu empresário, G. B.
Meneghini, muito mais velho do que ela. Manteve, em seguida, uma tórrida
relação com o milionário grego Aristoteles Onassis, com quem não foi feliz e que rendeu variado material para jornais tabloides sensacionalistas.
Trabalhava intensamente e em mais de uma ocasião subiu aos palcos
contra a recomendação dos seus médicos. Com uma forte constipação,
escapou em 2 de janeiro de 1958 da Ópera de Roma pela porta dos fundos após um primeiro ato sofrível de Norma, de Bellini, numa récita prestigiada pelo então presidente da Itália, Giovanni Gronchi, o que gerou o escândalo acima referido. Em 29 de maio de 1965,
ao concluir a primeira cena do segundo ato de Norma, Callas desfaleceu
e a apresentação foi interrompida. Depois disso, ela só cantaria em
ópera mais uma vez, numa última apresentação de Tosca no Covent Garden de Londres, ao lado de Tito Gobbi.
Poucos sopranos podem rivalizar com Callas no que diz respeito à
capacidade de despertar reações intensas entre seus admiradores e
detratores. Elevada à categoria de "mito" e conhecida mesmo fora do
círculo de amantes de ópera,
ela criou em torno de si uma legião de entusiastas capazes de defender
a todo custo os méritos da cantora. Apesar da mútua amizade, as
disputas entre seus fãs e os de Renata Tebaldi tornaram-se célebres, chegando mesmo em alguns casos às vias de facto.
Apesar destas características, Callas entrou para a história da ópera
por suas inigualáveis habilidades cénicas. Levando à perfeição a
habilidade de alterar a "cor" da voz com o objetivo de expressar
emoções, e explorando cada oportunidade de representar no palco as
minúcias psicológicas de suas personagens, Callas mostrou que era
possível imprimir dramatismo mesmo em papéis que exigiam grande
virtuosismo vocal por parte do intérprete - o que usualmente
significava, entre as grandes divas da época, privilegiar o canto em
detrimento da cena.
Muitos consideram que seu estilo de interpretação imprimiu uma
revolução sem precedentes na ópera. Segundo este ponto de vista, Callas
seria tributária da importância que assumiram contemporaneamente os
aspetos cénicos das montagens. Em particular, é claramente percetível
desde a segunda metade do século XX
uma tendência entre os cantores em favor da valorização de sua
formação dramática e de sua figura cénica - que se traduz, por exemplo,
na constante preocupação em manter a forma física. Em última análise,
esta tendência foi responsável pelo surgimento de toda uma geração de
sopranos que, graças às suas habilidades de palco, poderiam ser
considerados legítimos herdeiros de Callas, tais como Joan Sutherland ou Renata Scotto.
Maria Callas (Nova Iorque, 2 de dezembro de 1923 - Paris, 16 de setembro de 1977) foi uma cantora lírica norte-americana de ascendênciagrega, considerada a mais influente cantora de ópera
de renome do século XX e a maior soprano de todos os tempos. Apesar de também famosa pela sua vida
pessoal, o seu legado mais duradouro deve-se ao impulso a um novo
estilo de atuação nas produções operáticas, à raridade e diferença do
seu tipo de voz e ao resgate de óperas há muito esquecidas do bel canto, estreladas por ela.
Biografia
Nascida Maria Cecilia Sofia Anna Kalogeropoulou, Callas era filha de imigrantes gregos e, devido a dificuldades económicas, teve que regressar à Grécia com a sua mãe, em 1937. Estudou canto no Conservatório de Atenas, com a soprano coloraturaElvira de Hidalgo.
Callas começou a despontar no cenário lírico em 1948, com uma interpretação bastante notável para a protagonista da ópera Norma, de Bellini, em Florença.
Todavia, sua carreira só viria a projetar-se à escala mundial no ano
seguinte, quando a cantora surpreendeu crítica e público ao alternar,
na mesma semana, récitas de I Puritani, de Bellini, e Die Walküre, de Wagner. Ela preparara o papel de Elvira
para a primeira ópera em apenas dois dias, a convite de Serafin, para
substituir quem realmente faria aquele papel. Para se ter ideia do
seu feito, é o mesmo que pedir para Birgit Nilsson, famosa soprano
dramático para cantar Violetta em La Traviata, e como Callas não teve
tempo para aprender o libretto completo, apenas a música, tanto que o
ponto lhe soprou o texto.
A partir dos anos 1950, Callas começou a apresentar-se regularmente nas mais importantes casas de espetáculo dedicadas à ópera, tais como La Scala, Covent Garden e Metropolitan.
São os seus anos áureos e, ao lado de sua fama como cantora
internacional, também vai sua fama de temperamental, muitas vezes
excessivamente por causa do seu perfecionismo. Famosa foi a sua
rivalidade com Renata Tebaldi
e as disputas públicas, através de declarações para jornais, que
várias vezes lhe renderam a primeira página, assim como seus triunfos
operáticos. Era uma figura extremamente pública e contribuiu para
reacender o estrelato da ópera e dos seus intérpretes. Alguns críticos
inclusive afirmam que até nas gravadoras havia uma divisão, para
acirrar as disputas entre Callas e Tebaldi, e para influenciar as
comparações entre gravações feitas por Tebaldi ao lado do tenor Del
Monaco, e Callas ao lado de Di Stefano. A sua voz começou a apresentar
sinais de declínio no final dessa década, e a cantora diminuiu
consideravelmente as suas participações em montagens de óperas
completas, limitando sua carreira a recitais e noites de gala e
terminando por abandonar os palcos em 1965. O seu abandono deveu-se em grande parte ao desequilíbrio emocional da cantora, que ao conhecer o magnata gregoAristóteles Onassis,
dedica-se integralmente ao seu amado, afirmando ter começado ali sua
vida de verdade. Foi quando ela parou de ensaiar, adiou e cancelou
apresentações, se tornou figura constante em noites de festa, bebendo
inclusive, coisas que contribuíram para o declínio de sua voz e o fim da
carreira. Em 1964, encorajada pelo cineastaitalianoFranco Zefirelli, volta aos palcos em sua maior criação, Tosca, no Convent Garden, tendo como seu parceiro o amigo de longa data Tito Gobbi. Essa versão da Tosca está disponível em DVD (apenas o segundo ato) e em CD (completa) e entrou para a história do mundo operático. A sua última apresentação em uma ópera completa foi como Norma,
em Paris, no ano de 1965, e, devido à sua saúde vocal debilitada, não
aguentou até ao fim, desmaiando ao cair da cortina no fim da terceira
parte.
No início dos anos 1970, passou a dedicar-se ao ensino de música na Juilliard School. Em 1974, entretanto, retornou aos palcos para realizar uma série de concertos pela Europa, Estados Unidos e Extremo Oriente ao lado do tenorGiuseppe di Stefano.
Com sucesso no público, o programa foi todavia massacrado pela crítica
especializada. A voz já não era a mesma, mas o que mantinha o público
firme nas apresentações era o amor. A sua atuação foi prejudicada,
pois uma vez que tinha que fazer muito mais esforço para manter a
afinação, a entrega à interpretação não foi tão subtil como no
passado.
Cantou em público pela última vez, a 11 de novembro de 1974, no Japão.
Onassis, então casado com Mrs. Kennedy, tem sérios problemas de saúde e
vem a falecer. Callas começa agora um período de isolamento e,
afastada do mundo, passa a viver na Avenue Georges Mandel, em Paris,
com a companhia da governanta, Bruna, e do motorista, Ferruccio. Um
possível regresso é ensaiado e preparada pelo cineastaFranco Zefirelli,
mas Callas não tem mais a segurança do passado, pois faltava-lhe a
vontade. Tenta realmente outras funções, como professora, diretora
artística, mestre de coral, mas nada a satisfazia. Não sabia sequer
como deslocar um coro. Começa a impor exigências absurdas para que
aconteçam as apresentações. Essa é agora sua maneira de dizer não,
exigindo o impossível. Uma gravação da Traviata, com o tenor em
ascensão Luciano Pavarotti
é estudada, mas o projeto logo é abandonado por Maria. Amigos ainda a
visitam com frequência. Giulini (maestro), o crítico John Ardoin, mas
Callas ja está "morta" há muito tempo, e, em 16 de setembro de 1977,
ela simplesmente deixa de existir, pouco antes de completar 54 anos,
no seu apartamento, em Paris, por causa de um ataque cardíaco.
As suas cinzas foram atiradas ao Mar Egeu, como era a sua vontade.
Vida pessoal
Maria Callas foi a mais controversa e possivelmente a mais dedicada
intérprete lírica. Com uma voz de considerável alcance, Callas encantou
nos teatros mundiais de maior destaque. Esta intérprete, senhora de
raros dotes vocais e interpretativos, revolucionou o mundo da Ópera,
trazendo-a novamente às origens. Para Maria Callas a expressão vocal era
primordial, em detrimento dos exageros vocais injustificados - tudo
na Ópera tem que fazer sentido visando a dar ao público algo que o
mova, algo credível.
Esta foi a mais destacada e famosa cantora lírica, e fez jus à sua
fama, pois interpretou várias dezenas de Óperas de diversíssimos
estilos. Callas perpetuou-se em papéis como Medea, Norma, Tosca, Violetta, Lucia, Gioconda, Amina, entre outros, continuando, nestes papéis, a não existir nenhuma artista que lhe faça sombra.
Um dos aspetos que certamente contribuiu para a lenda que se formou em
torno de Maria Callas diz respeito à sua conturbada vida pessoal.
Dona de um temperamento forte, que parecia a correlação perfeita para a
intensa carga dramática com que costumava abordar as suas personagens
no palco, tornou-se famosa por indispor-se com maestros e colegas em
nome de suas crenças estéticas.
Em 1958, após ter abandonado uma récita de Norma na Ópera de Roma
doente, foi fortemente atacada pela imprensa italiana, que julgou que a
soprano queria ofender o presidente italiano, presente na plateia. O
escândalo comprometeu sua carreira na Itália e, no mesmo ano, ela
entrou em disputa com Antonio Ghiringhelli, dirigente do La Scala, que não mais a queria no teatro. Somente voltou a apresentar-se no La Scala em 1960, na ópera Poliuto de Donizetti; ainda em 1958, foi sumariamente demitida do Metropolitan por Rudolf Bing, que desejava que ela alternasse apresentações de La Traviata e Macbeth, óperas de Verdi
com exigências vocais muito distintas para a soprano. À exigência de
Bing, Callas, numa réplica célebre, respondeu que a sua voz não era um
elevador.
Em 1959, rompeu um casamento de dez anos com seu empresário, G. B.
Meneghini, muito mais velho do que ela. Manteve, em seguida, uma tórrida
relação com o milionário grego Aristoteles Onassis, com quem não foi feliz e que rendeu variado material para jornais tablóides sensacionalistas.
Trabalhava intensamente e em mais de uma ocasião subiu aos palcos
contra a recomendação dos seus médicos. Com uma forte constipação,
escapou em 2 de janeiro de 1958 da Ópera de Roma pela porta dos fundos após um primeiro ato sofrível de Norma, de Bellini, numa récita prestigiada pelo então presidente da Itália, Giovanni Gronchi, o que gerou o escândalo acima referido. Em 29 de maio de 1965,
ao concluir a primeira cena do segundo ato de Norma, Callas
desfaleceu e a apresentação foi interrompida. Depois disso, ela só
cantaria em ópera mais uma vez, numa última apresentação de Tosca no Covent Garden de Londres, ao lado de Tito Gobbi.
Poucos sopranos podem rivalizar com Callas no que diz respeito à
capacidade de despertar reações intensas entre seus admiradores e
detratores. Elevada à categoria de "mito" e conhecida mesmo fora do
círculo de amantes de ópera,
ela criou em torno de si uma legião de entusiastas capazes de
defender a todo custo os méritos da cantora. Apesar da mútua amizade,
as disputas entre seus fãs e os de Renata Tebaldi tornaram-se célebres, chegando mesmo em alguns casos às vias de facto.
Apesar destas características, Callas entrou para a história da ópera
por suas inigualáveis habilidades cénicas. Levando à perfeição a
habilidade de alterar a "cor" da voz com o objetivo de expressar
emoções, e explorando cada oportunidade de representar no palco as
minúcias psicológicas de suas personagens, Callas mostrou que era
possível imprimir dramatismo mesmo em papéis que exigiam grande
virtuosismo vocal por parte do intérprete - o que usualmente
significava, entre as grandes divas da época, privilegiar o canto em
detrimento da cena.
Muitos consideram que seu estilo de interpretação imprimiu uma
revolução sem precedentes na ópera. Segundo este ponto de vista, Callas
seria tributária da importância que assumiram contemporaneamente os
aspetos cénicos das montagens. Em particular, é claramente percetível
desde a segunda metade do século XX
uma tendência entre os cantores em favor da valorização de sua
formação dramática e de sua figura cénica - que se traduz, por exemplo,
na constante preocupação em manter a forma física. Em última análise,
esta tendência foi responsável pelo surgimento de toda uma geração de
sopranos que, graças às suas habilidades de palco, poderiam ser
considerados legítimos herdeiros de Callas, tais como Joan Sutherland ou Renata Scotto.
Georges Bizet, nascido Alexandre César Léopold Bizet, (Paris, 25 de outubro de 1838 - Bougival, 3 de junho de 1875) foi um compositorfrancês, principalmente de óperas. Numa curta carreira, devido à sua prematura morte, atingiu poucos sucessos antes do seu trabalho final, Carmen, que se viria a tornar uma das mais populares e frequentemente interpretadas óperas no repertório operístico.
Durante uma brilhante carreira como estudante no Conservatório de Paris, Bizet venceu muitas competições, incluindo o prestigiado Prix de Roma
em 1857. Ele foi reconhecido como um excelente pianista, embora ele
optou por não aproveitar essa habilidade e raramente tocava em
público. Retornando a Paris, após quase três anos na Itália, ele
descobriu que os principais teatros de ópera parisiense preferia o
repertório clássico, estabelecido pelas obras recém-compostas. As
suas composições orquestrais e para piano foram igualmente ignoradas
e, como resultado disto, a sua carreira paralisou e ele ganhava a
vida organizando e transcrevendo a música dos outros. Começou muitos
projetos teatrais durante a década de 1860, a maioria das quais foram
abandonadas. Duas óperas suas dominaram os palcos - Les pêcheurs de perles e La jolie fille de Perth - foram sucessos imediatos.
Após a Guerra Franco-Prussiana
de 1870 até 1871, onde serviu na Guarda Nacional, ele teve
pequenos sucessos com a ópera em um ato Djamileh e uma suite orquestral
derivada da sua música incidental tornou-se instantaneamente
popular, L'Arlésienne. A produção da última ópera de Bizet, Carmen, foi adiada, por temor de que os seus temas de traição e assassinato ofendessem o público. Após a première,
a três de março de 1875, Bizet ficou convencido de que o trabalho era um
falhanço, morrendo de ataque cardíaco três meses depois, sem saber
de que se tornaria um sucesso espetacular e duradouro.
O casamento de Bizet com Geneviève Halévy foi intermitentemente feliz e
deu origem um filho. Após a sua morte, os seus trabalhos, exceto Carmen,
foram geralmente negligenciados. Manuscritos foram doados ou
perdidos e versões dos seus trabalhos foram frequentemente revistos e
adaptadas por outras mãos. Ele não fundou nenhuma escola e não
deixou nenhum discípulo ou sucessor. Após anos de negligência, os
seus trabalhos começaram a ser interpretados com mais frequência no século XX.
Mais tarde, comentários aclamando o compositor como brilhante e
génio começaram a surgir, dizendo que a morte prematura foi uma perda
significativa para o teatro musical francês.
Aristóteles Sócrates Onassis nasceu numa família grega que vivia em Esmirna,
região da Ásia Menor onde muitos gregos moravam e que, depois da Primeira
Guerra Mundial, era território grego, e que se dedicava ao comércio de tabaco. Em 1922, após uma tentativa frustrada de invadir Istambul,
o governo grego perdeu o controle que estabelecera em Esmirna em 1919 e
aceitou uma troca de civis. Cerca de 400 mil turcos que habitavam na Grécia
voltaram para a sua terra de origem, enquanto que um milhão de helenos
chegaram à Grécia como refugiados. A família de Onassis estava nesse
grupo.
Em 1927, partiu em direção à Argentina como refugiado, onde tentaria uma nova vida. Em Buenos Aires, falsificou a sua identidade para "envelhecer" seis anos e ter condições legais de trabalhar. Tornou-se telefonista
da British United River Plate Telephone Company e, nas horas vagas,
estudava por conta própria o mercado financeiro. Com os poucos lucros
obtidos pela especulação, pôde comprar roupas sofisticadas, passando a
frequentar discretamente a alta sociedade portenha.
Aos poucos, os ganhos de Onassis se tornaram mais significativos
e, com a ajuda de seu pai, que permanecera na Grécia, aventurou-se na
importação de tabaco turco. A ideia surgiu após Onassis ouvir uma
conversa telefónica entre um distribuidor de filmes argentino e um
executivo do estúdio Paramount Pictures, onde comentavam uma declaração do ator Rodolfo Valentino
sobre as coisas do Oriente estarem em evidência naquele momento.
Onassis também considerou que o tabaco turco faria sucesso entre as
mulheres, por ser mais suave que o cubano. Enganado por um empresário
argentino, perdeu tudo o que possuía. O seu contacto com a terra natal
aumentou, e ele decidiu manter-se na exportação de tabaco. Para ampliar a
sua capacidade de transporte de tabaco, obteve empréstimos e comprou
dois navios no Canadá.
Após um problema burocrático no porto de Roterdão, Onassis trocou a bandeira de seus barcos, agora com registo do Panamá.
Com isso, trâmites como número de tripulantes, impostos e tipo de carga
passaram a ser resolvidos com mais rapidez, tornando mais baratos os seus processos.
Sempre humilde, persistente e criativo, conseguia empréstimos bancários
com constância, aumentando o tamanho de sua frota.
Em 1946, casou-se com Athina Livanos, filha de Stavros Livanos, outro empresário grego do setor de marinha mercante. Mudou-se para os Estados Unidos, onde ganhou espaço no mercado de petroleiros e baleeiros. Em 1956, vendeu a sua frota baleeira a japoneses e, com o lucro, comprou navios petroleiros e fundou a companhia aérea Olympic Airways,
tornando-se o homem mais rico do mundo. Após diversas negociações com o
governo grego, a empresa obteve privilégios para se tornar a linha
aérea nacional da Grécia, mesmo sendo propriedade privada.
Em 1959, Onassis iniciou um longo romance com a soprano americana Maria Callas.
No ano seguinte, divorciou-se de Athina. A artista chegou a suspender a
sua carreira para acompanhar o empresário, até que o
grego anunciou o seu casamento com Jacqueline Kennedy, viúva do ex-presidente dos Estados UnidosJohn F. Kennedy, em 1968. Deprimida, Callas praticamente se retirou.
Na década de 70, o jornal britânico The Times
considerou a fortuna do bilionário grego "incomensurável" e Onassis
tornou-se o homem mais rico do mundo. Até hoje, foi o que mais tempo
permaneceu nessa posição.
A Olympic Airways sobrevivia com dificuldades, mas a família
Onassis quis mantê-la, dividindo-a em duas empresas. Com a morte de seu
filho Alexander Onassis,
num acidente aéreo em 1974, Aristóteles ficou extremamente abalado e
decidiu vender a Olympic Airways ao governo grego, que fez dessa
companhia um sucesso. A fortuna de Onassis passou a ser considerada
colossal.
Morte
Os negócios
com os petroleiros estavam bem, mas a saúde do milionário deteriorava.
Onassis morreu em 15 de março de 1975 em Neuilly-sur-Seine, França,
devido a complicações após uma cirurgia para tratar uma pneumonia, complicação de sua miastenia grave. Encontra-se sepultado na Ilha de Skorpios, na Grécia. A sua fortuna para Christina Onassis, a sua única filha. Ela morreu em Buenos Aires em 1988, e a neta, Athina Roussel,
acabou herdando a fortuna estimada, na altura, em 200 milhões de dólares.
Maria Callas (Nova Iorque, 2 de dezembro de 1923 - Paris, 16 de setembro de 1977) foi uma cantora lírica americana de ascendênciagrega, considerada a maior celebridade da Ópera no século XX e a maior soprano e cantora
de todos os tempos. Apesar de também famosa pela sua vida pessoal, o
seu legado mais duradouro deve-se ao impulso a um novo estilo de atuação
nas produções operáticas, à raridade e diferença do seu tipo de voz e
ao resgate de óperas há muito esquecidas do bel canto, estreladas por ela.
Biografia
Nascida Maria Cecilia Sofia Anna Kalogeropoulou, Callas era filha de imigrantes gregos e, devido a dificuldades económicas, teve que regressar à Grécia, com a sua mãe, em 1937. Estudou canto no Conservatório de Atenas, com a soprano coloraturaElvira de Hidalgo.
Callas começou a despontar no cenário lírico em 1948, com uma interpretação bastante notável para a protagonista da ópera Norma, de Bellini, em Florença.
Todavia, sua carreira só viria a projetar-se à escala mundial no ano
seguinte, quando a cantora surpreendeu crítica e público ao alternar, na
mesma semana, récitas de I Puritani, de Bellini, e Die Walküre, de Wagner. Ela preparara o papel de Elvira
para a primeira ópera em apenas dois dias, a convite de Serafin, para
substituir quem realmente faria aquele papel. Para se ter ideia do seu
feito, é o mesmo que pedir para Birgit Nilsson, famosa soprano
dramático para cantar Violetta em La Traviata, e como Callas não teve
tempo para aprender o libretto completo, apenas a música, tanto que o
ponto lhe soprou o texto.
A partir dos anos 1950, Callas começou a apresentar-se regularmente nas mais importantes casas de espetáculo dedicadas à ópera, tais como La Scala, Covent Garden e Metropolitan.
São os seus anos áureos e, ao lado de sua fama como cantora
internacional, também vai sua fama de temperamental, muitas vezes
excessivamente por causa do seu perfecionismo. Famosa foi a sua
rivalidade com Renata Tebaldi
e as disputas públicas, através de declarações para jornais, que
várias vezes lhe renderam a primeira página, assim como seus triunfos
operáticos. Era uma figura extremamente pública e contribuiu para
reacender o estrelato da ópera e dos seus intérpretes. Alguns críticos
inclusive afirmam que até nas gravadoras havia uma divisão, para acirrar
as disputas entre Callas e Tebaldi, e para influenciar as comparações
entre gravações feitas por Tebaldi ao lado do tenor Del Monaco, e
Callas ao lado de Di Stefano. A sua voz começou a apresentar sinais de
declínio no final dessa década, e a cantora diminuiu consideravelmente
as suas participações em montagens de óperas completas, limitando sua
carreira a recitais e noites de gala e terminando por abandonar os
palcos em 1965. O seu abandono deveu-se em grande parte ao desequilíbrio emocional da cantora, que ao conhecer o magnata gregoAristóteles Onassis,
dedica-se integralmente ao seu amado, afirmando ter começado ali sua
vida de verdade. Foi quando ela parou de ensaiar, adiou e cancelou
apresentações, se tornou figura constante em noites de festa, bebendo
inclusive, coisas que contribuíram para o declínio de sua voz e o fim da
carreira. Em 1964, encorajada pelo cineastaitalianoFranco Zefirelli, volta aos palcos em sua maior criação, Tosca, no Convent Garden, tendo como seu parceiro o amigo de longa data Tito Gobbi. Essa versão da Tosca está disponível em DVD (apenas o segundo ato) e em CD (completa) e entrou para a história do mundo operático. A sua última apresentação em uma ópera completa foi como Norma,
em Paris, no ano de 1965, e, devido à sua saúde vocal debilitada, não
aguentou até ao fim, desmaiando ao cair da cortina no fim da terceira
parte.
No início dos anos 70 passou a dedicar-se ao ensino de música na Juilliard School. Em 1974, entretanto, retornou aos palcos, para realizar uma série de concertos pela Europa, Estados Unidos e Extremo Oriente ao lado do tenorGiuseppe di Stefano.
Com sucesso no público, o programa foi todavia massacrado pela crítica
especializada. A voz já não era a mesma, mas o que mantinha o público
firme nas apresentações era o amor. A sua atuação foi prejudicada, pois
uma vez que tinha que fazer muito mais esforço para manter a afinação, a
entrega à interpretação não foi tão subtil como no passado.
Cantou em público pela última vez, a 11 de novembro de 1974, no Japão.
Onassis, então casado com Mrs. Kennedy, tem sérios problemas de saúde e
vem a falecer. Callas começa agora um período de isolamento e, afastada
do mundo, passa a viver na Avenue Georges Mandel, em Paris, com a
companhia da governanta, Bruna, e do motorista, Ferruccio. Um possível
regresso é ensaiado e preparada pelo cineastaFranco Zefirelli,
mas Callas não tem mais a segurança do passado, pois faltava-lhe a
vontade. Tenta realmente outras funções, como professora, diretora
artística, mestre de coral, mas nada a satisfazia. Não sabia sequer
como deslocar um coro. Começa a impor exigências absurdas para que
aconteçam as apresentações. Essa é agora sua maneira de dizer não,
exigindo o impossível. Uma gravação da Traviata, com o tenor em
ascensão Luciano Pavarotti
é estudada, mas o projeto logo é abandonado por Maria. Amigos ainda a
visitam com frequência. Giulini (maestro), o crítico John Ardoin, mas
Callas ja está "morta" há muito tempo, e, em 16 de setembro de 1977, ela
simplesmente deixa de existir, pouco antes de completar 54 anos, no
seu apartamento em Paris, por causa de um ataque cardíaco.
As suas cinzas foram atiradas ao Mar Egeu, como era a sua vontade.
Vida pessoal
Maria Callas foi a mais controversa e possivelmente a mais dedicada
intérprete lírica. Com uma voz de considerável alcance, Callas encantou
nos teatros mundiais de maior destaque. Esta intérprete, senhora de
raros dotes vocais e interpretativos, revolucionou o mundo da Ópera,
trazendo-a novamente às origens. Para Maria Callas a expressão vocal era
primordial, em detrimento dos exageros vocais injustificados - tudo na
Ópera tem que fazer sentido visando a dar ao público algo que o mova,
algo credível.
Esta foi a mais destacada e famosa cantora lírica, e fez jus à sua
fama, pois interpretou várias dezenas de Óperas de diversíssimos
estilos. Callas perpetuou-se em papéis como Medea, Norma, Tosca, Violetta, Lucia, Gioconda, Amina, entre outros, continuando, nestes papéis, a não existir nenhuma artista que lhe faça sombra.
Um dos aspectos que certamente contribuiu para a lenda que se formou em
torno de Maria Callas diz respeito à sua conturbada vida pessoal. Dona
de um temperamento forte, que parecia a correlação perfeita para a
intensa carga dramática com que costumava abordar as suas personagens no
palco, tornou-se famosa por indispor-se com maestros e colegas em
nome de suas crenças estéticas.
Em 1958, após ter abandonado uma récita de Norma na Ópera de Roma
doente, foi fortemente atacada pela imprensa italiana, que julgou que a
soprano queria ofender o presidente italiano, presente na plateia. O
escândalo comprometeu a sua carreira na Itália e, no mesmo ano, entrou
em disputa com Antonio Ghiringhelli, responsável pelo La Scala, que não mais a queria no teatro. Somente voltou a apresentar-se no La Scala em 1960, na ópera Poliuto de Donizetti; ainda em 1958, foi sumariamente demitida do Metropolitan por Rudolf Bing, que desejava que ela alternasse apresentações de La Traviata e Macbeth, óperas de Verdi
com exigências vocais muito distintas para a soprano. À exigência de
Bing, Callas, numa réplica célebre, respondeu que a sua voz não era um
elevador.
Em 1959, rompeu um casamento de dez anos com seu empresário, G. B.
Meneghini, muito mais velho do que ela. Manteve, em seguida, uma tórrida
relação com o milionário grego Aristoteles Onassis, com quem não foi feliz e que rendeu variado material para jornais tabloides sensacionalistas.
Trabalhava intensamente e em mais de uma ocasião subiu aos palcos
contra a recomendação dos seus médicos. Com uma forte constipação,
escapou em 2 de janeiro de 1958 da Ópera de Roma pela porta dos fundos após um primeiro ato sofrível de Norma, de Bellini, numa récita prestigiada pelo então presidente da Itália, Giovanni Gronchi, o que gerou o escândalo acima referido. Em 29 de maio de 1965,
ao concluir a primeira cena do segundo ato de Norma, Callas desfaleceu
e a apresentação foi interrompida. Depois disso, ela só cantaria em
ópera mais uma vez, numa última apresentação de Tosca no Covent Garden de Londres, ao lado de Tito Gobbi.
Poucos sopranos podem rivalizar com Callas no que diz respeito à
capacidade de despertar reações intensas entre seus admiradores e
detratores. Elevada à categoria de "mito" e conhecida mesmo fora do
círculo de amantes de ópera,
ela criou em torno de si uma legião de entusiastas capazes de defender
a todo custo os méritos da cantora. Apesar da mútua amizade, as
disputas entre seus fãs e os de Renata Tebaldi tornaram-se célebres, chegando mesmo em alguns casos às vias de facto.
Apesar destas características, Callas entrou para a história da ópera
por suas inigualáveis habilidades cénicas. Levando à perfeição a
habilidade de alterar a "cor" da voz com o objetivo de expressar
emoções, e explorando cada oportunidade de representar no palco as
minúcias psicológicas de suas personagens, Callas mostrou que era
possível imprimir dramatismo mesmo em papéis que exigiam grande
virtuosismo vocal por parte do intérprete - o que usualmente
significava, entre as grandes divas da época, privilegiar o canto em
detrimento da cena.
Muitos consideram que seu estilo de interpretação imprimiu uma
revolução sem precedentes na ópera. Segundo este ponto de vista, Callas
seria tributária da importância que assumiram contemporaneamente os
aspetos cénicos das montagens. Em particular, é claramente percetível
desde a segunda metade do século XX
uma tendência entre os cantores em favor da valorização de sua
formação dramática e de sua figura cénica - que se traduz, por exemplo,
na constante preocupação em manter a forma física. Em última análise,
esta tendência foi responsável pelo surgimento de toda uma geração de
sopranos que, graças às suas habilidades de palco, poderiam ser
considerados legítimos herdeiros de Callas, tais como Joan Sutherland ou Renata Scotto.
Maria Callas (Nova Iorque, 2 de dezembro de 1923 - Paris, 16 de setembro de 1977) foi uma cantora lírica norte-americana de ascendênciagrega, considerada a mais influente cantora de ópera
de renome do século XX e a maior soprano de todos os tempos. Apesar de também famosa pela sua vida
pessoal, o seu legado mais duradouro deve-se ao impulso a um novo
estilo de atuação nas produções operáticas, à raridade e diferença do
seu tipo de voz e ao resgate de óperas há muito esquecidas do bel canto, estreladas por ela.
Biografia
Nascida Maria Cecilia Sofia Anna Kalogeropoulou, Callas era filha de imigrantes gregos e, devido a dificuldades económicas, teve que regressar à Grécia com a sua mãe, em 1937. Estudou canto no Conservatório de Atenas, com a soprano coloraturaElvira de Hidalgo.
Callas começou a despontar no cenário lírico em 1948, com uma interpretação bastante notável para a protagonista da ópera Norma, de Bellini, em Florença.
Todavia, sua carreira só viria a projetar-se à escala mundial no ano
seguinte, quando a cantora surpreendeu crítica e público ao alternar,
na mesma semana, récitas de I Puritani, de Bellini, e Die Walküre, de Wagner. Ela preparara o papel de Elvira
para a primeira ópera em apenas dois dias, a convite de Serafin, para
substituir quem realmente faria aquele papel. Para se ter ideia do
seu feito, é o mesmo que pedir para Birgit Nilsson, famosa soprano
dramático para cantar Violetta em La Traviata, e como Callas não teve
tempo para aprender o libretto completo, apenas a música, tanto que o
ponto lhe soprou o texto.
A partir dos anos 1950, Callas começou a apresentar-se regularmente nas mais importantes casas de espetáculo dedicadas à ópera, tais como La Scala, Covent Garden e Metropolitan.
São os seus anos áureos e, ao lado de sua fama como cantora
internacional, também vai sua fama de temperamental, muitas vezes
excessivamente por causa do seu perfecionismo. Famosa foi a sua
rivalidade com Renata Tebaldi
e as disputas públicas, através de declarações para jornais, que
várias vezes lhe renderam a primeira página, assim como seus triunfos
operáticos. Era uma figura extremamente pública e contribuiu para
reacender o estrelato da ópera e dos seus intérpretes. Alguns críticos
inclusive afirmam que até nas gravadoras havia uma divisão, para
acirrar as disputas entre Callas e Tebaldi, e para influenciar as
comparações entre gravações feitas por Tebaldi ao lado do tenor Del
Monaco, e Callas ao lado de Di Stefano. A sua voz começou a apresentar
sinais de declínio no final dessa década, e a cantora diminuiu
consideravelmente as suas participações em montagens de óperas
completas, limitando sua carreira a recitais e noites de gala e
terminando por abandonar os palcos em 1965. O seu abandono deveu-se em grande parte ao desequilíbrio emocional da cantora, que ao conhecer o magnata gregoAristóteles Onassis,
dedica-se integralmente ao seu amado, afirmando ter começado ali sua
vida de verdade. Foi quando ela parou de ensaiar, adiou e cancelou
apresentações, se tornou figura constante em noites de festa, bebendo
inclusive, coisas que contribuíram para o declínio de sua voz e o fim da
carreira. Em 1964, encorajada pelo cineastaitalianoFranco Zefirelli, volta aos palcos em sua maior criação, Tosca, no Convent Garden, tendo como seu parceiro o amigo de longa data Tito Gobbi. Essa versão da Tosca está disponível em DVD (apenas o segundo ato) e em CD (completa) e entrou para a história do mundo operático. A sua última apresentação em uma ópera completa foi como Norma,
em Paris, no ano de 1965, e, devido à sua saúde vocal debilitada, não
aguentou até ao fim, desmaiando ao cair da cortina no fim da terceira
parte.
No início dos anos 1970, passou a dedicar-se ao ensino de música na Juilliard School. Em 1974, entretanto, retornou aos palcos para realizar uma série de concertos pela Europa, Estados Unidos e Extremo Oriente ao lado do tenorGiuseppe di Stefano.
Com sucesso no público, o programa foi todavia massacrado pela crítica
especializada. A voz já não era a mesma, mas o que mantinha o público
firme nas apresentações era o amor. A sua atuação foi prejudicada,
pois uma vez que tinha que fazer muito mais esforço para manter a
afinação, a entrega à interpretação não foi tão subtil como no
passado.
Cantou em público pela última vez, a 11 de novembro de 1974, no Japão.
Onassis, então casado com Mrs. Kennedy, tem sérios problemas de saúde e
vem a falecer. Callas começa agora um período de isolamento e,
afastada do mundo, passa a viver na Avenue Georges Mandel, em Paris,
com a companhia da governanta, Bruna, e do motorista, Ferruccio. Um
possível regresso é ensaiado e preparada pelo cineastaFranco Zefirelli,
mas Callas não tem mais a segurança do passado, pois faltava-lhe a
vontade. Tenta realmente outras funções, como professora, diretora
artística, mestre de coral, mas nada a satisfazia. Não sabia sequer
como deslocar um coro. Começa a impor exigências absurdas para que
aconteçam as apresentações. Essa é agora sua maneira de dizer não,
exigindo o impossível. Uma gravação da Traviata, com o tenor em
ascensão Luciano Pavarotti
é estudada, mas o projeto logo é abandonado por Maria. Amigos ainda a
visitam com frequência. Giulini (maestro), o crítico John Ardoin, mas
Callas ja está "morta" há muito tempo, e, em 16 de setembro de 1977,
ela simplesmente deixa de existir, pouco antes de completar 54 anos,
no seu apartamento, em Paris, por causa de um ataque cardíaco.
As suas cinzas foram atiradas ao Mar Egeu, como era a sua vontade.
Vida pessoal
Maria Callas foi a mais controversa e possivelmente a mais dedicada
intérprete lírica. Com uma voz de considerável alcance, Callas encantou
nos teatros mundiais de maior destaque. Esta intérprete, senhora de
raros dotes vocais e interpretativos, revolucionou o mundo da Ópera,
trazendo-a novamente às origens. Para Maria Callas a expressão vocal era
primordial, em detrimento dos exageros vocais injustificados - tudo
na Ópera tem que fazer sentido visando a dar ao público algo que o
mova, algo credível.
Esta foi a mais destacada e famosa cantora lírica, e fez jus à sua
fama, pois interpretou várias dezenas de Óperas de diversíssimos
estilos. Callas perpetuou-se em papéis como Medea, Norma, Tosca, Violetta, Lucia, Gioconda, Amina, entre outros, continuando, nestes papéis, a não existir nenhuma artista que lhe faça sombra.
Um dos aspetos que certamente contribuiu para a lenda que se formou em
torno de Maria Callas diz respeito à sua conturbada vida pessoal.
Dona de um temperamento forte, que parecia a correlação perfeita para a
intensa carga dramática com que costumava abordar as suas personagens
no palco, tornou-se famosa por indispor-se com maestros e colegas em
nome de suas crenças estéticas.
Em 1958, após ter abandonado uma récita de Norma na Ópera de Roma
doente, foi fortemente atacada pela imprensa italiana, que julgou que a
soprano queria ofender o presidente italiano, presente na plateia. O
escândalo comprometeu sua carreira na Itália e, no mesmo ano, ela
entrou em disputa com Antonio Ghiringhelli, dirigente do La Scala, que não mais a queria no teatro. Somente voltou a apresentar-se no La Scala em 1960, na ópera Poliuto de Donizetti; ainda em 1958, foi sumariamente demitida do Metropolitan por Rudolf Bing, que desejava que ela alternasse apresentações de La Traviata e Macbeth, óperas de Verdi
com exigências vocais muito distintas para a soprano. À exigência de
Bing, Callas, numa réplica célebre, respondeu que a sua voz não era um
elevador.
Em 1959, rompeu um casamento de dez anos com seu empresário, G. B.
Meneghini, muito mais velho do que ela. Manteve, em seguida, uma tórrida
relação com o milionário grego Aristoteles Onassis, com quem não foi feliz e que rendeu variado material para jornais tablóides sensacionalistas.
Trabalhava intensamente e em mais de uma ocasião subiu aos palcos
contra a recomendação dos seus médicos. Com uma forte constipação,
escapou em 2 de janeiro de 1958 da Ópera de Roma pela porta dos fundos após um primeiro ato sofrível de Norma, de Bellini, em uma récita prestigiada pelo então presidente da Itália, Giovanni Gronchi, o que gerou o escândalo acima referido. Em 29 de maio de 1965,
ao concluir a primeira cena do segundo ato de Norma, Callas
desfaleceu e a apresentação foi interrompida. Depois disso, ela só
cantaria em ópera mais uma vez, numa última apresentação de Tosca no Covent Garden de Londres, ao lado de Tito Gobbi.
Poucos sopranos podem rivalizar com Callas no que diz respeito à
capacidade de despertar reações intensas entre seus admiradores e
detratores. Elevada à categoria de "mito" e conhecida mesmo fora do
círculo de amantes de ópera,
ela criou em torno de si uma legião de entusiastas capazes de
defender a todo custo os méritos da cantora. Apesar da mútua amizade,
as disputas entre seus fãs e os de Renata Tebaldi tornaram-se célebres, chegando mesmo em alguns casos às vias de facto.
Apesar destas características, Callas entrou para a história da ópera
por suas inigualáveis habilidades cénicas. Levando à perfeição a
habilidade de alterar a "cor" da voz com o objetivo de expressar
emoções, e explorando cada oportunidade de representar no palco as
minúcias psicológicas de suas personagens, Callas mostrou que era
possível imprimir dramatismo mesmo em papéis que exigiam grande
virtuosismo vocal por parte do intérprete - o que usualmente
significava, entre as grandes divas da época, privilegiar o canto em
detrimento da cena.
Muitos consideram que seu estilo de interpretação imprimiu uma
revolução sem precedentes na ópera. Segundo este ponto de vista, Callas
seria tributária da importância que assumiram contemporaneamente os
aspetos cénicos das montagens. Em particular, é claramente percetível
desde a segunda metade do século XX
uma tendência entre os cantores em favor da valorização de sua
formação dramática e de sua figura cénica - que se traduz, por exemplo,
na constante preocupação em manter a forma física. Em última análise,
esta tendência foi responsável pelo surgimento de toda uma geração de
sopranos que, graças às suas habilidades de palco, poderiam ser
considerados legítimos herdeiros de Callas, tais como Joan Sutherland ou Renata Scotto.