Dmitri Ivanovich Mendeleev, também grafado
Mendeleiev, (
Tobolsk,
8 de fevereiro de
1834 -
São Petersburgo,
2 de fevereiro de
1907), foi um
químico russo, criador da primeira versão da
tabela periódica dos
elementos químicos, prevendo as propriedades de elementos que ainda não tinham sido descobertos.
Vida e obraDmitri I. Mendeleev nasceu na cidade de
Tobolsk na
Sibéria. Era o filho mais novo de uma família de 17 irmãos. O seu pai,
Ivan Pavlovich Mendeleev era
diretor da
escola da sua terra, perdeu a
visão no mesmo ano do seu nascimento. e, como consequência, perdeu o seu trabalho.
Já que o seu pai recebia uma
pensão insuficiente, a sua mãe
Maria Dmitrievna Mendeleeva, passou a dirigir uma
fábrica de
cristais fundada pelo seu avô,
Pavel Maximovich Sokolov. Na escola, desde cedo destacou-se em
Ciências (nem tanto em
ortografia). Um cunhado,
exilado por motivos políticos e um químico da fábrica inspiraram a sua
paixão pela ciência. Depois da morte do seu pai, um incêndio destruiu a fábrica de cristais. A sua mãe decidiu não reconstruir a fábrica mas sim investir as suas
economias na
educação do filho.
Nessa época todos os seus irmãos, exceto uma irmã, já viviam independentemente. A sua mãe então mudou-se, com ambos, para
Moscovo, a fim de que ele ingressasse na
Universidade de Moscovo, o que não conseguiu, pois, talvez devido ao clima
político vivido pela Rússia naquele momento, a universidade só admitia moscovitas.
Foram então para
São Petersburgo, onde a situação era precisamente a mesma, não se admitiam estudantes de outras regiões, porém a sua mãe descobriu que o diretor do Instituto Pedagógico Central (principal escola formadora de
professores da Rússia da época) era amigo de seu falecido marido, portanto, onde a
burocracia frustrava, o favoritismo mandava e Dmitri conseguiu uma vaga.
O Instituto Pedagógico Central ficava nos mesmos prédios da Universidade de São Petersburgo e tinha em seu quadro docente muitos professores da própria universidade, dentre eles o famoso físico alemão
Heinrich Lenz. Interessou-se pela química graças ao prestigiado professor Alexander Voskresenki, que passou os seus últimos anos de vida numa
enfermaria devido a um
falso diagnóstico de
tuberculose. Ainda assim
graduou-se, em 1855, como primeiro de sua classe.
Em 1859 conseguiu uma
verba do governo para estudar no exterior durante dois anos. Primeiro foi a
Paris estudar, sob a tutela de
Henri Victor Regnault, um dos maiores experimentalistas europeus da época (consta que Regnault havia feito várias descobertas importantes, como o
princípio da conservação de energia, mas seus estudos haviam sido destruídos e Regnault não conseguiu recuperar os dados antes de sua morte).
No ano seguinte, Mendeleev seguiu para a
Alemanha, estudar com
Gustav Kirchhoff e
Robert Bunsen, inventores do
espectroscópio - importante instrumento para descoberta de novos elementos daquela época - e do até hoje utilizado
bico de Bunsen.
O comportamento explosivo de Mendeleev tornou-se a sua ruína. Com pouquíssimo tempo de convivência, brigou com Kirchoff e desistiu das aulas, porém, continuou na Alemanha onde residia em um pequeno
apartamento que transformou em
laboratório. Neste laboratório improvisado, trabalhando sozinho, limitou-se a estudar a dissolução do
álcool em
água e fez importantes descobertas sobre
estruturas atómicas,
valência e propriedades dos
gases.
Em 1860, pouco antes de voltar à Rússia, participou do 1º Congresso Internacional de Química da Alemanha, em
Karlsruhe, onde foi decido, por influência do químico
italiano Stanislao Cannizzaro, que o padrão de abordagem dos
elementos químicos seria o
peso atómico.
Casa-se pela primeira vez, por pressão da irmã, em 1862 com
Feozva Nikítichna Lescheva, com a qual teve três filhos, um dos quais faleceu precocemente. Esta foi uma união infeliz e, em 1871, separaram-se. Casou-se, pela segunda vez, em 1882, com
Ana Ivánovna Popova, 26 anos mais jovem. Tiveram quatro filhos. Teve de enfrentar a oposição da família de Ana e o facto de que Feozva se negava a dar-lhe o
divórcio.
Em 1869, enquanto escrevia o seu
livro de
química inorgânica, Dmitri Ivanovich Mendeleev organizou os elementos na forma da tabela periódica actual. Ele criou uma carta para cada um dos 63 elementos conhecidos. Cada carta continha o
símbolo do elemento, a
massa atómica e as suas propriedades químicas e
físicas. Colocando as cartas numa mesa, organizou-as em ordem crescente de massas atómicas, agrupando-as em elementos de propriedades semelhantes. Tinha então acabado de formar a tabela periódica.
Tabela periódica de Mendeleev, na 1ª edição inglesa do seu livro (de 1891, baseada na 5ª edição russa)
Esta tabela de Mendeleev tinha algumas vantagens sobre outras tabelas ou
teorias antes apresentadas, mostrando semelhanças numa rede de relações vertical, horizontal e diagonal. A classificação de Mendeleev deixava ainda espaços vazios, prevendo a descoberta de novos elementos.
A tabela de Mendeleev serviu de base para a elaboração da actual tabela periódica, que além de catalogar 118 elementos conhecidos, fornece inúmeras informações sobre o comportamento de cada um.
Mendeleev ordenou os 60 elementos químicos conhecidos, na sua época, pela ordem crescente de peso atómico, de forma que, em uma linha vertical, ficavam os elementos com propriedades químicas semelhantes, constituindo os grupos verticais, ou as chamadas famílias químicas. O trabalho de Mendeleev foi um trabalho audacioso e um exemplo extraordinário de intuição científica. De todos os trabalhos apresentados que tiveram influência na tabela periódica, o de Mendeleev teve maior perspicácia.
Em 1955, o elemento atómico n.º 101 da tabela periódica recebeu o nome
Mendelévio (
Md), em sua homenagem.