segunda-feira, janeiro 06, 2020

Dizzy Gillespie morreu há 27 anos

    
John Birks Gillespie, conhecido como Dizzy Gillespie, (Cheraw, 21 de outubro de 1917 - Englewood, 6 de janeiro de 1993) foi um trompetista, líder de orquestra, cantor e compositor de jazz, sendo, a par de Charlie Parker, uma das maiores figuras no desenvolvimento do movimento bebop no jazz moderno.
Nascido na Carolina do Sul, Dizzy era um instrumentista virtuoso e um improvisador dotado. A juntar às suas capacidades instrumentais, os seus óculos, a sua forma de cantar e tocar (com as bochechas extremamente inchadas), o seu trompete recurvo e a sua personalidade alegre faziam dele uma pessoa especial, dando um aspecto humano àquilo que muitos, incluindo alguns dos seus criadores, classificavam como música assustadora.
Em relação à forma de tocar, Gillespie construiu a sua interpretação a partir do estilo "saxofónico" de Roy Eldridge indo depois muito além deste. As suas marcas pessoais eram o seu trompete (com a campânula inclinada 45º em vez de ser a direito) e as suas bochechas inchadas (tradicionalmente os trompetistas são ensinados a não fazer “bochechas”).
Para além do seu trabalho com Parker, Dizzy Gillespie conduziu pequenos agrupamentos e big bands e aparecia frequentemente como solista com a Norman Granz's Jazz at the Philharmonic. No início da sua carreira tocou com Cab Calloway, que o despediu por tocar “música chinesa”, a lendária big band de Billy Eckstine deu a estas harmonias atípicas uma melhor cobertura.
Nos anos 40, Gillespie liderou o movimento da música afro-cubana, trazendo elementos latinos e africanos para o jazz, e até para a música pop, em particular a salsa. Das suas numerosas composições destacam-se os clássicos do jazz "Manteca", "A Night in Tunisia", "Birk's Works", e "Con Alma".
Dizzy Gillespie publicou a sua autobiografia em 1979, To Be or not to Bop (ISBN 0306802368), e seria vítima de um cancro, no início de 1993, sendo sepultado no Flushing Cemetery em Queens, Nova Iorque.
Tem uma estrela com o seu nome na Calçada da Fama em Hollywood, no número 7057 da Hollywood Boulevard.
     
  

domingo, janeiro 05, 2020

Carlos Aboim Inglez nasceu há noventa anos

 
(imagem daqui)
   
Carlos Aboim Inglez (Lisboa, 5 de janeiro de 1930 - Lisboa, 13 de fevereiro de 2002) foi um intelectual comunista português, militante e dirigente do PCP. Entrou no partido apenas com 16 anos, em 1946. Preocupou-se, nos últimos anos de vida, sobre o tema da globalização, sob uma perspectiva marxista, articulando-a com a noção de fases na mundialização do capitalismo e a noção de imperialismo.
Em 1953 (com 23 anos) tornou-se funcionário do PCP, o que significava, nessa altura, e durante mais de duas décadas ainda, passar à clandestinidade. Esteve preso durante o regime do Estado Novo (altura em que tentou traduzir a "Fenomenologia do Espírito" de Hegel - tendo ficado pela "Introdução"). Poeta, mostrou grande interesse pela poesia portuguesa, como se nota no facto de incluir várias notas sobre poesia no jornal comunista "Avante!", como a respeito de Sá de Miranda, Camões ou Gil Vicente. Interessava-o as relações entre o pensamento materialista e a controvérsia medieval entre o realismo e nominalismo. Postumamente, em 2003, foi publicado o seu livro de poemas “Soma pouca”.
Quando morreu, pediu para ser cremado ao som do Coro dos Escravos da Ópera Nabucco, de Verdi.
  
 
 
AO RETRATO DE CATARINA
 
 
Esses teus olhos enxutos
Num fundo cavo de olheiras
Esses lábios resolutos
Boca de falas inteiras
Essa fronte aonde os brutos
Vararam balas certeiras
Contam certa a tua vida
Vida de lida e de luta
De fome tão sem medida
Que os campos todos enluta
 
Ceifou-te ceifeira a morte
Antes da própria sazão
Quando o teu altivo porte
Fazia sombra ao patrão
Sua lei ditou-te a sorte
Negra bala foi teu pão
E o pão por nós semeado
Com nosso suor colhido
Pelo pobre é amassado
Pelo rico só repartido
 
Tanta seara continhas
Visível já nas entranhas
Em teu ventre a vida tinhas
Na morte certeza tenhas
Malditas ervas daninhas
Hão-de ter mondas tamanhas
Searas de grã estatura
De raiva surda e vingança
Crescerão da tua esperança
Ceifada sem ser madura
  
Teus destinos Catarina
Não findaram sem renovo
Tiveram morte assassina
Hão-de ter vida de novo
Na semente que germina
Dos destinos do teu povo
E na noite negra negra
Do teu cabelo revolto
nasce a Manhã do teu rosto
No futuro de olhos posto

 
  
Carlos Aboim Inglez

O Homem que deu a Democracia à Espanha faz hoje 82 anos

  
Juan Carlos da Espanha (nascido João Carlos Afonso Vítor Maria de Bourbon e Bourbon-Duas Sicílias; Roma, 5 de janeiro de 1938) foi o rei da Espanha de 22 de novembro de 1975 a 19 de junho de 2014. Nasceu na Itália, durante o exílio do seu avô, sendo filho de Juan de Borbón y Battenberg e de Maria das Mercedes de Bourbon e Orléans, Princesa das Duas Sicílias.
O seu avô, Afonso XIII, foi rei da Espanha até 1931, altura em que foi deposto pela Segunda República Espanhola. Por expresso desejo de seu pai, a sua formação fundamental desenvolveu-se na Espanha, onde chegou pela primeira vez aos 10 anos, procedente de Portugal, onde residiam os Condes de Barcelona desde 1946, na vila atlântica do Estoril, e foi aluno interno num colégio dos Marianos da cidade suíça de Friburgo.
O ditador General Francisco Franco foi quem designou João Carlos como príncipe herdeiro, em 1969, após a Espanha já ter extinto a monarquia. Após a morte de Franco, conseguiu fazer a transição pacífica do regime franquista para a monarquia e democracia parlamentar e, segundo sondagens de opinião, já gozou de muito pouca popularidade entre os espanhóis. Contudo, alguns incidentes durante o seu reinado levaram a que dois terços dos espanhóis desejassem que o Rei Juan Carlos abdicasse do trono.
Em 2 de junho de 2014, o primeiro-ministro Mariano Rajoy recebeu do monarca a sua carta de abdicação. Sucedeu-lhe o seu filho, Filipe VI, após a aprovação de uma lei orgânica tal como estabelece o artigo 57.5 do texto constitucional espanhol.
Em 11 de junho de 2014, o Parlamento Espanhol aprovou a sua abdicação, com 299 votos a favor, 19 contra e 23 abstenções.
Brasão de armas de Juan Carlos I
 

A Terra chegou ao ponto mais próximo do Sol - o periélio

(imagem daqui)

Em astronomia, o periélio, que vem de peri (à volta, perto) e hélio (Sol), é o ponto da órbita de um corpo, seja ele planeta, planeta anão, asteroide ou cometa, que está mais próximo do Sol. Quando um corpo se encontra no periélio, ele tem a maior velocidade de translação de toda a sua órbita. Quando o corpo em questão estiver orbitando qualquer outro objeto celeste que não o Sol, utiliza-se o nome genérico periastro para identificar esse ponto.
A distância entre a Terra e o Sol no periélio é de aproximadamente 147,1 milhões de quilómetros. Isto ocorre uma vez por ano, por volta de catorze dias após o solstício de dezembro, próximo do dia 3 ou 4 de janeiro.
   
    

La planète est au périhélie au point no 2. Remarque : il s'agit bien du point où la planète se trouve au plus près du Soleil, l'ellipse de l'orbite étant ici représentée de biais, non pas vue de dessus.
  
Le périhélie est le point de l'orbite d'un corps céleste (planète, comète, etc.) qui est le plus rapproché du Soleil (grec : helios) autour duquel il tourne.
Cela se dit aussi de l'époque où l'objet a atteint ce point.
L'antonyme de périhélie est aphélie.
Le périhélie est une dénomination particulière du terme générique astronomique périapside (voir cet article pour plus de détails).
   
Cas de la Terre
La Terre décrit une orbite elliptique dont le Soleil occupe un des foyers. Elle est au périhélie vers le 4 janvier, à une distance de 0,983 ua.
La date et l'heure (temps universel) de passage de la Terre au périhélie varient légèrement d'une année sur l'autre, du fait de la précession des équinoxes et de diverses perturbations apportées par la position des autres planètes du Système solaire, et du fait des particularités de notre calendrier civil.
  
Année Périhélie Aphélie
Date Heure Date Heure
2020 5 janvier 08:00 4 juillet 12:00




    
On a ci-dessous le schéma simplifié de l'orbite de la Terre autour du Soleil, montrant ces deux points particuliers que sont l'aphélie et le périhélie (l'ellipticité est volontairement exagérée sur ce schéma, l'orbite de la Terre étant en pratique très proche d'un cercle):
  
 
    
Lien avec les saisons
C'est principalement l'inclinaison de l'axe de la Terre par rapport au plan de l'écliptique qui est responsable du phénomène des saisons. Ceci étant, le fait que le périhélie tombe au début du mois de janvier et l'aphélie au début du mois de juillet a pour effet de diminuer l'écart de températures entre hiver et été dans l'hémisphère nord et à l'augmenter dans l'hémisphère sud (modification dont l'ordre de grandeur est de 1 °C).
En outre, en se basant sur les données de l'institut de mécanique céleste et de calcul des éphémérides, on peut constater que, pour l'hémisphère nord, la demi-année froide (automne-hiver) dure environ une semaine de moins que la demi-année chaude (printemps-été). Par exemple, pour 2013-2014, l'écart peut être estimé à 7 d 13 h 31 min. La raison est l'application de la deuxième loi de Kepler ou loi des aires. La Terre, en effet, tourne autour du soleil plus vite près du périhélie que de l'aphélie du fait de la gravité plus importante du Soleil.
      

Nelson Ned morreu há seis anos...

  
Nelson Ned d'Ávila Pinto (Ubá, 2 de março de 1947 - Cotia, 5 de janeiro de 2014) foi um cantor e compositor brasileiro.
Ned foi o primeiro latino-americano a vender 1 milhão de discos nos Estados Unidos, e chegou a apresentar-se ao lado de grandes nomes da música romântica internacional, como Julio Iglesias e Tony Bennett.
  
Nelson Ned d’Ávila Pinto nasceu a 2 de março de 1947, num casarão na Rua Coronel Júlio Soares, em Ubá, Minas Gerais. Como a criança não se desenvolvia, foi-lhe diagnosticada displasia espôndilo-epifisária, que o levou a ter apenas 1,12 metro de altura na fase adulta. Os seus seis irmãos nasceram sem esse distúrbio, mas os três filhos de Nelson herdaram o nanismo.
 
(...)
 
Lançou em 1996 a biografia O Pequeno Gigante da Canção, uma referência à sua condição de anão. No livro, ele contou como enfrentou a depressão no auge dea sua carreira, passou a beber e a envolveu-se com drogas.
Sofreu um acidente vascular cerebral em 2003, o que o levou a perder a visão do olho direito. Desde então, morava em uma residência adaptada para suas necessidades em São Paulo. O cantor ainda sofria de diabetes, hipertensão e estaria desenvolvendo a doença de Alzheimer.
No dia 24 de dezembro de 2013 passou a viver numa clínica de repouso na Granja Viana, Cotia, próximo de São Paulo. Poucos dias depois, em 4 de janeiro, ele deu entrada no Hospital Regional de Cotia, com uma infecção respiratória aguda, pneumonia e problemas na bexiga.
Morreu na manhã de 5 de janeiro de 2014 no Hospital Regional de Cotia, em São Paulo, devido a complicações de um quadro de pneumonia.
   
   

Marilyn Manson - 51 anos

Marilyn Manson (nome artístico de Brian Hugh Warner; Canton, 5 de janeiro de 1969) é um músico americano, líder e vocalista de uma banda epónima de Metal Industrial, conhecido por sua personalidade escandalosa. O seu nome artístico foi formado a partir dos nomes Marilyn Monroe e Charles Manson, mostrando o que ele considerava o último e mais perturbante dualismo da cultura dos Estados Unidos. Marilyn Manson, além de músico, também é pintor e já fez diversos pequenos papeis como ator em alguns filmes - além de dirigir curtas-metragens.
  

Dreyfus foi degredado há 125 anos

Em 1894, Alfred Dreyfus foi acusado de ter vendido segredos militares aos alemães. Foi preso a 15 de outubro de 1894 e, em 5 de janeiro do 1895, foi degredado, sendo-lhe retirados os galões de oficial numa cerimónia humilhante. Inicialmente condenado à prisão perpétua na Ilha do Diabo, na Guiana Francesa, foi novamente julgado por um tribunal militar, em 1899, e, de novo, condenado.
(...)
Em 13 de janeiro de 1898, no jornal L'Aurore, Émile Zola escreveu a famosa carta aberta ao presidente, com o título J'accuse! (Eu Acuso!), denunciando o Alto Comando Militar francês, os tribunais, enfim, todos os que condenaram Dreyfus, incendiando a opinião pública nacional. O escritor se apoiava no trabalho do chefe do serviço secreto francês, coronel Georges Picquart, que concluía que os documentos contra Dreyfus haviam sido falsificados.
Amnistiado por ordem do Executivo, deixou a prisão e foi viver com uma das suas irmãs, em Carpentras, e, mais tarde, em Cologny.
Foi oficialmente reabilitado em 1906. Em 15 de outubro do mesmo ano, foi-lhe dado o comando da unidade de artilharia de Saint-Denis. Contudo o exército continuou sustentando a acusação contra Dreyfus, de ser um traidor ou pelo menos suspeito de traição.
Em 4 de junho de 1908, sofreu um atentado a bala durante a cerimónia da transferência das cinzas de Émile Zola para o Panteão de Paris, ficando ferido apenas num braço. O autor do atentado Louis-Anthelme Grégori, foi absolvido da acusação de tentativa de homicídio. Foi sepultado no Cemitério do Montparnasse, em Paris.
     

sábado, janeiro 04, 2020

Michael Stipe faz hoje sessenta anos!

  
John Michael Stipe (Decatur, 4 de janeiro de 1960) é um cantor americano, vocalista da extinta banda de rock R.E.M..
Stipe é conhecido pelo seu estilo de cantar, "rangendo os seus dentes", desde o começo da sua carreira, o surrealismo complexo de suas letras e o seu ativismo político e social. Stipe e os outros membros da R.E.M. também são conhecidos por serem os pioneiros do rock alternativo, e inspiraram alguns dos grupos do cenário alternativo da década de 90, como os Nirvana, Pearl Jam e Radiohead. Também lidou com o estilo visual dos REM, geralmente selecionando a capa do álbum e orientando muitos dos vídeos de música da banda.
   
Vida e Carreira
O seu pai era um soldado do exército dos Estados Unidos, cuja carreira o  levou a mover-se com a sua família; foi um piloto de helicóptero na Guerra da Coreia e Vietname. Durante a sua infância, Stipe mudou com a família em várias ocasiões. passando pela Alemanha, Texas, Illinois, Alabama e Geórgia. Ele recebeu uma educação religiosa metodista. Aos oito anos de idade já tocava viola, acordeão e piano. Durante o ensino secundário, juntou-se a uma banda punk chamada Bad Habits. Em 1978 terminou o ensino secundário em Collinsville, Illinois; pode-se ver a sua foto de formatura no livro dos finalistas. Stipe trabalhou no Waffle House local. Mais tarde, em 1979, ele entrou na Universidade da Geórgia, onde estudou fotografia e pintura.
 
Nos R.E.M
Enquanto frequentava a universidade Stipe ia à loja de discos Wuxtry onde conheceu o empregado, Peter Buck, em 1980. "Tinha uma aparência impressionante e também lá podia comprar discos raros que nem todos compraram" disse Buck. Tornaram-se amigos e, eventualmente, formar um banda. Buck e Stipe começaram a escrever músicas juntos, momento em que Stipe também fez parte de um grupo local chamado Gangster, onde ele era conhecido como Michael Valentine. O par foi logo acompanhado por Bill Berry e Mike Mills, e chamam à banda de REM, Stipe diz que o nome foi selecionado aleatoriamente de um dicionário.
Os quatro membros dos R.E.M. deixaram a universidade em 1980, concentrando-se na banda. Stipe foi o último a fazê-lo. A banda lançou seu primeiro single, "Radio Free Europe", em Hib-Tone. A música tornou-se rapidamente um sucesso no rádio do campus e o grupo assinou contrato com a IRS Registos para o lançamento um ano depois, o EP Chronic Town. O álbum dos R.E.M. Murmur foi lançado como seu primeiro álbum em 1983, sendo elogiado pela crítica. Letras e a voz de Stipe, enigmáticas, receberam especial atenção do público, bem como a sua presença excêntrica. Murmur seria nomeado o álbum do ano pelos críticos da revista Rolling Stone, batendo Thriller de Michael Jackson. O segundo álbum da banda, Reckoning, seria lançado em 1984.
Em 1985, os R.E.M. viajaram para a Inglaterra, para gravar o seu terceiro álbum, Fables of the Reconstruction. O processo foi difícil e empurrou a banda para a beira da separação. Mesmo depois de terem lançado o álbum, a relação entre a banda ficou tensa. Nesse período, Stipe disse: "Eu estava no meu caminho para ficar louco." Stipe ganhou peso e o  seu comportamento se tornou mais excêntrico.
 
 

T. S. Eliot morreu há 55 anos

   
Eliot nasceu em St. Louis, Missouri, nos Estados Unidos, mudou-se para a Inglaterra em 1914 (então com 25 anos), tornando-se cidadão britânico em 1927, com 39 anos de idade. Sobre sua nacionalidade e sua influência na sua obra, T. S. Eliot disse:
Faleceu a 4 de janeiro de 1965. Segundo a sua vontade, foi cremado e as suas cinzas encontram-se na igreja Saint Michael, na vila de East Cocker, Somerset, na Inglaterra.
  
 
  
A Terra Desolada
 
 
Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera.
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão; nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos
E ao sol caminhamos pelas aleias de Hofgarten,
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Big gar keine Russin, stamm’ aus Litauen, echt deutsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
Meu primo, ele convidou-me a passear de trenó.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, lá, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.
Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham
Nessa imundície pedregosa? Filho do homem,
Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
E as árvores mortas já não mais te abrigam,
nem te consola o canto dos grilos,
E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
(Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
E vou mostrar-te algo distinto
  
De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.
   
  
Trecho de “Terra Desolada”, de T. S. Eliot - tradução de Ivan Junqueira

sexta-feira, janeiro 03, 2020

O general Norton de Matos morreu há 65 anos

(imagem daqui)
  
José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos (Ponte de Lima, Ponte de Lima, Rua do Pinheiro, 23 de março de 1867 - Ponte de Lima, na sua casa de família, 2 ou 3 de janeiro de 1955) foi um general e político português.
  
Família
Era filho de Tomás Mendes Norton, comerciante e Cônsul da Grã Bretanha e Irlanda em Viana do Castelo (afilhado de baptismo de Rodrigo da Fonseca Magalhães) e de Emília de Matos Prego e Sousa, neto paterno de José Mendes Ribeiro, da burguesia de Viana do Castelo, e materno de Manuel José de Matos Prego e Sousa, Doutor em Direito, da fidalguia de Ponte de Lima (Casa do Bárrio).
  
Biografia
Depois de frequentar o colégio em Braga foi, em 1880, para a Escola Académica, em Lisboa. Quatro anos depois iniciou o seu curso na Faculdade de Matemática em Coimbra. Fez o curso da Escola do Exército e, em 1898, partiu para a Índia Portuguesa, onde organizou os cadastros das terras. Começou aí a sua carreira na administração colonial, como director dos Serviços de Agrimensura. Acabada a sua comissão, viajou por Macau e pela China em missão diplomática.
O seu regresso a Portugal coincidiu com a proclamação da República portuguesa. Dispondo-se a servir o novo regime, Norton de Matos foi chefe do estado-maior da 5.ª divisão militar. A 17 de maio de 1912 é iniciado Maçon na Loja Pátria e Liberdade, N.º 332, de Lisboa (Rito Escocês Antigo e Aceite), sob os auspícios do Grande Oriente Lusitano Unido, com o nome simbólico de Danton. Nesse mesmo ano tomou posse como governador-geral de Angola. A sua actuação na colónia revelou-se extremamente importante, na medida em que impulsionou fortemente o seu desenvolvimento, protegendo-a, de certa forma, da ameaça contínua que pairava sobre o domínio colonial português, por parte de potências como a Inglaterra, a Alemanha e a França. Fundou a cidade do Huambo. A 27 de janeiro de 1913 é elevado ao Grau 2 (Companheiro) e a 18 de abril de 1914 é elevado ao Grau 3 (Mestre). Em outubro desse ano dá-se a cisão da Maçonaria Portuguesa: a Loja Pátria e Liberdade, N.º 332 desliga-se da obediência do Grande Oriente Lusitano Unido.
Foi demitido do cargo em 1915, como consequência da nova situação política que se vivia em Portugal durante a Primeira Guerra Mundial. Foi depois chamado, de novo, ao Governo, ocupando o cargo de ministro das Colónias, embora por pouco tempo. A 12 de maio de 1916 reentra na obediência do Grande Oriente Lusitano Unido, filiando-se na Loja Acácia, de Lisboa (Rito Francês), e a 19 de setembro de 1916 é elevado ao Grau 4 (Eleito) do Rito Francês. Em 1917, um novo golpe revolucionário obrigou-o a exilar-se em Londres, por divergências com o novo governo. A 16 de fevereiro de 1918 é elevado ao Grau 5 (Escocês) do Rito Francês e a 31 de outubro de 1918 é elevado ao Grau 6 (Cavaleiro do Oriente ou da Espada) do Rito Francês. Regressou à pátria e foi delegado de Portugal à Conferência da Paz, em 1919. Mais tarde, foi promovido a general por distinção e nomeado Alto Comissário da República em Angola. Na Primavera de 1919, foi delegado português à Conferência da Paz. A 31 de outubro de 1919 é elevado ao Grau 7 e último (Príncipe Rosa Cruz) do Rito Francês. Em junho de 1924, exerceu as funções de embaixador de Portugal em Londres, cargo de que foi afastado aquando da instauração da Ditadura Militar. A 6 de novembro de 1928 a Loja Acácia, de que é membro, propõe, pela primeira vez, a sua candidatura ao cargo de Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente Lusitano Unido. A 7 de dezembro de 1928 morre Sebastião de Magalhães Lima, 10.º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano Unido, e a 31 de outubro de 1929 morre António José de Almeida, 12.º Grão-Mestre eleito do Grande Oriente Lusitano Unido.
Foi, a 31 de dezembro de 1929, eleito 14.º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano Unido para os anos de 1930 e 1931, cargo que ocupou entre 1930 e 1935. A 30 de abril de 1930 toma posse do cargo de Grão-Mestre, dirigindo uma mensagem aos Maçons Portugueses. A 17 de setembro parte para Antuérpia, a fim de participar na Semana Portuguesa e na Convenção Maçónica Internacional. De 25 a 30 de setembro toma parte na Convenção da Association Maçonnique Internationale (A.M.I.), reunida em Bruxelas. Em dezembro, devido ao período decrescente em que decorrem os trabalhos maçónicos em Portugal, é decidido suspendê-los nas lojas de Lisboa, convidando estas à imediata triangulação. Em março de 1931 dirige uma importante mensagem à Grande Dieta e em dezembro é reeleito Grão-Mestre.
A 5 de julho de 1932 Salazar ascende a Presidente do Conselho. A 31 de janeiro de 1935 protesta, junto do Presidente da Assembleia Nacional, Jose Alberto dos Reis, contra o projecto de lei que proíbe as associações secretas. A 14 de maio é emitida uma Resolução do Conselho de Ministros exonerando e/ou passando à reforma uma série de funcionários que oferecem poucas garantias de fidelidade ao regime, entre os quais Norton de Matos. A 21 de maio dá-se a Publicação da Lei N.º 1.091 que proíbe as associações secretas. Norton de Matos demite-se do cargo de Grão-Mestre, para que pudesse ser eleito alguém desconhecido do Governo.
Em 1948, participou nas eleições presidenciais de 1949, reivindicando a liberdade de propaganda e uma melhor fiscalização dos votos. O regime de Salazar recusou-se a satisfazer estas exigências. Obteve vastos apoios populares e apoio de membros da oposição. Devido à falta de liberdade no acto eleitoral, e prevendo fraudes eleitorais, ele acabou por desistir depois de participar em comícios e outras manifestações de massas.
Norton de Matos, tal como grande número de republicanos e opositores do Estado Novo, era defensor de uma política colonialista. Em 1953, no seu livro África Nossa defendeu que Portugal tem “pois de povoar essas terras, intensa e rapidamente, com famílias brancas portuguesas e continuar a assimilar os habitantes de cor que lá encontramos. Assimilação completa, material e espiritual“.
  

A incrível Fuga de Peniche foi há sessenta anos

(imagem daqui)
  
A chamada Fuga de Peniche foi um episódio da história de Portugal - no contexto da oposição ao regime salazarista - ocorrido na prisão de alta-segurança de Peniche, a 3 de janeiro de 1960.
Teve como atores os chamados Dez de Peniche, a saber:
A operação foi organizada internamente por uma comissão integrada por Álvaro Cunhal, Jaime Serra e Joaquim Gomes e, no exterior, por Pires Jorge e Dias Lourenço, com a ajuda de Octávio Pato, Rui Perdigão e Rogério Paulo.
Na data aprazada, ao final da tarde, um automóvel (conduzido pelo ator, já falecido, Rogério Paulo) parou em frente ao forte com o porta-bagagens aberto. Esse era o sinal combinado para que, no interior da prisão se soubesse que, no exterior, estava tudo a postos para a fuga.
O carcereiro foi então neutralizado com o emprego de uma anestesia e, com a ajuda de um sentinela – o guarda José Alves – que fazia parte do plano de fuga, os prisioneiros atravessaram, sem serem percebidos pelos demais sentinelas, o trecho mais exposto do percurso. Encontrando-se no piso superior, desceram para o piso inferior por uma árvore. Daí correram para o pano exterior da muralha, para logo descerem o mesmo com o auxílio de uma corda feita com lençóis até alcançarem o fosso exterior. Dele, tiveram ainda que saltar um muro para chegar à vila, onde já se encontravam à espera os automóveis que os haviam de transportar para as casas clandestinas onde deveriam passar a noite.
Álvaro Cunhal passou a noite na casa de Pires Jorge em São João do Estoril, onde ficou a viver clandestinamente durante algum tempo.
O guarda José Alves que participou na conspiração exilou-se logo em Bucareste, Roménia. Aí juntou-se-lhe mais tarde a família. José Alves, a quem fora garantido pelos demais conspiradores que no exílio iria ter uma boa vida, não viu as suas expectativas realizadas e acabou por suicidar-se (ao que não haveria sido alheio encontrar-se longe da pátria e sem perspectiva de poder regressar assim como possíveis dificuldades materiais por haver sido esbulhado da recompensa). Após o 25 de Abril, a sua esposa veio a Portugal e haveria de tentar falar com Álvaro Cunhal (na altura ministro do governo provisório). Em 1960 José Alves recebeu dos conspiradores 120 contos de réis de recompensa mas, no seguimento da operação, a sua esposa foi detida e, havendo confessado a existência do dinheiro, foi-lhe confiscado pelo Estado.
  
    
 
Fado de Peniche (Abandono) - Amália Rodrigues
Poema de David Mourão-Ferreira e música de Alain Oulman
  
Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar

  
Levaram-te a meio da noite
A treva tudo cobria
Foi de noite numa noite
De todas a mais sombria
Foi de noite, foi de noite
E nunca mais se fez dia.
  

Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar
E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar.

Thomas Bangalter, dos Daft Punk, faz hoje 45 anos!

  
Thomas Bangalter (Paris, 3 de janeiro de 1975) é produtor musical e o fundador do grupo de música eletrónica Daft Punk. Também produziu música para a banda Stardust, e para o filme Irreversible. Thomas tem a sua própria gravadora, chamada Roulé. Fora da produção musical, Thomas é realizador e director de fotografia. Bangalter, filho de Daniel Vangarde, tem uma irmã que mora no Brasil, no Rio de Janeiro, adotada por outra família. Reside em Beverly Hills, Califórnia, com a sua mulher, actriz francesa Élodie Bouchez, e os seus dois filhos, Tara-Jay e Roxan.
  
Biografia
Thomas Bangalter começou a tocar piano com a idade de seis anos. Bangalter afirmou em entrevista a um vídeo que seus pais eram rigorosos em manter a sua prática, para a qual ele agradece-los mais tarde. Seu pai, Daniel Vangarde foi um famoso produtor de música e compositor para artistas, tais como a Gibson Brothers, Ottawan e Sheila B. Devotion. Conforme expresso por Bangalter: "Eu nunca tive qualquer intenção de fazer o que meu pai estava fazendo".
Bangalter encontrou Guy-Manuel de Homem-Christo enquanto frequentavam a escola Lycée Carnot, em 1987. Foi aí que descobriram o seu fascínio mútuo sobre filmes e música dos anos 60 e 70, "coisas básicas de culto adolescente, desde Easy Rider a Velvet Underground. "Eles e Laurent Brancowitz acabaram formando um trio de indie rock chamado Darlin, no qual Bangalter tocava guitarra e baixo. Bangalter considerou que "Foi talvez ainda mais uma coisa adolescente nessa altura. É, como você sabe, todo a gente quer estar numa banda." Uma análise negativa refere-se ao ato como "um bando de punks parvos (Daft Punk em inglês)", que inspiraram o novo nome para a banda de Bangalter e Homem-Christo.
Pouco antes de atingir a idade de este atingir 18 anos, a Daft Punk cresceu, com os dois interessados em música eletrónica, o que levou Brancowitz a deixar o grupo para a prossecução de esforços com os colegas parisienses da banda Phoenix. Em 1993, Bangalter apresentou uma demonstração de material para Stuart Macmillan do Slam que levou ao seu primeiro single "The New Wave". Daniel Vangarde deu conselhos valiosos para a dupla. "Ele nos ajudou a apresentar qual era a situação das gravadoras e de como elas funcionam. Sabendo isso, nós fizemos algumas opções a fim de conseguir aquilo que queríamos."
Daniel Vangarde recebeu agradecimentos pelos seus esforços nas notas de reconhecimentos de Homework. O título do álbum é atribuído em parte ao facto de que Homework foi gravado no quarto de Bangalter. Como ele comentou: "Eu tinha que passar a cama em outra sala para fazer espaço para o material." Nos anos seguintes do lançamento de 1997, Bangalter centrava-se na sua própria gravadora, Roulé ("rolar", em francês). A gravadora lançava singles de Romanthony, Roy Davis Jr., do próprio Bangalter, entre outros. Bangalter colaborou com Alan Braxe e Benjamin Diamond e lançou em 1998 o hit "Music Sounds Better with You". Assim como para o Homework, o single foi gravado no estúdio da casa de Bangalter.
Em torno da mesma época de "Music Sounds Better with You", Bangalter co-produziu o segundo single de Bob Sinclar "Gym Tonic". A canção utilizava amostras de um vídeo de exercícios de Jane Fonda. Fonda posteriormente recusou permissão para o uso da amostra. Uma banda chamada Spacedust lançou um single chamado "Gym and Tonic", que recria elementos de "Gym Tonic" e "Music Sounds Better with You". A música tornou-se número um no Reino Unido.
Em 1998, Bangalter e Homem-Christo colaboraram com Romanthony no que se tornaria a primeira das sessões de Discovery. Uma das faixas produzidas, "One More Time" se tornou o mais bem sucedido single da Daft Punk em 2000. Bangalter também realizou em um sintetizador Yamaha CS-60 a faixa "Embuscade" no álbum de estreia de Phoenix, United, que foi lançado no mesmo ano. Ele também fez equipe com o DJ Falcon, sob a denominação de Together, para lançar o seu single com o mesmo nome em 2000. Em 2002, Bangalter foi pai de um filho, com a atriz Élodie Bouchez, chamado Tara-Jay.
Juntos lançaram o single "So Much Love to Give", em 2003. A faixa "Call on Me" de Eric Prydz foi inicialmente pensada para ser um acompanhamento de Together devido à semelhança entre as duas canções e do uso da faixa por DJ Falcon em seus espetáculos.
Entre 13 de setembro e 9 de novembro de 2004, Bangalter e Homem-Christo produziram e misturaram faixas para o seu álbum Human After All. Pouco depois, mudou-se para a sua actual casa, em Beverly Hills, Califórnia. A mudança é atribuível à carreira de Bouchez em Hollywood e do interesse de Bangalter no cinema. Em 2 de junho de 2008 Bouchez deu à luz o seu segundo filho com Bangalter, Roxan.
  
 

quinta-feira, janeiro 02, 2020

Balakirev nasceu há 183 anos

Mily Alexeyevich Balakirev (Nizhny Novgorod, 2 de janeiro de 1837São Petersburgo, 29 de maio de 1910) foi um compositor russo, mais conhecido atualmente por fazer parte e liderar o Grupo dos Cinco, um grupo nacionalista de músicos russos no qual faziam parte, além de Balakirev, César Cui, Modest Mussorgsky, Aleksandr Borodin e Nikolai Rimsky-Korsakov.
   
  

Inquérito do IPMA sobre o sismo de 1 de janeiro de 1980

40 ANOS DO SISMO DE 01 DE JANEIRO DE 1980
Realização de um inquérito macrosísmico à população

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e o Laboratório Associado Instituto Dom Luiz estão a lançar um inquérito macrosísmico nacional por ocasião dos 40 anos sobre o sismo de 1 de janeiro de 1980.

Este sismo ocorreu às 16.42 (UTC) com uma magnitude 6.9, tendo o epicentro localizado no mar entre a ilha Terceira e S. Jorge e profundidade focal estimada em 10km, e foi sentido em todas as ilhas do arquipélago dos Açores, à exceção das Flores e Corvo.

O sismo foi sentido com o grau VIII­/IX da escala Mercalli modificada (MM56) na localidade das Doze Ribeiras na Ilha Terceira; grau VII­/VIII em Santo Antão e Topo em S. Jorge, grau VI­/VII em Luz, Carapacho, Ribeirinha e Guadalupe na Graciosa, grau VI em Silveira na ilha do Pico e grau IV/­V na Horta, Flamengos e Praia do Almoxarife na ilha do Faial.

O terramoto causou grandes prejuízos nas ilhas Terceira, S. Jorge e Graciosa, algumas dezenas de mortes (61), centenas de feridos (300) e milhares de desalojados, tendo mais de 15000 habitações ficado danificadas ou mesmo totalmente destruídas.

Com o seu epicentro localizado no mar entre a ilha Terceira e S. Jorge, este sismo causou um tsunami de pequena magnitude, registado nos marégrafos de Angra do Heroísmo e Horta com amplitudes de 28 cm e 5 cm respetivamente.

Mesmo após o terramoto de 01 de janeiro de 1980, Angra preservou a melhor parte do seu património monumental e um conjunto urbano homogéneo, pelo que em 1983 a UNESCO (o organismo das Nações Unidas para a educação e cultura) aceitou integrar o centro histórico de Angra do Heroísmo na sua lista de sítios classificados como Património Mundial da Humanidade.

Este sismo ocorreu numa época em que a instrumentação sí­smica não estava ainda suficientemente desenvolvida, sendo fundamental complementar os poucos registos instrumentais de então com os testemunhos da população afetada. Atualmente as tecnologias de comunicação permitem uma recolha de dados muito mais alargada do que a que foi possível naquele tempo, sendo por isso agora o momento certo para realizar um inquérito macrosísmico sobre os efeitos deste sismo tão importante.

O inquérito pode ser acedido em:

 
in IPMA
 
NOTA: o termo macrosísmico devia escrever-se macrossísmico ou macro-sísmico, senhores do IPMA. E para quando uma mudança da sigla da instituição, para incluir a sismologia e geofísica...?!?

O último reino muçulmano da Ibéria desapareceu há 528 anos

  
Situada na região da Andaluzia, Espanha, a cidade de Granada, fundada em 756 pelos árabes, é desde o século XIII a capital do reino muçulmano de Granada. A sua rendição, celebrada durante vários dias, é o culminar de dez anos de guerras, dois anos de importantes investimentos financeiros e põe fim a oito séculos de domínio muçulmano na Península Ibérica.
 
Escudo do Rei de Granada
    
Antecedentes
O casamento de Isabel I de Castela com Fernando II de Aragão, mais tarde designados pelos Reis católicos não antevia o sucesso do casal no governo de Espanha. Com efeito, apesar do contributo para a unificação da actual Espanha, a nobreza não era consensual no que respeita à decisão sobre quem deveria ascender ao trono do país: houvera quem preferisse a infanta Joana, prometida a Afonso V de Portugal (que, por isso, também concorria ao trono). Porém, D. Joana era tida como filha ilegítima de Henrique IV de Castela, fruto de uma polémica relação da esposa do rei com um fidalgo.
Assim, Isabel I, meia-irmã do rei, faz-se proclamar rainha de Castela nas Cortes de Valladolid de 1473. Em 1479, Fernando II torna-se rei de Aragão e consuma-se a união dos dois reinos que, porém, ainda não era suficientemente forte, já que era cercado por Portugal, em plena expansão, a França dos Valois, a pequena Navarra e o reino de Granada.
Após quatro anos de tréguas, a guerra entre Granada e Castela reacende-se em 1481, embora não passe de breve escaramuças, ofensivas e cercos. Sabe-se que em 1487 se travaram perto de Málaga duros combates, na consequência dos quais cairia a cidade nas mãos dos cristãos. Depois, ao fim de seis meses de cerco, cede Barza.
Aproveitando alguns conflitos internos no reino de Granada, que entretanto se desagregara, junta o casal real cerca de 60.000 homens na planície de Granada, destinados a acabar com o conflito.
  
Bandeira do Emirado nasrida de Granada
 
Entrega das chaves da cidade
As negociações com o último rei mouro de Granada, Boabdil, começam no outubro de 1491. Na véspera do dia 1 de janeiro de 1492 Boabdil envia cerca de 400 mouros como reféns, carregados de presentes para os Reis, enquanto um grupo de oficiais toma a colina do Alhambra, a fim de ocupar pontos estratégicos. Na manhã do dia 2, segue Fernando de Aragão e a sua Corte, seguidos por Isabel com o príncipe João e as suas irmãs e, atrás, as tropas, ao encontro do rei mouro. Boabdil entrega as chaves da cidade diante de 100.000 espectadores, muçulmanos, judeus e cristãos, castelhanos e estrangeiros, e é içada, pela primeira, a bandeira dos reis de Espanha na mais alta torre do Alhambra.
Não houve pilhagem nem saque; a vitória era celebrada por vários dias de festejos e por isto outorgava-lhes o Papa Alexandre VI o título de «Reis Católicos».
Boabdil estava obrigado a aceitar as condições dos vencedores, como a liberdade de culto, a segurança das pessoas, e a liberdade de emigrar levando ou vendendo os bens. Esta opção rapidamente se mostrou inevitável, provavelmente devido às situações constrangedoras em que se veriam os muçulmanos no seguimento da derrota. As pressões acumulam-se - a Inquisição representava uma forte ameaça ao islamismo e os impostos eram insuportáveis - e grande parte dos vencidos decide retirar-se no outono de 1492, à semelhança de Boabdil.
Rebentam revoltas, pois as promessas dos Reis Católicos não estavam a ser cumpridas, e a Espanha vê-se vítima de represálias conduzidas a partir do Magrebe em algumas aldeias costeiras. A emigração assume agora um carácter de expulsão - que se coloca em paralelo com a dos judeus - e, com a recente descoberta da América (Índias Ocidentais), a Espanha sofre também de um êxodo que lhe viria a sair caro mais tarde.

Reino de Granada em 1482, antes do começo da Guerra de Granada
      
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