Família
Biografia
Depois de frequentar o colégio em
Braga foi, em
1880, para a Escola Académica, em
Lisboa. Quatro anos depois iniciou o seu curso na Faculdade de Matemática em
Coimbra. Fez o curso da Escola do Exército e, em
1898, partiu para a
Índia Portuguesa,
onde organizou os cadastros das terras. Começou aí a sua carreira na
administração colonial, como diretor dos Serviços de Agrimensura.
Acabada a sua comissão, viajou por
Macau e pela
China em missão diplomática.
O seu regresso a Portugal coincidiu com a
proclamação da República portuguesa. Dispondo-se a servir o novo regime, Norton de Matos foi chefe do estado-maior da 5.ª divisão militar. A 17 de maio de
1912 é iniciado
Maçon na
Loja Pátria e Liberdade, N.º 332, de Lisboa (
Rito Escocês Antigo e Aceite), sob os auspícios do Grande Oriente Lusitano Unido, com o nome simbólico de
Danton. Nesse mesmo ano tomou posse como
governador-geral de
Angola.
A sua atuação na colónia revelou-se extremamente importante, na medida
em que impulsionou fortemente o seu desenvolvimento, protegendo-a, de
certa forma, da ameaça contínua que pairava sobre o domínio colonial
português, por parte de potências como a
Inglaterra, a
Alemanha e a
França. Fundou a cidade do
Huambo. A 27 de janeiro de 1913 é elevado ao Grau 2 (
Companheiro) e a 18 de abril de 1914 é elevado ao Grau 3 (
Mestre).
Em outubro desse ano dá-se a cisão da Maçonaria Portuguesa: a Loja
Pátria e Liberdade, N.º 332 desliga-se da obediência do Grande Oriente
Lusitano Unido.
Foi demitido do cargo em
1915, como consequência da nova situação política que se vivia em Portugal durante a
Primeira Guerra Mundial. Foi depois chamado, de novo, ao Governo, ocupando o cargo de
ministro das Colónias, embora por pouco tempo. A 12 de maio de 1916 reentra na obediência do Grande Oriente Lusitano Unido, filiando-se na
Loja Acácia, de Lisboa (de
rito francês), e, a 19 de setembro de 1916, é elevado ao Grau 4 (
Eleito) do rito francês. Em
1917, um novo golpe revolucionário obrigou-o a exilar-se em
Londres, por divergências com o novo governo. A 16 de fevereiro de 1918 é elevado ao Grau 5 (
Escocês) do rito francês e a 31 de outubro de 1918 é elevado ao Grau 6 (
Cavaleiro do Oriente ou da Espada) do rito francês. Regressou à pátria e foi delegado de Portugal à Conferência da Paz, em
1919. Mais tarde, foi promovido a general por distinção e nomeado Alto Comissário da República em
Angola. Na primavera de
1919, foi delegado português à Conferência da Paz. A 31 de outubro de 1919 é elevado ao Grau 7 e último (
Príncipe Rosa Cruz) do rito francês. Em junho de
1924,
exerceu as funções de embaixador de Portugal em Londres, cargo de que
foi afastado aquando da instauração da Ditadura Militar. A 6 de novembro
de 1928, a Loja Acácia, de que é membro, propõe, pela primeira vez, a
sua candidatura ao cargo de Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente
Lusitano Unido. A 7 de dezembro de 1928 morre
Sebastião de Magalhães Lima, 10.º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano Unido, e a 31 de outubro de 1929 morre
António José de Almeida, 12.º Grão-Mestre eleito do Grande Oriente Lusitano Unido.
Foi, a 31 de dezembro de
1929, eleito 14.º
Grão-Mestre do
Grande Oriente Lusitano Unido para os anos de 1930 e 1931, cargo que ocupou entre 1930 e 1935.
A 30 de abril de 1930 toma posse do cargo de Grão-Mestre, dirigindo uma
mensagem aos Maçons Portugueses. A 17 de setembro parte para
Antuérpia,
a fim de participar na Semana Portuguesa e na Convenção Maçónica
Internacional. De 25 a 30 de setembro toma parte na Convenção da
Association Maçonnique Internationale (A.M.I.), reunida em
Bruxelas.
Em dezembro, devido ao período decrescente em que decorrem os trabalhos
maçónicos em Portugal, é decidido suspendê-los nas lojas de Lisboa,
convidando estas à imediata
triangulação. Em março de 1931 dirige uma
importante mensagem à
Grande Dieta e em dezembro é reeleito Grão-Mestre.
A 5 de julho de 1932 Salazar ascende a Presidente do Conselho. A 31 de janeiro de 1935 protesta, junto do
Presidente da Assembleia Nacional,
José Alberto dos Reis,
contra o projeto de lei que proíbe as associações secretas. A 14 de
maio é emitida uma Resolução do Conselho de Ministros exonerando e/ou
passando à reforma uma série de funcionários que oferecem poucas
garantias de fidelidade ao regime, entre os quais Norton de Matos. A 21
de maio dá-se a publicação da Lei N.º 1.091 que proíbe as associações
secretas. Norton de Matos demite-se do cargo de Grão-Mestre, para que
pudesse ser eleito alguém desconhecido do Governo.
Em
1948, participou nas
eleições presidenciais de 1949, reivindicando a liberdade de propaganda e uma melhor fiscalização dos votos. O regime de
Salazar
recusou-se a satisfazer estas exigências. Obteve vastos apoios
populares e apoio de membros da oposição. Devido à falta de liberdade no
ato eleitoral, e prevendo fraudes eleitorais, acabou por desistir,
depois de participar em comícios e outras manifestações de massas.
Norton de Matos, tal como grande número de republicanos e opositores do
Estado Novo,
era defensor de uma política colonialista. Em 1953, no seu livro
África
Nossa defendeu que Portugal tem “pois de povoar essas terras, intensa e
rapidamente, com famílias brancas portuguesas e continuar a assimilar
os habitantes de cor que lá encontramos. Assimilação completa, material e
espiritual“.