Nascida
Maria Cecilia Sofia Anna Kalogeropoulou, Callas era filha de imigrantes
gregos e, devido a dificuldades económicas, teve que regressar à
Grécia com a sua mãe, em
1937. Estudou canto no Conservatório de
Atenas, com a soprano
coloratura Elvira de Hidalgo.
Existem diferentes versões sobre sua estreia. Alguns situam-na em
1937, como
Santuzza em uma montagem estudantil da
Cavalleria Rusticana, de
Mascagni; outros, à
Tosca (
Puccini) de 1941, na
Ópera de Atenas. De todo modo, seu primeiro papel na
Itália teve lugar em
1947, na
Arena de Verona, com a ópera
La Gioconda, de
Ponchielli, sob a direção de
Tullio Serafin, que logo se tornaria seu "mentor".
Callas começou a despontar no cenário lírico em
1948, com uma interpretação bastante notável para a protagonista da ópera
Norma, de
Bellini, em
Florença. Todavia, sua carreira só viria a projetar-se em escala mundial no ano seguinte, quando a cantora surpreendeu crítica e público ao alternar, na mesma semana, récitas de
I Puritani, de
Bellini, e
Die Walküre, de
Wagner. Ela preparara o papel de
Elvira para a primeira ópera em apenas dois dias, a convite de Serafin, para substituir quem realmente faria aquele papel. Para se ter ideia do seu feito, é o mesmo que pedir para Birgit Nilsson, famosa soprano dramático para cantar Violetta em La Traviata, e como Callas não teve tempo para aprender o libretto completo, apenas a música, tanto que o ponto lhe soprou o texto.
A partir dos
anos 1950, Callas começou a apresentar-se regularmente nas mais importantes casas de espetáculo dedicadas à ópera, tais como
La Scala,
Covent Garden e
Metropolitan. São os anos áureos, e ao passo de sua fama como cantora internacional, também vai sua fama de mulher exigente, muitas vezes considerada temperamental pelo seu perfeccionismo. Famosa foi sua rivalidade com
Renata Tebaldi e as brigas públicas, através de declarações para jornais, várias vezes lhe renderam a primeira página, assim como seus triunfos operísticos. Era uma figura extremamente pública e contribuiu para reacender o estrelato da ópera e de seus intérpretes. Alguns críticos inclusive afirmam que até nas gravadoras havia uma divisão, para acirrar as disputas entre Callas e Tebaldi, e para influenciar as comparações entre gravações feitas por Tebaldi ao lado do tenor Del Monaco, e Callas ao lado de Di Stefano. Sua voz começou a apresentar sinais de declínio no final dessa década, e a cantora diminuiu consideravelmente suas participações em montagens de óperas completas, limitando sua carreira a recitais e noites de gala e terminando por abandonar os palcos em
1965. O seu abandono deveu-se em grande parte ao desequilíbrio emocional da cantora, que, ao conhecer o magnata
grego Aristóteles Onassis, dedica-se integralmente ao seu amado, afirmando ter começado ali sua vida de verdade. Foi quando ela parou de ensaiar, adiou e cancelou apresentações, se tornou figura constante em noites de festa, bebendo inclusive, coisas que contribuíram para o declínio de sua voz e o fim da carreira. Em 1964, encorajada pelo
cineasta italiano Franco Zefirelli, volta aos palcos em sua maior criação,
Tosca, no Convent Garden, tendo como seu parceiro o amigo de longa data Tito Gobbi. Essa
Tosca se encontra disponível em
DVD (apenas o segundo ato) e em
CD (completa) e entrou para a história do mundo operístico. A sua última apresentação em uma ópera completa foi como Norma e Paris, 1965, e devido à sua saúde vocal debilitada não aguentou ir até o fim, desmaiando ao cair da cortina no fim da terceira parte.
No início dos
anos 1970, passou a dedicar-se ao ensino de música na
Juilliard School. Em
1974, entretanto, retornou aos palcos para realizar uma série de
concertos pela
Europa,
Estados Unidos e Extremo Oriente ao lado do
tenor Giuseppe di Stefano. Sucesso de público, o programa foi todavia massacrado pela crítica especializada. A voz já não era a mesma, mas o que mantinha o público firme nas apresentações era o amor. A sua atuação foi prejudicada, pois uma vez que tinha que fazer muito mais esforço para manter a afinação, a entrega à interpretação não foi tão subtil como no passado.
Cantou em público pela última vez a 11 de novembro de 1974 no
Japão.
Onassis, então casado com Mrs. Kennedy, tem sérios problemas de saúde e vem a falecer. Callas começa agora um período de clausura e, isolada do mundo, passa a viver na Avenue Georges Mandel, em Paris, com a companhia da governanta, Bruna, e do motorista, Ferruccio. Uma possível volta é ensaiada e entusiasmada pelo
cineasta Franco Zefirelli, mas Callas não tem mais a segurança do passado e faltava-lhe vontade. Tenta realmente outras funções, como professora, diretora artística, mestre de coral, mas nada a satisfazia. Não sabia sequer como deslocar um coro. Começa a impor exigências absurdas para que aconteçam as apresentações. Essa é agora sua maneira de dizer não, exigindo o impossível. Uma gravação da Traviata, com o tenor em ascensão
Luciano Pavarotti é estudada, mas o projeto logo é abandonado por Maria. Amigos ainda a visitam com frequência. Giulini (maestro), o crítico John Ardoin, mas Callas já está "morta" há muito tempo, e em 16 de setembro de 1977, ela simplesmente deixa de existir, pouco antes de completar 54 anos, no seu apartamento em Paris, por causa de um ataque cardíaco.
As suas cinzas são deitadas no
Mar Egeu, como era de sua vontade.