segunda-feira, dezembro 16, 2013

Mariza faz hoje 40 anos!

Marisa dos Reis Nunes (Lourenço Marques/Maputo, 16 de dezembro de 1973) é o nome de nascimento da fadista portuguesa Mariza, segundo ela própria corrige na TSF, à conversa com Carlos Vaz Marques, em 2003, «cantadeira de fados».
Tem sido presença regular em palcos como o Carnegie Hall, em Nova Iorque, o Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, o Lobero Theater, em Santa Bárbara, a Salle Pleyel, em Paris, a Ópera de Sydney ou o Royal Albert Hall. O jornal britânico The Guardian considerou-a «uma diva da música do mundo».
  
Infância e juventude

Marisa nasceu em Lourenço Marques (actual Maputo), capital da província ultramarina portuguesa de Moçambique. É filha de pai português, José Brandão Nunes, e mãe moçambicana, Isabel Nunes. Nasceu prematura, de seis meses e meio, sem qualquer justificação clínica aparente, e, segundo declarações da cantora à SIC, o pai considerava-a o bebé mais feio que alguma vez vira. Segundo ela «ainda tinha as orelhas coladas e os olhos por abrir» e o próprio pai pensou que não sobreviveria.
Ao colo da mãe, com três anos, chegou ao Aeroporto da Portela, em Lisboa, pela primeira vez em 1977. Na actual Maputo, o pai trabalhara como gerente de uma empresa Holandesa de nome Zuid. Durante o êxodo das famílias portuguesas nas antigas colónias ultramarinas portuguesas, o pai abandonou Moçambique com a família mais chegada, escolhendo Lisboa para recomeçar uma nova vida. Instalaram-se em Corroios e mais tarde no n.º 22 da Travessa dos Lagares, na Mouraria.
Em 1979 reabriram o restaurante Zalala no bairro típico de Lisboa, Mouraria, berço do fado e frequentado por inúmeros fadistas de referência, como Fernando Maurício e Artur Batalha bem como Alfredo Marceneiro Jr, filho de Alfredo Marceneiro, que levou Mariza com 7 anos a cantar pela primeira vez num ambiente profissional na Casa de Fado Adega Machado. Zalala, hoje fechado, o restaurante onde Mariza cresceu, foi assim nomeado em homenagem a uma praia moçambicana.
Foi o pai que determinou o gosto da cantora pelo fado. Segundo ela, o pai estava «sempre a ouvir fado e, na hora das refeições, nunca se via televisão; ouviam-se discos, sempre de fado…».  Fernando Farinha, Fernando Maurício, Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, entre muitos outros, eram os predilectos de José Nunes, e foram os que mais influenciaram a forma de cantar de Mariza.
Com cinco anos de idade, recebeu o seu primeiro xaile, e começou então a moldar a voz que a tornou famosa. Sobre o estabelecimento onde aprendeu a cantar o fado e onde actuou pela primeira vez aos cinco anos, já envergando um xaile negro, Mariza referiu:
Cquote1.svg Foi aqui que toda a história começou. Se calhar é aqui que vai acabar. Tudo pode acabar de repente, tal como começou, e eu volto à minha Mouraria e à taberninha dos meus pais para servir dobradinhas e copos de vinho que não me chateia nada! Cquote2.svg
Ali cruzou-se «com tantos fadistas que as suas caras já se esfumam na memória». O restaurante permanece fechado há vários anos mas ainda conserva na porta a placa com o seu nome e uma legenda que diz «O cantinho do artista».
Apenas na adolescência começou a ser levada a sério como cantora, mas os pais admitiram em várias entrevistas saberem que a filha tinha um «dom». O primeiro fado que interpretou no Zalala foi Os Putos, de Carlos do Carmo, que o seu pai lhe ensinou fazendo desenhos em toalhetes de papel. Ainda a menina não sabia ler, e era a forma de decorar os fados preferidos pelo pai, assim como Ó Ai Ó Linda e Menina das Tranças Pretas.
O recreio da escola primária da Mouraria era um palco para a menina de seis anos. Em entrevista ao Correio da Manhã, a antiga auxiliar de educação da escola, Dª. Fernanda, referiu que a jovem fazia uma roda com as colegas e depois ia para o meio delas onde cantava, com as professoras de vigia nos vestíbulos ou atrás das janelas, para que não se sentisse constrangida.
Outro dos seus hobbies era o sapateado, praticado à porta de casa com caricas de Coca-Cola coladas nos sapatos. Cantava em casa e, a cumprir o papel de microfone, utilizava latas de laca e desodorizantes. «Era a minha imitação do Fred Astaire!», declarou posteriormente.
Já na adolescência, Mariza passa a frequentar a Escola Secundária Gil Vicente. Era hábito seu fugir de casa para ir ouvir as noites de fado para o Grupo Desportivo da Mouraria, onde permanecia à porta, já que não lhe permitiam a entrada.
Até se assumir como fadista cantou diversos géneros musicais como, pop, gospel, soul, jazz e ainda música ligeira, acompanhando o artista/cantor Luís Filipe Reis. Na época, não caía bem entre os amigos dizer que um dos seus hobbies era cantar fado. Formou com alguns amigos uma banda de covers de nome Vinyl, e costumavam cantar no bar Xafarix, em Lisboa. Mais tarde formou os Funkytown.
A música brasileira era uma atracção para Mariza que viveu durante cinco meses no Brasil, no ano de 1996.
Foi numa das mais típicas casas de fados de Lisboa, o Sr. Vinho, propriedade de Maria da Fé e de José Luís Gordo, situada na Lapa, que Mariza começou a cantar mais profissionalmente. «Maria da Fé foi praticamente a professora dela aqui», segundo José Luís Gordo, que chegou a escrever dois fados para a intérprete. A primeira música que cantou em público foi Povo que lavas no rio. Cantou também no Café Café, propriedade de Herman José.

Primeiro disco e carreira internacional
Em 1998 actua, a convite da Caixa Económica Luso-Belga, em Bruxelas e Amesterdão.
Em 1999 é convidada por Filipe La Féria para a lista de cantores que homenagearam Amália Rodrigues num espectáculo no Coliseu de Lisboa (e depois no Coliseu do Porto), transmitido em directo pela TVI. Entre as músicas que cantou estava Oiça lá ó Sr. Vinho e Estranha Forma de Vida.
O disco de estreia era para ser apenas uma edição privada, feita por insistência de João Pedro Ruela, mas acabou por ser editado em 32 países. Não conseguiu contrato de nenhuma editora discográfica portuguesa. No entanto, uma editora holandesa, a World Connection, decidiu apostar na fadista, editando o seu primeiro disco em vários países.
2001 foi o ano em que Mariza editou o seu primeiro álbum, Fado em Mim, primeiro em Portugal e depois em 32 países. Entre as principais faixas do disco encontram-se Chuva, Ó Gente da Minha Terra e Oiça lá ó senhor vinho.
O disco é uma espécie de tributo a Amália Rodrigues, já que muitas das músicas eram do seu repertório. Uma das músicas que conseguiu melhor repercussão foi Chuva. Barco Negro surge também numa versão bastante diferente da original, ritmada pela percussão de João Pedro Ruela. Loucura, uma das mais emblemáticas músicas do seu repertório, iniciou não só este disco como dois dos seus principais concertos: o concerto em Lisboa, nos jardins da Torre de Belém, do qual se originou um álbum que recebeu uma nomeação para um Grammy Latino, e o concerto no Pavilhão Atlântico, com convidados especiais, a 8 de novembro de 2007, dado simultaneamente à festa de entrega dos Grammys para os quais estava nomeada.
Com este CD surgiram as primeiras turnés no estrangeiro e os primeiros prémios e nomeações. O primeiro prémio que recebe foi atribuído, em 2001, ao álbum Fado em Mim pela crítica alemã - Deutsche Schallplatten Kritik, com Mariza.
Deu os primeiros concertos fora de Portugal através de convites de vários teatros e salas. Nos Estados Unidos, por exemplo, entre a plateia de um espectáculo estava a esposa do secretário de estado do país, Colin Powell, que se fazia acompanhar pela esposa de um senador. Apresentou o seu disco no Central Park de Nova Iorque e no Hollywood Bowl de Los Angeles, mas, numa entrevista, referiu ter gostado mais do espectáculo que deu no grande auditório do New Jersey Performing Arts Center, por ser um espaço mais pequeno e intimista.
O CD vendeu muito bem em Portugal, liderando os tops portugueses, tal como todos os restantes álbuns da fadista viriam a liderar (tendo em 2007 conseguido a proeza de ter 3 álbuns seus simultaneamente no top dos 15 mais vendidos de Portugal). Nos Países Baixos também obteve sucesso comercial, assim como no Reino Unido e na Finlândia. Nos Estados Unidos o álbum chegou a atingir o sexto lugar dos mais vendidos na área de world music.
No Mundial de Futebol de 2002, interpretou o hino nacional português antes do início do jogo entre a Coreia do Sul, que jogava em casa, contra a selecção de Portugal.

Primeira digressão
Faz uma digressão pelo mundo, passando pela Tailândia, Itália, Holanda, Estados Unidos e Espanha. A convite da entidade reguladora do espectáculo, participou no Festival Womad 2002 (organização da Real World de Peter Gabriel), em Reading, no Reino Unido. O seu concerto no festival de world music foi gravado e lançado numa edição limitada para coleccionadores, Live at WOMAD 2002. Entre as faixas, as que mais se denotam são Primavera e uma imponente interpretação de Estranha forma de vida.
Em 2002, no decorrer da promoção deste disco participou pela primeira vez no programa da BBC, Later with Jools Holland, noutro programa de televisão francês e foi capa da revista Folk Roots. Depois retornou a Portugal onde actuou para sala cheia, no Rivoli, a 27 de setembro, e no Grande Auditório do CCB, a 1 de outubro, duas das grandes salas portuguesas de espectáculos. Sobre esses dois espectáculos e em resposta à pergunta feita por vários jornalistas de várias publicações, Mariza fez uma declaração que ficou famosa e se tornou um emblema da comunicação social sempre que regressa das turnés do estrangeiro a Portugal:
Cquote1.svg …isto é como voltar a casa para receber a bênção dos pais. Cquote2.svg
De regresso a Londres a 24 de novembro, esgotou com dois meses de antecedência o Purcell Room do The Royal Festival Hall, onde actuou no âmbito do Festival Atlantic Waves.

Fado Curvo
Um ano depois de Fado em Mim edita Fado Curvo, que repete o sucesso do anterior obtendo a quadrupla platina novamente. O tema principal desta produção de Carlos Maria Trindade foi Cavaleiro Monge.
Porém, a música que mais se destaca é Primavera, poema sublime da autoria do escritor e poeta lisboeta David Mourão-Ferreira, e proveniente do reportório amaliano. Tornou-se uma das grandes paixões de Mariza, algo que refere cada vez que o canta ao vivo, e antes deste disco ser gravado, já fazia parte do repertório dos espectáculos da intérprete. A 8 de novembro de 2007, no concerto no Pavilhão Atlântico, a intérprete foi aplaudida de pé durante seis minutos consecutivos no final da interpretação de Primavera.
A par desta, destacam-se outras músicas, entre elas, uma homónima do disco, Fado Curvo, da autoria de Carlos Maria Trindade, música esta que estreita a relação do fado com a dança, devido ao seu teor alegre e mais contemporâneo. Segundo a intérprete, este fado relaciona-se com a sua vida pessoal e com a vida de qualquer ser-humano, já que esta nunca é linear.
No álbum interpreta Caravelas, baseado num poema de Florbela Espanca, da qual também já havia gravado um fado no CD anterior, e logo a seguir canta um poema de Gil do Carmo, um registo mais leve e contemporâneo, que se refere à cidade de Lisboa e ao Tejo. É igualmente a música mais curta do disco, com 1:59 min. Anéis do meu cabelo é outro dos temas do álbum, com base num poema de António Botto que parece ter sido feito à medida da imagem da intérprete.
O álbum inclui um fado de Coimbra, da autoria de Zeca Afonso. Mariza, pelo que ela própria conta em entrevista ao Público com Miguel Francisco Cadete, interrogou-se com a interpretação deste fado, pelo seu significado político e pelo simples facto de que não é costume as mulheres cantarem fados de Coimbra:
Cquote1.svg Resisti muito a cantar esse tema. Em primeiro lugar porque as mulheres não cantam fado de Coimbra. Em segundo porque era uma letra de Zeca Afonso e as suas letras têm sempre outros sentidos. Ou seja, é muito difícil cantar fado de Coimbra, porque tão depressa se está nos graves como em notas muito altas. […] A letra tem uma carga política tremenda, mas não sei se as pessoas vão olhar para isso. Soube há pouco a história desse tema, contada pelo próprio Zeca Afonso. Ele tinha ido em viagem ao Porto, a meio dos anos 1970, e viu um homem a urinar para dentro de uma lata. Aquilo perturbou-o muito e chamou-lhe a atenção para o bairro onde decorria a cena: um bairro muito pobre e cinzento. Cquote2.svg
A música ser-lhe-ia útil a partir de 2005, aquando da sua nomeação como Embaixadora da Boa Vontade da UNICEF, e esta era uma forma cantada de transmitir uma mensagem ao público.

  
Melhor Artista da Europa de World Music
Disco que mistura um pouco de diversos estilos e que abriga uma visão mais madura do fado e uma tentativa de exploração e inovação da parte dos produtores, letristas e da própria intérprete, Fado Curvo é considerado o «CD da semana» pela BBC Radio, em 2003. Também em 2003 recebe um dos mais prestigiados e importantes prémios da sua carreira: uma nomeação da BBC Radio 3, na categoria de Melhor Artista da Europa de World Music. Vence o galardão europeu e, em 2006, volta a ser nomeada na mesma categoria. Recebe também novamente pelo novo álbum, o prémio atribuído pela Deutsche Schallplatten Kritik, a crítica alemã, vencendo de seguida o prémio de «Personalidade do Ano» pela AIEP.
Já em 2004 recebe a Medalha de Mérito Turístico (grau ouro) da Secretaria de Estado do Turismo e o prémio European Border Breakers Award no MIDEM, em Cannes. Os leitores da revista Lux, na sequência da atribuição destes prémios a Mariza, elegem-na como «Personalidade do Ano» na área da Música.
Neste mesmo ano, a convite de autoridades e embaixadas egípcias, apresentou-se como convidada de honra no X Cairo International Song Festival 2004. Quando chegou ao aeroporto e ao evento, as individualidades que a esperavam, espantaram-se por não estar acompanhada por nenhum comité da embaixada portuguesa ou por personalidades do governo de Portugal. Na Sérvia, quando esta ainda se encontrava unida ao Montenegro, esgotou um espectáculo e aqueles que não conseguiram bilhetes concentraram-se no exterior do edifício, até lhes abrirem a porta à assistência do espectáculo.

O primeiro DVD
Um dia antes de receber o galardão da BBC Radio das mãos de Michael Nyman, Mariza deu um concerto em Londres, que registou um dos momentos altos da sua carreira e do qual saiu o DVD Mariza Live in London. Foi o seu primeiro DVD, editado a 28 de Junho de 2004, tendo sido gravado e editado em parceria com a BBC, com realização de Janet Fraser Crook e produção de Alison Howe.
Neste ano de 2004, canta em dueto com Sting, no disco Unity gravado por ocasião dos Jogos Olímpicos.
Em 2004 é convidada a representar o fado e as raízes lusas no Palco Raízes de um dos maiores festivais de música do mundo, o Rock in Rio. Neste ano, o festival realizou-se na Bela Vista, em Lisboa, e Mariza foi uma das convidadas portuguesas para o espectáculo, que reuniu numa tarde de Primavera, 6 de Junho, mais de oito mil pessoas na assistência.
Tem também uma pequena participação no Palco Mundo, durante o concerto de Daniela Mercury, que a convidou para interpretar consigo dois temas bem conhecidos do público lusófono: Fascinação e Garota de Ipanema. Mariza apareceu em palco com um blazer preto e uma saia esvoaçante preta com rosas estampadas, e ambas cantaram uma união entre culturas, nomeadamente, Portugal e Brasil.

O terceiro disco
Mariza envia em 2004 um convite a Jacques Morelenbaum, conceituado produtor brasileiro, que há mais década trabalha com Caetano Veloso na produção dos seus discos, incluindo Fina Estampa, para trabalhar no seu novo disco. O convite foi aceite e resultou no disco Transparente, um disco que homenageia a sua avó africana, e que mistura novas sonoridades ao fado, entre uma busca pelas raízes moçambicanas de Mariza, uma sonoridade jazzística nova-iorquina, uma exploração dos cantares do Minho e do nordeste brasileiro e uma interpelação da música clássica, que marcou o fado contemporâneo.
Cquote1.svg Eu sinto que há uma coincidência entre a minha vida e o fado. Mestiçagem tem um grande significado para mim. Cquote2.svg
Na edição do álbum em Espanha, Mariza interpreta a música juntamente com José Maria Merced, desta vez, em castelhano. Meu Fado Meu, outro dos temas de Mariza, foi também interpretado para, esta edição, em castelhano.
Apresenta o disco, pela primeira vez, ao vivo, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra.
Em 2005 é nomeada Embaixadora de Boa Vontade da UNICEF e, logo em seguida, é nomeada Embaixadora de Hans Christian Andersen em Portugal, pelo embaixador da Dinamarca no país, a propósito das comemorações do bicentenário do escritor.
  
Prémio Fundação Amália Rodrigues Internacional
Entretanto, em 2005, a Fundação Amália Rodrigues atribui-lhe o prémio da fundação, como intérprete que mais contribui para a divulgação da música portuguesa no estrangeiro. Em 2006, ainda no procedimento da digressão obtem um dos seus principais prémios: é nomeada para um Globo de Ouro, na categoria de Melhor intérprete, e vence o galardão, que representa o principal galardão da música em Portugal. Tornou-se Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique, pelas mãos do presidente da república de então, Jorge Sampaio, a 30 de janeiro desse ano.

Nova digressão e Live 8
Todo este «virar de página» emergiu também no mundo através de uma larga digressão que passou por algumas das maiores salas de espectáculos do mundo. Actuou no Olympia com a presença do seu pai, que sonhava vê-la actuar nesse emblemático auditório. Numa entrevista, a mãe chegou a referir que pensou «que a Mariza não conseguia encher o Olympia. Pensava que iríamos passar uma vergonha.» Todavia, os bilhetes esgotaram-se e a sala parisiense encheu-se para ouvir um concerto de fado.
Seguiram-se a Ópera de Frankfurt, o Royal Festival Hall de Londres, Skopje Universal Hall, na Macedónia, o Le Carré de Amesterdão, o Palau de la Música de Barcelona e uma nova «grande conquista» para a música tradicional portuguesa, a 7 de outubro de 2005, com um concerto no grande auditório do mítico Carnegie Hall, em Nova Iorque, que também lotou.
Em 2005 é convidada a integrar os concertos do Live 8, em Cornwall, contra a pobreza no mundo e em prol da paz mundial, que reúne todos os anos os mais célebres artistas internacionais. Apresenta-se no palco numa tarde de Sábado, a 2 de julho, com o mesmo vestido que usaria durante o concerto nos jardins da Torre de Belém, em Lisboa. Foi a primeira portuguesa a participar nos concertos do Live 8.

Concerto na Ópera de Sydney
Mas foi outro o concerto que mais sobressaiu nesta nova digressão mundial. Em 2006, durante duas noites seguidas, a Ópera de Sydney encontra-se lotada para assistir ao concerto de Mariza. A sua primeira vez neste palco mundialmente célebre, reúne também a nomeação para um prémio, os Helpmann Awards, na categoria de Best International Contemporary Concert, na Austrália.
Esta digressão foi acompanhada pelo próprio Jacques Morelenbaum na condução da Orquestra Sinfonietta de Lisboa, e com vários convidados especiais como Carlos do Carmo, Rui Veloso ou Tito Paris.

Concerto em Lisboa
Após a gravação de Transparente, a artista iniciou uma longa digressão pelo mundo, incluindo por Portugal, juntamente com Jacques Morelenbaum e com a companhia da Orquestra Sinfonietta de Lisboa, uma das melhores e mais prestigiadas da Europa. Na noite de 6 de setembro de 2005, durante a mesma digressão, oferece nos jardins da Torre de Belém, em Lisboa, um espectáculo ao qual acorreram mais de 25.000 pessoas para assistir.
O concerto foi gravado, e dele resultaram um álbum e um DVD, homónimos. O CD Concerto em Lisboa foi editado em 6 de novembro de 2006.
O álbum teve duas edições, uma delas especial e limitada, com 18 faixas. O DVD incluía uma gravação produzida pela BBC da actuação da fadista numa casa de fados do Bairro Alto, a Tasca do Chico, e imagens e making of do concerto.
A este concerto, seguiram-se, em novembro do mesmo ano, duas actuações no Coliseu de Lisboa e no Coliseu do Porto.
Em Janeiro começa a rodagem do filme de Carlos Saura, Fados, no qual, Mariza é a protagonista.

Nomeação para o Grammy Latino
O concerto em Lisboa foi considerado um espectáculo de excepção pela imprensa, mas também por várias organizações. Já em 2007, com o álbum e o DVD editados, entre cerca de 5000 gravações enviadas para a organização, Concerto em Lisboa, o álbum, é um dos quatro nomeados para o Grammy Latino na categoria de Folk Music.
Mariza tornara-se a primeira portuguesa nomeada para os Grammy latinos. Foi um momento importante no seu percurso no fado. A sua nomeação causou o corrupio da imprensa nacional em torno de si. No entanto, Mariza referiu sempre que não acreditava que fosse ganhar o gramofone, mas que esta já era uma vitória para Portugal e que abriu as portas para que outros artistas portugueses possam ser nomeados. Uma das suas respostas em relação ao Grammy foi:
Cquote1.svg Já tenho dito em entrevistas, que não sei se sou suficientemente latina… Cquote2.svg

Música com Sal
Antes do anúncio do vencedor do prémio, a 6 de julho deste mesmo ano, Mariza (durante a segunda fase da realização da reportagem em Primeira Pessoa, para a SIC, conduzida por Conceição Lino) encontrava-se em Aveiro, onde à noite, pelas 21.30 horas, daria um espectáculo juntamente com o ministro da cultura do Brasil, Gilberto Gil. O palco foi o Estádio Municipal de Aveiro, que pela primeira vez recebeu um concerto nas suas instalações.
Segundo o JN, a ideia deste espectáculo começou a esboçar-se em dezembro de 2006, quando Gilberto Gil visitou a Universidade de Aveiro para receber um doutoramento Honoris Causa. Nessa altura, surgiu a oportunidade de levar Gilberto ao Estádio Municipal, e a possibilidade manteve-se em aberto.
Da possibilidade de actuação, surgiu também a parceria com um artista português, e a escolha caiu sobre Mariza. Assim, juntaram-se no mesmo palco um ícone da música portuguesa e outro da música brasileira e criaram uma iniciativa que tinha como propósito comemorar a lusofonia à qual deram o nome de Música com Sal.
Assim, o programado no alinhamento, foi a subida de Mariza ao palco e interpretação de alguns fados, até a fadista dar lugar a Gilberto Gil, e depois subia ao palco novamente e cantavam ambos em parceria. Jacques Morelenbaum esteve presente em palco, na condução da Orquestra Filarmónica das Beiras.
Entre o repertório do espectáculo estiveram uma estrondosa interpretação de Primavera, uma entoação em parceria com Gilberto Gil de Transparente, e a cumprir um dever que lhe foi incumbido pela UNICEF, canta também com o ministro brasileiro e um dos nomes maiores e mais radiantes da MPB, A Paz. Mariza entoou também Fascinação e outros de sempre, assim como o hit maior de todo o seu percurso Ó gente da minha terra, Há uma música do povo e Chuva. Gilberto Gil cantou Aquele Abraço, A Novidade e Beira Mar.
No entanto, o espectáculo em si, ficou aquém das expectativas, já que eram esperadas oito mil pessoas, e apareceu um pouco mais da metade. Mas chegou para fazer as honras da casa, já que Mariza, impressionada com a reacção do público, prometeu gravar ali em Aveiro um DVD, ao vivo, algo recebido com uma ovação. Na assistência do espectáculo, estiveram os seus pais, que também foram entrevistados por Conceição Lino. Como media partners, teve a SIC, que promoveu o concerto com vários anúncios televisivos, o Jornal de Notícias, o Rádio Clube Português e o Jornal de Aveiro. Em suma, foi um dos concertos mais expectantes da sua carreira.

Late Show With David Letterman
Em Outubro, Mariza encontrava-se nos Estados Unidos, no decorrer de uma turné pelo país de 13 concertos, que incluía duas das mais ilustres salas de espectáculos do mundo. A 10 de outubro o programa da RTP1, Portugal no Coração, fazia uma homenagem a Herman José e contava com a intervenção de vários convidados amigos do humorista. Mariza encontrava-se em Nova Iorque, mas homenageou Herman através de uma chamada telefónica que o surpreendeu. Mariza não poupou elogios ao seu amigo e aproveitou para convidá-lo a juntar-se a ela em Nova Iorque. Aproveitou a ocasião, para dizer que à noite iria estar num programa de televisão da CBS e, no outro dia, actuaria no Carnegie Hall.
Esse programa era nem mais, nem menos que o Late Show With David Letterman, um dos mais célebres talk-shows norte-americanos, com uma audiência média entre 18 e 20 milhões de espectadores. David Letterman é também um dos mais famosos e influentes apresentadores de televisão dos Estados Unidos, e o seu programa estava no ar há 25 anos. Mariza cantou para cerca de 25 milhões de espectadores Ó gente da minha terra no programa. No fim da estridente actuação, a fadista recebeu uma enorme ovação do público e a dirigir-se a si para a cumprimentar Letterman foi exclamando «Oh, my Goodness!», «Beautifull, incredible!». Foi a primeira portuguesa convidada para o programa.
Segundo declarações da cantora numa entrevista sobre o assunto ao Correio da Manhã, a fadista referiu que no dia seguinte ao programa, foi várias vezes abordada nas ruas de Nova Iorque para a congratularem pela actuação. O vídeo da actuação foi um dos vídeos mais vistos do Youtube, na semana em que foi posto em circulação na net. Entre os mais de 25 milhões de espectadores, Warren Beatty ligou para o número pessoal de Frank Gehry, para que este lhe fornecesse o contacto de Mariza, o que levou o jornalista Miguel Azevedo, numa reportagem no Correio da Manhã, a apelidá-lo de «nome de peso» na lista de «fãs ilustres» da fadista.
No dia seguinte, cantou, já pela segunda vez, para auditório esgotado no Carnegie Hall. Algumas imagens do concerto foram gravadas e incluíram uma reportagem da SIC, na qual Mariza surgia a cantar Recusa perante o público nova-iorquino. Interpretou os habituais temas como Louura, Maria Lisboa, Barco Negro e deixou o palco por minutos, para dar lugar a uma guitarrada, as Variações de Armandinho. A fadista não se fez rogada e experimentou a particularmente boa acústica do auditório. Desceu à plateia com os guitarristas, que apoiaram um pé numa caixa de madeira posta no chão, de forma a segurar as guitarras, e cantou sem microfone para o público. Depois empenhou-se em dar um «quê» de fado a Summertime, a interpretação que se seguiu, em inglês, e do original de Nat King Cole, cantou a capella Smile. No final, e para a metade de portugueses que preenchia os lugares da sala, interpretou Ó gente da minha terra.

Parceria com Frank Gehry
Foi um dos concertos mais aguardados de 2007, assim como um expectante concerto que no Walt Disney Concert Hall em Los Angeles, depois de passar também pelo Lobero Theatre em Santa Barbara, não fosse o arquitecto Frank Gehry a desenhar o palco onde a intérprete actuou. A proposta veio de Gehry, e seria a primeira vez que este trabalharia em parceria com uma artista musical. Idealizou uma taberna portuguesa, mais acolhedora e intimista, que o fizesse recordar Lisboa e o seu ambiente bairrista. Nos seus planos estava também o desenho dos vestidos que Mariza usaria, mas acabou por delegar a escolha à própria, que elegeu o habitual João Rôlo, para um vestido negro, e um estridente vestido prateado de traços futuristas, por Fátima Lopes, que completava as linhas contemporâneas da taberna e do auditório. Novamente, a sala esgotou para receber Mariza a 28 de outubro, na conclusão da sua digressão nos Estados Unidos.
Depois de uma passagem pelo México, onde esteve pela primeira vez, tornou a Portugal, para um dos concertos mais aguardados de Lisboa, esgotado à cerca de um mês.

Concerto no Pavilhão Atlântico
Mariza chegou a Portugal, vinda do México, e recebeu a notícia de que os bilhetes para o seu concerto em Lisboa estavam esgotados há um mês. De facto, o decorrer em simultâneo dos Grammys para os quais estava nomeada no concerto foi um grande chamariz para o público. Contudo, nem a própria imprensa esperava que o Pavilhão Atlântico, nas suas possibilidades máximas com lugares sentados (12.500), fosse lotar para receber um concerto de fado. Um dos objectivos do espectáculo era assumir um dos compromissos estabelecidos com a UNICEF, que nomeou Mariza, em 2005, como Embaixadora da Boa Vontade. Parte das receitas da bilheteira do Pavilhão Atlântico reverteram então, a favor da UNICEF.
Durante todo o dia 8 de novembro, Mariza esteve a preparar, junto dos seus convidados, aquele espectáculo, o qual a própria denominou «Festa da Lusofonia». Entre os convidados estavam incluídos Rui Veloso, a Sinfonietta de Lisboa, Filipe Mukenga, Carlos do Carmo, Ivan Lins e o cabo-verdiano Tito Paris, da mesma editora de Mariza, a World Connection. Entre o reportório, estavam alguns dos temas mais famosos da lusofonia.
Na zona do Pavilhão Atlântico, todas as entradas de rotundas estavam congestionadas, o trânsito acumulava filas em todas as faixas, os próprios estacionamentos encontravam-se lotados. Às portas do Pavilhão alargavam-se as filas para entrar no recinto. No entanto, a maioria do público conseguiu chegar a tempo do início. O espectáculo foi marcado para as 22.00 horas e começou somente com um atraso de cinco minutos.
Entrou a Orquestra Sinfonietta de Lisboa em primeiro lugar, desta feita conduzida por Vasco Pearce de Azevedo. Testaram os instrumentos de cordas, e de seguida entrou o combi de guitarristas, Vasco Sousa, António Neto e Luís Guerreiro, e os percussionistas, João Pedro Ruela e Viky. E, ao invés de começar no palco, como seria de esperar, começou num grande ecrã sobre este, com umas cenas do filme Fados, de Carlos Saura, nomeadamente, a interpretação de Meu fado meu, juntamente com Miguel Poveda; ele em castelhano, ela em português, com a companhia de dois bailarinos. Por fim, sim, entrou Mariza batendo palmas ao público, e como habitualmente, vestida por João Rôlo. O vestido era negro, justo, e parecia abrir uma clarabóia perto da coxa, onde se percebia um folho. O traje foi completado com um bolero negro e vários colares de voltas a lembrar as origens africanas, que naquela noite seriam igualmente recordadas.

(...)

Foi um concerto sem dúvida expectante, que reuniu críticas e elogios, enfim, a atenção de toda a imprensa. No entanto, esperava-se mais enérgico e uma presença maior de Mariza em palco. O concerto foi transmitido em directo pela Antena 1.

Fados
Depois de Lisboa, Mariza teve em agenda concertos em Bruxelas e na Holanda, em Amesterdão, no dia 18, e em Tilburg, a 21 de novembro.
Entretanto, é em Novembro que estreia em Portugal o filme de Carlos Saura, Fados, que completou a triologia iniciada anos antes pelo autor, documentários musicais sobre três grandes géneros de música urbana tradicional, que se tornaram ícone do país de origem. Flamengo, Tango e agora Fados.
Fados, que começou a ser rodado em janeiro, surge, ao invés de um filme, como um documentário musical que imortalizou o fado na película e o tratou com toda a contemporaneidade que merece, aliando-lhe alguns dos mais famosos artistas de world music na sua interpretação, tornando-o novamente dançável, como era quando surgiu pelos bairros de Lisboa carregado pela voz dos boémios e nas guitarras apoiadas à perna. O filme é tido igualmente como um ataque aos puristas e conservadores.
Entre os artistas que participam estão Mariza, com três aparições em cena, para cantar Transparente, depois um fado-flamengo dividido com Miguel Poveda, Meu fado meu e mesmo no final Ó gente da minha terra. Outra das participações mais aclamadas, a par de Mariza, foi Carlos do Carmo também com três aparições, uma delas com Chico Buarque. Participaram também Camané, Lura, Brigada Victor Jara, Argentina Santos e Estranha forma de vida num falsete de Caetano Veloso. Teve-se honorifica presença da guitarra de Mário Pacheco, acompanhada em voz por Cuca Roseta, e outro nome de peso, Lila Downs, a cantar Foi na travessa da palha. O filme teve ainda outras participações.
Mariza juntou-se à promoção do filme nos Estados Unidos e em Espanha. O filme reuniu tanto críticas como elogios, e uma das críticas apontadas, é o facto de se afastar da concepção natural do fado. O filme não foi aceite no Festival de Cinema de Cannes.
Entretanto consegue uma nova proeza, desta feita, ter três discos seus no top 15 de vendas, em Portugal, em primeiro lugar, Concerto em Lisboa. Durante 2007 também, uma foto da artista surge ao lado de mais cinco fotos de intérpretes da música do mundo, na margem superior da página da web da Songlines, em primeiro-plano. Na mesma barra surge a fotografia de outro intérprete lusófono, Gilberto Gil, que também em 2007 deu em Aveiro um concerto juntamente com Mariza.

Comemorações dos 500 anos do Funchal
Depois de regressar da Europa Central, a convite da organização das comemorações dos 500 anos de fundação da cidade do Funchal, na Madeira, a intérprete agenda para dia 23 de novembro um concerto no Madeira Tecnopolo.
O concerto, patrocinado pela TMN, teve os seus bilhetes esgotados rapidamente, já que o espectáculo na Madeira há muito que era aguardado. A organização tentou que Mariza concedesse a autorização para entrar mais pessoas, além das duas mil previstas, já que a procura de ingressos era tão vasta. Mas a comitiva da fadista não o deixou.
Ainda no aeroporto a fadista foi recebida por um batalhão de jornalistas, mas somente se deixou fotografar, alheando-se de quaisquer declarações. Todavia, duas horas antes do concerto, concedeu uma conferência de imprensa onde referiu o agrado por participar no evento.
A acompanhar o concerto, onde Mariza cantou os habituais temas de Concerto em Lisboa, teve o seu combi de cordas e percussão, e a Orquestra Clássica da Madeira, conduzida por Rui Massena. A expectativa maior recaía sobre Ó gente da minha terra.
Participou, já no fim do mês no concerto de Rui Veloso, no Palácio de Seteais, também já esgotado. No entanto, devido à falta de infra-estruturas com condições para acolher os espectadores e protegê-los do frio e da chuva que se faziam sentir, a plateia reduziu-se a metade, pois muitos abandonaram o recinto.
Em 2007 o seu mediatismo levou os criadores do Contra Informação, da RTP, a adicionarem o fantoche de Mariza à sua já vasta colecção. A fadista foi também caricaturada no programa dos Gato Fedorento, Diz que é uma espécie de magazine, onde foi apresentada como a «salvação da pátria».
Ao anúncio de uma pausa de sete meses para a gravação do novo trabalho, produzido, desta feita, por Javier Limón, seguiu-se o anúncio da edição de uma caixa de luxo, colocada à venda pela FNAC, em exclusivo e em edição limitada, no princípio de dezembro, com a discografia de estúdio da cantora juntamente com os dois DVDs, um livro sobre o fado, e outras opções. Porém, devido a problemas de fabrico, essa edição foi posta à venda em janeiro de 2008.
Participa então na campanha de promoção do Ministério do Turismo de Portugal, que contou com as figuras mais mediáticas portuguesas no estrangeiro, como José Mourinho, Cristiano Ronaldo ou Joana Vasconcelos. É ainda em Janeiro deste ano, que é a primeira convidada do talk-show de José Carlos Malato, Sexta-à-noite, e foi também a primeira a estrear o palco do programa, onde cantou Ó gente da minha terra.

Terra
A 9 de maio de 2008, um novo concerto nos jardins da Torre de Belém, serviu para que Mariza apresentasse três dos temas do seu novo álbum, Terra, a editar no dia 30 de junho em Portugal.
No mesmo mês foi divulgado a ligação à gravadora Blue Note Records, a mais importante editora de jazz do mundo.
Terra é o quarto disco de originais de Mariza, apresentado oficialmente a 16 de junho de 2008 para a imprensa nacional e estrangeira na Culturgest, com a produção de Javier Limon. O disco baseia-se nas várias turnés realizadas por Mariza e é descrito como "orgânico", como "uma viagem". Inclui alguns fados clássicos, como Alfama e Rosa Branca, e outros com letra de David Mourão-Ferreira, como Recurso, musicado por Mário Pacheco, Florbela Espanca, Paulo Abreu Lima e outros. Incluiu não só fados, mas também mornas, duetos (com Tito Paris e Concha Buika) e parcerias com Rui Veloso, Ivan Lins e Dominic Miller (guitarrista de Sting). O single é Rosa Branca.

A apresentação mundial ao público teve lugar no dia 21 de Junho em Santarém (onde nunca deu um concerto), na Monumental Celestino Graça, um espaço com lotação para catorze mil pessoas. Até ao fim de 2008 a fadista tem agendados concertos em 18 países, entre os quais Espanha, Letónia, Luxemburgo, Reino Unido, Roménia e Bélgica, e inúmeras cidades, entre as quais Huelva, Badajoz, Barcelona, Timisoara, Paris, Amsterdão, Helsínquia, Sófia, Oslo, Riga e Budapeste, e, em Portugal, Viseu, Coimbra, Lisboa, Ponte de Lima e Pombal. A digressão levá-la-á, até ao final do ano, a várias cidades portuguesas, como e Pombal, e a dezoito países, entre outros.

Mariza e o fado contemporâneo
Apesar de reunir algumas críticas dos espectadores mais conservadores, Mariza foi a maior impulsionadora da nova geração de fadistas que surgiram depois do milénio, e uma das pessoas que mais contribuíram para o reconhecimento e o valor que fado conseguiu recuperar, tanto em Portugal como no estrangeiro.

A influência de Amália Rodrigues
Mariza é hoje, indubitavelmente, a fadista mais reconhecida do fado contemporâneo, e reúne pelo menos três das características que Amália teve, e que muito impulsionaram o seu sucesso: ser proveniente de um bairro típico de Lisboa, ter uma excelente voz e a dramatização das suas interpretações. E Mariza conheceu a música de Amália já relativamente tarde, já que o pai só tinha o hábito de ouvir fadistas masculinos em casa. Acusada de explorar negativamente o repertório mais célebre de Amália, é inquestionável que Mariza revitalizou essas canções, colocando de novo o fado na ribalta, algo que não se via ainda na década de noventa. Para além disso, colocou o fado no topo da world music, levando-o aos mais ilustres palcos, como a Sala Kongresowa, em Varsóvia, a Ópera de Sydney e o Carnegie Hall, e colocando-o no top nacional de vendas da Finlândia e Holanda, algo impensável até à altura.
Mariza faz, cada vez mais, um fado muito autêntico e muito próprio, sendo considerada o expoente do fado experimental. Representa, além de tudo, um virar de página no Fado.

Fado Tradicional
Em 2010 lança "Fado Tradicional", quinto álbum da fadista portuguesa. "Ai, Esta Pena de Mim", em tempos protagonizada por Amália é interpretado no álbum quase "a cappella". Além de Amália Rodrigues, conta com fados de Alfredo Marceneiro e textos de Fernando Pessoa, entre outros. No regresso às raízes, e em jeito de homenagem a poetas e fadistas que a influenciaram, Mariza recupera vários fados tradicionais - como o Fado Alfacinha, Fado Sérgio ou Fado Varela.

Discografia

Afonso de Albuquerque morreu há 498 anos

Afonso de Albuquerque (Alhandra, 1453 - Goa, 16 de dezembro de 1515), nomeado O Grande, César do Oriente, Leão dos Mares, o Terribil e o Marte Português, foi um fidalgo, militar e o segundo governador da Índia portuguesa cujas acções militares e políticas foram determinantes para o estabelecimento do império português no oceano Índico.
Afonso de Albuquerque é reconhecido como um génio militar pelo sucesso da sua estratégia de expansão: procurou fechar todas as passagens navais para o Índico – no Atlântico, Mar Vermelho, Golfo Pérsico e oceano Pacífico – construindo uma cadeia de fortalezas em pontos chave para transformar este oceano num mare clausum português, sobrepondo-se ao poder dos otomanos, árabes e seus aliados hindus.
Destacou-se tanto pela ferocidade em batalha como pelos muitos contactos diplomáticos que estabeleceu. Nomeado governador após uma longa carreira militar no Norte de África, em apenas seis anos – os últimos da sua vida – com uma força nunca superior a quatro mil homens conseguiu estabelecer a capital do Estado Português da Índia em Goa; conquistar Malaca, ponto mais oriental do comércio Índico; chegar às ambicionadas "Ilhas das especiarias", as ilhas Molucas; dominar Ormuz, entrada do Golfo Pérsico; e estabelecer contactos diplomáticos com numerosos reinos da Índia, Etiópia, Reino do Sião, Pérsia e até a China. Áden seria o único ponto estratégico cujo domínio falhou, embora tenha liderado a primeira frota europeia a navegar no Mar Vermelho, a montante do estreito Bab-el-Mandeb. Pouco antes da sua morte foi agraciado com o título de Vice-Rei e "Duque de Goa" pelo Rei D. Manuel I, título de que nunca usufruiu, sendo o primeiro português a receber um título de além-mar e o primeiro duque nascido fora da família real. Foi o segundo europeu a fundar uma cidade na Ásia (o primeiro foi Alexandre, o Grande).

Brasão do Duque de Goa

Notícia sobre Paleoantropologia no Público

Genoma de homens primitivos extintos revela sinais de uma outra espécie, mais antiga, de humanos

Réplica da falange que permitiu sequenciar o ADN dos denisovanos

Será a misteriosa espécie agora descoberta totalmente nova ou, pelo contrário, tratar-se-á de uma espécie de humanos da qual já se conhecem restos fósseis, mas cujo ADN ainda não foi sequenciado?

Cientistas norte-americanos encontraram, no ADN dos denisovanos – uma espécie primitiva de humanos recentemente descoberta e hoje extinta –, vestígios de outra espécie de humanos primitivos da qual ainda nada se sabe, noticiou a revista britânica New Scientist.

Os denisovanos são conhecidos com base em restos fósseis muito fragmentários: a ponta de um dedo e dois molares, descobertos em 2008 na gruta Denisova, nos montes Altai, na Sibéria. Viveram até há 30 mil anos e eram “primos” dos neandertais, com quem, aliás, misturaram os seus genes. A linhagem de ambas estas espécies divergiu da nossa há uns 400 mil anos.

O ADN de um ínfimo bocado da falange foi sequenciado na íntegra em 2012. E, agora, David Reich, da Universidade de Harvard (EUA), e colegas analisaram em pormenor esse ADN. Constataram então que o genoma dos denisovanos contém pequenas parcelas genéticas – que, conjuntamente, representam 1% do total – aparentemente muito mais antigas do que o resto. Os seus resultados foram apresentados numa reunião da Royal Society, em Londres.

“Os denisovanos parecem ser mais diferentes dos humanos modernos do que os neandertais”, explicou Reich naquele encontro. “A sua ancestralidade inclui uma população arcaica desconhecida, não relacionada com os neandertais.”

Para Johannes Krause, da Universidade de Tubinga (Alemanha) e um dos geneticistas que estudaram o genoma dos denisovanos, citado pela revista britânica, os resultados da equipa de Reich são convincentes. Mas este especialista pensa que a misteriosa espécie não é nova, mas antes uma espécie da qual já se conhecem restos fósseis, como Homo erectus. Só que como esta e outras espécies de humanos primitivos viviam em ambientes quentes e húmidos – ao contrário dos neandertais e dos denisovanos, que viviam em sítios frios e secos –, o ADN dos seus fósseis está muito degradado e torna-se muito difícil extraí-lo para o sequenciar.

in Público - ler notícia

O poeta Olavo Bilac nasceu há 148 anos

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1865 - 28 de dezembro de 1918) foi um jornalista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.


Ouvir Estrelas

Ora ( direis ) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouví-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto

E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo? "

E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas



Olavo Bilac

Kandinsky nasceu há 147 anos

Wassily Kandinsky (Moscovo, 16 de dezembro de 1866 e 4 de dezembro no calendário juliano, então em vigor na Rússia - Neuilly-sur-Seine, 14 de dezembro de 1944) foi um artista russo, professor da Bauhaus e introdutor da abstração no campo das artes visuais. Apesar da origem russa, adquiriu a nacionalidade alemã, em 1928 e a francesa, em 1939.

Fuga, Kandinsky, 1914, óleo sobre tela

Sismo sentido no Algarve

Recebido via e-mail do IPMA:

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) informa que no dia 16.12.2013 pelas 07.06 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Continente, um sismo de magnitude 4,7 (Richter) e cujo epicentro se localizou 110 km a Sudoeste de Cádiz.

Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima III (escala de Mercalli modificada) na região de Loulé.

Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.

Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IPMA na Internet (www.ipma.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto da Autoridade Nacional de Proteção Civil (www.prociv.pt).

Camille Saint-Saëns morreu há 92 anos

Camille Saint-Saëns (Paris, 9 de outubro de 1835Argel, 16 de dezembro de 1921) foi um compositor, pianista e organista francês.

O seu pai morreu quando ele tinha apenas quatro meses de idade e Camille foi criado pela sua mãe e a sua tia.
Como tinham um piano em casa, aos dois anos e meio de idade já gostava de brincar com as teclas, e em pouquíssimo tempo já tocava pequenas melodias, sem ser ensinado por ninguém. A sua mãe e a sua tia deram-lhe as primeiras lições de teoria musical.
Aos 7 anos de idade, já escrevia pequenas peças. Recebeu lições de piano de Camille Stamaty e Alexandre Boëly e de harmonia de Pierre Maleden e, aos 10 anos, já conseguia tocar algumas das peças mais difíceis de Mozart e Beethoven.
Apresentou-se em público pela primeira vez na Sala Pleyel, em Paris, a 6 de maio de 1846, sem ter completado ainda 11 anos de idade. Na ocasião, tocou o 3° concerto de Beethoven e o n° 15 de Mozart, para o qual escreveu a sua própria cadência. Aos 13 anos de idade, entrou para o Conservatório de Paris, onde estudou Órgão como instrumento musical, com Benoist, e contraponto e fuga com Jacques Fromental Halévy.
Para auxiliar a família, tocava órgão na Igreja de St. Merry, e em 1857 obteve o cargo de organista na Igreja da Madeleine, cargo esse que ocuparia durante 20 anos. Aos 25 anos já era famoso na Europa inteira como pianista e compositor, tendo escrito três sinfonias, um concerto para violino, peças de música sacra.
Travou amizade com Liszt, que, ao vê-lo improvisando no órgão da Igreja da Madeleine, classificou-o como "o maior organista do mundo".
Saint-Saens conhecia música profundamente, familiarizado com as obras dos grandes compositores europeus antigos e modernos.
Saint-Saens gostava muito de viajar. Movido por impulsos súbitos, fazia excursões repentinas às partes mais distantes do planeta, dava-lhe prazer conhecer lugares exóticos.
Visitou a Espanha, as Canárias, Ceilão, a Indochina, o Egito e esteve várias vezes na América. Deu concertos no Rio de Janeiro e em São Paulo, em 1899, com a colaboração de Luigi Chiafarelli, uma figura de destaque no ambiente musical brasileiro. Visitou também San Francisco, na Califórnia.
A morte veio colhê-lo numa cama de hotel em Argel, na Argélia, no dia 16 de dezembro de 1921. "Acredito que agora chegou mesmo o meu fim", murmurou, e fechou os olhos para sempre. Já fazia tempo que este homem feliz desejava a morte secretamente.
A obra de Camille Saint-Saens é imensa: sinfonias, concertos para violoncelo, piano e violino, peças para órgão, música vocal e instrumental, sacra e profana. Entre as peças mais conhecidas deste compositor, podemos citar: o Concerto para violino nº3 em si menor (op. 61), a "Danse Macabre", Introdução e Rondò Capriccioso para violino e orquestra (uma peça extremamente brilhante para o violino), o Carnaval dos Animais.
Saint-Saens compôs várias óperas, mas somente uma delas é tida pela posteridade como uma obra prima imortal: Sansão e Dalila.
Uma amostra da riqueza das suas composições pode ser admirada nas telas de cinema: no primeiro dos filmes do porquinho Babe, o 4º e último movimento da Sinfonia nº3 "Órgão" serve de fundo para a cena do fazendeiro, que canta uma versão inglesa para a belíssima melodia, chamada "If I Had Words".

Arthur C. Clarke nasceu há 96 anos

Sir Arthur Charles Clarke, mais conhecido como Arthur C. Clarke (Minehead, 16 de dezembro de 1917 - Colombo, 19 de março de 2008) foi um escritor e inventor britânico, autor de obras de divulgação científica e de ficção científica como o conto The Sentinel, que deu origem ao filme 2001: Odisseia no Espaço e o premiado livro Encontro com Rama.

(...)

Desde pequeno mostrou sua fascinação pela astronomia, a ponto de, utilizando um telescópio caseiro, desenhar um mapa da Lua. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu na Royal Air Force (Força Aérea Real britânica) como especialista em radares, envolvendo-se no desenvolvimento de um sistema de defesa por radar, sendo uma peça importante do êxito na batalha da Inglaterra. Depois, estudou Física e Matemática no King's College de Londres.
Talvez sua contribuição de maior importância seja o conceito de satélite geoestacionário como futura ferramenta para desenvolver as telecomunicações. Ele propôs essa ideia em um artigo científico intitulado "Can Rocket Stations Give Worldwide Radio Coverage?", publicado na revista Wireless World em outubro de 1945. A órbita geoestacionária também é conhecida, desde então, como órbita Clarke.
Em 1956 mudou a sua residência para Colombo, no Sri Lanka (antigo Ceilão), em parte devido a seu interesse pela fotografia e exploração submarina, onde permaneceu até à sua morte em 2008.
Teve dois de seus romances levados ao cinema, 2001: Odisseia no Espaço, dirigido por Stanley Kubrick (1968) e 2010: O Ano do Contacto, dirigido por Peter Hyams (1984), sendo o primeiro considerado um ícone importante da ficção científica mundial, aclamado por muitos como um dos melhores filmes já feitos em todos os tempos. Especialistas lhe atribuem forte influência sobre a maioria dos filmes do género que lhe sucederam.

domingo, dezembro 15, 2013

Hoje é dia de Festa!

Parabéns ao colega geopedrado e amigo Fernando Carlos, que hoje é bebé... Aqui fica uma música para celebrar a data, com votos de que se repita muitas vezes...!

Mais informações sobre o novo Geo-Monumento em São Bento - Porto de Mós (PNSAC)

Praia Jurássica com 166 milhões de anos em S. Bento

Fotos - C.M. Porto de Mós

A paisagem deste lugar, que é hoje a Serra de Aire e Candeeiros, era, há cerca de 170-166 milhões de anos (Jurássico Médio), uma planura litoral, pejada de zonas inundadas por lençóis de água, com um a dois metros de profundidade...

A paisagem deste lugar, que é hoje a Serra de Aire e Candeeiros, era, há cerca de 170-166 milhões de anos (Jurássico Médio), uma planura litoral, pejada de zonas inundadas por lençóis de água, com um a dois metros de espessura.

Nessa altura, a Europa ainda se encontrava ligada ao continente norte-americano e, entre a Ibéria e a Terra Nova, no Canadá, penetrava um mar pouco profundo de águas tépidas e límpidas, propícias à formação de recifes de coral. O clima era quente e húmido e a vegetação exuberante.

Este tipo de testemunho geológico/paleontológico, está deste modo atestado nesta zona, pela pedreira da Ladeira em São Bento – Porto de Mós, onde podemos encontrar conforme as fotos demonstram, cerca de 2 mil metros quadrados de um antigo fundo marinho/praia, com inúmeras espécies de estrelas do mar, crustáceos, peixes, ouriços do mar, lírios do mar, sulcos feitos por animais marinhos e as próprias ondas do mar fossilizadas - ripple marks.

Neste contexto de biodiversidade paleontológica, passeavam-se nestas margens dum mar jurássico tropical a subtropical, dinossáurios, como aqueles que têm sido encontrados no Concelho de Porto de Mós e até aquele que foi identificado no Concelho da Batalha que vem provar que a Europa ainda se encontrava ligada ao continente norte-americano, ficando assim marcado num dos muitos estratos de calcário, do Maciço Calcário Estremenho.

É, pois, no fundo das lagunas litorais que se depositavam, constantemente lamas de calcário, onde facilmente ficavam impressos, estes testemunhos paleontológicos a que chamamos icnofósseis.

Na sequência da evolução geológica regional, esta área afundava-se constantemente permitindo a invasão das águas marinhas e a continuidade da sedimentação. Muito mais tarde houve deformação destes estratos do que resultou a elevação da serra de Aire e Candeeiros, ao mesmo tempo que se afundava a Bacia Terciária do Tejo.

Neste contexto, é muito importante este sítio geológico, pela sua dimensão, raridade, beleza e acima de tudo pela sua geodiversidade (ou diversidade geológica) que é a variedade (a diversidade) de elementos e de processos geológicos, sob qualquer forma, a qualquer escala e a qualquer nível de integração, existente no planeta Terra (do grego , Terra + latim diversitate, diversidade).

O conceito de geodiversidade é um conceito integrador fundamental que engloba todos os materiais e fenómenos geológicos que dão corpo ao Planeta e o modificam (a sua estrutura e a sua superfície) e que, em conjugação com a biodiversidade, define a essência material da Terra e o modo como ela se transforma e evolui.

Geoconservação: Todas e quaisquer acções empreendidas no sentido de preservar e de defender a geodiversidade.

Património geológico: O conjunto dos aspectos notáveis e de exemplos concretos de geodiversidade, aos mais diversos níveis, que, por esta ou por aquela razão, se entendeu salvaguardar por meio de medidas especiais protecção, tal como consignadas na legislação específica de cada país.

Deste modo, a Assembleia Municipal de Porto de Mós, na sua sessão de 29 de novembro de 2013, aprovou por unanimidade sob minha proposta uma recomendação à Câmara Municipal para se classificar o sitio em causa como Geo-Monumento pelos aspetos atrás citados.

Esta jazida geológica/paleontológica já estava referenciada há algum tempo, mas só agora, é que é divulgada porque, por um lado a câmara municipal tem nos seus planos um Geoparque e por outro, porque está a ser objecto de estudo por parte de vários investigadores, no âmbito de uma tese de Doutoramento, com a colaboração da Universidade de Bristol – Reino Unido.

Dr. António José Menezes Teixeira

O Rei D. Fernando II morreu há 128 anos

D. Fernando II de Portugal, batizado Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gotha-Koháry (29 de outubro de 1816 - 15 de dezembro de 1885), foi o Príncipe e, posteriormente, Rei de Portugal pelo seu casamento com a Rainha D. Maria II em 1836.
De acordo com as leis portuguesas, D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota-Koháry tornou-se Rei de Portugal jure uxoris, apenas após o nascimento do primeiro Príncipe, que foi o futuro D. Pedro V. Embora fosse D. Maria II a detentora do poder, D. Fernando evitava sempre que possível a política, preferindo envolver-se com a arte.
D. Fernando II foi regente do reino por quatro vezes, durante as gravidezes de D. Maria II, depois da sua morte em 1853 e quando seu segundo filho, o rei D. Luís I, e a rainha Maria Pia de Saboia se ausentaram de Portugal para assistirem à Exposição de Paris em 1867.
Ele ficou conhecido na História de Portugal como "O Rei-Artista".

Era o primogénito do príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, irmão do duque Ernesto I e do rei Leopoldo I dos Belgas, e de sua esposa, Maria Antónia de Koháry. Tinha três irmãos menores: Augusto, Vitória e Leopoldo.
O príncipe cresceu em vários lugares: nas terras de sua família na actual Eslováquia e nas cortes austríacas e germânicas.
Em 1869, Fernando casou-se pela segunda vez, morganaticamente, com Elise Hensler, feita Condessa d'Edla, que era uma cantora de ópera e mãe solteira, a quem deixaria como herança o Palácio da Pena, cuja construção foi da sua inteira responsabilidade e entregue ao engenheiro alemão, Wilhelm Ludwig von Eschwege.
O seu corpo jaz ao lado de D. Maria II, sua primeira esposa, no Panteão dos Braganças, em São Vicente de Fora, Lisboa.

Real Palácio da Pena - vista aérea

Paul Simonon - 58 anos

Paul Gustave Simonon (Croydon, Londres, 15 de dezembro de 1955) é um baixista britânico e co-fundador da banda britânica de punk rock The Clash.
Depois do fim dos The Clash, Paul Simonon entrou para um grupo chamado Havana 3AM, que gravou somente um álbum no Japão e que, posteriormente, se separou. Posteriormente Simonon voltaria às suas raízes de artista visual, organizando várias galerias de arte. A sua relutância em voltar a tocar foi citado como a principal razão de os Clash ter sido uma das poucas bandas punk britânicas dos anos 70 que não aproveitou a febre de nostalgia punk que assolou o final dos anos 90 para tentar relançar a carreira. Atualmente Paul Simonon toca com Damon Albarn e o seu antigo companheiro Mick Jones, na banda virtual de rock Gorillaz, fazendo as aparições ao vivo.

Biografia
Simonon nasceu em Croydon, Surrey. O seu pai, Gustave, foi um funcionário público e a sua mãe, Elaine, era uma bibliotecária. Ele cresceu na área sul de Londres, em Brixton, vivendo cerca de um ano em Siena, Itália, com a mãe e o padrasto. Antes de ingressar nos The Clash, ele tinha planeado tornar-se um artista e estudou na Byam Shaw School of Art, em seguida, com base em Campden St, Kensington.
Ele foi convidado a juntar-se aos The Clash em 1976, pelo guitarrista Mick Jones, que planeava ensinar guitarra a Simonon. No entanto, o instrumento revelou-se difícil para Simonon, então Jones decidiu ensinar-lhe a tocar baixo. Simonon aprendeu as suas partes de baixo por hábito de Jones nos primeiros dias da banda e ainda não sabia como tocar o baixo quando o grupo gravou pela primeira vez. Ele foi creditado como o criador do nome da banda e foi a principal responsável pelos aspectos visuais, como roupas e cenários de palco. Ele também foi imortalizado na capa do álbum duplo da banda, London Calling; a imagem de Pennie Smith partindo o seu baixo tornou-se uma das imagens icónicas da era punk.
Paul Simonon escreveu três das canções dos The Clash: "The Guns of Brixton" do London Calling, "The Beat Crooked" em Sandinista!, e o B-side "Jerk Long Time". Ele cantou "Red Dragnet Angel" de Combat Rock, mas esta canção foi escrita por Joe Strummer.
Simonon tocou baixo em quase todas as músicas dos The Clash. Gravações em que ele não toca incluem: "The Magnificent Seven" e "Lightning Strikes (Not Once but Twice)" em Sandinista! (interpretado por Norman Watt-Roy), "Rock the Casbah" em Combat Rock (interpretado por Topper Headon), e 10 das 12 faixas de Cut the Crap (interpretado por Norman Watt-Roy). Muitas das faixas de Combat Rock são pensadas para ter faixas de baixo estabelecidas por Mick Jones ou o engenheiro Eddie Garcia e as primeiras gravações em Sandinista! destacam o baixo, sendo tocado por Jones e Strummer, algumas, mas, possivelmente, nem todas, visto que Simonon mais tarde regravou, uma vez que ele voltou às sessões após as filmagens de Ladies and Gentlemen, The Fabulous Stains.




O pintor Johannes Vermeer morreu há 338 anos

A alcoviteira (1656): a figura da esquerda crê-se ser o auto retrato de Vermeer

Johannes Vermeer (Delft, 31 de outubro de 1632 - Delft, 15 de dezembro de 1675) foi um pintora holandês, que também é conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer.
Vermeer viveu toda a sua vida na sua terra natal, onde está sepultado na Igreja Velha (Oude Kerk) de Delft.
É o segundo pintor holandês mais famoso e importante do século XVII (um período que é conhecido por Idade de Ouro Holandesa, devido às espantosas conquistas culturais e artísticas do país nessa época), depois de Rembrandt. Os seus quadros são admirados pelas suas cores transparentes, composições inteligentes e brilhante com o uso da luz.
Pouco se sabe da sua vida. Era filho de Reynier Jansz e Dingenum Baltens. Casou-se em 1653 com Catharina Bolenes e teve 15 filhos, dos quais 4 morreram em tenra idade. No mesmo ano juntou-se à guilda de pintores de Saint Lucas (São Lucas). Mais tarde, entre 1662 e 1669, foi escolhido para presidir à guilda. Sabe-se que vivia com magros rendimentos como comerciante de arte, e não pela venda dos seus quadros. Por vezes até foi obrigado a pagar com quadros dívidas contraídas nas lojas de comida locais. Morreu muito pobre em 1675. A sua viúva teve de vender todos os quadros que ainda estavam na sua posse ao conselho municipal em troca de uma pequena pensão (uma fonte diz que foi só um quadro: a última obra de Vermeer, intitulada Clio). Depois da sua morte, Vermeer foi esquecido. Por vezes, os seus quadros foram vendidos com a assinatura de outro pintor, para lhe aumentar o valor. Foi só muito recentemente que a grandeza de Vermeer foi reconhecida: em 1866, o historiador de arte Théophile Thoré (pseudónimo de W. Bürger) fez uma declaração nesse sentido, atribuindo 76 pinturas a Vermeer, número esse que foi em breve reduzido por outros estudiosos. No princípio do século XX havia muitos rumores de que ainda existiriam quadros de Vermeer por descobrir.
Conhecem-se hoje muito poucos quadros de Vermeer. Só sobrevivem 35 a 40 trabalhos atribuídos ao pintor holandês. Há opiniões contraditórias quanto à autenticidade de alguns quadros.
A vida do pintor é contracenada no filme "Girl with a Pearl Earring" (2003) do diretor Peter Webber. A atriz Scarlett Johansson interpreta Griet, a rapariga com brinco de pérola.

Sergio Pizzorno, dos Kasabian, faz hoje 33 anos

Sergio Pizzorno (15 de dezembro de 1980, Newton Abbot, Devon) é um músico e compositor inglês de origem italiana (o avô nasceu em Génova).
É o guitarrista, bem como escritor de musicas, da banda britânica Kasabian. No inicio de sua vida queria ser jogador de futebol mas tornou-se no principal escritor de musicas da banda inglesa depois da saida de Chris Karloff. Ele faz parte também da banda (duo) de indie-rock psicadélico, Loose Tapestries, que formou com Noel Fielding, depois de eles trabalharem juntos na banda sonora do show Noel Fielding's Luxury Comedy. Pizzorno é um conhecido adepto do Leicester City, um clube de futebol inglês.




Hoje é um dia triste para a Poesia

(imagem daqui)

António José Forte (Póvoa de Santa Iria, 6 de fevereiro de 1931Lisboa, 15 de dezembro de 1988), poeta ligado ao movimento surrealista, integrou o chamado Grupo do Café Gelo. Trabalhou também como funcionário da Fundação Calouste Gulbenkian, onde durante mais de 20 anos desempenhou as funções de Encarregado das Bibliotecas Itinerantes. Era casado com a pintora Aldina.
Deixou uma obra breve, mas que claramente o afirma como um consumado poeta. Com colaboração na revista Pirâmide e em vários jornais (A Rabeca, Notícias de Chaves, O Templário, Diário de Lisboa, A Batalha, Jornal de Letras, Artes e Ideias) publicou o seu primeiro livro, 40 Noites de Insónia de Fogo de Dentes Numa Girândola Implacável e Outros Poemas, em 1958. Representado em inúmeras antologias poéticas, António José Forte é também autor do livro de poesia infanto-juvenil Uma rosa na tromba de um elefante.
A poesia de António José Forte carreia uma certa perversão do "discurso" poético e a utopia ideológica, anarquizante e ainda claramente surrealista; é, com uma intenção nitidamente bretoniana, uma maneira de afirmar que o acto de escrever é "ainda aquilo que sabe fazer melhor", mas dizer também em consciência haver "gente que nunca escreveu uma linha e fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores". A sua poesia está reunida em Uma Faca nos Dentes, com um prefácio de Herberto Helder, seu amigo de muitos anos, onde este afirma que "a voz de António José Forte não é plural, nem directa ou sinuosamente derivada, nem devedora. Como toda a poesia verdadeira, possui apenas a sua tradição. A tradição romântica, no menos estrito e mais expansivo e qualificado registo".


Reservado ao veneno

Hoje é um dia reservado ao veneno
e às pequeninas coisas
teias de aranha filigranas de cólera
restos de pulmão onde corre o marfim
é um dia perfeitamente para cães
alguém deu à manivela para nascer o sol
circular o mau hálito esta cinza nos olhos
alguém que não percebia nada de comércio
lançou no mercado esta ferrugem
hoje não é a mesma coisa
que um búzio para ouvir o coração
não é um dia no seu eixo
não é para pessoas
é um dia ao nível do verniz e dos punhais
e esta noite
uma cratera para boémios
não é uma pátria
não é esta noite que é uma pátria
é um dia a mais ou a menos na alma
como chumbo derretido na garganta
um peixe nos ouvidos
uma zona de lava
hoje é um dia de túneis e alçapões de luxo
com sirenes ao crepúsculo
a trezentos anos do amor a trezentos da morte
a outro dia como este do asfalto e do sangue
hoje não é um dia para fazer a barba
não é um dia para homens
não é para palavras


in
Uma faca nos dentes (1983) - António José Forte

sábado, dezembro 14, 2013

Há 102 anos o Polo Sul foi finalmente conquistado

Da direita para a esquerda: Roald Amundsen, Helmer Hanssen, Sverre Hassel e Oscar Wisting em "Polheim", a tenda instalada no Polo Sul em 16 de dezembro de 1911 (a bandeira é a da Noruega - fotografia de Olav Bjaaland

A primeira expedição a atingir o Polo Sul foi liderada pelo explorador norueguês Roald Amundsen. Ele, e mais quatro membros da expedição, chegaram ao Polo a 14 de dezembro de 1911, cinco semanas antes do grupo liderado pelo inglês Robert Falcon Scott, da Expedição Terra Nova. Amundsen e a sua equipa regressaram sãos e salvos à sua base, sendo informados, mais tarde, que Scott, e mais quatro companheiros, tinham morrido na viagem de regresso.
O plano inicial de Amundsen era ser o primeiro a chegar ao Árctico, e a conquistar o Polo Norte, utilizando um navio preparado para navegar no gelo. Obteve a licença para utilizar o Fram, o navio de exploração polar de Fridtjof Nansen, e conseguiu angariar uma grande quantia para financiar o seu projecto. No entanto, em 1909, os seus rivais norte-americanos, Frederick Cook e Robert Peary, anunciaram, cada um deles, terem chegado ao Polo Norte, deitando, assim, por terra, o empreendimento de Amundsen. Este decidiu, então, alterar os seus planos e iniciou a preparação da expedição ao Polo Sul; sem ter a certeza se o público e os seus apoiantes se mantinham a seu lado, manteve em segredo o seu novo objectivo. Quando partiu, em junho de 1910, a maior parte da sua tripulação acreditava que era o início da viagem para o Árctico.
Amundsen estabeleceu a sua base, "Framheim", na Baía das Baleias na Grande Barreira de Gelo. Após meses de preparação, o estabelecimento dos depósitos e uma falsa partida, quase terminaram em desastre. Ele, e o seu grupo, partiram para o Polo, em outubro de 1911. No percurso, descobriram o Glaciar Axel Heiberg, que os ajudou na sua rota até ao Planalto Antártico e, consequentemente, para o Polo Sul. A experiência na utilização de esquis, de cães e trenós, fez com que a sua viagem fosse relativamente rápida e sem problemas de maior. Outras realizações desta expedição incluíram a primeira exploração da Terra do Rei Eduardo VII e uma vasta exploração oceanográfica.
Embora a expedição tenha tido sucesso e fosse largamente aplaudida, o trágico destino de Scott ofuscou a sua conquista. Por outro lado, o facto de Amundsen ter decidido manter em segredo a sua alteração de planos, foi bastante criticado. Os historiadores mais recentes reconhecem a Amundsen, e ao seu grupo, elevada capacidade e coragem; a Estação Polo Sul Amundsen-Scott recebeu o seu nome juntamente com o de Scott.

Percursos efectuados ao Polo Sul por Scott (verde) e Amundsen (vermelho) em 1911–1912

Tycho Brahe nasceu há 467 anos

Tycho Brahe (Skåne, Dinamarca, 14 de dezembro de 1546 - Praga, 24 de outubro de 1601) nascido Tyge Ottesen Brahe, foi um astrónomo dinamarquês. Teve um observatório chamado Uranienborg na ilha de Ven, no Öresund, entre a Dinamarca e a Suécia.
Tycho esteve ao serviço de Frederico II da Dinamarca e mais tarde do imperador Rodolfo II da Germânia, tendo sido um dos representantes mais prestigiosos da ciência nova - a ciência renascentista, que abrira uma brecha no sólido edifício construído pela Idade Média, baseado na síntese da tradição bíblica e da ciência de Aristóteles. Continuando o trabalho iniciado por Copérnico, foi acolhido pelos sábios ocidentais com alguma relutância. Estudou detalhadamente as fases da lua e compilou muitos dados que serviriam mais tarde a Johannes Kepler para descobrir uma harmonia celestial existente no movimento dos planetas, padrão esse conhecido como leis de Kepler.
A adesão de Tycho à ciência nova levou-o a abandonar a tradição ptolomaica, a fim de chegar a novas conclusões pela observação directa. Baseando-se nesta, construiu um sistema no qual, sem pretender descobrir os mistérios do cosmos, chega a uma síntese eclética entre os sistemas que poderíamos chamar de tradicionais e o de Copérnico.
Tycho foi um astrónomo observacional da era que precedeu a invenção do telescópio, e as suas observações da posição das estrelas e dos planetas alcançaram uma precisão sem paralelo para a época. Após a sua morte, os seus registos dos movimentos de Marte permitiram a Johannes Kepler descobrir as leis dos movimentos dos planetas, que deram suporte à teoria heliocêntrica de Copérnico. Tycho não defendia o sistema de Copérnico mas propôs um sistema em que os planetas giram à volta do Sol e este orbitava em torno da Terra.
Em 1599, por discordar do novo rei do seu país, mudou-se para Praga e construiu um novo observatório, onde trabalhou até morrer, em 1601.

O Poeta, Místico e Santo, João da Cruz morreu há 422 anos

São João da Cruz (Fontiveros, 24 de junho de 1542 - Úbeda, 14 de dezembro de 1591) foi um frade carmelita espanhol, famoso por suas poesias místicas e que foi proclamado 26º Doutor da Igreja pelo Papa Pio XI. É assim considerado pelas Igreja Católica, Igreja Anglicana e Igreja Luterana


Llama de amor viva

1. ¡Oh llama de amor viva,
que tiernamente hieres
de mi alma en el más profundo centro!
Pues ya no eres esquiva,
acaba ya, si quieres;
¡rompe la tela de este dulce encuentro!

2. ¡Oh cauterio suave!
¡Oh regalada llaga!
¡Oh mano blanda! ¡Oh toque delicado,
que a vida eterna sabe,
y toda deuda paga!
Matando. muerte en vida la has trocado.

3. ¡Oh lámparas de fuego,
en cuyos resplandores
las profundas cavernas del sentido,
que estaba oscuro y ciego,
con extraños primores
calor y luz dan junto a su Querido!

4. ¡Cuán manso y amoroso
recuerdas en mi seno,
donde secretamente solo moras
y en tu aspirar sabroso,
de bien y gloria lleno,
cuán delicadamente me enamoras!

Música para recordar o momento em que nos encontramos