Vista aérea mostrando base de lançamento de mísseis em Cuba, novembro de 1962
Uma eleição estava em curso nos Estados Unidos. A
Casa Branca negou as acusações de que estava ignorando os mísseis soviéticos a 145 quilómetros do litoral da
Flórida. A instalação dos mísseis foi confirmada quando um avião espião
Lockheed U-2 da
Força Aérea dos Estados Unidos obteve
provas fotográficas claras de instalações de mísseis balísticos
R-12 Dvina e
R-14 Chusovaya.
Os Estados Unidos estabeleceram um bloqueio militar para evitar que
novos mísseis entrassem em Cuba e anunciou que não permitiria que armas
ofensivas fossem entregues a Cuba, além de ter exigido que as armas
já entregues fossem desmontadas e levadas de volta para a URSS.
Depois de um longo período de tensas negociações, foi alcançado um
acordo entre Kennedy e Kruschev. Publicamente, os soviéticos
desmantelaram as suas armas em Cuba e levaram-nas para a União
Soviética, sob reserva de verificação das
Nações Unidas,
em troca de uma declaração pública dos Estados Unidos de nunca
invadir Cuba sem provocação direta. Secretamente, os Estados Unidos
também concordaram que iriam desmantelar toda a rede de mísseis
Júpiter que foi implantada na Turquia e Itália contra a União
Soviética, mas que não era conhecida pelo público.
Todos os mísseis ofensivos e bombardeiros
Ilyushin Il-28
foram retirados de Cuba e o bloqueio foi formalmente encerrado, em 20
de novembro de 1962. As negociações entre os Estados Unidos e a União
Soviética destacaram a necessidade de uma rápida, clara e direta
linha de comunicação entre
Washington, DC e
Moscovo. Uma série de acordos reduziu drasticamente as tensões USA-URSS durante os anos seguintes.
A crise começou quando os
soviéticos, em resposta à instalação de mísseis nucleares na
Turquia, Inglaterra e
Itália, em
1961, e à invasão de
Cuba pelos
Estados Unidos, no mesmo ano, instalaram mísseis nucleares em Cuba. Em
14 de outubro, os
Estados Unidos divulgaram fotos de um voo secreto realizado sobre Cuba, apontando cerca de quarenta silos para abrigar
mísseis nucleares. Houve uma enorme tensão entre as duas
superpotências pois uma
guerra nuclear parecia mais próxima do que nunca. O governo de
John F. Kennedy, apesar de suas ofensivas no ano anterior, encarou aquilo como um ato de guerra contra os Estados Unidos.
Nikita Kruschev,
o primeiro-ministro da URSS à época, afirmou que os mísseis nucleares
eram apenas defensivos, e que tinham sido lá instalados para dissuadir
outra tentativa de invasão da ilha (meses antes, em
17 de abril de 1961, o governo Kennedy já havia empreendido a desastrada
invasão da Baía dos Porcos, usando um grupo
paramilitar constituído por exilados cubanos, apoiados pela
CIA e pelas
forças armadas dos Estados Unidos, na tentativa de derrubar o governo de
Fidel Castro). A situação rapidamente evoluiu para um confronto aberto entre as duas potências.
Segundo o governo Kennedy, os Estados Unidos não poderiam admitir a
existência de mísseis nucleares daquela dimensão a escassos 150
quilómetros do seu território. O presidente Kennedy avisou Khruschev de
que os EUA não teriam dúvidas em usar
armas nucleares contra Cuba, se os soviéticos não desativassem os silos e retirassem os mísseis da ilha.
O ponto culminante da crise foi o “sábado negro”, 27 de outubro,
quando um dos aviões-espiões americano foi abatido sobre Cuba e o seu
piloto morreu. A guerra parecia cada vez mais iminente e as negociações
se tornaram dificílimas.
Foram treze dias de suspense mundial, devido ao medo de uma possível guerra nuclear, até que, em
28 de outubro,
Kruschev, após conseguir secretamente uma futura retirada dos mísseis
norte-americanos da Turquia e um acordo de que os EUA nunca invadiriam a
ilha vizinha, concordou em remover os mísseis de Cuba.
Na televisão, todos os canais federais dos EUA interromperam os
programas e transmitiram o comunicado urgente de Kruschev, que dizia:
- "Nós concordamos em retirar de
Cuba os meios que consideram
ofensivos. Concordamos em fazer isto e declarar na ONU este compromisso.
Os seus representantes farão uma declaração de que os EUA, considerando
a
inquietação e preocupação do Estado soviético, retirarão os seus meios
análogos da Turquia".
Na
década de 60,
havia uma clara tendência à proliferação dos arsenais nucleares. Por
esta razão, e ainda sob o impacto da crise dos mísseis de Cuba, os
Estados Unidos, a União Soviética e a Inglaterra assinaram, em 1963, um
acordo que proibia testes nucleares na atmosfera, em alto-mar e no
espaço (assim, apenas testes subterrâneos poderiam ser legalmente
realizados). Em 1968, as duas super-potências e outros 58 países
aprovaram o
Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. O objetivo desse acordo era tentar conter a
corrida armamentista
dentro de um certo limite. Com ele, os países que já possuíam bombas
nucleares comprometiam-se a limitar os seus arsenais e os países que não
os continham ficavam proibidos de desenvolvê-los, mas poderiam
solicitar aos primeiros tecnologia nuclear para fins pacíficos.