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segunda-feira, outubro 28, 2024

O virologista Jonas Salk nasceu há cento dez anos...

 
Jonas Edward Salk (Nova Iorque, 28 de outubro de 1914 - La Jolla, 23 de junho de 1995) foi um médico, pesquisador, virologista e epidemiologista dos Estados Unidos da América, mais conhecido como o inventor da primeira vacina antipoliomielite (a epónima vacina Salk). Trabalhou em Nova Iorque, Michigan, Pittsburgh e Califórnia. Em 1960, fundou o Salk Institute for Biological Studies em La Jolla, California, que é atualmente um centro de pesquisas médicas e científicas.
Ao longo da vida científica, foi um dos milhares de pesquisadores a utilizar a herança de Henrietta Lacks, uma mulher americana que faleceu de cancro. A linhagem de células de Henrietta eram peculiares a ponto de se tornarem um dos maiores ícones da ciência até os dias atuais e ficaram conhecidas como HeLa. Foi a partir das células HeLa que Salk produziu a vacina contra poliomelite.
Nos últimos anos de vida, dedicou muita energia na tentativa de desenvolver uma vacina contra a SIDA.
Salk não buscava fama ou fortuna com as suas descobertas, e é citado como tendo dito: "A quem pertence a minha vacina? Ao povo! Você pode patentear o Sol?"
Até 1955, quando a vacina começou a ser administrada, a poliomielite foi considerada o problema de saúde pública mais assustador do pós-guerra nos Estados Unidos. As epidemias anuais eram cada vez mais devastadoras no país. A epidemia de 1952 foi o pior surto na história do país norte americano. Dos quase 58 mil casos notificados naquele ano, 3.145 pessoas morreram e 21.269 ficaram com algum tipo de paralisia, sendo a maioria das vítimas crianças. De acordo com um documentário da PBS em 2009, o segundo maior temor dos Estados Unidos, na época, foi a poliomielite, perdendo apenas para o medo de o país ser atacado por uma bomba atómica.
Consequentemente, cientistas iniciaram uma corrida frenética para encontrar um meio de prevenir e curar a doença. Assim, segundo Denemberg, "Salk trabalhou dezasseis horas por dia, sete dias por semana, durante anos..." para chegar à descoberta da vacina.
      

sábado, setembro 28, 2024

Pasteur morreu há 129 anos...

 
  
Louis Pasteur (Dole, 27 de dezembro de 1822 - Marnes-la-Coquette, 28 de setembro de 1895) foi um cientista francês. A suas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina.
É lembrado por suas notáveis descobertas das causas e prevenções de doenças. Entre seus feitos mais notáveis pode-se citar a redução da mortalidade por febre puerperal, e a criação da primeira vacina contra a raiva. As suas experiências deram fundamentação à teoria microbiológica da doença. Foi mais conhecido do público em geral por inventar um método para impedir que leite e vinho causem doenças, um processo que veio a ser chamado pasteurização. Ele é considerado um dos três principais fundadores da microbiologia, juntamente com Ferdinand Cohn e Robert Koch. Pasteur também fez muitas descobertas no campo da química, principalmente a base molecular para a assimetria de certos cristais. O seu corpo está enterrado sob o Instituto Pasteur em Paris, num mausoléu decorado por mosaicos em estilo bizantino que lembram as suas realizações.
Louis Pasteur nasceu em Dole no dia 27 de dezembro de 1822. O seu pai foi sargento da Armada Napoleónica. Pasteur não foi um aluno especialmente aplicado ou brilhante na escola e nem mesmo na universidade. Quando era jovem, tinha um gosto especial pela pintura e fez diversos retratos de sua família. Aos dezanove anos abandonou a pintura para se dedicar à carreira científica, que perdurou por toda a sua vida. Em 1847 ele completou os seus estudos na escola de física e química em Paris.
Iniciou os seus estudos no Colégio Royal em Besançon, transferindo-se para a Escola Normal Superior em 1843 de Paris estudando química, física e cristalografia. Foi na cristalogia que Pasteur fez suas primeiras descobertas. Descobriu em 1848 o dimorfismo do ácido tartárico, ao observar no microscópio que o ácido racémico apresentava dois tipos de cristais, com simetria inversa. Foi portanto o descobridor das formas dextrógiras e levógiras, comprovando que desviavam o plano de polarização da luz no mesmo ângulo porém em sentido contrário. Esta descoberta valeu ao jovem químico, com apenas 26 anos de idade, a concessão da "Légion d'Honneur" Francesa. Após licenciar-se e assistir às aulas do grande químico francês Jean-Baptiste Dumas, começou a se interessar pela química.
Exerceu o cargo de professor de química em Dijon e depois em Estrasburgo. Casou-se com Marienne Laurente, filha do reitor da Academia. Em 1854 foi nomeado decano da Faculdade de Ciências na Universidade de Lille.
A pedido dos vinicultores e cervejeiros da região, começou a investigar a razão pela qual azedavam os vinhos e a cerveja. De novo, utilizando o microscópio, conseguiu identificar a bactéria responsável pelo processo. Propôs eliminar o problema aquecendo a bebida lentamente até alcançar 48° C, matando, deste modo, as bactérias, e encerrando o líquido posteriormente em cubas hermeticamente seladas para evitar uma nova contaminação. Este processo originou a atual técnica de pasteurização dos alimentos. Demonstrou, desta forma, que todo processo de fermentação e decomposição orgânica ocorre devido à ação de organismos vivos.
Na Inglaterra, em 1865, o cirurgião Joseph Lister aplicou os conhecimentos de Pasteur para eliminar os micro-organismos vivos em feridas e incisões cirúrgicas. Em 1871, o próprio Pasteur obrigou os médicos dos hospitais militares a ferver os instrumentos cirúrgicos e os pensos que seriam utilizados nos procedimentos médicos.
Expôs a "teoria germinal das enfermidades infecciosas", segundo a qual toda enfermidade infecciosa tem sua causa (etiologia) num micróbio com capacidade de propagar-se entre as pessoas. Deve-se buscar o micróbio responsável por cada enfermidade para se determinar um modo de combatê-lo.
Pasteur passou a investigar os microscópicos agentes patogénicos, terminando por descobrir vacinas, em especial a anti-rábica. Fundou em 1888 o Instituto Pasteur, um dos mais famosos centros de pesquisa da atualidade.
Pasteur foi quem derrubou definitivamente a ideia da abiogénese, com a utilização material em vidro chamado pescoço de cisne. Pasteur colocou um caldo nutritivo em um balão de vidro, de pescoço curvo. Ferveu o caldo existente no balão, o suficiente para matar todos os possíveis microrganismos que poderiam existir nele. Cessado o aquecimento, vapores da água proveniente do caldo condensaram-se no pescoço do balão e se depositaram, sob forma líquida, na sua curvatura inferior.
Como os frascos ficavam abertos, não se podia falar da impossibilidade da entrada do "princípio ativo" do ar. Com a curvatura do gargalo, os micro-organismos do ar ficavam retidos na superfície interna húmida e não alcançavam o caldo nutritivo. Quando Pasteur quebrou o pescoço do balão, permitindo o contacto do caldo existente dentro dele com o ar, constatou que o caldo se contaminou com microrganismos provenientes do ar.
Morreu em Villeneuve-L'Etang, no dia 28 de setembro de 1895. Encontra-se sepultado no Instituto Pasteur, em Paris.
    

segunda-feira, agosto 26, 2024

O criador da atual vacina da poliomielite nasceu há 118 anos


Albert Bruce Sabin (Białystok, 26 de agosto de 1906 - Washington, 3 de março de 1993) foi um pesquisador médico, sendo mais conhecido por ter desenvolvido a vacina oral para a poliomielite

 

Biografia

Sabin nasceu numa família de judeus, em 1906, na cidade de Białystok, então parte da Rússia (atualmente na Polónia), e emigrou em 1921 para os Estados Unidos com a sua família. Sabin estudou medicina na Universidade de Nova Iorque e desenvolveu um intenso interesse em pesquisa, especialmente na área de doenças infecciosas. Em 1931, completou o doutoramento em medicina. Passou uma temporada trabalhando em Londres em 1934, como representante do Conselho Americano de Pesquisas. De volta aos Estados Unidos, tornou-se pesquisador do Instituto Rockfeller de Pesquisas Médicas. Nesse instituto, demonstrou o crescimento do vírus da poliomielite em tecidos humanos.

Sabin esteve várias vezes no Brasil, acompanhando pessoalmente o combate à poliomielite, tendo se casado, em 1972, com a brasileira Heloisa Dunshee de Abranches. Centenas de escolas, hospitais, clínicas e instituições brasileiras têm o seu nome. O cientista recebeu do governo brasileiro, em 1967, a Grã-Cruz do Mérito Nacional

 

Carreira

Em 1946 Sabin tornou-se o líder de Pesquisa Pediátrica na Universidade de Cincinnati.

Publicou mais de 350 estudos, que incluem trabalhos sobre pneumonia, encefalite, cancro e dengue; foi o primeiro a isolar o vírus da dengue: o tipo I na área do mediterrâneo, durante a Segunda Guerra Mundial, e o tipo II na região do Pacífico.

Com o aumento do número de surtos da poliomielite crescendo, após a Segunda Guerra Mundial, ele e outros pesquisadores, como Hilary Kropowski, mas principalmente Jonas Salk em Pittsburgh, iniciaram a busca por uma vacina para prevenir ou amenizar a doença. A vacina de Salk, desenvolvida com vírus "inativado ou morto", foi testada e liberada para o uso em 1955. Ela era eficaz na prevenção da maioria das complicações da poliomielite, mas não prevenia a infeção inicial antes de acontecer.

A vacina contra poliomielite desenvolvida por Sabin precisava de grandes testes clínicos para atestar a sua eficácia e segurança. No entanto ficou praticamente impossível realizar amplos testes clínicos nos Estados Unidos, após o sucesso atingido pela vacina de Jonas Salk. Sabin então recorreu a colegas pesquisadores do outro lado da Cortina de Ferro, como a Checoslováquia, Polónia, Hungria e as Repúblicas da União Soviética. Foi auxiliado nos teste clínicos pelo Dr. Mikhail Chumakov, diretor do Instituto de Pesquisas contra a Poliomielite em Moscovo. Os primeiros resultados positivos foram informados pelos médicos russos na Primeira Conferência Internacional pela vacina viva da poliomielite, sediada em Washington na OPAS, em junho de 1959. A vacinação iniciada em janeiro de 1959 superou a marca de 8 milhões de crianças imunizadas em outubro do mesmo ano só na União Soviética. Após o êxito demonstrado pela vacinação em massa no Leste Europeu, os Estados Unidos aprovaram o uso da vacina em 1960 e, a partir de 1968, passaram usar exclusivamente a vacina desenvolvida por Albert Sabin. O seu produto, preparado com o vírus atenuado da poliomielite, poderia ser tomada oralmente, e prevenia a doença. Esta é a vacina que eliminou efetivamente a poliomielite em quase todo o mundo (exceto nalguns países na África e Ásia).

Sabin renunciou aos direitos de patente da vacina que criou, facilitando a difusão da mesma e permitindo que crianças de todo o mundo fossem imunizadas contra a poliomielite, que é mais conhecida como paralisia infantil no Brasil.

Albert Sabin morreu, de ataque cardíaco, aos 86 anos, na sua casa em Washington, em 1993. No mesmo ano, foi fundado naquela cidade o Instituto Sabin de Vacinas, a fim de dar prosseguimento às pesquisas sobre vacinas e perpetuar o legado construído por ele. Foi sepultado no Cemitério Nacional de Arlington, Arlington, Virgínia nos Estados Unidos.

 

quinta-feira, julho 18, 2024

A vacina BCG foi aplicada pela primeira vez há 103 anos


A vacina do bacilo Calmette–Guérin (BCG) é uma vacina usada principalmente na prevenção da tuberculose. Em países onde a tuberculose ou a lepra são comuns, é recomendada a administração de uma dose em bebés saudáveis o mais cedo possível após o nascimento. Em países onde a tuberculose não é comum, só são geralmente vacinadas crianças de risco elevado e os casos suspeitos de tuberculose são individualmente testados e tratados. A vacina pode também ser administrada em adultos sem tuberculose e que não tenham sido anteriormente vacinados, mas que sejam frequentemente expostos à doença. A vacina BCG tem também alguma eficácia contra a úlcera de Buruli e outras infeções por micobactérias não tuberculosas. Em alguns casos pode também ser usada como parte do tratamento de cancro da bexiga.

O nível de proteção contra a infeção por tuberculose varia significativamente e pode durar até 20 anos. Em crianças, a vacina previne cerca de 20% dos casos de infeção. Entre as que são infetadas, a vacina protege cerca de metade de vir a desenvolver doença. A vacina é administrada por via de injeção intradérmica. As evidências não apoiam a eficácia da administração de doses adicionais.

Os efeitos secundários graves são raros. Em muitos casos observa-se rubor, inchaço e dor ligeira no local da injeção. Após a cicatrização pode-se formar uma pequena úlcera na pele. Os efeitos adversos são mais comuns e potencialmente mais graves em pessoas imunossuprimidas. A administração da vacina não é segura durante a gravidez. A vacina tem por base uma forma atenuada da Mycobacterium bovis, que é comum em bovinos. Embora atenuada, é uma vacina viva.

O bacilo começou a ser desenvolvido em 1906 por Albert León Charles Calmette e Jean Marie Camille Guérin, razão pela qual a fórmula recebeu a designação de BCG (bacilo de Calmette-Guérin). O bacilo foi sendo aperfeiçoado até se obter a atual constituição em 1919. O primeiro uso médico data de 18 de julho de 1921. Faz parte da lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial de Saúde, uma lista com os medicamentos mais eficazes e seguros fundamentais num sistema de saúde. Em 2014, tinham sido vacinadas contra a tuberculose cerca de 100 milhões de crianças em todo o mundo.
  

sábado, julho 06, 2024

A primeira vacina contra a raiva foi aplicada há 139 anos

Meister, enquanto criança
     
Joseph Meister (Steige, Alsácia, 21 de fevereiro de 1876 - Paris, 16 de junho de 1940) foi o primeiro ser humano imunizado contra a raiva, por Louis Pasteur, e a sobreviver à infeção da doença, em julho de 1885.
Mais tarde tornou-se funcionário do Instituto Pasteur de Paris, do qual foi porteiro. Suicidou-se após a invasão alemã na Segunda Guerra Mundial.
     
O ataque
No dia 4 de julho de 1885 Joseph, filho do padeiro Joseph Meister Anthony, como de costume vai à cervejaria Witz na vizinha vila de Maisonsgoutte, distante alguns quilómetros, a fim de comprar fermento.
A criança, que contava então nove anos de idade, ao chegar à aldeia, foi atacado pelo cão raivoso de Theodore Vonne, um taberneiro, que também fora ferido levemente pelo animal; Joseph, contudo, sofreu mais cruelmente - tendo ao todo catorze mordidelas na sua perna e braço direito.
Segundo o seu próprio relato:
"Passando pela povoação de Maisonsgoutte para ir à cervejaria, de repente vi um cão de caça grande, que eu conhecia bem, por entre duas casas, abaixando a cabeça e se atirando sobre mim. Eu estava segurando na mão uma taça de estanho, e os cães raivosos não gostam de nada que brilha. Ele mordeu a minha mão primeiro e, vindo sobre mim, derrubou-me e mordeu-me gravemente nas pernas, fazendo catorze ferimentos. Felizmente um serralheiro de Steige assistiu a cena de longe. Ele veio correndo com uma barra de ferro e bateu no cão. Enquanto isso o proprietário chegou. Pegou o animal pelo pescoço e o trancou num celeiro, mas também foi ferido no dedo."
Enquanto a filha do taberneiro lhe cosia as calças, alguns moradores lavaram-lhe os ferimentos. Meister foi depois, contudo, deixado sozinho para regressar a casa e, ferido, tinha que parar a cada dez metros, numa demorada jornada que preocupou os seus pais: a mãe, Marie Angelique, chegou a pensar que o garoto faltara às aulas, já que depois de trazer o fermento deveria ir à escola. Mandam, então, alguém procurar o menino.
Vendo o estado dele, ficaram apavorados e sua mãe levou-o até o consultório do Dr. Weber, o médico da vila. Este procede à desinfeção das feridas com ácido carbólico mas, ante a gravidade e número das lesões, avisa que não há grandes expectativas, se fosse o caso de raiva.
Nesse momento, o proprietário do cão, vendo o seu estado agressivo, conduziu-o até Sélestat - distante cerca de 25 km, para que um veterinário o examine mas, no caminho, como o animal tentava atacar as pessoas, ele foi abatido por gendarmes; Vonne continua a viagem e o cão é autopsiado, sendo encontrados no seu estômago restos de palha, feno e madeira - constatando-se assim que estava realmente raivoso.
Vonne então, no caminho de volta, para num café onde relata o ocorrido; ali alguns presentes contam ter lido nos jornais sobre as experiências de um químico, o Sr. Pasteur, inoculando a vacina experimental em cães com sucesso; ele, então, retorna à vila e, procurando os pais do rapaz, relata-lhes o que soubera.
No dia seguinte o Sr. Vonne e a esposa do padeiro, conduzidos por um seu familiar, partem para Paris, enquanto o pai permanece na vila, cuidando dos negócios. Na capital francesa tiveram grande dificuldade para encontrar o endereço de Pasteur; sobre isso Meister relatou:
"O Sr. Pasteur tinha, naquela época, muitos inimigos, especialmente no mundo da medicina, e tínhamos muita dificuldade encontrá-lo. Nos hospitais onde o procuramos queriam que ficasse por lá, dizendo que ali eu teria cuidados iguais aos do Sr. Pasteur e que, além disso, ele não estava em Paris. Minha mãe, irritada, respondia que ela havia chegado muito longe para encontrá-lo e queria saber onde ele se achava. Uma vez que não lhe atendiam, sem dar-lhe o endereço dele, ela começou a chorar. Vendo a sua insistência, fomos enviados para o Hotel Dieu, onde nos encontramos com o seu diretor que finalmente nos deu o endereço: ele trabalhava na Escola Normal, na rua d'Ulm..."
No dia 6 de julho, enfim, levam Meister a Pasteur.
  
Pasteur assiste à inoculação da vacina em Joseph Meister
   
A vacina
Pasteur recebeu a visita inesperada; ele registou: "A morte da criança parecia inevitável. Decidi, não sem profunda angústia e ansiedade, como se pode imaginar, aplicar em Joseph Meister o método que eu havia experimentado com sucesso consistente nos cães"
Meister também falou sobre esse momento: "O Sr. Pasteur ficou muito emocionado quando nos viu chegar, mas mostrou-se relutante em iniciar o tratamento, afirmando que não podia se responsabilizar por mim, já que fizera seus experimentos apenas em animais, mas nunca em seres humanos. Minha mãe então pediu-lhe para que fizesse uma experiência, dizendo que eu já estava condenado, era melhor tentar o único tratamento que havia."
Pasteur queria, antes de iniciar o tratamento - e também porque, não sendo médico, este deveria ser feito por um profissional habilitado - consultar dois colegas, os doutores Vulpian e Grancher, que estão de acordo com a situação de morte certa do menino, bem como na realização do tratamento, que tem início naquela mesma noite, pelo médico Grancher; até o dia seguinte, conseguiram alojar os visitantes na própria École Normale, na sala de esgrima.
O tratamento durou até o dia 16, com doses crescentes da vacina sendo aplicada, num total de 21 sessões; exausto, Pasteur foi descansar na sua residência no Jura, recebendo de Gracher relatórios diários sobre o estado de saúde do rapaz, a quem se afeiçoara. A 27 de julho Meister e a sua mãe terminam o tratamento e regressam à terra natal.
O sucesso daquela experiência pioneira marcou a primeira vitória contra a raiva em seres humanos na história.
   

sexta-feira, maio 17, 2024

Edward Jenner nasceu há 275 anos

    
Edward Jenner (Berkeley, 17 de maio de 1749 - Berkeley, 26 de janeiro de 1823) foi um naturalista e médico britânico que exercia em Berkeley, filho de um vigário anglicano. Edward Jenner, aos 14 anos, tornou-se aprendiz do cirurgião da sua terra  natal e, mais tarde, estudou em Londres. Em 1772, voltou para Berkeley, dedicando-se à Medicina, sendo conhecido pela descoberta da vacina da varíola - a primeira imunização deste tipo na história do ocidente. 
    

terça-feira, maio 14, 2024

A primeira vacina foi ministrada há 228 anos


Edward Jenner (Berkeley, 17 de maio de 1749 - Berkeley, 26 de janeiro de 1823) foi um naturalista e médico britânico que exercia medicina em Berkeley, Gloucestershire, conhecido pela invenção da vacina da varíola - a primeira imunização deste tipo na história do ocidente. Afirma-se que os chineses tenham desenvolvido uma técnica de imunização anteriormente a Jenner. Eles trituravam as cascas das feridas produzidas pela varíola, onde o vírus estava presente, porém morto, e sopravam o pó através de um cano de bambu nas narinas das crianças. O sistema imunológico delas produzia uma reação contra o vírus morto e, quando expostas ao vírus vivo, o organismo já sabia como reagir, livrando os pequenos da doença.



Noting the common observation that milkmaids were generally immune to smallpox, Jenner postulated that the pus in the blisters that milkmaids received from cowpox (a disease similar to smallpox, but much less virulent) protected them from smallpox. He may already have heard of Benjamin Jesty's success.
On 14 May 1796, Jenner tested his hypothesis by inoculating James Phipps, a boy eight years old (the son of Jenner's gardener), with pus scraped from the cowpox blisters on the hands of Sarah Nelmes, a milkmaid who had caught cowpox from a cow called Blossom, whose hide now hangs on the wall of the St George's medical school library (now in Tooting). Phipps was the 17th case described in Jenner's first paper on vaccination.
Jenner inoculated Phipps in both arms that day, subsequently producing in Phipps a fever and some uneasiness but no full-blown infection. Later, he injected Phipps with variolous material, the routine method of immunization at that time. No disease followed. The boy was later challenged with variolous material and again showed no sign of infection.

sexta-feira, janeiro 26, 2024

Edward Jenner, o criador das modernas vacinas, morreu há duzentos e um anos

   
Edward Jenner (Berkeley, 17 de maio de 1749 - Berkeley, 26 de janeiro de 1823) foi um naturalista e médico britânico que exercia em Berkeley, Gloucestershire, reconhecido pela invenção da vacina da varíola - a primeira imunização deste tipo na história do ocidente. Afirma-se que os chineses teriam desenvolvido uma técnica de imunização anteriormente a Jenner.
A primeira descrição da arteriosclerose foi feita por Jenner.
  
(...)
  
Em 1789 Jenner observou que as vacas tinham nas tetas feridas iguais às provocadas pela varíola no corpo de humanos. Os animais tinham uma versão mais leve da doença, a varíola bovina, ou bexiga vacum. Em 1796, resolveu pôr à prova a sabedoria popular que dizia que quem lidava com gado não contraía varíola. Ao observar que as mulheres responsáveis pela ordenha quando expostas ao vírus bovino tinham uma versão mais suave da doença, então ele conduziu a sua primeira experiência com James Phipps, um menino de oito anos.
Jenner inoculou com o pus extraído de feridas de vacas contaminadas, recolhendo o líquido que saía destas feridas e passou-o em cima de arranhões que ele provocou no braço do garoto. O menino teve um pouco de febre e algumas lesões leves, tendo uma recuperação rápida. A partir daí, o cientista pegou o líquido da ferida de outro paciente com varíola e novamente expôs o rapaz ao material. Semanas depois, ao entrar em contacto com o vírus da varíola, o pequeno passou incólume à doença. Estava descoberta assim a propriedade de imunização.
No ano seguinte, ele relatou a sua experiência à Royal Society - a Academia de Ciências do Reino Unido -, mas as provas que apresentou foram consideradas insuficientes. Realizou então novas inoculações em outras crianças, inclusive no seu próprio filho. Em 1798, o seu trabalho foi reconhecido e publicado. No entanto, os seus críticos procuravam ridicularizá-lo, denunciando como repulsivo o processo de infetar pessoas com material colhido em animais doentes. Mas as vantagens da vacinação, porém, logo se tornaram tão evidentes, pois estas tornavam os humanos imunes à varíola humana, uma das doenças epidémicas mais mortais da humanidade.
A varíola só seria erradicada na década de 80, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
          

terça-feira, dezembro 26, 2023

Louis Pasteur nasceu há duzentos e um anos

 
Louis Pasteur (Dole, 27 de dezembro de 1822 - Marnes-la-Coquette, 28 de setembro de 1895) foi um cientista francês. A suas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina.
É lembrado por suas notáveis descobertas das causas e prevenções de doenças. Entre seus feitos mais notáveis pode-se citar a redução da mortalidade por febre puerperal, e a criação da primeira vacina contra a raiva. As suas experiências deram fundamentação à teoria microbiológica da doença. Foi mais conhecido do público em geral por inventar um método para impedir que leite e vinho causem doenças, um processo que veio a ser chamado pasteurização. Ele é considerado um dos três principais fundadores da microbiologia, juntamente com Ferdinand Cohn e Robert Koch. Pasteur também fez muitas descobertas no campo da química, principalmente a base molecular para a assimetria de certos cristais. O seu corpo está enterrado sob o Instituto Pasteur em Paris, num mausoléu decorado por mosaicos em estilo bizantino que lembram as suas realizações.
Louis Pasteur nasceu em Dole no dia 27 de dezembro de 1822. O seu pai foi sargento da Armada Napoleónica. Pasteur não foi um aluno especialmente aplicado ou brilhante na escola e nem mesmo na universidade. Quando era jovem, tinha um gosto especial pela pintura e fez diversos retratos de sua família. Aos dezanove anos abandonou a pintura para se dedicar à carreira científica, que perdurou por toda a sua vida. Em 1847 ele completou os seus estudos na escola de física e química em Paris.
Iniciou os seus estudos no Colégio Royal em Besançon, transferindo-se para a Escola Normal Superior em 1843 de Paris estudando química, física e cristalografia. Foi na cristalogia que Pasteur fez suas primeiras descobertas. Descobriu em 1848 o dimorfismo do ácido tartárico, ao observar no microscópio que o ácido racémico apresentava dois tipos de cristais, com simetria inversa. Foi portanto o descobridor das formas dextrógiras e levógiras, comprovando que desviavam o plano de polarização da luz no mesmo ângulo porém em sentido contrário. Esta descoberta valeu ao jovem químico, com apenas 26 anos de idade, a concessão da "Légion d'Honneur" Francesa. Após licenciar-se e assistir às aulas do grande químico francês Jean-Baptiste Dumas, começou a se interessar pela química.
Exerceu o cargo de professor de química em Dijon e depois em Estrasburgo. Casou-se com Marienne Laurente, filha do reitor da Academia. Em 1854 foi nomeado decano da Faculdade de Ciências na Universidade de Lille.
A pedido dos vinicultores e cervejeiros da região, começou a investigar a razão pela qual azedavam os vinhos e a cerveja. De novo, utilizando o microscópio, conseguiu identificar a bactéria responsável pelo processo. Propôs eliminar o problema aquecendo a bebida lentamente até alcançar 48° C, matando, deste modo, as bactérias, e encerrando o líquido posteriormente em cubas hermeticamente seladas para evitar uma nova contaminação. Este processo originou a atual técnica de pasteurização dos alimentos. Demonstrou, desta forma, que todo processo de fermentação e decomposição orgânica ocorre devido à ação de organismos vivos.
Na Inglaterra, em 1865, o cirurgião Joseph Lister aplicou os conhecimentos de Pasteur para eliminar os micro-organismos vivos em feridas e incisões cirúrgicas. Em 1871, o próprio Pasteur obrigou os médicos dos hospitais militares a ferver os instrumentos cirúrgicos e os pensos que seriam utilizados nos procedimentos médicos.
Expôs a "teoria germinal das enfermidades infecciosas", segundo a qual toda enfermidade infecciosa tem sua causa (etiologia) num micróbio com capacidade de propagar-se entre as pessoas. Deve-se buscar o micróbio responsável por cada enfermidade para se determinar um modo de combatê-lo.
Pasteur passou a investigar os microscópicos agentes patogénicos, terminando por descobrir vacinas, em especial a anti-rábica. Fundou em 1888 o Instituto Pasteur, um dos mais famosos centros de pesquisa da atualidade.
Pasteur foi quem derrubou definitivamente a ideia da abiogénese, com a utilização material em vidro chamado pescoço de cisne. Pasteur colocou um caldo nutritivo em um balão de vidro, de pescoço curvo. Ferveu o caldo existente no balão, o suficiente para matar todos os possíveis microrganismos que poderiam existir nele. Cessado o aquecimento, vapores da água proveniente do caldo condensaram-se no pescoço do balão e se depositaram, sob forma líquida, na sua curvatura inferior.
Como os frascos ficavam abertos, não se podia falar da impossibilidade da entrada do "princípio ativo" do ar. Com a curvatura do gargalo, os micro-organismos do ar ficavam retidos na superfície interna húmida e não alcançavam o caldo nutritivo. Quando Pasteur quebrou o pescoço do balão, permitindo o contacto do caldo existente dentro dele com o ar, constatou que o caldo se contaminou com os microrganismos provenientes do ar.
Morreu em Villeneuve-L'Etang, no dia 28 de setembro de 1895. Encontra-se sepultado no Instituto Pasteur, em Paris.
    

sábado, outubro 28, 2023

Jonas Salk nasceu há 109 anos

 
Jonas Edward Salk (Nova Iorque, 28 de outubro de 1914 - La Jolla, 23 de junho de 1995) foi um médico, pesquisador, virologista e epidemiologista dos Estados Unidos da América, mais conhecido como o inventor da primeira vacina antipoliomielite (a epónima vacina Salk). Trabalhou em Nova Iorque, Michigan, Pittsburgh e Califórnia. Em 1960, fundou o Salk Institute for Biological Studies em La Jolla, California, que é atualmente um centro de pesquisas médicas e científicas.
Ao longo da vida científica, foi um dos milhares de pesquisadores a utilizar a herança de Henrietta Lacks, uma mulher americana que faleceu de cancro. A linhagem de células de Henrietta eram peculiares a ponto de se tornarem um dos maiores ícones da ciência até os dias atuais e ficaram conhecidas como HeLa. Foi a partir das células HeLa que Salk produziu a vacina contra poliomelite.
Nos últimos anos de vida, dedicou muita energia na tentativa de desenvolver uma vacina contra a SIDA.
Salk não buscava fama ou fortuna com as suas descobertas, e é citado como tendo dito: "A quem pertence a minha vacina? Ao povo! Você pode patentear o Sol?"
Até 1955, quando a vacina começou a ser administrada, a poliomielite foi considerada o problema de saúde pública mais assustador do pós-guerra nos Estados Unidos. As epidemias anuais eram cada vez mais devastadoras no país. A epidemia de 1952 foi o pior surto na história do país norte americano. Dos quase 58 mil casos notificados naquele ano, 3.145 pessoas morreram e 21.269 ficaram com algum tipo de paralisia, sendo a maioria das vítimas crianças. De acordo com um documentário da PBS em 2009, o segundo maior temor dos Estados Unidos, na época, foi a poliomielite, perdendo apenas para o medo de o país ser atacado por uma bomba atómica.
Consequentemente, cientistas iniciaram uma corrida frenética para encontrar um meio de prevenir e curar a doença. Assim, segundo Denemberg, "Salk trabalhou dezasseis horas por dia, sete dias por semana, durante anos..." para chegar à descoberta da vacina.
      

quinta-feira, setembro 28, 2023

Louis Pasteur morreu há 128 anos

 
Louis Pasteur (Dole, 27 de dezembro de 1822 - Marnes-la-Coquette, 28 de setembro de 1895) foi um cientista francês. A suas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina.
É lembrado por suas notáveis descobertas das causas e prevenções de doenças. Entre seus feitos mais notáveis pode-se citar a redução da mortalidade por febre puerperal, e a criação da primeira vacina contra a raiva. As suas experiências deram fundamentação à teoria microbiológica da doença. Foi mais conhecido do público em geral por inventar um método para impedir que leite e vinho causem doenças, um processo que veio a ser chamado pasteurização. Ele é considerado um dos três principais fundadores da microbiologia, juntamente com Ferdinand Cohn e Robert Koch. Pasteur também fez muitas descobertas no campo da química, principalmente a base molecular para a assimetria de certos cristais. O seu corpo está enterrado sob o Instituto Pasteur em Paris, num mausoléu decorado por mosaicos em estilo bizantino que lembram as suas realizações.
Louis Pasteur nasceu em Dole no dia 27 de dezembro de 1822. O seu pai foi sargento da Armada Napoleónica. Pasteur não foi um aluno especialmente aplicado ou brilhante na escola e nem mesmo na universidade. Quando era jovem, tinha um gosto especial pela pintura e fez diversos retratos de sua família. Aos dezanove anos abandonou a pintura para se dedicar à carreira científica, que perdurou por toda a sua vida. Em 1847 ele completou os seus estudos na escola de física e química em Paris.
Iniciou os seus estudos no Colégio Royal em Besançon, transferindo-se para a Escola Normal Superior em 1843 de Paris estudando química, física e cristalografia. Foi na cristalogia que Pasteur fez suas primeiras descobertas. Descobriu em 1848 o dimorfismo do ácido tartárico, ao observar no microscópio que o ácido racémico apresentava dois tipos de cristais, com simetria inversa. Foi portanto o descobridor das formas dextrógiras e levógiras, comprovando que desviavam o plano de polarização da luz no mesmo ângulo porém em sentido contrário. Esta descoberta valeu ao jovem químico, com apenas 26 anos de idade, a concessão da "Légion d'Honneur" Francesa. Após licenciar-se e assistir às aulas do grande químico francês Jean-Baptiste Dumas, começou a se interessar pela química.
Exerceu o cargo de professor de química em Dijon e depois em Estrasburgo. Casou-se com Marienne Laurente, filha do reitor da Academia. Em 1854 foi nomeado decano da Faculdade de Ciências na Universidade de Lille.
A pedido dos vinicultores e cervejeiros da região, começou a investigar a razão pela qual azedavam os vinhos e a cerveja. De novo, utilizando o microscópio, conseguiu identificar a bactéria responsável pelo processo. Propôs eliminar o problema aquecendo a bebida lentamente até alcançar 48° C, matando, deste modo, as bactérias, e encerrando o líquido posteriormente em cubas hermeticamente seladas para evitar uma nova contaminação. Este processo originou a atual técnica de pasteurização dos alimentos. Demonstrou, desta forma, que todo processo de fermentação e decomposição orgânica ocorre devido à ação de organismos vivos.
Na Inglaterra, em 1865, o cirurgião Joseph Lister aplicou os conhecimentos de Pasteur para eliminar os micro-organismos vivos em feridas e incisões cirúrgicas. Em 1871, o próprio Pasteur obrigou os médicos dos hospitais militares a ferver os instrumentos cirúrgicos e os pensos que seriam utilizados nos procedimentos médicos.
Expôs a "teoria germinal das enfermidades infecciosas", segundo a qual toda enfermidade infecciosa tem sua causa (etiologia) num micróbio com capacidade de propagar-se entre as pessoas. Deve-se buscar o micróbio responsável por cada enfermidade para se determinar um modo de combatê-lo.
Pasteur passou a investigar os microscópicos agentes patogénicos, terminando por descobrir vacinas, em especial a anti-rábica. Fundou em 1888 o Instituto Pasteur, um dos mais famosos centros de pesquisa da atualidade.
Pasteur foi quem derrubou definitivamente a ideia da abiogénese, com a utilização material em vidro chamado pescoço de cisne. Pasteur colocou um caldo nutritivo em um balão de vidro, de pescoço curvo. Ferveu o caldo existente no balão, o suficiente para matar todos os possíveis microrganismos que poderiam existir nele. Cessado o aquecimento, vapores da água proveniente do caldo condensaram-se no pescoço do balão e se depositaram, sob forma líquida, na sua curvatura inferior.
Como os frascos ficavam abertos, não se podia falar da impossibilidade da entrada do "princípio ativo" do ar. Com a curvatura do gargalo, os micro-organismos do ar ficavam retidos na superfície interna húmida e não alcançavam o caldo nutritivo. Quando Pasteur quebrou o pescoço do balão, permitindo o contacto do caldo existente dentro dele com o ar, constatou que o caldo se contaminou com os microrganismos provenientes do ar.
Morreu em Villeneuve-L'Etang, no dia 28 de setembro de 1895. Encontra-se sepultado no Instituto Pasteur, em Paris.
    

sábado, agosto 26, 2023

O médico criador da atual vacina da poliomielite nasceu há 117 anos


Albert Bruce Sabin (Białystok, 26 de agosto de 1906 - Washington, 3 de março de 1993) foi um pesquisador médico, sendo mais conhecido por ter desenvolvido a vacina oral para a poliomielite

 

Biografia

Sabin nasceu numa família de judeus, em 1906, na cidade de Białystok, então parte da Rússia (atualmente na Polónia), e emigrou em 1921 para os Estados Unidos com a sua família. Sabin estudou medicina na Universidade de Nova Iorque e desenvolveu um intenso interesse em pesquisa, especialmente na área de doenças infecciosas. Em 1931, completou o doutoramento em medicina. Passou uma temporada trabalhando em Londres em 1934, como representante do Conselho Americano de Pesquisas. De volta aos Estados Unidos, tornou-se pesquisador do Instituto Rockfeller de Pesquisas Médicas. Nesse instituto, demonstrou o crescimento do vírus da poliomielite em tecidos humanos.

Sabin esteve várias vezes no Brasil, acompanhando pessoalmente o combate à poliomielite, tendo se casado em 1972 com a brasileira Heloisa Dunshee de Abranches. Centenas de escolas, hospitais, clínicas e instituições brasileiras têm o seu nome. O cientista recebeu do governo brasileiro, em 1967, a Grã-Cruz do Mérito Nacional

 

Carreira

Em 1946 Sabin tornou-se o líder de Pesquisa Pediátrica na Universidade de Cincinnati.

Publicou mais de 350 estudos, que incluem trabalhos sobre pneumonia, encefalite, cancro e dengue; foi o primeiro a isolar o vírus da dengue: o tipo I na área do mediterrâneo, durante a Segunda Guerra Mundial, e o tipo II na região do Pacífico.

Com o aumento do número de surtos da poliomielite crescendo, após a Segunda Guerra Mundial, ele e outros pesquisadores, como Hilary Kropowski, mas principalmente Jonas Salk em Pittsburgh, iniciaram a busca por uma vacina para prevenir ou amenizar a doença. A vacina de Salk, desenvolvida com vírus "inativado ou morto", foi testada e liberada para o uso em 1955. Ela era eficaz na prevenção da maioria das complicações da poliomielite, mas não prevenia a infeção inicial antes de acontecer.

A vacina contra poliomielite desenvolvida por Sabin precisava de grandes testes clínicos para atestar a sua eficácia e segurança. No entanto ficou praticamente impossível realizar amplos testes clínicos nos Estados Unidos, após o sucesso atingido pela vacina de Jonas Salk. Sabin então recorreu a colegas pesquisadores do outro lado da Cortina de Ferro, como a Checoslováquia, Polónia, Hungria e as Repúblicas da União Soviética. Foi auxiliado nos teste clínicos pelo Dr. Mikhail Chumakov, diretor do Instituto de Pesquisas contra a Poliomielite em Moscovo. Os primeiros resultados positivos foram informados pelos médicos russos na Primeira Conferência Internacional pela vacina viva da poliomielite, sediada em Washington na OPAS, em junho de 1959. A vacinação iniciada em janeiro de 1959 superou a marca de 8 milhões de crianças imunizadas em outubro do mesmo ano só na União Soviética. Após o êxito demonstrado pela vacinação em massa no Leste Europeu, os Estados Unidos aprovaram o uso da vacina em 1960 e, a partir de 1968, passaram usar exclusivamente a vacina desenvolvida por Albert Sabin. O seu produto, preparado com o vírus atenuado da poliomielite, poderia ser tomada oralmente, e prevenia a doença. Esta é a vacina que eliminou efetivamente a poliomielite em quase todo o mundo (exceto em alguns países na África e Ásia).

Sabin renunciou aos direitos de patente da vacina que criou, facilitando a difusão da mesma e permitindo que crianças de todo o mundo fossem imunizadas contra a poliomielite, que é mais conhecida como paralisia infantil no Brasil.

Albert Sabin morreu de ataque cardíaco, aos 86 anos, em sua casa em Washington, em 1993. No mesmo ano, foi fundado naquela cidade o Instituto Sabin de Vacinas, a fim de dar prosseguimento às pesquisas sobre vacinas e perpetuar o legado construído por ele. Foi sepultado no Cemitério Nacional de Arlington, Arlington, Virgínia nos Estados Unidos.

 

terça-feira, julho 18, 2023

A vacina BCG foi aplicada pela primeira vez há cento e dois anos


A vacina do bacilo Calmette–Guérin (BCG) é uma vacina usada principalmente na prevenção da tuberculose. Em países onde a tuberculose ou a lepra são comuns, é recomendada a administração de uma dose em bebés saudáveis o mais cedo possível após o nascimento. Em países onde a tuberculose não é comum, só são geralmente vacinadas crianças de risco elevado e os casos suspeitos de tuberculose são individualmente testados e tratados. A vacina pode também ser administrada em adultos sem tuberculose e que não tenham sido anteriormente vacinados, mas que sejam frequentemente expostos à doença. A vacina BCG tem também alguma eficácia contra a úlcera de Buruli e outras infeções por micobactérias não tuberculosas. Em alguns casos pode também ser usada como parte do tratamento de cancro da bexiga.

O nível de proteção contra a infeção por tuberculose varia significativamente e pode durar até 20 anos. Em crianças, a vacina previne cerca de 20% dos casos de infeção. Entre as que são infetadas, a vacina protege cerca de metade de vir a desenvolver doença. A vacina é administrada por via de injeção intradérmica. As evidências não apoiam a eficácia da administração de doses adicionais.

Os efeitos secundários graves são raros. Em muitos casos observa-se rubor, inchaço e dor ligeira no local da injeção. Após a cicatrização pode-se formar uma pequena úlcera na pele. Os efeitos adversos são mais comuns e potencialmente mais graves em pessoas imunossuprimidas. A administração da vacina não é segura durante a gravidez. A vacina tem por base uma forma atenuada da Mycobacterium bovis, que é comum em bovinos. Embora atenuada, é uma vacina viva.

O bacilo começou a ser desenvolvido em 1906 por Albert León Charles Calmette e Jean Marie Camille Guérin, razão pela qual a fórmula recebeu a designação de BCG (bacilo de Calmette-Guérin). O bacilo foi sendo aperfeiçoado até se obter a atual constituição em 1919. O primeiro uso médico data de 18 de julho de 1921. Faz parte da lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial de Saúde, uma lista com os medicamentos mais eficazes e seguros fundamentais num sistema de saúde. Em 2014, tinham sido vacinadas contra a tuberculose cerca de 100 milhões de crianças em todo o mundo.
  

quinta-feira, julho 06, 2023

A primeira vacina contra a raiva foi aplicada há 138 anos

Meister, enquanto criança
     
Joseph Meister (Steige, Alsácia, 21 de fevereiro de 1876 - Paris, 16 de junho de 1940) foi o primeiro ser humano imunizado contra a raiva, por Louis Pasteur, e a sobreviver à infeção da doença, em julho de 1885.
Mais tarde tornou-se funcionário do Instituto Pasteur de Paris, do qual foi porteiro. Suicidou-se após a invasão alemã na Segunda Guerra Mundial.
     
O ataque
No dia 4 de julho de 1885 Joseph, filho do padeiro Joseph Meister Anthony, como de costume vai à cervejaria Witz na vizinha vila de Maisonsgoutte, distante alguns quilómetros, a fim de comprar fermento.
A criança, que contava então nove anos de idade, ao chegar à aldeia, foi atacado pelo cão raivoso de Theodore Vonne, um taberneiro, que também fora ferido levemente pelo animal; Joseph, contudo, sofreu mais cruelmente - tendo ao todo catorze mordidelas na sua perna e braço direito.
Segundo o seu próprio relato:
"Passando pela povoação de Maisonsgoutte para ir à cervejaria, de repente vi um cão de caça grande, que eu conhecia bem, por entre duas casas, abaixando a cabeça e se atirando sobre mim. Eu estava segurando na mão uma taça de estanho, e os cães raivosos não gostam de nada que brilha. Ele mordeu a minha mão primeiro e, vindo sobre mim, derrubou-me e mordeu-me gravemente nas pernas, fazendo catorze ferimentos. Felizmente um serralheiro de Steige assistiu a cena de longe. Ele veio correndo com uma barra de ferro e bateu no cão. Enquanto isso o proprietário chegou. Pegou o animal pelo pescoço e o trancou num celeiro, mas também foi ferido no dedo."
Enquanto a filha do taberneiro lhe cosia as calças, alguns moradores lavaram-lhe os ferimentos. Meister foi depois, contudo, deixado sozinho para regressar a casa e, ferido, tinha que parar a cada dez metros, numa demorada jornada que preocupou os seus pais: a mãe, Marie Angelique, chegou a pensar que o garoto faltara às aulas, já que depois de trazer o fermento deveria ir à escola. Mandam, então, alguém procurar o menino.
Vendo o estado dele, ficaram apavorados e sua mãe levou-o até o consultório do Dr. Weber, o médico da vila. Este procede à desinfeção das feridas com ácido carbólico mas, ante a gravidade e número das lesões, avisa que não há grandes expectativas, se fosse o caso de raiva.
Nesse momento, o proprietário do cão, vendo o seu estado agressivo, conduziu-o até Sélestat - distante cerca de 25 km, para que um veterinário o examine mas, no caminho, como o animal tentava atacar as pessoas, ele foi abatido por gendarmes; Vonne continua a viagem e o cão é autopsiado, sendo encontrados no seu estômago restos de palha, feno e madeira - constatando-se assim que estava realmente raivoso.
Vonne então, no caminho de volta, para num café onde relata o ocorrido; ali alguns presentes contam ter lido nos jornais sobre as experiências de um químico, o Sr. Pasteur, inoculando a vacina experimental em cães com sucesso; ele, então, retorna à vila e, procurando os pais do rapaz, relata-lhes o que soubera.
No dia seguinte o Sr. Vonne e a esposa do padeiro, conduzidos por um seu familiar, partem para Paris, enquanto o pai permanece na vila, cuidando dos negócios. Na capital francesa tiveram grande dificuldade para encontrar o endereço de Pasteur; sobre isso Meister relatou:
"O Sr. Pasteur tinha, naquela época, muitos inimigos, especialmente no mundo da medicina, e tínhamos muita dificuldade encontrá-lo. Nos hospitais onde o procuramos queriam que ficasse por lá, dizendo que ali eu teria cuidados iguais aos do Sr. Pasteur e que, além disso, ele não estava em Paris. Minha mãe, irritada, respondia que ela havia chegado muito longe para encontrá-lo e queria saber onde ele se achava. Uma vez que não lhe atendiam, sem dar-lhe o endereço dele, ela começou a chorar. Vendo a sua insistência, fomos enviados para o Hotel Dieu, onde nos encontramos com o seu diretor que finalmente nos deu o endereço: ele trabalhava na Escola Normal, na rua d'Ulm..."
No dia 6 de julho, enfim, levam Meister a Pasteur.
  
Pasteur assiste à inoculação da vacina em Joseph Meister
   
A vacina
Pasteur recebeu a visita inesperada; ele registou: "A morte da criança parecia inevitável. Decidi, não sem profunda angústia e ansiedade, como se pode imaginar, aplicar em Joseph Meister o método que eu havia experimentado com sucesso consistente nos cães"
Meister também falou sobre esse momento: "O Sr. Pasteur ficou muito emocionado quando nos viu chegar, mas mostrou-se relutante em iniciar o tratamento, afirmando que não podia se responsabilizar por mim, já que fizera seus experimentos apenas em animais, mas nunca em seres humanos. Minha mãe então pediu-lhe para que fizesse uma experiência, dizendo que eu já estava condenado, era melhor tentar o único tratamento que havia."
Pasteur queria, antes de iniciar o tratamento - e também porque, não sendo médico, este deveria ser feito por um profissional habilitado - consultar dois colegas, os doutores Vulpian e Grancher, que estão de acordo com a situação de morte certa do menino, bem como na realização do tratamento, que tem início naquela mesma noite, pelo médico Grancher; até o dia seguinte, conseguiram alojar os visitantes na própria École Normale, na sala de esgrima.
O tratamento durou até o dia 16, com doses crescentes da vacina sendo aplicada, num total de 21 sessões; exausto, Pasteur foi descansar na sua residência no Jura, recebendo de Gracher relatórios diários sobre o estado de saúde do rapaz, a quem se afeiçoara. A 27 de julho Meister e a sua mãe terminam o tratamento e regressam à terra natal.
O sucesso daquela experiência pioneira marcou a primeira vitória contra a raiva em seres humanos na história.