Biografia
Filha do sociólogo e jornalista Waldo Aranha Lenz Cesar e de Maria Luiza Cruz, Ana Cristina nasceu numa família culta e
protestante de
classe média. Tinha dois irmãos, Flávio e Filipe.
Cesar começou a publicar poemas e textos de
prosa poética na década de
1970 em coletâneas,
revistas e
jornais alternativos. Os seus primeiros livros,
Cenas de Abril e
Correspondência Completa, foram lançados em edições independentes. As atividades de Ana Cristina não pararam: pesquisa literária, um
mestrado em
comunicação pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), outra temporada na Inglaterra para um mestrado em tradução literária (na
Universidade de Essex), em
1980, e a volta ao Rio, onde publicou
Luvas de Pelica, escrito na Inglaterra. Em suas obras, Ana Cristina Cesar mantém uma fina linha entre o
ficcional e o
autobiográfico.
Cometeu
suicídio aos trinta e um anos, atirando-se pela janela do
apartamento dos pais, no oitavo andar de um edifício da Rua Tonelero, em
Copacabana.
Armando Freitas Filho,
poeta brasileiro, que foi o seu melhor amigo, a quem deixou a
responsabilidade de cuidar postumamente das suas publicações. O acervo
pessoal da autora está sob tutela do
Instituto Moreira Salles.
A família fez a doação, mediante a promessa dos escritos ficarem no
Rio de Janeiro. Contudo, sabe-se que muitas cartas de Ana Cristina
Cesar foram censuradas pela família, principalmente as recebidas do
escritor
Caio Fernando Abreu.
Tu Queres Sono: Despe-te dos Ruídos
Tu queres sono: despe-te dos ruídos, e
dos restos do dia, tira da tua boca
o punhal e o trânsito, sombras de
teus gritos, e roupas, choros, cordas e
também as faces que assomam sobre a
tua sonora forma de dar, e os outros corpos
que se deitam e se pisam, e as moscas
que sobrevoam o cadáver do teu pai, e a dor (não ouças)
que se prepara para carpir tua vigília, e os cantos que
esqueceram teus braços e tantos movimentos
que perdem teus silêncios, o os ventos altos
que não dormem, que te olham da janela
e em tua porta penetram como loucos
pois nada te abandona nem tu ao sono.
Ana Cristina Cesar