Bacon nasceu em
Dublin de pais
ingleses. O seu pai, Eddy Bacon, foi um veterano da
Segunda Guerra dos Bôeres
e se tornou um treinador de corrida de cavalos. Sua mãe Winnie,
herdeira de um negócio de aço e de uma mina de carvão, era notável pela
sua natureza saliente, gregária, um total contraste em relação ao seu
marido. Francis foi cuidado pela enfermeira da família, Jessie
Lightfoot. Criança
asmática e com muitas alergias a cães e cavalos, Bacon muitas vezes teve que levar
morfina
para aliviar os seus sofrimentos durante os ataques. A sua família mudou
muitas vezes de casa, e durante esse período mudou-se entre a Irlanda e a
Inglaterra, levando a um sentimento de displicência que permaneceu com o
artista durante toda a sua vida. Em
1911 a família morou em Cannycourt House, próximo de
Kilcullen, no
Condado de Kildare, mas posteriormente mudou-se para Westbourne Terrace, em
Londres, próximo de onde Eddi Bacon trabalhou
Exército Territorial.
Retornando a Irlanda após a Primeira Guerra Mundial. Bacon foi
enviado para viver um tempo com a sua avó materna, Winifred Supple, e o seu
marido Keery, em Farmleigh,
Abbeyleix,
Condado de Laois. Eddy Bacon depois comprou Farmleigh à sua sogra, até o seu filho se mudar novamente para Straffan Lodge,
Naas,
Condado de Kildade, o lugar onde os seus pais nasceram. Embora Francis
tenha sido uma criança tímida, ele adorava vestir bem. Isso, juntamente
com a sua maneira afeminada, frequentemente enfurecia seu pai, que fez criar uma distância entre os dois. Em
1924 os seus pais mudaram para
Gloucestershire, primeira para Prescott House em
Gotherington, depois para Linton Hall, situado próximo a
Herefordshire. Francis passou dezoito meses na Dean Close School,
Cheltenham, de
1924 a
1926. Isso foi sua única experiência com educação formal de pintura, pois ele saiu semanas depois.
Em uma festa a fantasia na quinta casa da família em Cavendish Hall,
Suffok, Francis fantasiou-se de
Flapper - as roupas próprias, batom, salto alto e um cigarro longo.
Em
1926
a sua família voltou para a Irlanda, em Stranffan Lodge. A sua irmã, Ianthe
recordou que Bacon fez desenhos de mulheres com chapéus Clochês e
longos cigarros. Após esse ano, Francis foi banido de Straffan Lodge
seguindo um incidente em que seu pai o viu se admirando em frente ao
espelho usando as roupas interiores da sua mãe.
Bacon passou o outuno e o inverno de 1926 em Londres, com a ajuda de 3 libras por semana que a sua mãe enviava, vivendo uma vida simples, e lendo
Nietzsche.
Para incrementar suas economias, ele trabalhava como empregado
doméstico, mas apesar de ele gostar de cozinhar, ele se tornou logo
entediado e resignado. Foi demitido de um emprego de assistente
telefonista de uma loja de roupas femininas em Poland Street, Soho,
depois do dono do estabelecimento receber uma carta anónima. Ele
descobriu que ele atraia homens ricos, uma atração que ele estava
tirando vantagem, tendo desenvolvido um bom paladar para vinho e comida.
Um dos homens era um ex-militar do exército amigo do seu pai, outro
criador de cavalos de corrida, com nome de Harcourt-Smith. Bacon depois
reivindicou que seu pai pediu a seu amigo para transformá-lo em um
"homem". Francis teve uma difícil relação com seu pai, uma vez admitindo
que estavam tendo uma relação. Indubitavelmente, Eddy Bacon sabia da
fama de seu amigo de viril, mas não da sua atração por homens jovens.
Bacon passou dois meses em Berlim, enquanto Harcourt-Smith passou
apenas um - "Ele logo ficou cansado de mim, claro, e foi embora com uma
mulher… Eu realmente não sabia o que fazer, então eu fiquei por mais um
tempo, e depois, quando consegui juntar um pouco de dinheiro, decidi ir
para Paris.". Bacon passou o próximo ano e meio em
Paris, onde conheceu
Yvonne Bocquentin,
pianista e connoisseuse, na abertura de uma exposição. Ciente de
necessidade de aprender francês, Bacon viveu três meses com a Madame
Bocquentin e sua família na sua casa próximo a
Chantilly. No
Château de Chantilly (
Musée Condé) ele viu o quadro
O Massacre dos Inocentes de
Nicolas Poussin,
uma pintura que ele se referiu várias vezes posteriormente em seu
trabalho. De Chantilly, ele esteve em uma exibição que o inspirou
decididamente para pintar. A visita a uma exibição de 1927 com 106
pinturas de
Picasso na Galeria
Paul Rosenberg,
despertou o seu interesse artístico. Bacon frequentemente apanhava o
comboio para Paris, cinco vezes ou mais durante a semana, para ver
exposições de artes; Bacon viu o filme épico
Napoleão de
Abel Gance na
Paris Opéra em abril de 1927. No outono de 1927, Bacon ficou no Paris Hôtel Delambre em
Montparnasse.
Vida e obra
Este artista
irlandês
de nascimento, tratou com uma extraordinária complacência alguns temas
que continuam a chocar a nossa vida em grupo. As fantasias
masoquistas, a
pedofilia, o desmembramento de corpos, a violência masculina ligada à tensão
homoerótica, as práticas de dissecação forense, a atracção pela representação do corpo (um especial fascínio pelos fluidos naturais:
sangue,
bílis,
urina,
esperma, etc.) e, no geral, com tudo o que está directamente ligado à transgressão seja relacionada com o
sexo, a
religião (são paradigmáticos os seus retratos do
Papa Inocêncio X que efectuou a partir da obra de
Diego Velázquez) ou qualquer tabu, foram as peças com as quais Bacon construiu a sua visão "modernista" do mundo.
Nasceu em
28 de outubro de
1909, em
Dublin e sofria de
asma.
Esta debilidade irritava seu pai, um homem rude e violento, que o
costumava chicotear para o "fazer homem". Devido a isto Bacon criou um
comportamento de oposição a seu pai. Uma infância difícil, que sempre o
influenciou na sua
arte e lhe inspirou um certo desdém por essa
Irlanda da sua infância, tal como
Oscar Wilde e
James Joyce.
A sua primeira exposição individual na
Lefevre Gallery, em
1945,
provocou um choque e não foi bem recebida. Toda a gente estava farta de
guerra e de horrores, só se falava da "construção da paz" e as imagens
de entranhas dos quadros de Bacon, com os seus tons sanguíneos,
provocaram mais repulsa do que admiração.
Como homem do seu tempo, Bacon transmitiu a ideia de que o
ser humano,
ao conquistar e fazer uso da sua própria liberdade, também liberta a
besta que existe dentro de si. Pouca diferença faz dos animais
irracionais, tanto na vida - ao levar a cabo as funções essenciais da
existência como o sexo ou a
defecação - como na solidão da
morte; representando o homem como um pedaço de
carne.