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Na manhã de 1 de março de 1953, depois de um jantar que durou a noite
toda e ter visto um filme, Stalin chegou à sua casa em Kuntsevo, a 15
km a oeste do centro de Moscovo com o Ministro do Interior, Lavrentiy
Beria, e os futuros líderes Georgy Malenkov, Nikolai Bulganin e Nikita
Khrushchev, retirando-se para o quarto para dormir. À tarde, Estaline não
saiu do quarto.
Embora os seus guardas estranhassem que ele não se levantasse à hora
usual, eles tinhas ordens estritas para não o perturbar e deixaram-no
sozinho o dia inteiro. Cerca das 22.00 horas, Peter Lozgachev, o
Comandante de Kuntsevo, entrou no quarto e viu Estaline caído de costas
no chão, perto da cama, com o pijama e ensopado em urina. Um assustado
Lozgachev perguntou a Estaline o que aconteceu, mas só obteve respostas
ininteligíveis. Lozgachev usou o telefone do quarto enquanto chamava
oficiais, dizendo-lhes que Estaline tinha tido um ataque e pedia que
mandassem doutores para a residência de Kuntsevo imediatamente.
Lavrentiy Beria foi informado e chegou algumas horas depois, mas os
doutores só chegaram no início da manhã de 2 de março, mudando as roupas
da cama e deitando-o. O acamado líder morreu quatro dias depois, em
5 de março de
1953, de
hemorragia cerebral (derrame), em circunstâncias ainda hoje pouco esclarecidas, com 74 anos de idade, sendo embalsamado a 9 de março.
Avtorkhanov desenvolveu uma detalhada teoria, publicada inicialmente em
1976, apontando
Beria
como o principal suspeito de tê-lo envenenado. Todavia, outros
historiadores ainda consideram que Estaline morreu de causas naturais.
Nikita Khrushchov escreveu nas suas memórias que, imediatamente após a morte de Estaline,
Lavrenty Beria
teria começado a "vomitar o seu ódio (contra Estaline) e a zombar dele", e que
quando Estaline demonstrou sinais de consciência, Beria teria se colocado
de joelhos e beijado as mãos de Estaline. No entanto, assim que Estaline
ficou novamente inconsciente, Beria imediatamente teria se levantado e
cuspido com nojo.
Em 2003, um grupo de historiadores russos e americanos anunciaram a sua conclusão de que Estaline ingeriu
varfarina, um poderoso veneno de rato que inibe a coagulação sanguínea e predispõe a vítima à
hemorragia cerebral
(derrame). Como a varfarina é insípida ela provavelmente teria sido o
veneno utilizado. No entanto, os factos exatos envolvendo a morte de Estaline provavelmente nunca serão conhecidos.
O período imediatamente anterior ao seu falecimento, nos meses de fevereiro-março de
1953,
foi marcado por uma atividade febril de Estaline nos preparativos de uma
nova onda de perseguições e campanhas repressivas, exceção até para os
padrões da era estalinista. Tratava-se do conhecido
complô dos médicos: em 3 de janeiro de 1953, foi anunciado que nove
catedráticos de
medicina, quase todos
judeus e que tratavam dos membros da liderança soviética, tinham sido "desmascarados" como agentes da
espionagem americana e
britânica, membros de uma organização judaica internacional, e assassinos de importantes líderes soviéticos.
Tratava-se da preparação de um novo julgamento-espetáculo, desta vez com claros traços de
anti-semitismo, que certamente levaria a um
pogrom nacional, e que implicaria, segundo
Isaac Deutscher,
na auto-destruição das próprias raízes ideológicas do regime, razão
pela qual a morte de Estaline pareceu a muitos ter sido provocada pelos
seus seguidores imediatos, claramente alarmados diante da iminente
fascistização
promovida por Estaline. O facto de que Beria estivesse alheio à preparação
deste novo expurgo fez com que ele fosse apresentado como possível
autor intelectual do suposto assassinato de Estaline; o facto é, no
entanto, que Estaline era idoso e que sua saúde, desde o final da
Segunda Guerra Mundial,
era precária; aqueles que tiveram contacto pessoal com ele nos seus
últimos anos lembram-se do contraste entre a sua imagem pública de ente
semi-divino e sua aparência real, devastada pela idade.
Simon Sebag Montefiore considera que, apesar de Estaline haver recebido assistência atrasada para o
derrame que o vitimaria, a tecnologia médica da época nada poderia fazer por ele, em termos terapêuticos.