Foi um compositor prolífico e eclético, tendo-se inspirado nas mais
variadas vertentes da música. Foi também um inovador na Composição
Musical, introduzindo em Portugal os métodos da Bitonalidade,
Politonalidade, Atonalidade e Arritmia, ganhando a admiração de músicos
como Maurice Ravel ou Igor Stravinsky, que adotaram também os mesmos
métodos, muito depois de Frederico de Freitas. No domínio da composição
musical, Frederico de Freitas deixou uma vasta obra que abarca
praticamente todos os géneros musicais, incluindo a música para
revistas, vaudevilles e operetas e partituras para cinema.
O seu 1º tema musical ligeiro foi "Tricanas de Aveiro", composto
para a voz de Luísa Satanela, seguindo-se "As Lavadeiras de Caneças",
para a revista "Água Pé", e criada por Ema d'Oliveira. Um dos seus mais
populares êxitos é "A Esperteza Saloia", criada por Hortense Luz na revista "Feira da Luz" de 1931, e gravada pela "Foz Melody Band", dirigida por Lopes da Costa, futuro violinista na Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional.
Outro gigantesco êxito foi o tema "Meninas Vamos ao Vira", chamado pelo
próprio como "Vira do Minho", gravado pela 1ª vez em disco por Lina
Demoel, em 1936, e que muitos julgam como sendo do Folclore do Minho.
Foi o primeiro músico clássico português a dar o seu contributo à
história radiofónica portuguesa, responsabilizando-se pelo 1º concerto
radiofónico português, realizado em 1930 pela CT1-BO Rádio Hertziana,
com a sua "Orchestra Lisboa", que executou a 5ª Sinfonia de Beethoven,
as Danças Guerreiras de Borodin, a Rapsódia Eslava de David de Souza, a
"Declaração" de António Melo, a sua Java, a valsa "Saúr" de sua autoria
conjunta com António Melo, e a Marcha dos Granadeiros.
Foi autor de estudos de musicologia, professor de música, diretor
de orquestra, sócio fundador n.º 11, em 1925, da cooperativa anónima de
responsabilidade limitada SECTP, a Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, a qual só em 1970, com a revisão dos estatutos, passou a chamar-se SPA, a atual Sociedade Portuguesa de Autores,
dado abranger todas as áreas da criação intelectual. Na data do seu
falecimento, era Presidente de Honra da SPA, a qual, em 1981, atribuiu
ao seu auditório, inaugurado em 1975, o nome de Auditório Maestro Frederico de Freitas.
Como diretor de orquestra, destacou-se como Titular da Orquestra de Câmara da Emissora Nacional, Subdiretor da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional
desde 1934, e titular da Orquestra Sinfónica do Conservatório do Porto.Tornou-se conhecido mundialmente pelas suas interpretações
competentes de Beethoven, Bruckner, Mahler, Shostakovich, Sibelius e
Richard Strauss.
Foi ainda criador, em 1940, da Sociedade Coral de Lisboa, com a qual, durante 9 anos, e em parceria com a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional,
realizou múltiplas apresentações de obras corais sinfónicas da maior
importância, entre eles a estreia da "Quarta Sinfonia" de Gusvav Mahler,
da "Nona Sinfonia" de Beethoven, da oratória "O Dilúvio" de Camille
Saint-Saens, do poema sinfónico "Die Ideale" de Franz Liszt, da
"Invocação dos Lusíadas" de Vianna da Motta, da "Oratória de Natal" de
Bach ou "Elias" de Félix Mendelssohn.
É autor das partituras para os filmes "A Severa" de 1930, e "As Pupilas do Sr. Reitor" de 1935, ambos de Leitão de Barros,
um dos mais populares de sempre do cinema português. Foi um dos
fundadores e colaborou, como compositor e maestro, em diversas produções
da Companhia Portuguesa de Bailado Verde Gaio.
Escreveu peças baseando-se em obras de grandes autores
portugueses, de Camões a António Botto, e harmonizou cânticos populares,
abrangendo todas as regiões do país. Dedicou-se à música coral,
sinfónica e coral-sinfónica, e compôs o "Quarteto Concertante" com o
qual obteve, em 1935, o Prémio Domingos Bomtempo, da Emissora Nacional.
Foi também distinguido com o Prémio Nacional de Composição, a propósito
do seu “Noturno”, para violoncelo e piano, de 1926.
O seu impulso criador afirmou-se quer na sua “Sonata” para
violino e violoncelo" de 1923, onde empregou a técnica politonal, quer
no domínio da técnica de instrumentação, como é o caso da “Missa
Solene”, obra de grande envergadura sinfónica, escrita para as Festas
Centenárias de 1940.
Colaborou na revista ilustrada Cine publicada em maio de 1931.
No entanto, o seu talento viria a originar muita controvérsia e polémica da parte de muitos pares seus.
A 13 de julho de 1967, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
Em 1975,
depois de ter providenciado a orquestração sinfónica de "Grândola Vila
Morena" de José Afonso, por ordem da Emissora Nacional, ao fim de 41
anos de trabalho intenso, Frederico de Freitas deixou a regência
orquestral, e passou a receber uma pensão vitalícia de 3.300 escudos.
Em 1977, compôs a sua última obra sinfónica, o poema sinfónico "Alexandre Herculano".
Viria a falecer em 12 de janeiro de 1980, e apesar de ter deixado
uma obra bem vastíssima na história da Música, muitas obras suas ainda
ficaram incompletas.
O espólio do compositor Frederico de Freitas foi doado à Universidade de Aveiro pela filha do compositor, Elvira de Freitas, em julho de 2010. Está atualmente exposto no Museu da Universidade de Aveiro.
Por edital municipal de 11 de novembro de 1983, da Câmara
Municipal de Lisboa, foi atribuído o nome de Rua Maestro Frederico de
Freitas, na freguesia de São Domingos de Benfica, à rua que une a Rua
Cidade de Rabat à Rua Augusto Pina (antiga Rua 2, entre a Rua Augusto
Pina e a Rua dos Soeiros, também identificada como Prolongamento da Rua
Augusto Pina, artéria onde desde 1972 estava sediada a então Escola
Preparatória Prof. Delfim Santos), a partir de uma solicitação da
Sociedade Portuguesa de Autores, que além do nome de Frederico de
Freitas propôs os escritores Pedro Bandeira e José Galhardo, assim como o
ator Paulo Renato, tendo sido todos incluídos no mesmo Edital.