Considerada uma das melhores promessas do cinema e
sex symbol de
Hollywood, na época de sua morte, aos 26 anos, já era conhecida mundialmente, estava casada com o realizador polaco
Roman Polanski, havia participado em sete filmes, trabalhado como
modelo para anúncios e revistas de moda e tinha sido indicada para o
Globo de Ouro pelo filme
O Vale das Bonecas, de 1967.
Uma década após o seu assassinato, a sua mãe, Doris Tate, em resposta a um crescente
status cult que envolvia os seus assassinos e temerosa de que eles pudessem conseguir
liberdade condicional - apesar de condenados à
prisão perpétua - organizou uma campanha pública contra o que ela considerava deficiências no sistema correcional da
Califórnia.
A campanha resultou em emendas criadas na lei criminal do estado, que
passou a permitir a vítimas de crimes e seus familiares a participação
com depoimentos durante o julgamento ou pedidos de
liberdade condicional
de criminosos condenados. Ela foi a primeira pessoa nos Estados Unidos a
ter o direito de se expressar em audiência oficial após a aprovação da
nova lei, o que fez durante a audiência do pedido de liberdade
condicional de um dos assassinos de sua filha,
Tex Watson.
Ela acreditava que a mudança na lei tinha dado à Sharon Tate a
dignidade que lhe havia sido retirada por seus assassinos e que por isso
ela agora era capaz de transformar o legado de Sharon de vítima de
assassinato em símbolo de vítimas de crimes de morte.
No dia 8 de agosto, Sharon estava a quinze dias de ter o bebé. Ela
almoçou em casa com duas amigas e contou-lhes sobre o seu
desapontamento por Roman não estar ainda ali, tendo adiado por alguns
dias o seu regresso de Londres. De tarde ele telefonou, assim como as suas
irmãs, Debra e Patti, pedindo para passar a noite com ela na casa, o que
ela negou. De noite, ela foi com alguns amigos jantar no restaurante
El
Coyote e regressaram a casa cerca das 22.30 horas.
Com ela estavam Jay Sebring, Abigail Folger e Wojciech Frykowski. Na
casa também estavam o caseiro William Garretson, que morava numa
construção menor, afastada da casa principal, e seu amigo, o estudante de
18 anos,
Steven Parent.
Nos primeiros minutos da madrugada do dia 9, por ordem de Charles
Manson, um grupo dos seus seguidores, todos eles jovens, entre 20 e 23
anos, formado por
Charles "Tex" Watson,
Susan Atkins,
Patricia Krenwinkel e
Linda Kasabian,
invadiu a casa de Cielo Drive e massacrou os seus moradores. Parent foi
morto a tiros quando saía da da casa e deu de frente com o grupo que
entrava e Tate, Sebring, Folger e Frykowski assassinados a tiros e
facadas na sala da residência e nos jardins. Sharon Tate foi assassinada
com 16 facadas, várias delas na barriga em que carregava o filho.
Na noite seguinte, o mesmo grupo, acrescido de
Steve Grogan e
Leslie Van Houten, cometeria outro bárbaro assassinato, nos mesmos moldes, noutro local da cidade, matando o casal
Leno e Rosemary LaBianca.
Depois de semanas de investigação, os membros da
Família Manson foram todos localizados, presos, processados e condenados à morte em 1971, após um dos julgamentos mais cobertos pelos
media
na história criminal dos Estados Unidos. Durante os meses que se
seguiram, sem a descoberta dos culpados e mesmo depois da identificação
deles, todo o
Condado de Los Angeles entrou em pânico e
paranóia,
pela revelação de que os assassinatos da Família tinham sido
aleatórios. Pessoas famosas e ricas acreditavam que poderiam ser as
próximas e abandonavam a cidade. Outros contratavam guarda-costas e
instalavam sofisticados sistemas de alarme em suas casas. O ator
Christopher Jones, astro de
A Filha de Ryan,
devastado com a morte brutal de Tate, teve um bloqueio psicológico e
abandonou a carreira de ator durante as filmagens, precisando ser
dobrado na versão final do filme pelo diretor
David Lean.
O escritor e jornalista de investigação Dominick Dunne deu o seu testemunho
da dimensão do pavor que se instalou por Los Angeles nas semanas e
meses seguintes:
“ |
A onda de
choque provocada pelos crimes Tate-LaBianca criou uma convulsão social
na cidade como nunca havia se visto. As pessoas estavam convencidas de
que os ricos e famosos da comunidade estavam em perigo. Crianças foram
mandadas para fora da Califórnia. Cercas eletrificadas foram instaladas e
guardas pessoais foram contratadas. Steve McQueen compareceu armado ao
enterro de Jay Sebring. |
Sharon Tate foi enterrada a 13 de agosto de 1969 no
Holy Cross Cemetery em
Culver City,
com o filho natimorto Paul Richard Polanski – assim batizado
postumamente pelos pais de Roman e Sharon – nos seus braços. Anos depois, a
sua mãe Doris e a sua irmã mais nova Patti seriam enterradas no mesmo
local, dividindo a mesma lápide.
Charles Manson, o mentor intelectual das chacinas, Tex Watson,
Patricia Krenwinkel, Susan Atkins e Leslie Van Houlen, todos condenados à
morte, tiveram as suas penas comutadas para prisão perpétua quando as leis
da Califórnia foram mudadas em 1972, considerando a pena de morte
inconstitucional. Linda Kasabian, que participou dos ataques mas não
matou ninguém, recebeu imunidade e atuou como testemunha de acusação
contra os ex-companheiros durante os julgamentos, sendo, como testemunha
ocular, a principal peça para a condenação de todos à pena máxima
pedida pelo promotor
Vincent Bugliosi, que, em 1974 escreveu o livro
Helter Skelter, contando em detalhes todo o
Caso Tate-LaBianca, um
best-seller nos Estado Unidos com mais de sete milhões de exemplares vendidos.