terça-feira, maio 22, 2012

Charles Aznavour - 88 anos

Charles Aznavour (Paris, 22 de maio de 1924) é um cantor francês de origem arménia, também letrista e ator.
Além de ser um dos mais populares e longevos cantores da França, ele é também um dos cantores franceses mais conhecidos no exterior. Ele atuou em mais de 60 filmes, compôs cerca de 850 canções (incluindo 150 em inglês, 100 em italiano, 70 em espanhol e 50 em alemão) e já vendeu bem mais que 100 milhões de discos. Aznavour começou sua turnê global de despedida no fim de 2006. Após obter a cidadania arménia em dezembro de 2008, Aznavour aceita em 12 de fevereiro de 2009 ser o embaixador da Arménia na Suíça. O anúncio oficial dessa nominação foi feito em 6 de maio de 2009.

Carreira cinematográfica
Aznavour teve uma longa e variada carreira paralela como ator, aparecendo em mais de 60 filmes. Em 1960, Aznavour fez o papel principal no filme Atirem no Pianista, de François Truffaut, no papel do personagem Édouard Saroyan. Também teve uma performance aclamada em 1974, no filme O Caso dos Dez Negrinhos, e teve um importante papel de ator secundário no filme O Tambor, de 1979, vencedor do  Academy Award de melhor filme em língua estrangeira em 1980. Em 2002 estrelou o filme Ararat, interpretando Edward Saroyan, um cineasta.

Biografia
Aznavour nasceu Shahnour Vaghinagh Aznavourian, filho dos imigrantes arménios Michael e Knar Aznavourian. Seus pais, que eram artistas, o introduziram no mundo do teatro em tenra idade.
Ele começou a atuar aos nove anos de idade e logo assumiu o nome artístico Charles Aznavour. Seu grande sucesso começou quando a cantora Édith Piaf o ouviu cantar e o levou consigo numa turnê pela França e pelos Estados Unidos.
Frequentemente descrito como o Frank Sinatra da França, Aznavour canta principalmente o amor. Ele escreveu musicais e mais de mil canções, gravou mais de 100 álbuns e apareceu em 60 filmes, incluindo Atirem no Pianista e O Tambor. Aznavour canta em muitas línguas (francês, inglês, italiano, espanhol, alemão, russo, arménio e português), o que o ajudou a se apresentar no Carnegie Hall e noutras casas de espetáculos mundo afora. Ele gravou pelo menos uma canção do poeta Sayat Nova, do século XVIII, em arménio. "Que c'est triste Venise", cantada em francês, em italiano ("Com'è triste Venezia"), espanhol ("Venecia sin tí"), inglês ("How sad Venice can be", "The Old-Fashioned Way") e alemão ("Venedig im Grau") estão entre as mais famosas canções poliglotas de Aznavour. Nos anos 1970, Aznavour tornou-se um grande sucesso no Reino Unido, onde sua canção "She" saltou para o número um nos tops de sucessos.
Admirador do Quebec, ele tem ajudado na carreira da cantora e letrista Lynda Lemay (natural dessa região canadiana de língua francesa) na Europa, e tem uma casa em Montréal.
Desde o terremoto de 1988, na Arménia, Aznavour tem ajudado o país através de sua obra caritativa: a Fondation Aznavour Pour L'Arménie ("Fundação Aznavour para a Arménia"). Há uma praça com seu nome na cidade de Erevan, na rua Abovian. Aznavour é membro da Câmara Internacional do Fundo de Curadores da Arménia. A organização tem arrecado mais de 150 milhões de dólares em ajuda humanitária e assistência de desenvolvimento de infra-estrutura para a Arménia desde 1992. Charles Aznavour foi nomeado como "Officier" (Oficial) da Légion d'Honneur em 1997.
Em 1988, Charles Aznavour foi eleito "artista do século" pela CNN e pelos utilizadores da Time Online espalhados pelo mundo. Aznavour foi reconhecido como notável performer do século com cerca de 18% da votação total, ganhando a Elvis Presley e Bob Dylan. Após a morte de Frank Sinatra, Charles Aznavour é o último dos crooners tradicionais.
A lista de artistas que já cantaram Aznavour abrange de Fred Astaire a Bing Crosby, de Ray Charles a Liza Minelli. Elvis Costello gravou "She" para o filme Notting Hill. O tenor Plácido Domingo é um grande amigo de Aznavour e frequentemente canta seus hits, principalmente a versão de Aznavour de Ave Maria, de 1994.
No início do outono de 2006, Aznavour iniciou sua turnê de despedida, apresentando-se nos Estados Unidos e no Canadá, deixando ótimas lembranças. Para 2007, Aznavour tem concertos agendados no Japão e no resto da Ásia. Ele tem afirmado repetidamente que fazia a turnê de despedida, se a saúde lhe permitir, vai ultrapassar 2010. Com mais de oitenta anos de idade, Aznavour demonstra excelente saúde. Ele ainda canta em várias línguas e sem teleponto, mas tipicamente canta apenas em duas ou três - francês e inglês são as duas primeiras - com o espanhol e italiano em terceiro lugar, durante a maioria dos concertos. Em 30 de setembro de 2006, Aznavour apresentou-se num grande concerto em Erevan, capital da Arménia, como estreia da série "Arménia, minha amiga" na França. O presidente arménio Robert Kocharian e o presidente francês Jacques Chirac, em visita oficial na Arménia, estavam na primeira fila.



She - Charles Aznavour

She may be the face I can't forget,
A trace of pleasure or regret,
May be my treasure or
The price I have to pay.

She may be the song that summer sings,
May be the chill that autumn brings,
May be a hundred different things
Within the measure of a day.

She may be the beauty or the beast,
May be the famine or the feast,
May turn each day into a
Heaven or a hell.

She may be the mirror of my dream,
A smile reflected in a stream,
She may not be what she may seem
Inside her shell.

She who always seems so happy in a crowd,
Whose eyes can be so private and so proud,
No one's allowed to see them
When they cry.

She may be the love that cannot hope to last,
May come to me from shadows of the past,
That I remember till the day I die.

She may be the reason I survive,
The why and wherefore I'm alive,
The one I'll care for through the
Rough and rainy years.

Me, I'll take her laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be.
The meaning of my life is she, she, she...

segunda-feira, maio 21, 2012

Mercalli nasceu há 162 anos

(imagem daqui)

Giuseppe Mercalli (Milão, 21 de maio de 1850 - Nápoles, 19 de março de 1914) foi um sacerdote, vulcanólogo e sismólogo italiano.
Foi professor de Mineralogia na Universidade de Catânia e de Vulcanologia na Universidade de Nápoles. Em 1911 sucedeu a Raffaele Vittorio Matteucci no cargo de director do Observatório do Vesúvio. Os seus estudos na área da Sismologia e da Vulcanologia granjearam-lhe reputação internacional. Notabilizou-se pelo desenvolvimento da Escala de Mercalli para avaliação da intensidade dos sismos, uma das escalas sísmicas com maior aceitação durante quase todo o século XX, e pela publicação de um sistema de classificação das erupções vulcânicas.

A propósito da final da Taça de Portugal de futebol de ontem....


BRIOSA!

PS - queremos dedicar este post ao nosso Mestre, o Professor Doutor António Ferreira Soares...!


Mais informações sobre o sismo de ontem em Itália

Um sismograma feito pelo geofone de Évora:



Mais informações sobre o sismo, obtidas no site do USGS:

Magnitude
 6.0
Localização
 4km ENE of Camposanto

2012-05-20 - 02:03
Latitude
44.800°N
Longitude
11.192°E
Profundidade
5.0
      
            

domingo, maio 20, 2012

Poema para recordar o Princípe D. Pedro, na data do seu triste final

(imagem daqui)

Cessação


Quando a morte vier, ou procurada
eu a tiver comigo apenas por um instante,
qual já nem for amante
a esperança conseguida à liberdade,
então do nada que a existência invade
alguma dor virá de não ter dito
que a vida eu sofria como um rito
do Sol de outras manhãs. Expatriada?


Não. Que só a morte nunca existirá.
Sonharei - sonhará,
na treva, a cantiga:
Que luz não amiga
a treva será?


Nem longe, nem perto;
nem riso decerto.
Apenas um rumor de madrugada.


in Coroa da Terra (1946) - Jorge de Sena

O sismo desta noite em Itália - uma notícia

Há, pelo menos, 50 feridos
Sismo em Itália mata seis pessoas e lança pânico nas ruas

Torre parcialmente destruída em Finale Emilia, perto do epicentro do sismo (Giorgio Benvenuti/Reuters)

Efeitos do sismo em Finale Emilia (Giorgio Benvenuti/Reuters)

Efeitos do sismo em Finale Emilia (Giorgio Benvenuti/Reuters)

Giorgio Benvenuti/Reuters

Giorgio Benvenuti/Reuters

Um dos edifícios danificados em Sant' AgostinoGiorgio Benvenuti/Reuters

O Norte de Itália foi abalado esta noite por um sismo de magnitude 6,0 na escala de Richter. Uma actualização do balanço de vítimas feita pela agência noticiosa ANSA dá conta de seis mortos, o dobro do que era avançado nas primeiras informações. Pelo menos outras 50 pessoas ficaram feridas.

O sismo, que durou 20 segundos, aconteceu às 04.05 horas (03.05 horas em Portugal), a dez quilómetros de profundidade e a 36 quilómetros de distância da cidade de Bolonha, na região de Modena.

Uma das vítimas mortais era um funcionário de uma fábrica em Ponte Rodoni di Bondeno, que produz materiais de isolamento para habitações. Quando faltavam apenas 56 minutos para o seu turno acabar, o homem foi apanhado pelo desabamento de uma parte do telhado do edifício.

Dois outros funcionários, que também faziam o turno da noite, morreram numa unidade de fabrico de ladrilhos para pavimentos na cidade de Sant’Agostino, em Ferrara. "Ele nem era suposto ter estado lá. Mudou o turno com um amigo que queria ir à praia", contou a mãe de uma das vítimas.

O abalo sísmico, o mais forte registado em Itália nos últimos três anos, foi sentido em todo o Nordeste do país – nomeadamente nas cidades de Bolonha, Ferrara, Verona e Mântua – e foi seguido de várias réplicas, a mais forte das quais de 5,1 de magnitude. Na região de Modena, 50 pessoas ficaram feridas, sem gravidade. Várias casas ficaram danificadas e os hospitais da região foram evacuados, como medida de segurança. As equipas de socorro estão à procura de pessoas que tenham ficado debaixo dos escombros.

Em Bolonha e em outras cidades, milhares de habitantes acordaram a meio da noite e saíram à rua em pânico. As centrais telefónicas dos bombeiros depressa ficaram saturadas. "Saí para a rua de pijama", disse um homem a uma estação de televisão, citada pela agência britânica Reuters.

As primeiras imagens difundidas pelas televisões mostram casas parcialmente destruídas e destroços amontoados nas ruas. São muitos os edifícios históricos e igrejas danificados pelo tremor de terra. O castelo medieval da cidade de San Felice sul Panaro, perto do epicentro do sismo, foi um dos edifícios mais danificados e há quem receie o desabamento de uma das suas torres.

Horas mais tarde, um outro abalo, de 4,1 de magnitude, foi registado na Lombardia, nas províncias de Modena, Mântua, Ferrara e Rovigo, sem causar danos.

O último grande sismo registado em Itália foi o abalo de 6,3 de magnitude, na cidade de L'Aquila, em 2009. Morreram cerca de 300 pessoas.



Fartar, vilanagem...

(imagem daqui)

Poema da Alfarrobeira

Era Maio, e havia flores vermelhas e amarelas
nos campos de Alfarrobeira.

O homem,
de burel grosso e barba de seis dias,
arrastava os tamancos e o cansaço.
Ao lado iam seguindo os bois puxando o carro,
naquele morosíssimo compasso
que engole o tempo ruminando o espaço.

Era um velho mas tinha a voz sonora
e com ela incitava os bois em andamento,
voz cantada que os ecos prolongavam
indefinidamente.
Era um deus soberano e maltrapilho
a cuja imperiosa voz aquelas massas
de carne musculada
maciça, rude, bruta, inamovível,
obedeciam mansas e seguiam
no sulco aberto
como se um pulso alado as dirigisse,
mornas e sonolentas.

A voz era a de um deus que os mundos cria,
que do nada faz tudo,
que vence a inércia e anula a gravidade,
que levita o que pesa e o trata como leve.
Potência aliciadora alonga-se e prolonga-se
nos plainos da paisagem,
enquanto os animais prosseguem no caminho
do seu quotidiano,
pensativos e absortos.

Lá em baixo, na margem do ribeiro,
estendido sobre a erva,
jaz o infante.
Do seu coração ergue-se a haste de um virote
erecta como um junco,
e já nenhuma voz o acordará.


in
Novos Poemas Póstumos – António Gedeão

Joe Cocker nasceu há 68 anos

John Robert Cocker (Sheffield, 20 de maio de 1944) é um cantor britânico de rock influenciado pela soul music no início da carreira.
Ele começou sua carreira musical em sua cidade natal na Inglaterra, aos quinze anos de idade. Com o nome artístico de Vance Arnold tocou com The Avengers, depois Big Blues (1963) e então a Grease Band (a partir de 1966). Em 1969 ele foi o astro convidado do programa The Ed Sullivan Show.
Seu primeiro grande sucesso foi a antológica canção "With a Little Help from My Friends", uma versão da música dos Beatles gravada com o guitarrista Jimmy Page. No mesmo ano ele apareceu no Festival de Woodstock, com um show consagrador, sobre o qual ele fala no livro Woodstock, do jornalista [Pete Fornatale]: "Tivemos uma reação emocionante quando tocamos With a Little Help from My Friends. Foi como um sentido maravilhoso de comunicação. Era o último número do show, eu lembro, mas senti que finalmente tínhamos nos comunicado com alguém".
Coker ainda conseguiu mais alguns hits com "She Came Through the Bathroom Window" (outra versão de uma música dos Beatles), "Cry Me a River" e "Feelin Alright". Em 1970 sua versão ao vivo do sucesso "The Letter" dos Box Tops, lançado na compilação Mad Dogs & Englishmen tornou-se sua primeira canção a entrar no Top Ten americano.
Nos shows Cocker exibia uma intensidade física incrível enquanto cantava, e sua presença no palco era frequentemente parodiada por John Belushi (houve até mesmo um dueto improvável quando Joe foi convidado especial do Saturday Night Live.)
No começo dos anos 70 ele teve problemas com drogas e álcool que acabaram atrapalhando sua carreira. Ele conseguiu, entretanto, curar-se e retornar nos anos 80, conseguindo grande sucesso até os anos 90 com as canções "Up Where We Belong", "You Are So Beautiful", "When The Night Comes" e "Unchain My Heart".
Em 2007, Joe fez uma participação especial em Across the Universe, longa-metragem musical de Julie Taymor, interpretando a música Come Together, dos Beatles.


João XXI, o único Papa português, morreu há 735 anos

João XXI nascido Pedro Julião mais conhecido como Pedro Hispano, (em data desconhecida, entre 1205 e 1220 – 20 de maio de 1277) foi papa entre 20 de setembro de 1276, até à data da sua morte, tendo sido também um famoso médico, professor e matemático português do século XIII.
Alguns autores indicam como data de nascimento o ano de 1205, outros que foi antes de 1210, possivelmente em 1205 ou 1207 e outros ainda entre 1210 e 1220.

Pedro Julião, ou Pedro Hispano, nasce em Lisboa, no então Reino de Portugal, provavelmente na que é a actual freguesia de São Julião, em data não conhecida, mas seguramente antes de 1226, filho de Julião Rebelo, médico, cuja profissão segue e de Teresa Gil (embora Luís Ribeiro Soares defenda que possa ter sido filho do chanceler de D. Sancho I, Mestre Julião Pais).
Começou os seus estudos na escola episcopal da catedral de Lisboa, tendo mais tarde estudado na Universidade de Paris (alguns historiadores afirmam que terá sido na Universidade de Montpellier) com mestres notáveis, como São Alberto Magno, e tendo por condiscípulos São Tomás de Aquino e São Boaventura, grandes nomes do cristianismo. Lá estuda medicina e teologia, dedicando especial atenção a palestras de dialética, lógica e sobretudo a física e metafísica de Aristóteles.
Entre 1246 e 1252 ensinou medicina na Universidade de Siena, onde escreveu algumas obras, de entre as quais se destaca o Tratado Summulæ Logicales que foi o manual de referência sobre lógica aristotélica durante mais de trezentos anos, nas universidades europeias, com 260 edições em toda a Europa, traduzido para grego e hebraico.
Prova da sua vastíssima cultura científica encontra-se na obra De oculo, um tratado de Oftalmologia, que conhece ampla difusão nas universidades europeias. Quando Miguel Ângelo adoece gravemente dos olhos, devido ao árduo labor consumido na decoração da Capela Sistina, encontra remédio numa receita de Pedro Julião. De sua autoria, o ‘Thesaurus Pauperum’ (Tesouro dos pobres), em que trata de várias doenças e suas curas, com cerca de uma centena de edições e traduzido para 12 línguas.
Já no domínio da Teologia, é autor de Comentários ao pseudo-Dionísio e Scientia libri de anima. Encontra-se por publicar a obra De tuenda valetudine, manuscrita em Paris, dedicada a Branca de Castela, esposa do rei Luís VIII de França, filha de Afonso IX de Castela.
Antes de 1261, ano em que é eleito decano da Sé de Lisboa, Pedro Julião ingressa no sacerdócio. O rei Afonso III de Portugal confia-lhe o priorado da Igreja de Santo André (Mafra) em 1263, posto o que é elevado a cónego e deão da Sé de Lisboa, Tesoureiro-mor na Sé do Porto e Dom Prior na Colegiada Real de Santa Maria de Guimarães.

Após a morte de Dom Martinho Geraldes, Pedro Julião é nomeado Arcebispo de Braga pelo Papa Gregório X, em 1273. Um ano depois, participa no XIV Concílio Ecuménico de Lião, altura em que Gregório X o eleva a Cardeal-bispo com o título de Tusculum-Frascati, da Diocese suburbicária de Frascati, o que permite ao pontífice poder contar com os serviços médicos do sábio português. Regressa ao Arcebispado de Braga, até ser nomeado o sucessor, Dom Sancho. De volta à corte pontifícia, Gregório X nomeia-o seu médico principal (arquiathros) em 1275.
A eleição de Pedro Julião, em conclave realizado em Viterbo, após a morte do Papa Adriano V, a 18 de agosto de 1276, decorre num período muito perturbado por tensões políticas e religiosas e com alguns cardeais a sofrer violências físicas. É eleito Papa a 13 de setembro e coroado a 20 de setembro de 1276, e adota o nome de João XXI.

Brasão de armas do Papa João XXI

João XXI irá marcar o seu breve pontificado (de pouco mais de 8 meses) pela fidelidade ao XIV Concílio Ecuménico de Lião. Apressa-se a mandar castigar, em tribunal criado para o efeito, os que haviam molestado os cardeais presentes no conclave que o elegera.
Embora sem grande sucesso, leva por diante a missão encetada por Gregório X de reunir a Igreja Grega à Igreja do Ocidente. Esforça-se por libertar a Terra Santa em poder dos turcos.
Tenta reconciliar grandes nações europeias, como França, Alemanha e Castela, dentro do espírito da unidade cristã. Neste sentido, envia legados a Rodolfo de Habsburgo e a Carlos de Anjou, sem sucesso.
Pontífice dotado de rara simplicidade, recebe em audiência tanto os ricos como os pobres. Dante Alighieri, poeta italiano (1265-1321), na sua famosa ‘Divina Comédia’, coloca a alma de João XXI no Paraíso, entre as almas que rodeiam a alma de São Boaventura, apelidando-o de "aquele que brilha em doze livros", menção clara a doze tratados escritos pelo erudito pontífice português. O rei Afonso X de Leão e Castela, o Sábio, avô de D. Dinis de Portugal, elogia-o em forma de canção no "Paraíso", canto XII. Mecenas de artistas e estudantes, é tido na sua época por 'egrégio varão de letras', 'grande filósofo', 'clérigo universal' e 'completo cientista físico e naturalista'.
Mais dado ao estudo que às tarefas pontifícias, João XXI delega no Cardeal Orsini, o futuro Papa Nicolau III, os assuntos correntes da Sé Apostólica. Ao sentir-se doente, retira-se para a cidade de Viterbo, onde morre a 20 de maio de 1277, com 51 anos, vitimado pelo desmoronamento das paredes do seu aposento, estando o palácio apostólico em obras. É sepultado junto do altar-mor da Catedral de São Lourenço, naquela cidade. No século XVI, durante os trabalhos de reconstrução do templo, os seus restos mortais são trasladados para modesto e ignorado túmulo, mas nem aqui encontraram repouso definitivo. Através do contributo da Câmara Municipal de Lisboa, por João Soares então seu presidente, o mausoléu é colocado, a título definitivo, ao lado do Evangelho de Catedral de Viterbo, a 28 de março de 2000.

Vasco da Gama chegou à Índia há 514 anos

Vasco da Gama (Sines, c. 1460 ou 1468 ou 1469 - Cochim, Índia, 24 de dezembro de 1524) foi um navegador e explorador português. Na Era dos Descobrimentos, destacou-se por ter sido o comandante dos primeiros navios a navegar da Europa para a Índia, na mais longa viagem oceânica até então realizada, superior a uma volta completa ao mundo pelo Equador. No fim da vida foi, por um breve período, Vice-rei da Índia portuguesa título que era usado em algumas monarquias da Europa, para designar os governadores e representantes do rei numa província afastada ou num território ultramarino.

(...)

Chegada de Vasco da Gama a Calecute, Índia, a 20 de maio de 1498

Em 20 de maio de 1498, a frota alcançou Kappakadavu, próxima de Calecute, no actual estado indiano de Kerala, ficando estabelecida a Rota do Cabo e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a Índia.
No dia seguinte à chegada, entre a multidão reunida na praia, foram saudados por dois mouros de Tunes (Tunísia), um dos quais dirigiu-se em castelhano «Ao diabo que te dou; quem te trouxe cá?». E perguntaram-lhe o que vínhamos buscar tão longe; e ele respondeu: «Vimos buscar cristãos e especiaria.», conforme relatado por Álvaro Velho. Ao ver as imagens de deuses Hindus Gama e os seus homens pensaram tratar-se de santos cristãos, por contraste com os muçulmanos que não tinham imagens. A crença nos "cristãos da Índia", como então lhes chamaram, perdurou algum tempo mesmo depois do regresso.
Contudo as negociações com o governador local, Samutiri Manavikraman Rajá, Samorim de Calecute, foram difíceis. Os esforços de Vasco da Gama para obter condições comerciais favoráveis foram dificultados pela diferença de culturas e pelo baixo valor de suas mercadorias, com os representantes do samorim a escarnecerem das suas ofertas, e os mercadores árabes aí estabelecidos a resistir à possibilidade de concorrência indesejada. As mercadorias apresentadas pelos portugueses mostraram-se insuficientes para impressionar o samorim, em comparação com os bens de alto valor ali comerciados, o que gerou alguma desconfiança. Os portugueses acabariam por vender as suas mercadorias por baixo preço para poderem comprar pequenas quantidades de especiarias e jóias para levar para o reino.
Por fim o Samorim mostrou-se agradado com as cartas de D. Manuel I e Vasco da Gama conseguiu obter uma carta ambígua de concessão de direitos para comerciar, mas acabou por partir sem aviso após o Samorim e o seu chefe da Marinha Kunjali Marakkar insistirem para que deixasse todos os seus bens como garantia. Vasco da Gama manteve os seus bens, mas deixou alguns portugueses com ordens para iniciar uma feitoria.

O Rei D. Afonso V matou o seu teu tio e sogro, D. Pedro, Duque de Coimbra, na Batalha de Alfarrobeira, há 563 anos

Ilustração de Carlos Alberto Santos (daqui)


A Batalha de Alfarrobeira foi o recontro travado entre o jovem rei D. Afonso V e o Infante D. Pedro seu tio, em 20 de maio de 1449, junto da ribeira do lugar de Alfarrobeira, em Vialonga, perto de Alverca. No princípio do ano de 1448, aconselhado por seu tio bastardo Afonso, Duque de Bragança, pelo Conde de Ourém e pelo arcebispo de Lisboa, decidiu D. Afonso V afastar do governo do reino, seu tio, que abandonou a corte, a pretexto da administração das suas terras e se instalou na casa ducal de Coimbra.
A intriga surtiu efeito no espírito do monarca que não atendeu às tentativas de conciliação quer do próprio D. Pedro, que lhe escreveu renovando a sua obediência e defendendo-se das calúnias, quer do Infante D. Henrique e do conde de Avranches, que pretenderam evitar o drama.
O rei escreve no final deste ano ao duque de Bragança requisitando-o à corte mas acompanhado de escolta uma vez que teria de atravessar terras de Coimbra. D. Pedro, sabedor da vinda do seu inimigo, proíbe-lhe a passagem por suas terras e é considerado súbdito desleal ao rei. Logo se publicam éditos contra o Infante e seus aliados e o rei investe, com as suas tropas, na tentativa de submetê-los, instalando-se em Santarém; por sua vez D. Pedro desce de Coimbra em direcção a Lisboa e encontra as tropas reais no lugar de Alfarrobeira, em Vialonga.
Travada a batalha, as tropas do monarca saem vitoriosas e o Infante morre no combate e com ele vários fidalgos que o acompanhavam, nomeadamente o seu "braço direito", D. Álvaro Vaz de Almada.

Hoje é um triste dia da História de Portugal - o Infante D. Pedro, Duque de Coimbra, morreu há 563 anos


D. Pedro, Regente de Portugal

Claro em pensar, e claro no sentir,
É claro no querer;
Indiferente ao que há em conseguir
Que seja só obter;
Dúplice dono, sem me dividir,
De dever e de ser —

Não me podia a Sorte dar guarida
Por eu não ser dos seus.
Assim vivi, assim morri, a vida,
Calmo sob mudos céus,
Fiel à palavra dada e à ideia tida.
Tudo mais é com Deus!

in
Mensagem (1934) - Fernando Pessoa

Stephen Jay Gould morreu há dez anos

Stephen Jay Gould (Nova Iorque, 10 de Setembro de 1941 - Nova Iorque, 20 de Maio de 2002) foi um paleontólogo e biólogo evolucionista dos Estados Unidos da América. Foi também um autor importante no que diz respeito à história da Ciência. É reconhecido como o mais lido e conhecido divulgador científico da sua geração.
Nascido numa família judia, não praticou nenhuma religião organizada. Ainda que tenha sido educado num meio ideologicamente marcado pelo socialismo, nunca assumiu qualquer militância política. Como escritor, lutou contra a opressão cultural, principalmente contra a pseudociência legitimadora do racismo.
Começou a leccionar como membro da faculdade da Universidade de Harvard, em 1967, onde se tornou professor na cadeira de Alexander Agassiz, de zoologia. Ajudou Niles Eldredge a desenvolver a teoria do equilíbrio pontuado (1972), segundo a qual as mudanças evolutivas ocorreriam de forma acelerada em períodos relativamente curtos, em populações isoladas, intercalados de períodos mais longos, caracterizados pela estabilidade evolutiva.
Na perspectiva do próprio Gould, esta teoria derrubava um princípio-chave do neodarwinismo (o gradualismo das mudanças evolutivas) - perspectiva não partilhada por grande parte da comunidade dos biólogos evolutivas que a consideram apenas como uma rectificação importante, sem dúvida, mas que não punha em causa o que já era conhecido e defendido como certo pelos cientistas até ao momento.

Carreira académica
Stephen Jay Gould formou-se em geologia em 1963, pelo Antioch College e em 1967 recebeu um doutoramento em paleontologia pela Universidade de Columbia. Nesse mesmo ano tornou-se professor na Universidade de Harvard, tornando-se professor efectivo em 1973.
Desde de 1973 Gould era o Curador da colecção de Palentologia de Invertebrados do Museu de Zoologia Comparada de Harvard e membro adjunto do Departamento de História das Ciências em Harvard. Em 1983 tornou-se Alexander Agassiz Professor de Zoologia (também na Universidade de Harvard) e em 1996 Vicent Astor Professor Convidado de Biologia na Universidade de Nova York. Gould manteve todos estes cargos até 2002.

Bibliografia
Stephen Jay Gould é especialmente conhecido a nível mundial pela sua actuação a nível da divulgação da ciência a leigos. Em Janeiro de 1974 a revista Natural History apresentou um ensaio de Gould (Size and Shape - The immutable laws of design set limits on all organisms). Este seria o primeiro de um conjunto de 300 ensaios escritos por Gould e editados pela Natural History na rubrica This View of Life (Esta visão da vida). Gould escreveu esta rubrica entre Janeiro de 1974 e Janeiro de 2001.
A maioria dos ensaios escritos por Gould para This View of Life tinha como tema assuntos relativos à Teoria da Evolução e à História das Ciências, mas Gould também se referiu a outros assuntos relativos a biologia, a geologia, a ciências sociais, e ao beisebol. Michael Shermer refere que o ensaio mais curto escrito por Gould para This View of Life tem 1.475 palavras ("Darwin's Dilemma", de Junho 1974), e o mais longo tem 9.290 palavras ("The Piltdown Conspiracy", de Agosto 1980).

Timor-Leste é independente há 10 anos!

Timor-Leste (oficialmente chamado de República Democrática de Timor - Leste) é um dos países mais jovens do mundo, e ocupa a parte oriental da ilha de Timor no Sudeste Asiático, além do exclave de Oecusse, na costa norte da parte ocidental de Timor, da ilha de Ataúro, a norte, e do ilhéu de Jaco ao largo da ponta leste da ilha. As únicas fronteiras terrestres que o país tem ligam-no à Indonésia, a oeste da porção principal do território, e a leste, sul e oeste de Oecusse, mas tem também fronteira marítima com a Austrália, no Mar de Timor, a sul. Com 14 874 quilómetros quadrados de extensão territorial, Timor-Leste tem superfície equivalente às áreas dos distritos de Beja e Faro somadas ou ainda é consideravelmente menor que o mais pequeno dos estados brasileiros, Sergipe.
Sua capital é Díli, situada na costa norte.
Conhecido no passado como Timor Português, foi uma colónia portuguesa até 1975, altura em que se tornou independente, tendo sido invadido pela Indonésia três dias depois. Permaneceu considerado oficialmente pelas Nações Unidas como território português por descolonizar até 1999. Foi, porém, considerado pela Indonésia como a sua 27.ª província com o nome de "Timor Timur". Em 30 de agosto de 1999, cerca de 80% do povo timorense optou pela independência em referendo organizado pela Organização das Nações Unidas.
A língua mais falada em Timor-Leste era o indonésio no tempo da ocupação indonésia, sendo hoje o tétum (mais falado na capital). O tétum e o português formam as duas línguas oficias do país, enquanto o indonésio e a língua inglesa são consideradas línguas de trabalho pela atual constituição de Timor-Leste. Devido à recente ocupação indonésia, grande parte da população compreende a língua indonésia, mas só uma minoria o português.
Geograficamente, o país enquadra-se no chamado sudeste asiático, enquanto do ponto de vista biológico aproxima-se mais das ilhas vizinhas da Melanésia, o que o colocaria na Oceania e, por conseguinte, faria dele uma nação transcontinental.


Em 30 de agosto de 1999, os timorenses votaram por esmagadora maioria pela independência, pondo fim a 24 anos de ocupação indonésia, na sequência de um referendo promovido pelas Nações Unidas. O resultado do referendo gerou confrontos por parte de grupos pró-Indonésia. O conflito, que destruiu boa parte da infraestrutura do país e matou mil pessoas, só foi resolvido com a mobilização da Missão das Nações Unidas de Apoio no Timor-Leste (UNMISET). Em 20 de maio de 2002 a independência de Timor-Leste foi restaurada e as Nações Unidas entregaram o poder ao primeiro Governo Constitucional de Timor-Leste.

sábado, maio 19, 2012

Na abertura do Museu do Quartzo...

Palavras ditas pelo Professor Galopim de Carvalho na abertura do Museu do Quartzo.


Nos arredores da bela cidade de Viseu, mais propriamente na freguesia do Campo, o Monte de Santa Luzia eleva-se cento e poucos metros acima da superfície planáltica que o rodeia. A geomorfologia ensina-nos que este elemento da paisagem é fruto da existência de um possante filão de quartzo, com várias dezenas de metros de espessura, observável na pedreira ali abandonada há um quarto de século. Trata-se, pois, de um relevo residual suportado pela maior dureza do quartzo e pela sua maior resistência à meteorização, relativamente ao granito que atravessa.

A valorização deste sítio como um local valorizar e preservar, decorre não só da grandiosidade e espectacularidade da dita pedreira, como também da grande importância mineralógica e geológica do quartzo, do seu elevado número de variedades e da invulgar diversidade das suas aplicações como matéria-prima, nas mais variadas indústrias e tecnologias.


A exploração do quartzo neste local, entre 1961 e 1986, pela “Companhia Portuguesa de Fornos Eléctricos”, de Canas de Senhorim, teve como resultado um enorme rasgão na paisagem, então considerado um elemento altamente negativo em termos de impacto ambiental. Desta actividade extractiva ficou, como é costume entre nós, um escarpado rochoso que contrasta com a densa arborização envolvente e uma imensa cratera cheia de água estagnada, aspectos que se mantiveram desde que ali terminou a lavra, sem que o agente económico tivesse procedido a quaisquer trabalhos de requalificação.

A meados dos anos 90 do século passado e a solicitação do Dr. Américo Nunes vereador da cultura, concebi e propus à Autarquia, em nome do Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa, um projecto de musealização desta ocorrência como local de interesse geológico e mineralógico a recuperar, conservar e valorizar como geomonumento ou geossítio.

À semelhança de uma “janela aberta” para o interior da crosta, este rasgão na paisagem permite observar diversas e interessantes particularidades geológicas e mineralógicas deste tipo de acidente geológico. Na óptica da preservação e valorização do nosso património natural, o referido escarpado tem o mérito de chamar a atenção para um dos mais volumosos e possantes filões de quartzo leitoso, de entre os muitos que atravessam o substrato do território nacional, como exemplo de importante actividade hidrotermal residual, afectando granitos do final da era paleozóica, com cerca de 280 milhões de anos.

Associado a esta ocorrência propus, então, a criação de um pequeno museu inteiramente dedicado ao quartzo, algo de inédito na museografia mundial. Ao abraçar esta proposta de musealização, a autarquia visou recuperar o que resta de uma exploração caótica abandonada, aceitando este sítio como um pólo científico e pedagógico da Universidade de Lisboa (protocolo assinado entre o Museu Nacional de História Natural e a Câmara Municipal de Viseu, em 14 de Outubro de1997), com grandes potencialidades culturais e, também, naturalmente, turísticas.

O conjunto do Monte de Santa Luzia, cujo projecto de arquitectura, da autoria do Arquitecto Mário Moutinho, foi galardoado, em 1997, com o Prémio Nacional do Ambiente (Autarquias). Inclui a pedreira e o seu escarpado devidamente valorizado, dispõe de um percurso pedonal a ser criteriosamente apoiado em painéis explicativos e completa-se com o Museu do Quartzo.

A minha aposentação como director do Museu Nacional de História Natural, em 2003, levou à nomeação, para o mesmo cargo, do Prof. Doutor Fernando Barriga, da Faculdade de Ciências de Lisboa. Este projecto, foi por ele aceite de imediato, tendo beneficiado da modernidade do seu saber como professor catedrático de mineralogia, interessado na actual museologia desta área científica e profundo conhecedor das novas tecnologias expositivas, experimentais e interactivas aplicadas a esta vertente pedagógica.

Nos últimos anos foi nossa interlocutora, nas múltiplas tarefas e contactos relacionados com a concretização da obra, a Engª Susana Andrade a quem é devida uma palavra de louvor pelo trabalho que realizou A concretização em termos museográficos dos equipamentos e materiais em exposição esteve a cargo de Jaime Anahory, da YDream, tendo por base um guião concebido por mim e pelo meu colega Fernando Barriga, com a colaboração de Rui Galopim de Carvalho, na qualidade de gemólogo.

Essencial na composição dos granitos e de algumas outras rochas, o quartzo é um dos minerais mais característicos e abundantes, ao nível dos continentes, onde ocupa a segunda posição, com cerca de 16%, logo a seguir aos feldspatos (60%) e entre mais de três mil e quinhentas espécies conhecidas. Pela sua abundância, diversidade e características químicas (grande resistência aos processos de meteorização) e físicas (elevada dureza e tipo de fractura, difaneidade, cor, brilho e outras), o quartzo é uma das mais importantes matérias-primas da sociedade industrial. Acompanhou a história do Homem, desde a Idade da Pedra aos dias de hoje, como uma das mais procuradas matérias-primas.

Estas potencialidades fazem deste mineral um importante recurso nas indústrias do presente (com destaque, entre outras, para a fundição, a cerâmica, a vidraria, a cristalaria, a óptica, a química, a medicina reconstrutiva, a electrónica, a relojoaria e a joalharia) e com imensas perspectivas nas tecnologias do futuro.

A abertura ao público do Museu do Quartzo, edificado junto à escarpa da pedreira abandonada, no Monte de Santa Luzia, é hoje, felizmente, uma realidade fruto de uma estreita colaboração entre a Câmara local e o Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa. Concebido para, numa primeira fase, de âmbito local, servir as escolas da região e divulgar conhecimentos entre o cidadão comum, este museu reunirá uma representação significativa de exemplares desta espécie mineral (nas suas múltiplas variedades) e das suas numerosas aplicações industriais e artísticas, a par de equipamentos interactivos adequados e de oficinas pedagógicas.

A médio prazo, numa segunda fase, de âmbito nacional, aspira-se a uma colaboração activa com as universidades e as empresas interessadas no quartzo como matéria-prima nas mais variadas tecnologias. Na eventualidade de previsível sucesso deste embrião do saber, e se as entidades competentes (a autarquia e/ou o poder central) assim o entenderem e apoiarem, esta estrutura, por enquanto meramente pedagógica, poderá e deverá evoluir numa terceira fase para um centro de investigação científica e tecnológica em torno desta temática, a nível internacional, domínio amplamente justificável e, por si só, susceptível de atrair patrocínios por parte de grandes empresas interessadas nesta investigação, como são, por exemplo, as da relojoaria.

Todos sabemos que não basta criar uma estrutura como esta que hoje inauguramos. É absolutamente necessário mantê-la e fazê-la crescer em qualidade e, também, em quantidade. Para tal há que continuar a dispor do aconselhamento científico e pedagógico do Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa, previsto no referido protocolo. Numa perspectiva de futuro, será fundamental criar uma estrutura do tipo de um conselho científico/pedagógico, integrando elementos das escolas, das universidades, de outros museus e de centros de ciência, que garantam aos decisores autárquicos o suporte necessário a fazer deste Museu a instituição de referência que todos aspiramos. Será necessário proporcionar-lhe condições materiais que lhe permitam aceder a locais referenciados, no território nacional, como jazidas ou simples ocorrência de quartzo e relacionar-se com entidades envolvidas neste sector da actividade industrial e comercial.

Sendo as Feiras de Minerais a via mais fácil e económica de adquirir bons e raros exemplares, será necessário começar a frequentar estes certames quer no país quer no estrangeiro. Para tudo isto, todos sabemos que é preciso financiamento e neste momento o que mais abunda entre nós é falta dinheiro. É, pois, preciso procurá-lo. Há que explorar a possibilidade de recurso a patrocínios por parte do sector industrial. Num empreendimento desta natureza, a projectar internacionalmente, que tem o quartzo por motivo central, não será difícil encontrar um ou mais patrocinadores. Ao terminar esta prosa, não posso deixar de louvar a autarquia viseense, nas pessoas do seu presidente, Dr. Fernando Ruas, e do seu vice-presidente, Dr. Américo Nunes, com quem trabalhei directamente todos estes anos, pelo invulgar interesse que puseram neste projecto, vencendo as mais diversas dificuldades e permitindo a concretização de um sonho.

in De Rerum Natura - texto de A. M. Galopim de Carvalho

Recordar Catarina Eufémia

(imagem daqui)

Catarina Eufémia


O primeiro tema da reflexão grega é a justiça
E eu penso nesse instante em que ficaste exposta
Estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta: fazer frente


Pois não deste homem por ti
E não ficaste em casa a cozinhar intrigas
Segundo o antiquíssimo método oblíquo das mulheres
Nem usaste de manobra ou de calúnia
E não serviste apenas para chorar os mortos

in Dual (1972) -Sophia de Mello Breyner Andresen

Joey Ramone nasceu há 61 anos

Joey Ramone, nome artístico de Jeffrey Ross Hyman (19 de maio de 1951 - 15 de abril de 2001) foi um vocalista norte-americano e letrista, sendo seu trabalho mais conhecido a banda de punk rock Ramones. Conjuntamente com seu companheiro de banda Johnny Ramone (John Cummings), foram os únicos membros que permaneceram desde o início da banda até o fim, em 1996. Joey tinha 1,98 m de altura, sendo o mais alto dos Ramones. Sofria de problemas de saúde, por isso era magro e depois os problemas agravaram-se, a certa altura, com o consumo de álcool.
Hyman cresceu em Forest Hills, no Queens, em uma comunidade de judeus. Teve uma vida vida bastante conturbada, o que inspirou o som "We're A Happy Family", do álbum Rocket to Russia. Seus pais se divorciaram no começo de 1960. Sua mãe, Charlotte Lesher (1926-2007), encorajou o interesse na música nos seus dois filhos: Joey e seu irmão mais novo Mitchell (que usa o pseudónimo de Mickey Leigh).
Leigh (irmão de Joey) cita no DVD End of the Century: The Story of the Ramones que Joey tinha TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e que ele era considerado esquisito e solitário. Joey diz no mesmo DVD que a música salvou sua vida e seu irmão diz que ele se sentia bem e que ele era diferente ao cantar e que aquilo era um incentivo para ele deixar suas inseguranças e sua timidez de lado. Ele gravou o tema The KKK took me baby away devido ao facto de Johnny Ramone lhe ter roubado a namorada - eles mal se falavam, a certa altura, devido a isso.
Joey morreu de linfoma em 15 de abril de 2001, no Presbyterian Hospital da cidade de Nova Iorque. Ele aparentemente conviveu com linfoma durante cerca de 4 anos, já que ele foi examinado numa clínica especializada em cancro em meados dos anos 1990. Encontra-se sepultado no Hillside Cemetery, Lyndhurst, Condado de Bergen, New Jersey nos Estados Unidos.
O músico tem um álbum solo (póstumo) que foi lançado em 2002 um ano após a sua morte, e foi nesse ano também que os Ramones entraram para o Rock and Roll Hall of Fame.
Joey Ramone é considerado o Ramone favorito entre os fãs (seguido de Dee Dee Ramone). Joey Ramone é considerado para muitos o pai do punk rock.