Candido Torquato Portinari (Brodowski, 29 de dezembro de 1903 - Rio de Janeiro, 6 de fevereiro de 1962) foi um artista plástico brasileiro. Portinari pintou quase cinco mil obras, de pequenos esboços e pinturas de proporções padrão, como O Lavrador de Café, até gigantescos murais, como os painéis Guerra e Paz, presenteados à sede da ONU em Nova Iorque em 1956, e que, em dezembro de 2010, graças aos esforços de seu filho, retornaram para exibição no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Portinari é considerado um dos artistas mais prestigiados do Brasil e
foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional.
Biografia
Filho de imigrantes italianos,
Cândido Portinari nasceu no dia 29 de dezembro de 1903, numa fazenda
nas proximidades de Brodowski, no interior do estado de São Paulo. Com a vocação
artística florescendo logo na infância, Portinari teve uma educação
deficiente, não completando sequer o ensino primário. Aos 14 anos de
idade, uma trupe de pintores e escultores italianos que atuavam na
restauração de igrejas, passa pela região de Brodowski e recruta
Portinari como ajudante. Seria o primeiro grande indício do talento do
pintor brasileiro.
Aos 15 anos, já decidido a aprimorar os seus dons, Portinari deixa São Paulo e parte para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Belas Artes.
Durante os seus estudos na ENBA, Portinari começa a destacar-se e chamar a
atenção tanto de professores quanto da própria imprensa. Tanto que, aos
20 anos, já participa em diversas exposições, ganhando elogios em
artigos de vários jornais. Mesmo com toda essa exposição pública,
começa a despertar no artista o interesse por um movimento artístico
até então considerado marginal: o modernismo.
Um dos principais prémios almejados por Portinari era a medalha de ouro
do Salão da ENBA. Nos anos de 1926 e 1927, o pintor conseguiu
destaque, mas não venceu. Anos depois, Portinari chegou a afirmar que
as suas telas com elementos modernistas escandalizaram os juízes do
concurso. Em 1928 Portinari deliberadamente prepara uma tela com
elementos académicos tradicionais e finalmente ganha a medalha de ouro e
uma viagem para a Europa.
Os dois anos que passou vivendo em Paris
foram decisivos no estilo que consagraria Portinari. Lá ele teve
contacto com outros artistas como Van Dongen e Othon Friesz, além de
conhecer Maria Martinelli, uma uruguaia de 19 anos com quem o artista
passaria o resto de sua vida. A distância de Portinari das suas raízes
acabou aproximando o artista do Brasil, e despertou nele um interesse
social muito mais profundo.
Em 1931 Portinari volta ao Brasil renovado. Muda completamente a
estética de sua obra, valorizando mais cores e a ideia das pinturas. Ele
quebra o compromisso volumétrico e abandona a tridimensionalidade de
suas obras. Aos poucos o artista deixa de lado as telas pintadas a óleo e
começa a se dedicar a murais e afrescos. Ganhando nova notoriedade entre a imprensa, Portinari expõe três telas no Pavilhão do Brasil da Feira Mundial em Nova Iorque de 1939. Os quadros chamam a atenção de Alfred Barr, diretor geral do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).
A década de quarenta começa muito bem para Portinari. Alfred Barr compra a tela "Morro do Rio" e imediatamente a expõe no MoMA,
ao lado de artistas consagrados mundialmente. O interesse geral pelo
trabalho do artista brasileiro faz Barr preparar uma exposição
individual para Portinari em plena Nova Iorque. Nessa época, Portinari
faz dois murais para a Biblioteca do Congresso em Washington. Ao
visitar o MoMA, Portinari se impressiona com uma obra que mudaria o seu
estilo novamente: "Guernica" de Pablo Picasso.
Em 1952 uma amnistia geral faz com que Portinari volte ao Brasil. No
mesmo ano, a 1° Bienal de São Paulo expõe obras de Portinari com
destaque numa sala particular. Mas a década de 50 seria marcada por
diversos problemas de saúde. Em 1954 Portinari apresentou uma grave
intoxicação, por causa do chumbo presente nas tintas que usava.
Política
Portinari foi ativo no movimento político-partidário, inclusive, candidatando-se a deputado federal, em 1945, pelo PCB, e a senador,
em 1947, pleito em que aparecia em todas as sondagens como vencedor,
mas perdendo com uma pequena margem de votos, facto que fez levantar
suspeitas de fraude para derrotá-lo, devido ao cerco aos membros do Partido Comunista Brasileiro.
Morte
Desobedecendo as ordens médicas, Portinari continuava pintando e viajando com frequência para exposições nos Estados Unidos, Europa e Israel. No começo de 1962 o Ayuntamiento
de Barcelona convida Portinari para uma grande exposição com 200
telas. Trabalhando freneticamente, a intoxicação de Portinari começa a
tomar proporções fatais. No dia 6 de fevereiro do mesmo ano, Cândido
Portinari morre, envenenado pelas telas que fizeram o seu sucesso, já
que tinha claustrofobia e desmaiava no "corredor" de telas. Encontra-se
sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.
O seu filho João Candido Portinari hoje cuida dos direitos de autor das obras de Portinari.
Obras
Entre suas obras mais prestigiadas e famosas, destacam-se os painéis Guerra e Paz (1953-1956), que foram dados de presente, em 1956, à sede da ONU de Nova Iorque.
Na época, as autoridades dos Estados Unidos não permitiram a ida de
Portinari para a inauguração dos murais, devido às ligações do artista
com o Partido Comunista Brasileiro. Antes de seguirem aos EUA, o empresário e mecenas ítalo-brasileiro Ciccillo Matarazzo
tentou trazer os painéis para São Paulo, terra natal de Portinari, para
apresentá-las ao público, porém, isto não foi possível. Só em novembro
de 2010, 53 anos depois, os painéis voltaram ao Brasil e, finalmente, foram exibidos, em 2010, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e, em 2012, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
As telas Meninos e piões e Favela são parte do acervo permanente da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano. O seu maior acervo sacro, entre pinturas e afrescos, está exposto na Igreja Bom Jesus da Cana Verde, centro da cidade de Batatais, no interior de São Paulo, situada a 16 quilómetros da sua cidade natal, Brodowski.
As telas Meninos e piões e Favela são parte do acervo permanente da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano. O seu maior acervo sacro, entre pinturas e afrescos, está exposto na Igreja Bom Jesus da Cana Verde, centro da cidade de Batatais, no interior de São Paulo, situada a 16 quilómetros da sua cidade natal, Brodowski.
A descoberta da terra (1941) - pintura mural de Portinari na Biblioteca do Congresso, Washington, DC
in Wikipédia
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