terça-feira, setembro 30, 2025
Quino, o criador da Mafalda, morreu há cinco anos...
segunda-feira, setembro 29, 2025
Miguel de Unamuno nasceu há cento e sessenta e um anos...
Unamuno
D. Miguel…
Fazia pombas brancas de papel
Que voavam da Ibéria ao fim do mundo…
Unamuno Terceiro!
(Foi o Cid o primeiro,
D. Quixote o segundo.)
Amante duma outra Dulcineia,
Ilusória, também
(Pátria, mãe,
Ideia
E namorada),
Era seu defensor quando ninguém
Lhe defendia a honra ameaçada!
Chamado pelo aceno da miragem,
Deixava o Escorial onde vivia,
E subia, subia,
A requestar na carne da paisagem
A alma que, zeloso, protegia.
Depois, correspondido,
Voltava à cela desse nosso lar
Por Filipe Segundo construído
Com granito da fé peninsular.
E falava com Deus em castelhano.
Contava-lhe a patética agonia
Dum espírito católico, romano,
Dentro dum corpo quente de heresia.
Até que a madrugada o acordava
Da noite tumular.
E lá ia de novo o cavaleiro andante
Desafiar
Cada torvo gigante
Que impedia o delírio de passar.
Unamuno Terceiro!
Morreu louco.
O seu amor, por ser demais, foi pouco
Para rasgar o ventre da Donzela.
D. Miguel…
Fazia pombas brancas de papel,
E guardava a mais pura na lapela.
in Poemas Ibéricos (1965) - Miguel Torga
Postado por
Fernando Martins
às
16:10
0
bocas
Marcadores: Espanha, Filosofia, franquismo, Miguel de Unamuno, Miguel Torga, poesia
Hoje é dia de recordar Cervantes...
Exortação a Sancho
Senhor meu, Sancho Pança enlouquecido
Servo vencido
Na terra sonhada
Olha esta Ibéria que te foi roubada,
E que só terá paz quando for tua.
Ergue a fronte dobrada
E começa a façanha prometida!
Cumpre o voto da nova arremetida,
Feito aos pés de quem foi
O destemido herói
Da batalha de ser fiel à vida!
Nega-te a ser passiva testemunha
Do amor cobiçoso
Que os falsos namorados
Fazem crer impoluto e arrebatado
Àquele que reflecte o céu lavado
Nos olhos confiados.
Venha o teu grito de transfigurado:
Ai, no se muera!... E a Donzela acorda
E renega o idílio traiçoeiro.
Venha o Sancho da lança e do arado,
E a Dulcineia terá, vivo a seu lado,
O senhor D. Quixote verdadeiro!
in Poemas Ibéricos (1965) - Miguel Torga
Postado por
Pedro Luna
às
15:47
0
bocas
Marcadores: Dom Quixote, Espanha, literatura, Miguel de Cervantes, Miguel Torga, poesia, romances, Sancho Pança
Poema para recordar o Infante Santo...
D. Fernando Infante de Portugal
Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.
Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer-grandeza são Seu nome
Dentro em mim a vibrar.
E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.
in Mensagem (1934) - Fernando Pessoa
Postado por
Pedro Luna
às
14:02
0
bocas
Marcadores: Beato Fernando de Portugal, D. Afonso V, D. Duarte I, dinastia de Avis, Fernando Pessoa, Ínclita geração, Infante Santo, Marrocos, mártir, reconquista
Émile Zola morreu há cento e vinte e três anos...
Émile Zola (Paris, 2 de abril de 1840 - Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além de uma importante figura libertária da França. Foi, provavelmente, assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.
Vida
Émile-Édouard-Charles-Antoine Zola nasceu na capital francesa. Filho do engenheiro italiano François Zola (originalmente Francesco Zola) e a sua esposa Émilie Aubert, cresceu em Aix-en-Provence, onde estudou no Collège Bourbon (atualmente conhecido como Collège Mignet) e aos dezoito anos, retorna a Paris para estudar no Lycée Saint-Louis. Devido às complicações financeiras por que passou após a morte do pai, Zola é levado a trabalhar em uma série de escritórios, ocupando cargos de pouca influência.
Inicia-se no ramo jornalístico escrevendo colunas para os jornais Cartier de Villemessant's e Controversial. As suas colunas não poupavam críticas severas a Napoleão III:
(…) meu trabalho torna-se a imagem de um reinado partido, de um estranho período de loucura e vergonha humanas - e à Igreja - A civilização jamais alcançará a perfeição até que a última pedra da última igreja caia sobre o último padre.
A obra de caráter autobiográfico La Confession de Claude (1865), um dos primeiros trabalhos publicados por Zola, atraiu atenção negativa da crítica especializada. O ainda mais criticado
Thérèse Raquin, romance lançado no ano seguinte, apresentou uma abordagem inovadora em sua concepção: inspirado pelos estudos científicos da época, Zola propõe não um simples romance, mas uma análise científica pormenorizada do ser humano, da moral e da sociedade. Thérèse Raquin tornou-se, portanto, marco inicial de um novo movimento literário, oriundo da análise científica e experimental do ser humano: o naturalismo.
Em vida, Zola também demonstrou elevado engajamento político. Certamente, o seu trabalho de maior influência política foi a carta aberta intitulada J'accuse (Eu Acuso), destinada ao então presidente da França Félix Faure. A carta, publicada na primeira página do jornal parisiense L'Aurore em 13 de janeiro de 1898, acusou o governo francês de antissemitismo, por julgar e condenar precipitadamente o capitão Alfred Dreyfus, judeu e oficial do exército francês, por traição em 1894.
Émile Zola faleceu, em 29 de setembro de 1902, na sua casa em Paris, devido à inalação de uma quantidade letal de monóxido de carbono, proveniente de uma lareira defeituosa; alguns estudiosos não descartam a hipótese de homicídio.
Em 1908, o corpo de Zola foi transferido do cemitério de Montmartre para o Panteão.
Postado por
Fernando Martins
às
12:30
0
bocas
Marcadores: Émile Zola, França, J'accuse, literatura
Samora Machel nasceu há noventa e dois anos...
Postado por
Fernando Martins
às
09:20
0
bocas
Marcadores: FRELIMO, Guerra Colonial, Moçambique, Samora Machel
O massacre nazi de Babi Yar foi há 84 anos...
| “ | Ordena-se a todos os judeus residentes de Kiev e suas vizinhanças que compareçam à esquina das ruas Melnyk e Dokterivsky, às 8 horas da manhã de segunda-feira, 29 de setembro de 1941 trazendo documentos, dinheiro, roupa interior, etc. Aqueles que não comparecerem serão fuzilados. Aqueles que entrarem nas casas evacuadas por judeus e roubarem pertences destas casas serão fuzilados. | ” |
| “ | As testemunhas oculares disseram que, meses após as mortes, o solo de Babi Yar continuava a esguichar geyseres de sangue. | ” |
Postado por
Fernando Martins
às
08:40
0
bocas
Marcadores: Babi Yar, Holocausto, II Grande Guerra, II Guerra Mundial, judeus, massacre, nazis, Ucrânia, URSS
Lech Walesa faz hoje oitenta e dois anos
Postado por
Fernando Martins
às
08:20
0
bocas
Marcadores: católicos, comunismo, democracia, Gdansk, Lech Walesa, Polónia, Prémio Nobel, Presidente da República, Sindicatos, Solidariedade
A Europa sacrificou a Checoslováquia, há 87 anos, para tentar impedir a Guerra...
1. A Alemanha ocupa os Sudetas (outubro de 1938).
2. A Polónia anexa Zaolzie, uma área com bastantes polacos, que os dois países disputaram numa guerra em 1919 (outubro de 1938).
3. A Hungria ocupa áreas da fronteira (terço sul da Eslováquia e o sul da Ruténia Carpátia) com significativas minorias de húngaros, de acordo com a Primeira Arbitragem de Viena (novembro de 1938).
4. Em março de 1939, a Hungria anexa a restante Ruténia Carpátia (que tinha ficado autónoma desde outubro de 1938).
5. A Alemanha invade os restantes territórios checos, estabelecendo o Protetorado da Boémia e Morávia, onde coloca um governo fantoche.
6. O resto da Checoslováquia dá origem à Eslováquia, com um governo fantoche e pró-nazi.
Postado por
Fernando Martins
às
08:07
0
bocas
Marcadores: Acordo de Munique, Checoslováquia, Hitler, nazis, Putin, vergonha
O Infante Santo nasceu há 623 anos...
Postado por
Fernando Martins
às
06:23
0
bocas
Marcadores: Beato Fernando de Portugal, D. Afonso V, D. Duarte I, dinastia de Avis, Ínclita geração, Infante Santo, Marrocos, mártir, reconquista
O desastre soviético de Kyshtym foi há 68 anos...
Por causa do sigilo em torno de Mayak, as populações das áreas afetadas não foram inicialmente informados do acidente. Uma semana mais tarde (a 6 de outubro), uma operação foi realizada para evacuar 10.000 pessoas da área afetada, ainda sem dar uma explicação das razões da evacuação.
Relatos vagos de um "acidente catastrófico" causando "precipitação radioativa sobre a URSS e muitos estados vizinhos" começaram a aparecer na imprensa ocidental entre 13 e 14 de abril de 1958 e os primeiros detalhes surgiram no jornal vienense Die Presse, em 17 de março de 1959. Mas foi apenas em 1976 que Zhores Medvedev fez com que a natureza e a extensão do desastre fossem conhecidas pelo mundo. Na ausência de informações verificáveis, foram dados valores exagerados da catástrofe. As pessoas ficaram histéricas com medo de doenças "misteriosas". As vítimas foram vistas com a pele de seus rostos, mãos e outras partes expostas de seus corpos "escamando". A descrição de Medvedev do desastre no New Scientist foi inicialmente ridicularizada por fontes da indústria nuclear ocidental, mas o núcleo da sua história foi logo confirmado pelo professor Leo Tumerman, ex-chefe do Instituto de Biologia Molecular, em Moscovo.
O verdadeiro número de mortos permanece incerto, devido ao facto de que o cancro induzido por radiação ser clinicamente indistinguível de qualquer outro cancro, e a sua taxa de incidência só pode ser medido por meio de estudos epidemiológicos. Um livro afirma que "em 1992, um estudo realizado pelo Instituto de Biofísica do antigo Ministério da Saúde Soviético em Chelyabinsk descobriu que 8.015 pessoas morreram nos últimos 32 anos, como resultado do acidente." Por outro lado, apenas 6.000 atestados de óbito foram encontrados por residentes do rio Techa entre 1950 e 1982 de todas as causas de morte, embora talvez o estudo soviético considerasse uma área geográfica maior afetada pela pluma aerotransportada. A estimativa mais citada é de 200 mortes por cancro, mas a origem desse número não está clara. Estudos epidemiológicos mais recentes sugerem que cerca de 49 a 55 mortes por cancro entre residentes ribeirinhos podem ser associadas à exposição à radiação. Isso incluiria os efeitos de todas as libertações radioativas no rio, 98% das quais ocorreram muito antes do acidente de 1957, mas não incluiria os efeitos da pluma transportada pelo ar, que foi levada para o nordeste. A área mais próxima do acidente produziu 66 casos diagnosticados de síndrome de radiação crónica, fornecendo a maior parte dos dados sobre esta condição.
Para reduzir a disseminação de contaminação radioativa após o acidente, o solo contaminado foi escavado e armazenados em áreas fechadas, que eram chamados de "cemitérios de terra". O governo soviético, em 1968, disfarçou o evento, criando a Reserva Natural Ural Oriental, que proibiu qualquer acesso não autorizado à área afetada.
Postado por
Fernando Martins
às
06:08
0
bocas
Marcadores: acidente nuclear, desastre de Kyshtym, URSS
Caravaggio nasceu há 454 anos
(...)
Exceto nas suas primeiras obras, Caravaggio pintou fundamentalmente temas religiosos. No entanto, foram várias as vezes em que as suas pinturas feriam suscetibilidades dos seus clientes. Nos seus quadros, em vez de adotar nas suas pinturas belas figuras, etéreas e delicadas, para representar acontecimentos e personagens da Bíblia, preferia escolher por entre o povo, modelos humanos tais como prostitutas, crianças de ruas e mendigos, que posavam como personagens para as suas obras.
Caravaggio procurou a realidade palpável e concreta da representação. Utilizou como modelos figuras humanas, sem qualquer receio de representar o feio, a deformidade em cenas provocadoras, características essas que distinguem as suas obras. Tudo isso chocou os seus contemporâneos, pela rudeza das suas pinturas. Dos efeitos que Caravaggio dava aos quadros, originou-se o tenebrismo, em que os tons terrosos contrastam com os fortes pontos de luz.
Postado por
Fernando Martins
às
04:54
0
bocas
Marcadores: barroco, Caravaggio, Itália, pintura, tenebrismo
A ópera Flauta Mágica foi estreada há 234 anos
Inicialmente a peça pareceu não ter agradado o público vienense, mas não demorou muito para que a situação se invertesse, e a ópera passasse a ser aclamada por pessoas que não se cansavam de lotar o teatro onde ela estava sendo apresentada todas as noites, como comenta Mozart numa de suas cartas à esposa:
Ao voltar da Ópera, com a maior satisfação e sentimento de alegria, encontrei sua carta. Ainda que sábado, por ser dia de Correio, seja um mau dia, a Ópera foi apresentada toda com teatro lotado, e os aplausos e repetições de costume. Amanhã será apresentada novamente (…)O sucesso da Flauta Mágica ajudou a melhorar o ânimo do compositor e resultou numa ligeira melhoria da sua saúde, debilitada desde que ficara doente, semanas antes da estreia da peça, em Praga. Numa de suas cartas endereçadas à esposa, Constanze, Mozart demonstra sua satisfação quanto ao sucesso da ópera:
Estou voltando da Ópera; o teatro estava lotado, como sempre – o dueto ‘Marido e esposa, etc.’ E a música dos sininhos, no primeiro ato, como de costume, foram repetidos – também o Terceto dos meninos, no 2º ato. – Mas o que mais me alegra é o aplauso constante! – Vê-se perfeitamente que essa ópera cresce sempre mais, e intensamente.Dias depois, o compositor Antonio Salieri e a cantora Catarina Cavalieri foram recebidos por Mozart, que os levou para apreciar a sua mais nova obra, que os deixou bastante impressionados, como explica na carta escrita à esposa no dia 14 de outubro de 1791:
Tu não podes imaginar o quanto os dois [Salieri e Cavalieri] foram amáveis, o quanto lhes agradou, não apenas a minha música, mas também o libreto e todo o conjunto. – Disseram ambos: ‘É uma Ópera digna de ser apresentada nas mais importantes festividades, diante dos maiores monarcas. E eles, certamente vê-la-iam outras vezes, pois jamais viram espetáculo mais belo, nem mais agradável.’ – Ele ouviu e observou com a maior atenção desde a abertura até o último coro, não houve um trecho que não tivesse arrancado deles um ‘bravo’ ou ‘bello’. E eles não se cansavam de dirigir-me intermináveis agradecimentos por esse favor.De facto o desejo de Salieri e Cavalieri concretizou-se, pois cerca de um ano após a sua estreia, a ópera celebrou a sua centésima apresentação, em novembro de 1792, mas Mozart não teve o prazer de presenciar esse marco, pois morreu no dia 5 de dezembro de 1791. Até hoje a ópera é uma das mais apreciadas pelo público alemão, como comenta o compositor Richard Wagner:
Os alemães jamais se cansaram de venerar o surgimento desta obra. Até então a ópera alemã praticamente jamais existira; ela foi criada com esta obra. A quinta essência dos mais nobres botões da arte fundiram-se aqui em uma única flor. Que mágica dívida sopra nesta obra, da mais popular canção ao hino mais sublime! Que versatilidade, que diversidade!
Postado por
Fernando Martins
às
02:34
0
bocas
Marcadores: A Flauta Mágica, Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen, maçonaria, Mozart, música, Ópera, Papageno Papagena
Cervantes nasceu há 478 anos
¿Quién dejará, del verde prado umbroso
¿Quién dejará, del verde prado umbroso,
las frescas yerbas y las frescas fuentes?
¿Quién, de seguir con pasos diligentes
la suelta liebre o jabalí cerdoso?
¿Quién, con el son amigo y sonoroso,
no detendrá las aves inocentes?
¿Quién, en las horas de la siesta, ardientes,
no buscará en las selvas el reposo,
por seguir los incendios, los temores,
los celos, iras, rabias, muertes, penas
del falso amor que tanto aflige al mundo?
Del campo son y han sido mis amores,
rosas son y jazmines mis cadenas,
libre nací, y en libertad me fundo.
Postado por
Fernando Martins
às
00:47
0
bocas
Marcadores: castelhano, Cervantes, D. Quixote, Espanha, Gustave Doré, literatura, Miguel de Cervantes, Sancho Pança










