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quinta-feira, março 28, 2024

O acidente nuclear de Three Mile Island foi há 45 anos

      
Three Mile Island é o local de uma central nuclear onde, a 28 de março de 1979, ocorreu uma fusão parcial, havendo fuga de radioatividade para a atmosfera. A central nuclear de Three Mile Island fica na ilha homónima, no Rio Susquehanna, no condado de Dauphin, Pensilvânia, próximo de Harrisburg, com uma área de 3,29 km².
  
O acidente
O acidente ocorrido a 28 de março de 1979, na central nuclear de Three Mile Island, no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, foi causado por falhas do equipamento devido a falhas no sistema secundário nuclear e erro humano. Houve corte de custos que afetaram economicamente a manutenção e uso de materiais de qualidade inferior. Mas, principalmente, apontaram-se erros humanos, com decisões e ações erradas, tomadas por pessoas não preparadas
O acidente desencadeou-se pelos problemas mecânicos e elétricos que ocasionaram a paragem de uma bomba de água que alimentava o gerador de vapor, que acionou certas bombas de emergência que tinham sido deixadas fechadas. O núcleo do reator começou a aquecer e parou e a pressão aumentou. Uma válvula abriu-se para reduzir a pressão que voltou ao normal. Mas a válvula permaneceu aberta, ao contrário do que o indicador do painel de controle assinalava. Então, a pressão continuou a cair e seguiu-se uma perda de líquido refrigerante ou água radioativa: 1,5 milhões de litros de água foram lançados no rio Susquehanna. Gases radioativos escaparam e atingiram a atmosfera. Outros elementos radioativos atravessaram as paredes.
Um dia depois foi medido a radioatividade em volta da central, com valores de até 8 vezes maior que a letal e que alcançavam até 16 quilómetros. Apesar disso, o governador do estado da Pensilvânia iniciou a evacuação  da população só dois dias depois do acidente. O governador Dick Thornburgh aconselhou o chefe da NRC, Joseph Hendrie, a iniciar a evacuação "pelas mulheres grávidas e crianças em idade pré-escolar num um raio de 5 milhas ao redor das instalações". Em poucos dias, 140.000 pessoas haviam deixado a área voluntariamente.
    
Factos interessantes
  • Treze dias antes havia sido lançado o filme "Síndrome da China", com Jane Fonda, que muitos consideraram como premonitório da catástrofe na central nuclear, inclusive sendo usado as suas cenas, pelo jornalistas da TV, para ilustrar a cobertura do acidente;
  • O acidente nuclear nesta central foi considerado o mais grave de sempre, até ser superado pelos desastres de Chernobyl e de Fukushima;
  • No filme X-Men Origens: Wolverine, a central é usada para um centro fictício de mistura genética dos mutantes, para criação de mutantes assassinos.
          

segunda-feira, março 11, 2024

Um terramoto seguido de tsunami ocorreu há 13 anos no Japão

 
Localização do epicentro e intensidade do sismo e réplicas
    
O Sismo e tsunami de Tohoku de 2011 ou sismo e tsunami de Sendai (designado oficialmente Grande Terramoto do Leste do Japão) foi um sismo de magnitude de 8,9 MW com epicentro ao largo da costa do Japão ocorrido às 05:46 UTC (14:46 na hora local) de 11 de março de 2011. O epicentro foi a 130 km da costa leste da península de Oshika, na região de Tohoku, com o hipocentro situado a uma profundidade de 24,4 km. O sismo atingiu o grau 7 - a magnitude máxima da escala de intensidade sísmica da Agência Meteorológica do Japão - a norte da Prefeitura de Miyagi, grau 6 em outras prefeituras e 5 em Tóquio.
O sismo provocou alertas de tsunami e evacuações na linha costeira japonesa do Pacífico e em pelo menos 20 países, incluindo toda a costa do Pacífico da América do Norte e América do Sul. Provocou também ondas de tsunami de mais de 10 m de altura, que atingiram o Japão e diversos outros países. No Japão, as ondas percorreram mais de 10 km de terra.
De acordo com as autoridades houve 13.333 mortos confirmados e cerca de 16.000 desaparecidos. O sismo causou danos substanciais no Japão, incluindo a destruição de rodovias e linhas ferroviárias, assim como incêndios em várias regiões, e o rompimento de uma barragem. Aproximadamente 4,4 milhões de habitantes no nordeste do Japão ficaram sem energia elétrica, e 1,4 milhão sem água. Muitos geradores deixaram de funcionar e pelo menos dois reatores nucleares foram danificados, o que levou à evacuação imediata das regiões atingidas enquanto um estado de emergência era estabelecido. A Central Nuclear de Fukushima I sofreu uma explosão aproximadamente 24 horas depois do primeiro sismo, e apesar do colapso da contenção de concreto da construção, a integridade do núcleo interno não teria sido comprometida.
Estima-se que a magnitude do sismo de Sendai faça deste o maior sismo a atingir o Japão e um dos cinco maiores do mundo desde que os registos modernos começaram a ser compilados.
    
Vista aérea de Sendai em 12 de março de 2011
       
Sismo
O sismo gerou um tsunami com ondas de quatro metros, estando alertas ativos para vários países, regiões e arquipélagos, como Nova Zelândia, Austrália, Rússia, Guam, Filipinas, Indonésia, Papua-Nova Guiné, Nauru, Havai e Marianas Setentrionais (Estados Unidos), Taiwan, Equador e Chile. O aviso de tsunami emitido pelo Japão foi o de maior gravidade na escala de alertas, esperando-se que possam ser atingidos os 10 metros de altura de algumas ondas. Uma onda de 0,5 m de altura atingiu a costa norte do Japão A agência Kyodo relatou que uma onda de 4 m de altura atingiu a prefeitura de Iwate no Japão, e houve também inundações na prefeitura de Miyagi, arrasando a parte baixa da costa, levando automóveis e causando destruição.
O número de vítimas é impreciso, com relatos iniciais apontando mais de mil mortos e milhares de feridos. Estes dados não contam com a destruição quase completa da cidade de Sendai.
 
Impacto geofísico
Relatórios do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Servia sugerem que o efeito dos terremotos na região foi tão forte que o eixo da Terra foi alterado em 10 cm. Um relatório separado do Serviço Geológico dos Estados Unidos disse que Honshu, a principal ilha do Japão, foi movimentada em 2,4 m na direção leste.
     
Tsunami
    
 
Tempo estimado de viagem do tsunami gerado pelo sismo
     
Japão
O terramoto provocou um alerta de tsunami e evacuações da costa japonesa do Pacífico e de pelo menos outros 20 países, incluindo toda a costa do Pacífico, tanto da América do Norte como da América do Sul, desde o Alasca até ao Chile. O alerta de tsunami emitido pelo Japão foi a mais grave em sua escala de alerta, o que implica que a onda era esperada para ter uma altura de, ao menos, 10 metros de altura. Uma onda desse tamanho ocorreu às 15:55 JST inundações Aeroporto de Sendai, que fica perto da costa da Prefeitura de Miyagi, com ondas varrendo carros e inundando vários edifícios conforme ia para o interior da ilha. O impacto do tsunami em torno do Aeroporto de Sendai foi filmado por um helicóptero de notícias da rede NHK, mostrando vários veículos em estradas locais tentando escapar da onda que se aproximava rapidamente. Uma onda de tsunami de 4 metros de altura atingiu a Prefeitura de Iwate.
Como no Sismo do Oceano Índico de 2004 e no Ciclone Nargis, o dano da afluência de água, embora muito mais localizado, pode ser muito mais letal e destrutivo do que o terramoto em si. Há relatos de "cidades inteiras destruídas" nas áreas atingidas pelo tsunami no Japão, incluindo 9500 desaparecidos em Minamisanriku; Kuji e Ofunato foram "varridas...não deixando nenhum vestígio de que uma cidade estava lá."
     
Em outras partes do Pacífico
Em Guam, dois submarinos de ataque dos Estados Unidos foram desancorados, mas logo foram retomados. O estado do Havaí estimou os danos em infra-estruturas públicas em três milhões de dólares, com danos privados ainda maiores. Uma casa foi levada para o mar.
O Centro de Alerta de Tsunami da Costa Oeste dos Estados Unidos e do Alasca emitiu um alerta de tsunami para as zonas costeiras da Califórnia e do Oregon, de Point Conception, na Califórnia, até à fronteira do Oregon e Washington. Na Califórnia, o porto em Crescent City foi atingido por ondas de tsunami de oito pés, com docas e cerca de 35 barcos severamente danificados, enquanto o porto de Santa Cruz estimou prejuízos de 10 milhões de dólares como resultado dos danos, com outros 4 milhões de dólares em danos em embarcações que atracam ali. A Ilha Catalina, na Califórnia e Brookings, no Oregon, também sofreram danos.
Ao longo da costa do Pacífico no México e na América do Sul, foram registados surtos de tsunami, mas na maioria dos lugares causou pouco ou nenhum dano. O Peru relatou uma onda de 1,5 m e mais de 300 casas foram danificadas na cidade de Pueblo Nuevo de Colan e Pisco.
  
Mapa do NOAA da altura da onda do tsunami
       
Consequências
O sistema de alerta de terramotos da Agência Meteorológica do Japão alertou a população cerca de um minuto antes do tremor, através de emissoras de televisão e rádio, além de correio eletrónico e mensagens via celular para pessoas cadastradas no sistema.
O sismo atingiu severamente Honshu, incluindo Tóquio. Verificaram-se numerosos incêndios em instalações industriais. Cerca de 13 horas depois do primeiro grande abalo, dois fortes sismos de magnitude 6,2 e 6,1 atingiram novamente a costa do Japão. Um barco com cerca de 100 pessoas a bordo foi virado pelo tsunami que atingiu a costa do Japão. A embarcação estava na costa da prefeitura de Miyagi. Um grande incêndio atingiu a cidade de Kesennuma.
     
Vista aérea de área atingida pelo tsunami
       
Centrais nucleares
Outro dos efeitos do sismo foi a explosão ocorrida no dia 12 de março na Central Nuclear de Fukushima I. O tsunami atingiu-a e provocou uma avaria no sistema de refrigeração. O corte de eletricidade impediu a recuperação desse sistema, permitindo que os bastões do combustível continuassem a aquecer, aumentando a pressão e originando a explosão.
No dia anterior fora declarado estado de emergência na central nuclear e, apesar da informação de que não existiam fugas radioativas, evacuaram-se cerca de 3.000 residentes num raio de 3 km do reator. Horas depois o raio de evacuação tinha sido elevado para 10 km, afetando já 45 000 pessoas. O reator é refrigerado através da circulação de água através do seu combustível nuclear, tendo sido detetada uma alta pressão de vapor no reator, o dobro do que é permitido. A empresa Tokyo Electric Power avaliou a possibilidade de libertar parte deste vapor para reduzir a pressão no mesmo, vapor esse que contém material radioativo. Os níveis de radiação na sala de controlo da central eram cerca de 1000 vezes maiores que os níveis normais e na entrada da central foram medidos níveis 8 vezes superiores aos normais, existindo a possibilidade do derretimento do núcleo dos reatores.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, falou ao país após o sismo, lamentando o sucedido e oferecendo as suas condolências às famílias das vítimas. Indicou igualmente que já estaria em marcha a construção de um quartel-general para as operações de emergência e assegurou que não foi detetada nenhuma fuga radioativa nas centrais nucleares do país.
    

Mapa mostrando o epicentro do terremoto e a posição das centrais nucleares afetadas
         

sexta-feira, setembro 29, 2023

O Desastre de Kyshtym foi há 66 anos...

Área contaminada pelo desastre de Kyshtym

O desastre de Kyshtym foi um acidente de contaminação radioativa que ocorreu a 29 de setembro de 1957, em Mayak, com plutónio, no local de produção de armas nucleares e fábrica de reprocessamento de combustível nuclear da União Soviética. É medido como um Nível de 6 de desastres na Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES), tornando-se o terceiro mais grave acidente nuclear da história, apenas atrás do desastre nuclear de Fukushima Daiichi e do desastre de Chernobyl (Nível 7 no INES). O evento ocorreu na cidade de Ozyorsk, Oblast de Chelyabinsk, uma cidade fechada, construída em torno da fábrica Mayak. Como Ozyorsk/Mayak (também conhecido como Chelyabinsk-40 e Chelyabinsk-65) não está nos mapas, o desastre foi chamado depois de Kyshtym, o local mais próximo conhecido da cidade.
  
Kyshtym Memorial
  
Por causa do sigilo em torno de Mayak, as populações das áreas afetadas não foram inicialmente informados do acidente. Uma semana mais tarde (a 6 de outubro), uma operação foi realizada para evacuar 10.000 pessoas da área afetada, ainda sem dar uma explicação das razões da evacuação.
Relatos vagos de um "acidente catastrófico" causando "precipitação radioativa sobre a URSS e muitos estados vizinhos" começaram a aparecer na imprensa ocidental entre 13 e 14 de abril de 1958 e os primeiros detalhes surgiram no jornal vienense Die Presse, em 17 de março de 1959. Mas foi apenas em 1976 que Zhores Medvedev fez com que a natureza e a extensão do desastre fossem conhecidas pelo mundo. Na ausência de informações verificáveis, foram dados valores exagerados da catástrofe.  As pessoas ficaram histéricas com medo de doenças "misteriosas". As vítimas foram vistas com a pele de seus rostos, mãos e outras partes expostas de seus corpos "escamando". A descrição de Medvedev do desastre no New Scientist foi inicialmente ridicularizada por fontes da indústria nuclear ocidental, mas o núcleo da sua história foi logo confirmado pelo professor Leo Tumerman, ex-chefe do Instituto de Biologia Molecular, em Moscovo.
O verdadeiro número de mortos permanece incerto, devido ao facto de que o cancro induzido por  radiação é clinicamente indistinguível de qualquer outro cancro, e sua taxa de incidência só pode ser medido por meio de estudos epidemiológicos. Um livro afirma que "em 1992, um estudo realizado pelo Instituto de Biofísica do antigo Ministério da Saúde Soviético em Chelyabinsk descobriu que 8.015 pessoas morreram nos últimos 32 anos, como resultado do acidente." Por outro lado, apenas 6.000 atestados de óbito foram encontrados por residentes do rio Techa entre 1950 e 1982 de todas as causas de morte, embora talvez o estudo soviético considerasse uma área geográfica maior afetada pela pluma aerotransportada. A estimativa mais citada é de 200 mortes por cancro, mas a origem desse número não está clara. Estudos epidemiológicos mais recentes sugerem que cerca de 49 a 55 mortes por cancro entre residentes ribeirinhos podem ser associadas à exposição à radiação. Isso incluiria os efeitos de todas as libertações radioativas no rio, 98% das quais ocorreram muito antes do acidente de 1957, mas não incluiria os efeitos da pluma transportada pelo ar, que foi levada para o nordeste. A área mais próxima do acidente produziu 66 casos diagnosticados de síndrome de radiação crónica, fornecendo a maior parte dos dados sobre esta condição.
Para reduzir a disseminação de contaminação radioativa após o acidente, o solo contaminado foi escavado e armazenados em áreas fechadas que eram chamados de "cemitério da terra". O governo Soviético, em 1968, disfarçou a área, criando a Reserva Natural Ural Oriental, que proibiu qualquer acesso não autorizado à área afetada.

sábado, agosto 12, 2023

O submarino Kursk afundou-se há vinte e três anos

   
K-141 Kursk, foi um submarino nuclear da classe Oscar-II pertencente à Marinha Russa e que afundou no Mar de Barents a 12 de agosto de 2000, com uma tripulação de 118 homens. Foi assim batizado em homenagem aos soldados soviéticos mortos numa das maiores batalhas da Segunda Guerra Mundial, a Batalha de Kursk, em 1943.
Foi uma das primeiras embarcações concluídas, logo após a queda da União Soviética. A sua função principal seria compor a frota do Mar do Norte, cuja sede localiza-se em Severomorsk. As obras de construção começaram em 1990 em Severodvinsk, perto de Arkhangelsk, sendo lançado em dezembro de 1994.
Possuía 154 metros de comprimento, 18 metros de largura, e equivalente a quatro andares de altura (peso estimado de 18.000 toneladas), sendo considerado o maior submarino de ataque já construído e sendo considerado indestrutível pelos marinheiros russos, devido ao seu tamanho e aos recursos tecnológicos.
  
Incidente
De acordo com informações do Serviço de Sismologia da Noruega, o NORSAR, teria havido duas explosões detetadas, nas coordenadas 69°38'N e 37°19'E, durante a manhã de 12 de agosto de 2000. A primeira explosão foi às 11.29.34 (hora de Moscovo) e teve uma magnitude de 1,5 na escala de Richter, seguido de um segundo de 3,5, às 11.31.48, correspondendo a cerca de 100/250Kg de explosivos (TNT).
Dados semelhantes foram registados por estações sísmicas no Canadá e Alasca. Além disso, dois submarinos americanos (um deles - USS Memphis), que estava a acompanhar os exercícios, registou duas explosões submarinas às 11.38. Um submarino russo e o cruzador pesado PETR Velikiy que também acompanhavam as manobras, detetaram também essas explosões. O Ministro da Defesa da Rússia disse que o submarino russo de apoio recebeu também o som de uma terceira explosão às 11.44. O submarino americano alega ter detetado um ruído durante o intervalo entre as duas explosões, que reconheceu como tanques de lastro de sopro explodindo ou o aumento da velocidade da hélice. O acidente só foi tornado oficialmente público no dia 14 de agosto. O incidente com o submarino Kursk provocou uma enorme reação no mundo, pois, tratando-se de um submarino nuclear, temia-se um acidente parecido com o de Chernobyl. Durante a noite de 14 de agosto, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Israel, Itália, Noruega, Estados Unidos da América e outros países ofereceram a sua ajuda. Porém como o submarino continha tecnologia e segredos militares e os russos estavam reticentes em aceitar tal ajuda.
Estudos indicam que a tripulação dos compartimentos 5 e 5B, conseguiram fechá-los logo após a segunda explosão. Estes compartimentos eram revestidos de chumbo (sarcófago) e continham os reatores atómicos, uma vez fechados, somente poderiam ser abertos pelo lado de dentro. Esta ação foi de fundamental importância, evitando que explodissem devido à alta temperatura que estava sendo acumulada no submarino. Investigações após o resgate,indicam que a temperatura dentro do submarino após a série de explosões tenha atingido 8.000 º C.
O submarino afundou-se em águas relativamente rasas, a uma profundidade de 108 metros (354 pés), a cerca de 135 km (85 milhas) de Severomorsk , na posição de coordenadas 69° 40′ N 37° 35′ E. Uma dessas explosões teria aberto grandes buracos no casco do submarino.
   
Resgate
Nenhuma autoridade russa admitiu que 23 marinheiros haviam conseguido sobreviver por um período de dois dias após o acidente. Depois da explosão na câmara de mísseis, os tripulantes foram para o compartimento número nove do submarino, localizado na proa, e emitiram sinais de socorro durante 48 horas.
As autoridades da Rússia só recorreram ao pedido de ajuda aos noruegueses e britânicos quatro dias depois do acidente. E, o mais humilhante, é que os homens-rãs ocidentais, com roupas especiais e descendo em “sinos” (equipamentos de resgate), acabaram realizando a operação de descida e abertura das escotilhas em menos de um dia. A justificativa da Marinha Russa era a necessidade de se preservarem os segredos militares do submarino nuclear. O governador da província de Kursk, Alexander Rutskoi, disse que o motivo pelo qual os russos não queriam ninguém no fundo do mar Barents era o teste de um novo tipo de míssil, que segundo informações, ainda permanecia no mesmo.
Na segunda-feira 21 de agosto, às 07.45 horas da manhã, quatro mergulhadores noruegueses da empresa Stolt Comex Seaway conseguiram abrir a primeira escotilha do submarino. Os homens-rãs deparam-se com o cenário mais temido. “Todos os compartimentos estão inundados e nenhum membro da tripulação sobreviveu”, declarou o vice-almirante russo Mikhail Motsak.
   
Causas do acidente
A hipótese mais coerente é a de que no lançamento do torpedo a proa do submarino tenha explodido, atingindo ainda outros compartimentos. Segundo o jornal militar russo Krasnaia Zvezda, o Kursk estaria usando um novo tipo de combustível que é líquido, mais barato e de muito mais alta combustão. Há ainda uma hipótese, mais sinistra, de que o submarino estaria com mísseis nucleares supersónicos. Uma carta que explicava as causas do naufrágio do submarino Kursk foi encontrada no corpo de um tripulante e mantida em segredo pelas autoridades russas, disseram militares da Frota do Norte hoje citados pelo diário Izvestia.
De acordo com estas fontes, foram encontradas duas cartas, a 25 de outubro, no cadáver do oficial da marinha Dmitri Kolesnikov, tendo apenas uma sido divulgada.
Na carta mantida em segredo, Kolesnikov descreve exatamente o que aconteceu e afirma que, na sequência da morte do comandante do Kursk, assumiu o comando do submarino, precisaram as fontes, sem adiantar mais pormenores sobre o documento.
Na mensagem que foi divulgada, Kolesnikov referia que pelo menos 23 homens, dos 118 que se encontravam a bordo do Kursk, sobreviveram ao acidente e se refugiaram num compartimento da popa do submarino. A nota, divulgada pelas autoridades russas, não continha qualquer indicação sobre as causas do naufrágio.
Uma segunda carta, também encontrada no corpo de um marinheiro que se refugiou na proa do Kursk, também foi divulgada. A carta, manuscrita, descreve os minutos imediatamente após a catástrofe, mas não indica as causas.
"Está escuro aqui para escrever, mas vou tentar pelo tato. Parece que não há hipóteses, 10-20%. Vamos esperar para que, pelo menos, alguém leia isto. Aqui está a lista de pessoal de outras secções, que estão agora no nono e tentarão sair. Cumprimentos a todos, sem necessidade de ficar desesperados."
Capitão-Tenente Dmitri Kolesnikov
   

quarta-feira, abril 26, 2023

O desastre de Chernobil foi há 37 anos...

     

O acidente nuclear de Chernobil ocorreu dia 26 de abril de 1986, na Central Nuclear de Chernobil (originalmente chamada Vladimir Ilyich Lenin) na Ucrânia (então parte da União Soviética). É considerado o pior acidente nuclear da história, produzindo uma nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido, com a libertação de 400 vezes mais radioatividade do que a bomba que foi lançada sobre Hiroshima. Grandes áreas da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia foram muito contaminadas, resultando na evacuação e migração de aproximadamente 200 mil pessoas.
Cerca de 60% de radioatividade caiu em território bielorrusso.
O acidente fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo a sua expansão durante muitos anos, e forçando o governo soviético a ter menos secretismo. Os agora separados países de Rússia, Ucrânia e Bielorrússia têm suportado um contínuo e substancial custo de descontaminação e cuidados de saúde devidos ao acidente de Chernobil. É difícil dizer com precisão o número de mortos causados pelos eventos de Chernobil, devido às mortes esperadas por cancro, que ainda não ocorreram e são difíceis de atribuir especificamente ao acidente. Um relatório da Organização das Nações Unidas de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data – 47 trabalhadores acidentados e nove crianças com cancro de tiróide – e estimou que cerca de 4000 pessoas morrerão de doenças relacionadas com o acidente. O Greenpeace, entre outros, contesta as conclusões do estudo.
O governo soviético procurou esconder o ocorrido da comunidade mundial, até que a radiação em altos níveis foi detectada em outros países. Veja-se o início do comunicado do líder da União Soviética, na época do acidente, Mikhail Gorbachev, quando o governo admitiu a ocorrência:

 

Boa tarde, camaradas. Todos vocês sabem que houve um inacreditável erro – o acidente na central nuclear de Chernobil. Ele afetou duramente o povo soviético, e chocou a comunidade internacional. Pela primeira vez, nós nos confrontámos com a força real da energia nuclear, fora de controle.

Cidade fantasma de Pripyat com a central nuclear de Chernobil, ao fundo

  

terça-feira, março 28, 2023

O acidente nuclear de Three Mile Island foi há 44 anos

      
Three Mile Island é o local de uma central nuclear que, a 28 de março de 1979, sofreu uma fusão parcial, havendo fuga de radioatividade para a atmosfera. A central nuclear de Three Mile Island fica na ilha homónima, no Rio Susquehanna, no condado de Dauphin, Pensilvânia, próximo de Harrisburg, com uma área de 3,29 km².
  
O acidente
O acidente ocorrido a 28 de março de 1979, na central nuclear de Three Mile Island, no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, foi causado por falhas do equipamento devido a falhas no sistema secundário nuclear e erro humano. Houve corte de custos que afetaram economicamente a manutenção e uso de materiais de qualidade inferior. Mas, principalmente, apontaram-se erros humanos, com decisões e ações erradas, tomadas por pessoas não preparadas
O acidente desencadeou-se pelos problemas mecânicos e elétricos que ocasionaram a paragem de uma bomba de água que alimentava o gerador de vapor, que acionou certas bombas de emergência que tinham sido deixadas fechadas. O núcleo do reator começou a aquecer e parou e a pressão aumentou. Uma válvula abriu-se para reduzir a pressão que voltou ao normal. Mas a válvula permaneceu aberta, ao contrário do que o indicador do painel de controle assinalava. Então, a pressão continuou a cair e seguiu-se uma perda de líquido refrigerante ou água radioativa: 1,5 milhões de litros de água foram lançados no rio Susquehanna. Gases radioativos escaparam e atingiram a atmosfera. Outros elementos radioativos atravessaram as paredes.
Um dia depois foi medido a radioatividade em volta da central, com valores de até 8 vezes maior que a letal e que alcançavam até 16 quilómetros. Apesar disso, o governador do estado da Pensilvânia iniciou a evacuação  da população só dois dias depois do acidente. O governador Dick Thornburgh aconselhou o chefe da NRC, Joseph Hendrie, a iniciar a evacuação "pelas mulheres grávidas e crianças em idade pré-escolar num um raio de 5 milhas ao redor das instalações". Em poucos dias, 140.000 pessoas haviam deixado a área voluntariamente.
    
Factos interessantes
  • Treze dias antes havia sido lançado o filme "Síndrome da China", com Jane Fonda, que muitos consideraram como premonitório da catástrofe na central nuclear, inclusive sendo usado as suas cenas, pelo jornalistas da TV, para ilustrar a cobertura do acidente;
  • O acidente nuclear nesta central foi considerado o mais grave de sempre, até ser superado pelos desastres de Chernobyl e de Fukushima;
  • No filme X-Men Origens: Wolverine, a central é usada para um centro fictício de mistura genética dos mutantes, para criação de mutantes assassinos.
          

sábado, março 11, 2023

Há doze anos houve um terramoto seguido de tsunami no Japão

Localização do epicentro e intensidade do sismo e réplicas
    
O Sismo e tsunami de Tohoku de 2011 ou sismo e tsunami de Sendai (designado oficialmente Grande Terramoto do Leste do Japão) foi um sismo de magnitude de 8,9 MW com epicentro ao largo da costa do Japão ocorrido às 05:46 UTC (14:46 na hora local) de 11 de março de 2011. O epicentro foi a 130 km da costa leste da península de Oshika, na região de Tohoku, com o hipocentro situado a uma profundidade de 24,4 km. O sismo atingiu o grau 7 - a magnitude máxima da escala de intensidade sísmica da Agência Meteorológica do Japão - a norte da Prefeitura de Miyagi, grau 6 em outras prefeituras e 5 em Tóquio.
O sismo provocou alertas de tsunami e evacuações na linha costeira japonesa do Pacífico e em pelo menos 20 países, incluindo toda a costa do Pacífico da América do Norte e América do Sul. Provocou também ondas de tsunami de mais de 10 m de altura, que atingiram o Japão e diversos outros países. No Japão, as ondas percorreram mais de 10 km de terra.
De acordo com as autoridades houve 13.333 mortos confirmados e cerca de 16.000 desaparecidos. O sismo causou danos substanciais no Japão, incluindo a destruição de rodovias e linhas ferroviárias, assim como incêndios em várias regiões, e o rompimento de uma barragem. Aproximadamente 4,4 milhões de habitantes no nordeste do Japão ficaram sem energia elétrica, e 1,4 milhão sem água. Muitos geradores deixaram de funcionar e pelo menos dois reatores nucleares foram danificados, o que levou à evacuação imediata das regiões atingidas enquanto um estado de emergência era estabelecido. A Central Nuclear de Fukushima I sofreu uma explosão aproximadamente 24 horas depois do primeiro sismo, e apesar do colapso da contenção de concreto da construção, a integridade do núcleo interno não teria sido comprometida.
Estima-se que a magnitude do sismo de Sendai faça deste o maior sismo a atingir o Japão e um dos cinco maiores do mundo desde que os registos modernos começaram a ser compilados.
    
Vista aérea de Sendai em 12 de março de 2011
       
Sismo
O sismo gerou um tsunami com ondas de quatro metros, estando alertas ativos para vários países, regiões e arquipélagos, como Nova Zelândia, Austrália, Rússia, Guam, Filipinas, Indonésia, Papua-Nova Guiné, Nauru, Havai e Marianas Setentrionais (Estados Unidos), Taiwan, Equador e Chile. O aviso de tsunami emitido pelo Japão foi o de maior gravidade na escala de alertas, esperando-se que possam ser atingidos os 10 metros de altura de algumas ondas. Uma onda de 0,5 m de altura atingiu a costa norte do Japão A agência Kyodo relatou que uma onda de 4 m de altura atingiu a prefeitura de Iwate no Japão, e houve também inundações na prefeitura de Miyagi, arrasando a parte baixa da costa, levando automóveis e causando destruição.
O número de vítimas é impreciso, com relatos iniciais apontando mais de mil mortos e milhares de feridos. Estes dados não contam com a destruição quase completa da cidade de Sendai.
 
Impacto geofísico
Relatórios do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Servia sugerem que o efeito dos terremotos na região foi tão forte que o eixo da Terra foi alterado em 10 cm. Um relatório separado do Serviço Geológico dos Estados Unidos disse que Honshu, a principal ilha do Japão, foi movimentada em 2,4 m na direção leste.
     
Tsunami
    
 
Tempo estimado de viagem do tsunami gerado pelo sismo
     
Japão
O terramoto provocou um alerta de tsunami e evacuações da costa japonesa do Pacífico e de pelo menos outros 20 países, incluindo toda a costa do Pacífico, tanto da América do Norte como da América do Sul, desde o Alasca até ao Chile. O alerta de tsunami emitido pelo Japão foi a mais grave em sua escala de alerta, o que implica que a onda era esperada para ter uma altura de, ao menos, 10 metros de altura. Uma onda desse tamanho ocorreu às 15:55 JST inundações Aeroporto de Sendai, que fica perto da costa da Prefeitura de Miyagi, com ondas varrendo carros e inundando vários edifícios conforme ia para o interior da ilha. O impacto do tsunami em torno do Aeroporto de Sendai foi filmado por um helicóptero de notícias da rede NHK, mostrando vários veículos em estradas locais tentando escapar da onda que se aproximava rapidamente. Uma onda de tsunami de 4 metros de altura atingiu a Prefeitura de Iwate.
Como no Sismo do Oceano Índico de 2004 e no Ciclone Nargis, o dano da afluência de água, embora muito mais localizado, pode ser muito mais letal e destrutivo do que o terramoto em si. Há relatos de "cidades inteiras destruídas" nas áreas atingidas pelo tsunami no Japão, incluindo 9500 desaparecidos em Minamisanriku; Kuji e Ofunato foram "varridas...não deixando nenhum vestígio de que uma cidade estava lá."
     
Em outras partes do Pacífico
Em Guam, dois submarinos de ataque dos Estados Unidos foram desancorados, mas logo foram retomados. O estado do Havaí estimou os danos em infra-estruturas públicas em três milhões de dólares, com danos privados ainda maiores. Uma casa foi levada para o mar.
O Centro de Alerta de Tsunami da Costa Oeste dos Estados Unidos e do Alasca emitiu um alerta de tsunami para as zonas costeiras da Califórnia e do Oregon, de Point Conception, na Califórnia, até à fronteira do Oregon e Washington. Na Califórnia, o porto em Crescent City foi atingido por ondas de tsunami de oito pés, com docas e cerca de 35 barcos severamente danificados, enquanto o porto de Santa Cruz estimou prejuízos de 10 milhões de dólares como resultado dos danos, com outros 4 milhões de dólares em danos em embarcações que atracam ali. A Ilha Catalina, na Califórnia e Brookings, no Oregon, também sofreram danos.
Ao longo da costa do Pacífico no México e na América do Sul, foram registados surtos de tsunami, mas na maioria dos lugares causou pouco ou nenhum dano. O Peru relatou uma onda de 1,5 m e mais de 300 casas foram danificadas na cidade de Pueblo Nuevo de Colan e Pisco.
  
Mapa do NOAA da altura da onda do tsunami
       
Consequências
O sistema de alerta de terramotos da Agência Meteorológica do Japão alertou a população cerca de um minuto antes do tremor, através de emissoras de televisão e rádio, além de correio eletrónico e mensagens via celular para pessoas cadastradas no sistema.
O sismo atingiu severamente Honshu, incluindo Tóquio. Verificaram-se numerosos incêndios em instalações industriais. Cerca de 13 horas depois do primeiro grande abalo, dois fortes sismos de magnitude 6,2 e 6,1 atingiram novamente a costa do Japão. Um barco com cerca de 100 pessoas a bordo foi virado pelo tsunami que atingiu a costa do Japão. A embarcação estava na costa da prefeitura de Miyagi. Um grande incêndio atingiu a cidade de Kesennuma.
     
Vista aérea de área atingida pelo tsunami
       
Centrais nucleares
Outro dos efeitos do sismo foi a explosão ocorrida no dia 12 de março na Central Nuclear de Fukushima I. O tsunami atingiu-a e provocou uma avaria no sistema de refrigeração. O corte de eletricidade impediu a recuperação desse sistema, permitindo que os bastões do combustível continuassem a aquecer, aumentando a pressão e originando a explosão.
No dia anterior fora declarado estado de emergência na central nuclear e, apesar da informação de que não existiam fugas radioativas, evacuaram-se cerca de 3.000 residentes num raio de 3 km do reator. Horas depois o raio de evacuação tinha sido elevado para 10 km, afetando já 45 000 pessoas. O reator é refrigerado através da circulação de água através do seu combustível nuclear, tendo sido detetada uma alta pressão de vapor no reator, o dobro do que é permitido. A empresa Tokyo Electric Power avaliou a possibilidade de libertar parte deste vapor para reduzir a pressão no mesmo, vapor esse que contém material radioativo. Os níveis de radiação na sala de controlo da central eram cerca de 1000 vezes maiores que os níveis normais e na entrada da central foram medidos níveis 8 vezes superiores aos normais, existindo a possibilidade do derretimento do núcleo dos reatores.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, falou ao país após o sismo, lamentando o sucedido e oferecendo as suas condolências às famílias das vítimas. Indicou igualmente que já estaria em marcha a construção de um quartel-general para as operações de emergência e assegurou que não foi detetada nenhuma fuga radioativa nas centrais nucleares do país.
    

Mapa mostrando o epicentro do terremoto e a posição das centrais nucleares afetadas
         

quinta-feira, setembro 29, 2022

O Desastre de Kyshtym foi há 65 anos...

Área contaminada pelo desastre de Kyshtym

O desastre de Kyshtym foi um acidente de contaminação radioativa que ocorreu a 29 de setembro de 1957, em Mayak, com plutónio, no local de produção de armas nucleares e fábrica de reprocessamento de combustível nuclear da União Soviética. É medido como um Nível de 6 de desastres na Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES), tornando-se o terceiro mais grave acidente nuclear da história, apenas atrás do desastre nuclear de Fukushima Daiichi e do desastre de Chernobyl (Nível 7 no INES). O evento ocorreu na cidade de Ozyorsk, Oblast de Chelyabinsk, uma cidade fechada, construída em torno da fábrica Mayak. Como Ozyorsk/Mayak (também conhecido como Chelyabinsk-40 e Chelyabinsk-65) não está nos mapas, o desastre foi chamado depois de Kyshtym, o local mais próximo conhecido da cidade.
  
Kyshtym Memorial
  
Por causa do sigilo em torno de Mayak, as populações das áreas afetadas não foram inicialmente informados do acidente. Uma semana mais tarde (a 6 de outubro), uma operação foi realizada para evacuar 10.000 pessoas da área afetada, ainda sem dar uma explicação das razões da evacuação.
Relatos vagos de um "acidente catastrófico" causando "precipitação radioativa sobre a URSS e muitos estados vizinhos" começaram a aparecer na imprensa ocidental entre 13 e 14 de abril de 1958 e os primeiros detalhes surgiram no jornal vienense Die Presse, em 17 de março de 1959. Mas foi apenas em 1976 que Zhores Medvedev fez com que a natureza e a extensão do desastre fossem conhecidas pelo mundo. Na ausência de informações verificáveis, foram dados valores exagerados da catástrofe.  As pessoas ficaram histéricas com medo de doenças "misteriosas". As vítimas foram vistas com a pele de seus rostos, mãos e outras partes expostas de seus corpos "escamando". A descrição de Medvedev do desastre no New Scientist foi inicialmente ridicularizada por fontes da indústria nuclear ocidental, mas o núcleo da sua história foi logo confirmado pelo professor Leo Tumerman, ex-chefe do Instituto de Biologia Molecular, em Moscovo.
O verdadeiro número de mortos permanece incerto, devido ao facto de que o cancro induzido por  radiação é clinicamente indistinguível de qualquer outro cancro, e sua taxa de incidência só pode ser medido por meio de estudos epidemiológicos. Um livro afirma que "em 1992, um estudo realizado pelo Instituto de Biofísica do antigo Ministério da Saúde Soviético em Chelyabinsk descobriu que 8.015 pessoas morreram nos últimos 32 anos, como resultado do acidente." Por outro lado, apenas 6.000 atestados de óbito foram encontrados por residentes do rio Techa entre 1950 e 1982 de todas as causas de morte, embora talvez o estudo soviético considerasse uma área geográfica maior afetada pela pluma aerotransportada. A estimativa mais citada é de 200 mortes por cancro, mas a origem desse número não está clara. Estudos epidemiológicos mais recentes sugerem que cerca de 49 a 55 mortes por cancro entre residentes ribeirinhos podem ser associadas à exposição à radiação. Isso incluiria os efeitos de todas as libertações radioativas no rio, 98% das quais ocorreram muito antes do acidente de 1957, mas não incluiria os efeitos da pluma transportada pelo ar, que foi levada para o nordeste. A área mais próxima do acidente produziu 66 casos diagnosticados de síndrome de radiação crónica, fornecendo a maior parte dos dados sobre esta condição.
Para reduzir a disseminação de contaminação radioativa após o acidente, o solo contaminado foi escavado e armazenados em áreas fechadas que eram chamados de "cemitério da terra". O governo Soviético, em 1968, disfarçou a área, criando a Reserva Natural Ural Oriental, que proibiu qualquer acesso não autorizado à área afetada.

sexta-feira, agosto 12, 2022

O submarino Kursk afundou-se há vinte e dois anos

   
K-141 Kursk, foi um submarino nuclear da classe Oscar-II pertencente à Marinha Russa e que afundou no Mar de Barents a 12 de agosto de 2000, com uma tripulação de 118 homens. Foi assim batizado em homenagem aos soldados soviéticos mortos numa das maiores batalhas da Segunda Guerra Mundial, a Batalha de Kursk, em 1943.
Foi uma das primeiras embarcações concluídas, logo após a queda da União Soviética. A sua função principal seria compor a Frota do Mar do Norte, cuja sede localiza-se em Severomorsk. As obras de construção começaram em 1990 em Severodvinsk, perto de Arkhangelsk, sendo lançado em dezembro de 1994.
Possuía 154 metros de comprimento, 18 metros de largura, e equivalente a quatro andares de altura (peso estimado de 18.000 toneladas), sendo considerado o maior submarino de ataque já construído e sendo considerado indestrutível pelos marinheiros russos, devido ao seu tamanho e aos recursos tecnológicos.
  
Incidente
De acordo com informações do Serviço de Sismologia da Noruega, o NORSAR, teria havido duas explosões detetadas, nas coordenadas 69°38'N e 37°19'E, durante a manhã de 12 de agosto de 2000. A primeira explosão foi às 11.29.34 (hora de Moscovo) e teve uma magnitude de 1,5 na escala de Richter, seguido de um segundo de 3,5, às 11.31.48, correspondendo a cerca de 100/250Kg de explosivos (TNT).
Dados semelhantes foram registados por estações sísmicas no Canadá e Alasca. Além disso, dois submarinos americanos (um deles - USS Memphis), que estava a acompanhar os exercícios, registou duas explosões submarinas às 11.38. Um submarino russo e o cruzador pesado PETR Velikiy que também acompanhavam as manobras, detetaram também essas explosões. O Ministro da Defesa da Rússia disse que o submarino russo de apoio recebeu também o som de uma terceira explosão às 11.44. O submarino americano alega ter detetado um ruído durante o intervalo entre as duas explosões, que reconheceu como tanques de lastro de sopro explodindo ou o aumento da velocidade da hélice. O acidente só foi tornado oficialmente público no dia 14 de agosto. O incidente com o submarino Kursk provocou uma enorme reação no mundo, pois, tratando-se de um submarino nuclear, temia-se um acidente parecido com o de Chernobyl. Durante a noite de 14 de agosto, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Israel, Itália, Noruega, Estados Unidos da América e outros países ofereceram sua ajuda. Porém como o submarino continha tecnologia e segredos militares e os russos estavam reticentes em aceitar tal ajuda.
Estudos indicam que a tripulação dos compartimentos 5 e 5B, conseguiram fechá-los logo após a segunda explosão. Estes compartimentos eram revestidos de chumbo (sarcófago) e continham os reatores atómicos, uma vez fechados, somente poderiam ser abertos pelo lado de dentro. Esta ação foi de fundamental importância, evitando que explodissem devido à alta temperatura que estava sendo acumulada no submarino. Investigações após o resgate,indicam que a temperatura dentro do submarino após a série de explosões tenha atingido 8.000 º C.
O submarino afundou-se em águas relativamente rasas, a uma profundidade de 108 metros (354 pés), a cerca de 135 km (85 milhas) de Severomorsk , na posição de coordenadas 69° 40′ N 37° 35′ E. Uma dessas explosões teria aberto grandes buracos no casco do submarino.
   
Resgate
Nenhuma autoridade russa admitiu que 23 marinheiros haviam conseguido sobreviver por um período de dois dias após o acidente. Depois da explosão na câmara de mísseis, os tripulantes foram para o compartimento número nove do submarino, localizado na proa, e emitiram sinais de socorro durante 48 horas.
As autoridades da Rússia só recorreram ao pedido de ajuda aos noruegueses e britânicos quatro dias depois do acidente. E, o mais humilhante, é que os homens-rãs ocidentais, com roupas especiais e descendo em “sinos” (equipamentos de resgate), acabaram realizando a operação de descida e abertura das escotilhas em menos de um dia. A justificativa da Marinha Russa era a necessidade de se preservarem os segredos militares do submarino nuclear. O governador da província de Kursk, Alexander Rutskoi, disse que o motivo pelo qual os russos não queriam ninguém no fundo do mar Barents era o teste de um novo tipo de míssil, que segundo informações, ainda permanecia no mesmo.
Na segunda-feira 21 de agosto, às 07.45 horas da manhã, quatro mergulhadores noruegueses da empresa Stolt Comex Seaway conseguiram abrir a primeira escotilha do submarino. Os homens-rãs deparam-se com o cenário mais temido. “Todos os compartimentos estão inundados e nenhum membro da tripulação sobreviveu”, declarou o vice-almirante russo Mikhail Motsak.
   
Causas do acidente
A hipótese mais coerente é a de que no lançamento do torpedo a proa do submarino tenha explodido, atingindo ainda outros compartimentos. Segundo o jornal militar russo Krasnaia Zvezda, o Kursk estaria usando um novo tipo de combustível que é líquido, mais barato e de muito mais alta combustão. Há ainda uma hipótese, mais sinistra, de que o submarino estaria com mísseis nucleares supersónicos. Uma carta que explicava as causas do naufrágio do submarino Kursk foi encontrada no corpo de um tripulante e mantida em segredo pelas autoridades russas, disseram militares da Frota do Norte hoje citados pelo diário Izvestia.
De acordo com estas fontes, foram encontradas duas cartas, a 25 de outubro, no cadáver do oficial da marinha Dmitri Kolesnikov, tendo apenas uma sido divulgada.
Na carta mantida em segredo, Kolesnikov descreve exatamente o que aconteceu e afirma que, na sequência da morte do comandante do Kursk, assumiu o comando do submarino, precisaram as fontes, sem adiantar mais pormenores sobre o documento.
Na mensagem que foi divulgada, Kolesnikov referia que pelo menos 23 homens, dos 118 que se encontravam a bordo do Kursk, sobreviveram ao acidente e se refugiaram num compartimento da popa do submarino. A nota, divulgada pelas autoridades russas, não continha qualquer indicação sobre as causas do naufrágio.
Uma segunda carta, também encontrada no corpo de um marinheiro que se refugiou na proa do Kursk, também foi divulgada. A carta, manuscrita, descreve os minutos imediatamente após a catástrofe, mas não indica as causas.
"Está escuro aqui para escrever, mas vou tentar pelo tato. Parece que não há hipóteses, 10-20%. Vamos esperar para que, pelo menos, alguém leia isto. Aqui está a lista de pessoal de outras secções, que estão agora no nono e tentarão sair. Cumprimentos a todos, sem necessidade de ficar desesperados."
Capitão-Tenente Dmitri Kolesnikov
   

terça-feira, abril 26, 2022

O acidente nuclear de Chernobil foi há 36 anos...

     

O acidente nuclear de Chernobil ocorreu dia 26 de abril de 1986, na Central Nuclear de Chernobil (originalmente chamada Vladimir Ilyich Lenin) na Ucrânia (então parte da União Soviética). É considerado o pior acidente nuclear da história, produzindo uma nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido, com a libertação de 400 vezes mais radioatividade do que a bomba que foi lançada sobre Hiroshima. Grandes áreas da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia foram muito contaminadas, resultando na evacuação e migração de aproximadamente 200 mil pessoas.
Cerca de 60% de radioatividade caiu em território bielorrusso.
O acidente fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo a sua expansão durante muitos anos, e forçando o governo soviético a ter menos secretismo. Os agora separados países de Rússia, Ucrânia e Bielorrússia têm suportado um contínuo e substancial custo de descontaminação e cuidados de saúde devidos ao acidente de Chernobil. É difícil dizer com precisão o número de mortos causados pelos eventos de Chernobil, devido às mortes esperadas por cancro, que ainda não ocorreram e são difíceis de atribuir especificamente ao acidente. Um relatório da Organização das Nações Unidas de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data – 47 trabalhadores acidentados e nove crianças com cancro de tiróide – e estimou que cerca de 4000 pessoas morrerão de doenças relacionadas com o acidente. O Greenpeace, entre outros, contesta as conclusões do estudo.
O governo soviético procurou esconder o ocorrido da comunidade mundial, até que a radiação em altos níveis foi detectada em outros países. Veja-se o início do comunicado do líder da União Soviética, na época do acidente, Mikhail Gorbachev, quando o governo admitiu a ocorrência:
Cquote1.svg Boa tarde, camaradas. Todos vocês sabem que houve um inacreditável erro – o acidente na central nuclear de Chernobil. Ele afetou duramente o povo soviético, e chocou a comunidade internacional. Pela primeira vez, nós nos confrontámos com a força real da energia nuclear, fora de controle. Cquote2.svg

      

Cidade fantasma de Pripyat com a central nuclear de Chernobil, ao fundo