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domingo, setembro 29, 2024

Émile Zola morreu há cento e vinte e dois anos...


Émile Zola
(Paris, 2 de abril de 1840 - Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além de uma importante figura libertária da França. Foi, provavelmente, assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.
     

   

Vida

Émile-Édouard-Charles-Antoine Zola nasceu na capital francesa. Filho do engenheiro italiano François Zola (originalmente Francesco Zola) e a sua esposa Émilie Aubert, cresceu em Aix-en-Provence, onde estudou no Collège Bourbon (atualmente conhecido como Collège Mignet) e aos dezoito anos, retorna a Paris para estudar no Lycée Saint-Louis. Devido às complicações financeiras por que passou após a morte do pai, Zola é levado a trabalhar em uma série de escritórios, ocupando cargos de pouca influência.

Inicia-se no ramo jornalístico escrevendo colunas para os jornais Cartier de Villemessant's e Controversial. As suas colunas não poupavam críticas severas a Napoleão III:

(…) meu trabalho torna-se a imagem de um reinado partido, de um estranho período de loucura e vergonha humanas - e à Igreja - A civilização jamais alcançará a perfeição até que a última pedra da última igreja caia sobre o último padre.

A obra de caráter autobiográfico La Confession de Claude (1865), um dos primeiros trabalhos publicados por Zola, atraiu atenção negativa da crítica especializada. O ainda mais criticado

Thérèse Raquin, romance lançado no ano seguinte, apresentou uma abordagem inovadora em sua concepção: inspirado pelos estudos científicos da época, Zola propõe não um simples romance, mas uma análise científica pormenorizada do ser humano, da moral e da sociedade. Thérèse Raquin tornou-se, portanto, marco inicial de um novo movimento literário, oriundo da análise científica e experimental do ser humano: o naturalismo.

Em vida, Zola também demonstrou elevado engajamento político. Certamente, o seu trabalho de maior influência política foi a carta aberta intitulada J'accuse (Eu Acuso), destinada ao então presidente da França Félix Faure. A carta, publicada na primeira página do jornal parisiense L'Aurore em 13 de janeiro de 1898, acusou o governo francês de antissemitismo, por julgar e condenar precipitadamente o capitão Alfred Dreyfus, judeu e oficial do exército francês, por traição em 1894.

Émile Zola faleceu, em 29 de setembro de 1902, na sua casa em Paris, devido à inalação de uma quantidade letal de monóxido de carbono, proveniente de uma lareira defeituosa; alguns estudiosos não descartam a hipótese de homicídio.

Em 1908, o corpo de Zola foi transferido do cemitério de Montmartre para o Panteão.

terça-feira, abril 02, 2024

Émile Zola nasceu há cento e oitenta e quatro anos


Émile Zola
(Paris, 2 de abril de 1840 - Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além de uma importante figura libertária da França. Foi presumivelmente assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.
     

Vida

Émile-Édouard-Charles-Antoine Zola nasceu na capital francesa. Filho do engenheiro italiano François Zola (originalmente Francesco Zola) e a sua esposa Émilie Aubert, cresceu em Aix-en-Provence, onde estudou no Collège Bourbon (atualmente conhecido como Collège Mignet) e aos dezoito anos, retorna a Paris para estudar no Lycée Saint-Louis. Devido às complicações financeiras por que passou após a morte do pai, Zola é levado a trabalhar em uma série de escritórios, ocupando cargos de pouca influência.

Inicia-se no ramo jornalístico escrevendo colunas para os jornais Cartier de Villemessant's e Controversial. Suas colunas não poupavam críticas severas a Napoleão III:

(…) meu trabalho torna-se a imagem de um reinado partido, de um estranho período de loucura e vergonha humanas - e à Igreja - A civilização jamais alcançará a perfeição até que a última pedra da última igreja caia sobre o último padre.

A obra de caráter autobiográfico La Confession de Claude (1865), um dos primeiros trabalhos publicados por Zola, atraiu atenção negativa da crítica especializada. O ainda mais criticado

Thérèse Raquin, romance lançado no ano seguinte, apresentou uma abordagem inovadora em sua concepção: inspirado pelos estudos científicos da época, Zola propõe não um simples romance, mas uma análise científica pormenorizada do ser humano, da moral e da sociedade. Thérèse Raquin tornou-se, portanto, marco inicial de um novo movimento literário, oriundo da análise científica e experimental do ser humano: o naturalismo.

Em vida, Zola também demonstrou elevado engajamento político. Certamente, o seu trabalho de maior influência política foi a carta aberta intitulada J'accuse (Eu Acuso), destinada ao então presidente da França Félix Faure. A carta, publicada na primeira página do jornal parisiense L'Aurore em 13 de janeiro de 1898, acusou o governo francês de antissemitismo por julgar e condenar precipitadamente o capitão Alfred Dreyfus, judeu e oficial do exército francês, por traição em 1894.

Émile Zola faleceu em 29 de setembro de 1902 na sua casa em Paris devido à inalação de uma quantidade letal de monóxido de carbono, proveniente de uma lareira defeituosa; alguns estudiosos não descartam a hipótese de homicídio.

Em 1908, o corpo de Zola foi transferido do cemitério de Montmartre para o Panteão.

sábado, janeiro 13, 2024

Émile Zola publicou o artigo J'accuse...! há 126 anos

 
    
J'accuse (em português Eu acuso) é o título do artigo redigido por Émile Zola aquando do caso Dreyfus e publicado no jornal L'Aurore de 13 de janeiro de 1898 sob a forma de uma carta ao presidente da República Francesa, Félix Faure. Zola inspirou-se num dossiê fornecido em 1896 pelo escritor Bernard Lazare.
  
Contexto
Este artigo é publicado três dias após Esterhazy ter sido declarado inocente pelo Conselho de Guerra (10 de janeiro), o que parecia acabar com toda esperança dos que contavam com uma revisão do processo que condenara Dreyfus. Neste artigo, Zola ataca nominalmente os generais e outros oficiais responsáveis do erro judicial que levou ao processo e à condenação, os especialistas em grafologia culpados de «relatórios mentirosos e fraudulentos». Ainda acusava o exército, culpado de uma campanha de imprensa mentirosa, bem como os dois Conselhos de Guerra: um tendo condenado Dreyfus baseado numa prova mantida em segredo, enquanto o segundo inocentou reconhecidamente culpado. Mas, acima de tudo, proclama desde o início a inocência de Dreyfus :
"O meu dever é de falar, não quero ser cúmplice. As minhas noites seriam atormentadas pelo espectro do inocente que paga, na mais horrível das torturas, por um crime que ele não cometeu."

A publicação
O artigo faz a manchete do diário, cujos 300.000 exemplares se esgotam em poucas horas. A emoção é forte, ocasionando um movimento da opinião pública. Vários intelectuais assinam uma petição em favor da revisão do processo, publicada também pelo L'Aurore. Entre eles, Anatole France, Georges Courteline, Octave Mirbeau ou Claude Monet, as assinaturas tendo sido recolhidas por estudantes ou jovens escritores como Marcel Proust. Zola recebe diversas mensagens de apoio, mas também cartas injuriosas e ameaças de carácter anti-semita ou xenófobo (o pai de Zola era italiano). O verdadeiro caso Dreyfus, aquele que vai inflamar as multidões durante vários anos, acaba de nascer.

Sanções e exílio
Na conclusão do artigo, Zola esperava um processo num tribunal criminal a fim de fazer surgir a verdade. Ele será julgado diversas vezes, sendo que o resultado final será uma condenação a 1 ano de prisão e 3.000 francos de multa pelos seus ataques contra o Estado-Maior (Octave Mirbeau paga a multa) e uma condenação a 1 mês de prisão e 1.000 francos de multa pelos seus ataques contra os três especialistas (cada um recebendo 100.000 francos por prejuízos). Para escapar à prisão, Zola exila-se na Inglaterra, onde passará onze meses à espera duma revisão do processo Dreyfus. O comunicado da revisão enviando Dreyfus para um novo Conselho de Guerra é publicado a 3 de junho de 1899. Zola pode então retornar à França, onde ele publica no L'Aurore o artigo Justice, no qual ele se felicita pela decisão. Mas o processo de Rennes será dececionante para os dreyfusards e Zola continuará a lutar até à sua morte pela reabilitação de Alfred Dreyfus.

A acusação
A título de precisão, o artigo de 13 de janeiro deve seu nome ao facto que, na sua conclusão, todas as frases comecem pela expressão J'accuse (Eu acuso):
  • Eu acuso o tenente-coronel du Paty de Clam de ter sido o artífice diabólico do erro judiciário, inconscientemente, quero crer, e de ter em seguida defendido a sua obra nefasta, durante três anos, através de tramas absurdas e culpáveis.
  • Eu acuso o general Mercier de ter-se mostrado cúmplice, ao menos por fraqueza de espírito, de uma das maiores injustiças do século.
  • Eu acuso o general Billot de ter tido nas suas mãos as provas certas da inocência de Dreyfus e de tê-las abafado, de se tornar culpado deste crime de lesa-humanidade com um objetivo político e para salvar o Estado-Maior comprometido.
  • Eu acuso o general de Boisdeffre e o general Gonse de serem cúmplices do mesmo crime, um sem dúvida por razão clerical, o outro talvez devido a esse espírito corporativista que torna os gabinetes de guerra em arcas santas, inatacáveis.
  • Eu acuso o general de Pellieux e o comandante Ravary de terem feito uma sindicância rápida, e quero com isso dizer uma sindicância da mais monstruosa parcialidade, onde temos, no relatório do segundo, um monumento indestrutível de audácia ingénua.
  • Eu acuso os três especialistas em grafologia, os senhores Belhomme, Varinard e Couard, de terem redigido relatórios mentirosos e fraudulentos, a menos que um exame médico os declare doentes de algum mal da visão e de julgamento.
  • Eu acuso os gabinetes de guerra de terem liderado na imprensa, particularmente no L'Éclair e no L'Écho de Paris, uma campanha abominável para distrair a opinião e cobrir seu erro.
  • Eu acuso finalmente o primeiro Conselho de Guerra de ter violado a lei, ao condenar um acusado apoiado numa prova de acusação mantida secreta, e acuso o segundo Conselho de Guerra de ter encoberto esta ilegalidade, sob ordem, cometendo também o crime jurídico de inocentar um reconhecidamente culpado.
   
 in Wikipédia

sexta-feira, setembro 29, 2023

Émile Zola morreu há cento e vinte e um anos...


Émile Zola
(Paris, 2 de abril de 1840 - Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além de uma importante figura libertária da França. Foi presumivelmente assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.
     

   

Vida

Émile-Édouard-Charles-Antoine Zola nasceu na capital francesa. Filho do engenheiro italiano François Zola (originalmente Francesco Zola) e a sua esposa Émilie Aubert, cresceu em Aix-en-Provence, onde estudou no Collège Bourbon (atualmente conhecido como Collège Mignet) e aos dezoito anos, retorna a Paris para estudar no Lycée Saint-Louis. Devido às complicações financeiras por que passou após a morte do pai, Zola é levado a trabalhar em uma série de escritórios, ocupando cargos de pouca influência.

Inicia-se no ramo jornalístico escrevendo colunas para os jornais Cartier de Villemessant's e Controversial. As suas colunas não poupavam críticas severas a Napoleão III:

(…) meu trabalho torna-se a imagem de um reinado partido, de um estranho período de loucura e vergonha humanas - e à Igreja - A civilização jamais alcançará a perfeição até que a última pedra da última igreja caia sobre o último padre.

A obra de caráter autobiográfico La Confession de Claude (1865), um dos primeiros trabalhos publicados por Zola, atraiu atenção negativa da crítica especializada. O ainda mais criticado

Thérèse Raquin, romance lançado no ano seguinte, apresentou uma abordagem inovadora em sua concepção: inspirado pelos estudos científicos da época, Zola propõe não um simples romance, mas uma análise científica pormenorizada do ser humano, da moral e da sociedade. Thérèse Raquin tornou-se, portanto, marco inicial de um novo movimento literário, oriundo da análise científica e experimental do ser humano: o naturalismo.

Em vida, Zola também demonstrou elevado engajamento político. Certamente, o seu trabalho de maior influência política foi a carta aberta intitulada J'accuse (Eu Acuso), destinada ao então presidente da França Félix Faure. A carta, publicada na primeira página do jornal parisiense L'Aurore em 13 de janeiro de 1898, acusou o governo francês de antissemitismo, por julgar e condenar precipitadamente o capitão Alfred Dreyfus, judeu e oficial do exército francês, por traição em 1894.

Émile Zola faleceu em 29 de setembro de 1902 na sua casa em Paris devido à inalação de uma quantidade letal de monóxido de carbono proveniente de uma lareira defeituosa; alguns estudiosos não descartam a hipótese de homicídio.

Em 1908, o corpo de Zola foi transferido do cemitério de Montmartre para o Panteão.

sexta-feira, janeiro 13, 2023

Émile Zola publicou J'accuse...! há 125 anos...!

 
    
J'accuse (em português Eu acuso) é o título do artigo redigido por Émile Zola aquando do caso Dreyfus e publicado no jornal L'Aurore de 13 de janeiro de 1898 sob a forma de uma carta ao presidente da República Francesa, Félix Faure. Zola inspirou-se num dossiê fornecido em 1896 pelo escritor Bernard Lazare.
  
Contexto
Este artigo é publicado três dias após Esterhazy ter sido declarado inocente pelo Conselho de Guerra (10 de janeiro), o que parecia acabar com toda esperança dos que contavam com uma revisão do processo que condenara Dreyfus. Neste artigo, Zola ataca nominalmente os generais e outros oficiais responsáveis do erro judicial que levou ao processo e à condenação, os especialistas em grafologia culpados de «relatórios mentirosos e fraudulentos». Ainda acusava o exército, culpado de uma campanha de imprensa mentirosa, bem como os dois Conselhos de Guerra: um tendo condenado Dreyfus baseado numa prova mantida em segredo, enquanto o segundo inocentou reconhecidamente culpado. Mas, acima de tudo, proclama desde o início a inocência de Dreyfus :
"O meu dever é de falar, não quero ser cúmplice. As minhas noites seriam atormentadas pelo espectro do inocente que paga, na mais horrível das torturas, por um crime que ele não cometeu."

A publicação
O artigo faz a manchete do diário, cujos 300.000 exemplares se esgotam em poucas horas. A emoção é forte, ocasionando um movimento da opinião pública. Vários intelectuais assinam uma petição em favor da revisão do processo, publicada também pelo L'Aurore. Entre eles, Anatole France, Georges Courteline, Octave Mirbeau ou Claude Monet, as assinaturas tendo sido recolhidas por estudantes ou jovens escritores como Marcel Proust. Zola recebe diversas mensagens de apoio, mas também cartas injuriosas e ameaças de carácter anti-semita ou xenófobo (o pai de Zola era italiano). O verdadeiro caso Dreyfus, aquele que vai inflamar as multidões durante vários anos, acaba de nascer.

Sanções e exílio
Na conclusão do artigo, Zola esperava um processo num tribunal criminal a fim de fazer surgir a verdade. Ele será julgado diversas vezes, sendo que o resultado final será uma condenação a 1 ano de prisão e 3.000 francos de multa pelos seus ataques contra o Estado-Maior (Octave Mirbeau paga a multa) e uma condenação a 1 mês de prisão e 1.000 francos de multa pelos seus ataques contra os três especialistas (cada um recebendo 100.000 francos por prejuízos). Para escapar à prisão, Zola exila-se na Inglaterra, onde passará onze meses à espera duma revisão do processo Dreyfus. O comunicado da revisão enviando Dreyfus para um novo Conselho de Guerra é publicado a 3 de junho de 1899. Zola pode então retornar à França, onde ele publica no L'Aurore o artigo Justice, no qual ele se felicita pela decisão. Mas o processo de Rennes será dececionante para os dreyfusards e Zola continuará a lutar até à sua morte pela reabilitação de Alfred Dreyfus.

A acusação
A título de precisão, o artigo de 13 de janeiro deve seu nome ao facto que, na sua conclusão, todas as frases comecem pela expressão J'accuse (Eu acuso):
  • Eu acuso o tenente-coronel du Paty de Clam de ter sido o artífice diabólico do erro judiciário, inconscientemente, quero crer, e de ter em seguida defendido a sua obra nefasta, durante três anos, através de tramas absurdas e culpáveis.
  • Eu acuso o general Mercier de ter-se mostrado cúmplice, ao menos por fraqueza de espírito, de uma das maiores injustiças do século.
  • Eu acuso o general Billot de ter tido nas suas mãos as provas certas da inocência de Dreyfus e de tê-las abafado, de se tornar culpado deste crime de lesa-humanidade com um objetivo político e para salvar o Estado-Maior comprometido.
  • Eu acuso o general de Boisdeffre e o general Gonse de serem cúmplices do mesmo crime, um sem dúvida por razão clerical, o outro talvez devido a esse espírito corporativista que torna os gabinetes de guerra em arcas santas, inatacáveis.
  • Eu acuso o general de Pellieux e o comandante Ravary de terem feito uma sindicância rápida, e quero com isso dizer uma sindicância da mais monstruosa parcialidade, onde temos, no relatório do segundo, um monumento indestrutível de audácia ingénua.
  • Eu acuso os três especialistas em grafologia, os senhores Belhomme, Varinard e Couard, de terem redigido relatórios mentirosos e fraudulentos, a menos que um exame médico os declare doentes de algum mal da visão e de julgamento.
  • Eu acuso os gabinetes de guerra de terem liderado na imprensa, particularmente no L'Éclair e no L'Écho de Paris, uma campanha abominável para distrair a opinião e cobrir seu erro.
  • Eu acuso finalmente o primeiro Conselho de Guerra de ter violado a lei, ao condenar um acusado apoiado numa prova de acusação mantida secreta, e acuso o segundo Conselho de Guerra de ter encoberto esta ilegalidade, sob ordem, cometendo também o crime jurídico de inocentar um reconhecidamente culpado.
   
 in Wikipédia

quinta-feira, setembro 29, 2022

Émile Zola morreu, misteriosamente, há cento e vinte anos...


Émile Zola
(Paris, 2 de abril de 1840 - Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além de uma importante figura libertária da França. Foi presumivelmente assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.
     

   

Vida

Émile-Édouard-Charles-Antoine Zola nasceu na capital francesa. Filho do engenheiro italiano François Zola (originalmente Francesco Zola) e a sua esposa Émilie Aubert, cresceu em Aix-en-Provence, onde estudou no Collège Bourbon (atualmente conhecido como Collège Mignet) e aos dezoito anos, retorna a Paris para estudar no Lycée Saint-Louis. Devido às complicações financeiras por que passou após a morte do pai, Zola é levado a trabalhar em uma série de escritórios, ocupando cargos de pouca influência.

Inicia-se no ramo jornalístico escrevendo colunas para os jornais Cartier de Villemessant's e Controversial. Suas colunas não poupavam críticas severas a Napoleão III:

(…) meu trabalho torna-se a imagem de um reinado partido, de um estranho período de loucura e vergonha humanas - e à Igreja - A civilização jamais alcançará a perfeição até que a última pedra da última igreja caia sobre o último padre.

A obra de caráter autobiográfico La Confession de Claude (1865), um dos primeiros trabalhos publicados por Zola, atraiu atenção negativa da crítica especializada. O ainda mais criticado

Thérèse Raquin, romance lançado no ano seguinte, apresentou uma abordagem inovadora em sua concepção: inspirado pelos estudos científicos da época, Zola propõe não um simples romance, mas uma análise científica pormenorizada do ser humano, da moral e da sociedade. Thérèse Raquin tornou-se, portanto, marco inicial de um novo movimento literário, oriundo da análise científica e experimental do ser humano: o naturalismo.

Em vida, Zola também demonstrou elevado engajamento político. Certamente, o seu trabalho de maior influência política foi a carta aberta intitulada J'accuse (Eu Acuso), destinada ao então presidente da França Félix Faure. A carta, publicada na primeira página do jornal parisiense L'Aurore em 13 de janeiro de 1898, acusou o governo francês de antissemitismo por julgar e condenar precipitadamente o capitão Alfred Dreyfus, judeu e oficial do exército francês, por traição em 1894.

Émile Zola faleceu em 29 de setembro de 1902 na sua casa em Paris devido à inalação de uma quantidade letal de monóxido de carbono proveniente de uma lareira defeituosa; alguns estudiosos não descartam a hipótese de homicídio.

Em 1908, o corpo de Zola foi transferido do cemitério de Montmartre para o Panteão.

quinta-feira, janeiro 13, 2022

O artigo J'accuse...! foi publicado há 124 anos...!

 
    
J'accuse (em português Eu acuso) é o título do artigo redigido por Émile Zola aquando do caso Dreyfus e publicado no jornal L'Aurore de 13 de janeiro de 1898 sob a forma de uma carta ao presidente da República Francesa, Félix Faure. Zola inspirou-se num dossiê fornecido em 1896 pelo escritor Bernard Lazare.
  
Contexto
Este artigo é publicado três dias após Esterhazy ter sido declarado inocente pelo Conselho de Guerra (10 de janeiro), o que parecia acabar com toda esperança dos que contavam com uma revisão do processo que condenara Dreyfus. Neste artigo, Zola ataca nominalmente os generais e outros oficiais responsáveis do erro judicial que levou ao processo e à condenação, os especialistas em grafologia culpados de «relatórios mentirosos e fraudulentos». Ainda acusava o exército, culpado de uma campanha de imprensa mentirosa, bem como os dois Conselhos de Guerra: um tendo condenado Dreyfus baseado numa prova mantida em segredo, enquanto o segundo inocentou reconhecidamente culpado. Mas, acima de tudo, proclama desde o início a inocência de Dreyfus :
"O meu dever é de falar, não quero ser cúmplice. As minhas noites seriam atormentadas pelo espectro do inocente que paga, na mais horrível das torturas, por um crime que ele não cometeu."

A publicação
O artigo faz a manchete do diário, cujos 300.000 exemplares se esgotam em poucas horas. A emoção é forte, ocasionando um movimento da opinião pública. Vários intelectuais assinam uma petição em favor da revisão do processo, publicada também pelo L'Aurore. Entre eles, Anatole France, Georges Courteline, Octave Mirbeau ou Claude Monet, as assinaturas tendo sido recolhidas por estudantes ou jovens escritores como Marcel Proust. Zola recebe diversas mensagens de apoio, mas também cartas injuriosas e ameaças de carácter anti-semita ou xenófobo (o pai de Zola era italiano). O verdadeiro caso Dreyfus, aquele que vai inflamar as multidões durante vários anos, acaba de nascer.

Sanções e exílio
Na conclusão do artigo, Zola esperava um processo num tribunal criminal a fim de fazer surgir a verdade. Ele será julgado diversas vezes, sendo que o resultado final será uma condenação a 1 ano de prisão e 3.000 francos de multa pelos seus ataques contra o Estado-Maior (Octave Mirbeau paga a multa) e uma condenação a 1 mês de prisão e 1.000 francos de multa pelos seus ataques contra os três especialistas (cada um recebendo 100.000 francos por prejuízos). Para escapar à prisão, Zola exila-se na Inglaterra, onde passará onze meses à espera duma revisão do processo Dreyfus. O comunicado da revisão enviando Dreyfus para um novo Conselho de Guerra é publicado a 3 de junho de 1899. Zola pode então retornar à França, onde ele publica no L'Aurore o artigo Justice, no qual ele se felicita pela decisão. Mas o processo de Rennes será decepcionante para os dreyfusards e Zola continuará a lutar até à sua morte pela reabilitação de Alfred Dreyfus.

A acusação
A título de precisão, o artigo de 13 de janeiro deve seu nome ao facto que, na sua conclusão, todas as frases comecem pela expressão J'accuse (Eu acuso):
  • Eu acuso o tenente-coronel du Paty de Clam de ter sido o artífice diabólico do erro judiciário, inconscientemente, quero crer, e de ter em seguida defendido a sua obra nefasta, durante três anos, através de tramas absurdas e culpáveis.
  • Eu acuso o general Mercier de ter-se mostrado cúmplice, ao menos por fraqueza de espírito, de uma das maiores injustiças do século.
  • Eu acuso o general Billot de ter tido nas suas mãos as provas certas da inocência de Dreyfus e de tê-las abafado, de se tornar culpado deste crime de lesa-humanidade com um objetivo político e para salvar o Estado-Maior comprometido.
  • Eu acuso o general de Boisdeffre e o general Gonse de serem cúmplices do mesmo crime, um sem dúvida por razão clerical, o outro talvez devido a esse espírito corporativista que torna os gabinetes de guerra em arcas santas, inatacáveis.
  • Eu acuso o general de Pellieux e o comandante Ravary de terem feito uma sindicância rápida, e quero com isso dizer uma sindicância da mais monstruosa parcialidade, onde temos, no relatório do segundo, um monumento indestrutível de audácia ingénua.
  • Eu acuso os três especialistas em grafologia, os senhores Belhomme, Varinard e Couard, de terem redigido relatórios mentirosos e fraudulentos, a menos que um exame médico os declare doentes de algum mal da visão e de julgamento.
  • Eu acuso os gabinetes de guerra de terem liderado na imprensa, particularmente no L'Éclair e no L'Écho de Paris, uma campanha abominável para distrair a opinião e cobrir seu erro.
  • Eu acuso finalmente o primeiro Conselho de Guerra de ter violado a lei, ao condenar um acusado apoiado numa prova de acusação mantida secreta, e acuso o segundo Conselho de Guerra de ter encoberto esta ilegalidade, sob ordem, cometendo também o crime jurídico de inocentar um reconhecidamente culpado.»
   
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quarta-feira, setembro 29, 2021

Émile Zola morreu, misteriosamente, há 119 anos


Émile Zola
(Paris, 2 de abril de 1840 - Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além de uma importante figura libertária da França. Foi presumivelmente assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.
     

quarta-feira, janeiro 13, 2021

O artigo J'accuse...! foi publicado há 123 anos

 
  
J'accuse (em português Eu acuso) é o título do artigo redigido por Émile Zola quando do caso Dreyfus e publicado no jornal L'Aurore de 13 de janeiro de 1898 sob a forma de uma carta ao presidente da República Francesa, Félix Faure. Zola inspirou-se num dossiê fornecido em 1896 pelo escritor Bernard Lazare.
  
Contexto
Este artigo é publicado três dias após Esterhazy ter sido declarado inocente pelo Conselho de Guerra (10 de janeiro), o que parecia acabar com toda esperança dos que contavam com uma revisão do processo que condenara Dreyfus. Neste artigo, Zola ataca nominalmente os generais e outros oficiais responsáveis do erro judicial que levou ao processo e à condenação, os especialistas em grafologia culpados de «relatórios mentirosos e fraudulentos». Ainda acusava o exército, culpado de uma campanha de imprensa mentirosa, bem como os dois Conselhos de Guerra: um tendo condenado Dreyfus baseado numa prova mantida em segredo, enquanto o segundo inocentou reconhecidamente culpado. Mas, acima de tudo, proclama desde o início a inocência de Dreyfus :
"O meu dever é de falar, não quero ser cúmplice. As minhas noites seriam atormentadas pelo espectro do inocente que paga, na mais horrível das torturas, por um crime que ele não cometeu."

A publicação
O artigo faz a manchete do diário, cujos 300.000 exemplares se esgotam em poucas horas. A emoção é forte, ocasionando um movimento da opinião pública. Vários intelectuais assinam uma petição em favor da revisão do processo, publicada também pelo L'Aurore. Entre eles, Anatole France, Georges Courteline, Octave Mirbeau ou Claude Monet, as assinaturas tendo sido recolhidas por estudantes ou jovens escritores como Marcel Proust. Zola recebe diversas mensagens de apoio, mas também cartas injuriosas e ameaças de carácter anti-semita ou xenófobo (o pai de Zola era italiano). O verdadeiro caso Dreyfus, aquele que vai inflamar as multidões durante vários anos, acaba de nascer.

Sanções e exílio
Na conclusão do artigo, Zola esperava um processo num tribunal criminal a fim de fazer surgir a verdade. Ele será julgado diversas vezes, sendo que o resultado final será uma condenação a 1 ano de prisão e 3.000 francos de multa pelos seus ataques contra o Estado-Maior (Octave Mirbeau paga a multa) e uma condenação a 1 mês de prisão e 1 000 francos de multa pelos seus ataques contra os três especialistas (cada um recebendo 100.000 francos por prejuízos). Para escapar à prisão, Zola exila-se na Inglaterra, onde passará onze meses à espera duma revisão do processo Dreyfus. O comunicado da revisão enviando Dreyfus para um novo Conselho de Guerra é publicado a 3 de junho de 1899. Zola pode então retornar à França, onde ele publica no L'Aurore o artigo Justice, no qual ele se felicita pela decisão. Mas o processo de Rennes será decepcionante para os dreyfusards e Zola continuará a lutar até à sua morte pela reabilitação de Alfred Dreyfus.

A acusação
A título de precisão, o artigo de 13 de janeiro deve seu nome ao facto que, na sua conclusão, todas as frases comecem pela expressão J'accuse (Eu acuso):
  • Eu acuso o tenente-coronel du Paty de Clam de ter sido o artífice diabólico do erro judiciário, inconscientemente, quero crer, e de ter em seguida defendido a sua obra nefasta, durante três anos, através de tramas absurdas e culpáveis.
  • Eu acuso o general Mercier de ter-se mostrado cúmplice, ao menos por fraqueza de espírito, de uma das maiores injustiças do século.
  • Eu acuso o general Billot de ter tido nas suas mãos as provas certas da inocência de Dreyfus e de tê-las abafado, de se tornar culpado deste crime de lesa-humanidade com um objetivo político e para salvar o Estado-Maior comprometido.
  • Eu acuso o general de Boisdeffre e o general Gonse de serem cúmplices do mesmo crime, um sem dúvida por razão clerical, o outro talvez devido a esse espírito corporativista que torna os gabinetes de guerra em arcas santas, inatacáveis.
  • Eu acuso o general de Pellieux e o comandante Ravary de terem feito uma sindicância rápida, e quero com isso dizer uma sindicância da mais monstruosa parcialidade, onde temos, no relatório do segundo, um monumento indestrutível de audácia ingénua.
  • Eu acuso os três especialistas em grafologia, os senhores Belhomme, Varinard e Couard, de terem redigido relatórios mentirosos e fraudulentos, a menos que um exame médico os declare doentes de algum mal da visão e de julgamento.
  • Eu acuso os gabinetes de guerra de terem liderado na imprensa, particularmente no L'Éclair e no L'Écho de Paris, uma campanha abominável para distrair a opinião e cobrir seu erro.
  • Eu acuso finalmente o primeiro Conselho de Guerra de ter violado a lei, ao condenar um acusado apoiado numa prova de acusação mantida secreta, e acuso o segundo Conselho de Guerra de ter encoberto esta ilegalidade, sob ordem, cometendo também o crime jurídico de inocentar um reconhecidamente culpado.»
   
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sábado, janeiro 13, 2018

O artigo J'accuse foi publicado há 120 anos

 
J'accuse (em português Eu acuso) é o título do artigo redigido por Émile Zola quando do caso Dreyfus e publicado no jornal L'Aurore de 13 de janeiro de 1898 sob a forma de uma carta ao presidente da República Francesa, Félix Faure. Zola inspirou-se num dossiê fornecido em 1896 pelo escritor Bernard Lazare.
  
Contexto
Este artigo é publicado três dias após Esterhazy ter sido declarado inocente pelo Conselho de Guerra (10 de janeiro), o que parecia acabar com toda esperança dos que contavam com uma revisão do processo que condenara Dreyfus. Neste artigo, Zola ataca nominalmente os generais e outros oficiais responsáveis do erro judicial que levou ao processo e à condenação, os especialistas em grafologia culpados de «relatórios mentirosos e fraudulentos». Ainda acusava o exército, culpado de uma campanha de imprensa mentirosa, bem como os dois Conselhos de Guerra: um tendo condenado Dreyfus baseado numa prova mantida em segredo, enquanto o segundo inocentou reconhecidamente culpado. Mas, acima de tudo, proclama desde o início a inocência de Dreyfus :
« Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. Mes nuits seraient hantées par le spectre de l'innocent qui expie là-bas, dans la plus affreuse des tortures, un crime qu'il n'a pas commis. »
"O meu dever é de falar, não quero ser cúmplice. As minhas noites seriam atormentadas pelo espectro do inocente que paga, na mais horrível das torturas, por um crime que ele não cometeu."

A publicação
O artigo faz a manchete do diário, cujos 300 000 exemplares se esgotam em poucas horas. A emoção é forte, ocasionando um movimento da opinião pública. Vários intelectuais assinam uma petição em favor da revisão do processo, publicada também pelo L'Aurore. Entre eles, Anatole France, Georges Courteline, Octave Mirbeau ou Claude Monet, as assinaturas tendo sido recolhidas por estudantes ou jovens escritores como Marcel Proust. Zola recebe diversas mensagens de apoio, mas também cartas injuriosas e ameaças de carácter anti-semita ou xenófobo (o pai de Zola era italiano). O verdadeiro caso Dreyfus, aquele que vai inflamar as multidões durante vários anos, acaba de nascer.

Sanções e exílio
Na conclusão do artigo, Zola esperava um processo num tribunal criminal a fim de fazer surgir a verdade. Ele será julgado diversas vezes, sendo que o resultado final será uma condenação a 1 ano de prisão e 3.000 francos de multa pelos seus ataques contra o Estado-Maior (Octave Mirbeau paga a multa) e uma condenação a 1 mês de prisão e 1 000 francos de multa pelos seus ataques contra os três especialistas (cada um recebendo 100.000 francos por prejuízos). Para escapar à prisão, Zola exila-se na Inglaterra, onde passará onze meses à espera duma revisão do processo Dreyfus. O comunicado da revisão enviando Dreyfus para um novo Conselho de Guerra é publicado a 3 de junho de 1899. Zola pode então retornar à França, onde ele publica no L'Aurore o artigo Justice, no qual ele se felicita pela decisão. Mas o processo de Rennes será decepcionante para os dreyfusards e Zola continuará a lutar até à sua morte pela reabilitação de Alfred Dreyfus.

A acusação
A título de precisão, o artigo de 13 de janeiro deve seu nome ao facto que, na sua conclusão, todas as frases comecem pela expressão J'accuse (Eu acuso):
  • «J'accuse le lieutenant-colonel du Paty de Clam d'avoir été l'ouvrier diabolique de l'erreur judiciaire, en inconscient, je veux le croire, et d'avoir ensuite défendu son œuvre néfaste, depuis trois ans, par les machinations les plus saugrenues et les plus coupables.
Eu acuso o tenente-coronel du Paty de Clam de ter sido o artífice diabólico do erro judiciário, inconscientemente, quero crer, e de ter em seguida defendido a sua obra nefasta, durante três anos, através de tramas absurdas e culpáveis.
  • J'accuse le général Mercier de s'être rendu complice, tout au moins par faiblesse d'esprit, d'une des plus grandes iniquités du siècle.
Eu acuso o general Mercier de ter-se mostrado cúmplice, ao menos por fraqueza de espírito, de uma das maiores injustiças do século.
  • J'accuse le général Billot d'avoir eu entre les mains les preuves certaines de l'innocence de Dreyfus et de les avoir étouffées, de s'être rendu coupable de ce crime de lèse-humanité et de lèse-justice, dans un but politique et pour sauver l'état-major compromis.
Eu acuso o general Billot de ter tido nas suas mãos as provas certas da inocência de Dreyfus e de tê-las abafado, de se tornar culpado deste crime de lesa-humanidade com um objetivo político e para salvar o Estado-Maior comprometido.
  • J'accuse le général de Boisdeffre et le général Gonse de s'être rendus complices du même crime, l'un sans doute par passion cléricale, l'autre peut-être par cet esprit de corps qui fait des bureaux de la guerre l'arche sainte, inattaquable.
Eu acuso o general de Boisdeffre e o general Gonse de serem cúmplices do mesmo crime, um sem dúvida por razão clerical, o outro talvez devido a esse espírito corporativista que torna os gabinetes de guerra em arcas santas, inatacáveis.
  • J'accuse le général de Pellieux et le commandant Ravary d'avoir fait une enquête scélérate, j'entends par là une enquête de la plus monstrueuse partialité, dont nous avons, dans le rapport du second, un impérissable monument de naïve audace.
Eu acuso o general de Pellieux e o comandante Ravary de terem feito uma sindicância rápida, e quero com isso dizer uma sindicância da mais monstruosa parcialidade, onde temos, no relatório do segundo, um monumento indestrutível de audácia ingénua.
  • J'accuse les trois experts en écritures, les sieurs Belhomme, Varinard et Couard, d'avoir fait des rapports mensongers et frauduleux, à moins qu'un examen médical ne les déclare atteints d'une maladie de la vue et du jugement.
Eu acuso os três especialistas em grafologia, os senhores Belhomme, Varinard e Couard, de terem redigido relatórios mentirosos e fraudulentos, a menos que um exame médico os declare doentes de algum mal da visão e de julgamento.
  • J'accuse les bureaux de la guerre d'avoir mené dans la presse, particulièrement dans L'Éclair et dans L'Écho de Paris, une campagne abominable, pour égarer l'opinion et couvrir leur faute.
Eu acuso os gabinetes de guerra de terem liderado na imprensa, particularmente no L'Éclair e no L'Écho de Paris, uma campanha abominável para distrair a opinião e cobrir seu erro.
  • J'accuse enfin le premier conseil de guerre d'avoir violé le droit, en condamnant un accusé sur une pièce restée secrète, et j'accuse le second conseil de guerre d'avoir couvert cette illégalité, par ordre, en commettant à son tour le crime juridique d'acquitter sciemment un coupable.
Eu acuso finalmente o primeiro Conselho de Guerra de ter violado a lei, ao condenar um acusado apoiado numa prova de acusação mantida secreta, e acuso o segundo Conselho de Guerra de ter encoberto esta ilegalidade, sob ordem, cometendo também o crime jurídico de inocentar um reconhecidamente culpado.»
 
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sexta-feira, setembro 29, 2017

Émile Zola morreu, misteriosamente, há 115 anos

Émile Zola (Paris, 2 de abril de 1840 - Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além de uma importante figura libertária da França. Foi presumivelmente assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.


domingo, janeiro 13, 2013

Zola publicou o seu famoso artigo J'accuse, sobre o caso Dreyfus, há 115 anos

J'accuse (em português Eu acuso) é o título do artigo redigido por Émile Zola quando do caso Dreyfus e publicado no jornal L'Aurore do 13 de janeiro de 1898 sob a forma de uma carta ao presidente da República Francesa, Félix Faure. Zola inspirou-se num dossiê fornecido em 1896 pelo escritor Bernard Lazare.

Contexto
Este artigo é publicado três dias após Esterhazy ter sido inocentado pelo Conselho de Guerra (10 de janeiro), o que parece acabar com toda esperança dos que contavam com uma revisão do processo que condenara Dreyfus. Neste artigo, Zola ataca nominalmente os generais e outros oficiais responsáveis do erro judicial que levou ao processo e à condenação, os especialistas em grafologia culpados de «relatórios mentirosos e fraudulentos.» Ele ainda acusa o exército, culpado de uma campanha de imprensa mentirosa, bem como os dois Conselhos de Guerra: um tendo condenado Dreyfus baseado em uma peça mantida em segredo, enquanto o segundo inocentou vergonhosamente um culpado. Mas, acima de tudo, ele proclama desde o início a inocência de Dreyfus :
«Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. Mes nuits seraient hantées par le spectre de l'innocent qui expie là-bas, dans la plus affreuse des tortures, un crime qu'il n'a pas commis.»
Meu dever é de falar, não quero ser cúmplice. Minhas noites seriam atormentadas pelo espectro do inocente que paga, na mais horrível das torturas, por um crime que ele não cometeu.

A publicação
O artigo faz a manchete do diário, cujos 300 000 exemplares esgotam-se em poucas horas. A emoção é forte, ocasionando um movimento da opinião pública. Vários intelectuais assinam uma petição em favor da revisão do processo, publicada ela também pelo L'Aurore. Entre eles, Anatole France, Georges Courteline, Octave Mirbeau ou Claude Monet, as assinaturas tendo sido recolhidas por estudantes ou jovens escritores como Marcel Proust. Zola recebe diversas mensagens de apoio, mas também cartas injuriosas e ameaças de caráter anti-semita ou xenófobo (o pai de Zola era italiano). O verdadeiro caso Dreyfus, aquele que vai inflamar as multidões durante vários anos, acaba de nascer.

Sanções e exílio
Em conclusão do artigo, Zola esperava um processo em um tribunal criminal a fim de fazer surgir a verdade. Ele será julgado diversas vezes, sendo que o resultado final será uma condenação a 1 ano de prisão e 3.000 francos de multa por seus ataques contra o Estado-Maior (Octave Mirbeau paga a multa) e uma condenação a 1 mês de prisão e 1 000 francos de multa por seus ataques contra os três especialistas (cada um recebendo 10 000 francos por prejuízos). Para escapar à prisão, Zola exila-se na Inglaterra, onde ele passará onze meses à espera de uma revisão do processo Dreyfus. O comunicado da revisão enviando Dreyfus ao Conselho de Guerra de Rennes é publicado em 3 de junho de 1899. Zola pode então retornar à França, onde ele publica no L'Aurore o artigo Justice, no qual ele se felicita pela decisão. Mas o processo de Rennes será decepcionante para os dreyfusards, e Zola continuará a lutar até sua morte pela reabilitação de Alfred Dreyfus.

O texto de Zola
A título de precisão, o artigo de 13 de janeiro deve seu nome ao facto que, na sua conclusão, todas as frases comecem pela expressão J'accuse (Eu acuso):
  • «J'accuse le lieutenant-colonel du Paty de Clam d'avoir été l'ouvrier diabolique de l'erreur judiciaire, en inconscient, je veux le croire, et d'avoir ensuite défendu son œuvre néfaste, depuis trois ans, par les machinations les plus saugrenues et les plus coupables.
Eu acuso o tenente-coronel du Paty de Clam de ter sido o artífice diabólico do erro judiciário, inconscientemente, quero crer, e de ter em seguida defendido sua obra nefasta, durante três anos, através de tramas absurdas e culpáveis.
  • J'accuse le général Mercier de s'être rendu complice, tout au moins par faiblesse d'esprit, d'une des plus grandes iniquités du siècle.
Eu acuso o general Mercier de ter-se mostrado cúmplice, ao menos por fraqueza de espírito, de uma das maiores injustiças do século.
  • J'accuse le général Billot d'avoir eu entre les mains les preuves certaines de l'innocence de Dreyfus et de les avoir étouffées, de s'être rendu coupable de ce crime de lèse-humanité et de lèse-justice, dans un but politique et pour sauver l'état-major compromis.
Eu acuso o general Billot de ter tido nas suas mãos as provas certas da inocência de Dreyfus e de tê-las abafado, de se tornar culpado deste crime de lesa-humanidade com um objetivo político e para salvar o Estado-Maior comprometido.
  • J'accuse le général de Boisdeffre et le général Gonse de s'être rendus complices du même crime, l'un sans doute par passion cléricale, l'autre peut-être par cet esprit de corps qui fait des bureaux de la guerre l'arche sainte, inattaquable.
Eu acuso o general de Boisdeffre e o general Gonse de serem cúmplices do mesmo crime, um sem dúvida por razão clerical, o outro talvez devido a esse espírito corporativista que torna os gabinetes de guerra em arcas santas, inatacáveis.
  • J'accuse le général de Pellieux et le commandant Ravary d'avoir fait une enquête scélérate, j'entends par là une enquête de la plus monstrueuse partialité, dont nous avons, dans le rapport du second, un impérissable monument de naïve audace.
Eu acuso o general de Pellieux e o comandante Ravary de terem feito uma sindicância rápida, e quero com isso dizer uma sindicância da mais monstruosa parcialidade, onde temos, no relatório do segundo, um monumento indestrutível de audácia ingênua.
  • J'accuse les trois experts en écritures, les sieurs Belhomme, Varinard et Couard, d'avoir fait des rapports mensongers et frauduleux, à moins qu'un examen médical ne les déclare atteints d'une maladie de la vue et du jugement.
Eu acuso os três especialistas em grafologia, os senhores Belhomme, Varinard e Couard, de terem redigido relatórios mentirosos e fraudulentos, a menos que um exame médico os declare doentes de algum mal da vista e de julgamento.
  • J'accuse les bureaux de la guerre d'avoir mené dans la presse, particulièrement dans L'Éclair et dans L'Écho de Paris, une campagne abominable, pour égarer l'opinion et couvrir leur faute.
Eu acuso os gabinetes de guerra de terem liderado na imprensa, particularmente no L'Éclair e no L'Écho de Paris, uma campanha abominável para distrair a opinião e cobrir seu erro.
  • J'accuse enfin le premier conseil de guerre d'avoir violé le droit, en condamnant un accusé sur une pièce restée secrète, et j'accuse le second conseil de guerre d'avoir couvert cette illégalité, par ordre, en commettant à son tour le crime juridique d'acquitter sciemment un coupable.
Eu acuso enfim o primeiro Conselho de Guerra de ter violado a lei ao condenar um acusado apoiado em uma peça de acusação mantida secreta, e acuso o segundo Conselho de Guerra de ter encoberto esta ilegalidade, sob ordem, cometendo também o crime jurídico de inocentar intencionalmente um culpado.»


Michel Sardou - J'accuse

J'accuse les hommes un par un et en groupe
J'accuse les hommes de cracher dans leur soupe
D'assassiner la poule aux oeufs d'argent
De ne prévoir que le bout de leur temps
J'accuse les hommes de salir les torrents
D'empoisonner le sable des enfants
De névroser l'âme des pauvres gens
De nécroser le fond des océans

J'accuse les hommes de violer les étoiles
Pour faire bander le Cap Canaveral
De se repaître de sexe et de sang
Pour oublier qu'ils sont des impuissants
De rassembler les génies du néant
De pétroler l'aile des goélands
D'atomiser le peu d'air qu'ils respirent
De s'enfumer pour moins se voir mourir

J'accuse

J'accuse les hommes de crimes sans pardon
Au nom d'un homme ou d'une religion
J'accuse les hommes de croire des hypocrites
Moitié pédés moitié hermaphrodites
Qui jouent les durs pour enfoncer du beurre
Et s'agenouillent aussitôt qu'ils ont peur
J'accuse les hommes de se croire des surhommes
Alors qu'ils sont bêtes à croquer la pomme

J'accuse les hommes je veux qu'on les condamne
Au maximum qu'on arrache leur âme
Et qu'on la jette aux rats et aux cochons
Pour voir comment eux ils s'en serviront
J'accuse les hommes en un mot comme en cent
J'accuse les hommes d'être bête et méchants
Bêtes à marcher au pas des régiments
De n'être pas des hommes tout simplement

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Zola publicou J'accuse...! há 114 anos

 Capa do jornal "L'Aurore" de 13 de janeiro de 1898, com a carta de Zola sobre o caso Dreyfus

J'accuse (em português Eu acuso) é o título do artigo redigido por Émile Zola quando do caso Dreyfus e publicado no jornal L'Aurore do 13 de janeiro de 1898 sob a forma de uma carta ao presidente da República Francesa, Félix Faure. Zola inspirou-se num dossier fornecido em 1896 pelo escritor Bernard Lazare.
Este artigo é publicado três dias após Esterhazy ter sido inocentado pelo Conselho de Guerra (10 de janeiro), o que parece acabar com toda esperança dos que contavam com uma revisão do processo que condenara Dreyfus. Neste artigo, Zola ataca nominalmente os generais e outros oficiais responsáveis do erro judicial que levou ao processo e à condenação, os especialistas em grafologia culpados de « relatórios mentirosos e fraudulentos. » Ele ainda acusa o exército, culpado de uma campanha de imprensa mentirosa, bem como os dois Conselhos de Guerra: um tendo condenado Dreyfus baseado em uma peça mantida em segredo, enquanto o segundo inocentou sabidamente um culpado. Mas, acima de tudo, ele proclama desde o início a inocência de Dreyfus :
« Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. Mes nuits seraient hantées par le spectre de l'innocent qui expie là-bas, dans la plus affreuse des tortures, un crime qu'il n'a pas commis. »
Meu dever é de falar, não quero ser cúmplice. Minhas noites seriam atormentadas pelo espectro do inocente que paga, na mais horrível das torturas, por um crime que ele não cometeu.
 O artigo faz a manchete do diário, cujos 300 000 exemplares esgotam-se em poucas horas. A emoção é forte, ocasionando um movimento da opinião pública. Vários intelectuais assinam uma petição em favor da revisão do processo, publicada ela também pelo L'Aurore. Entre eles, Anatole France, Georges Courteline, Octave Mirbeau ou Claude Monet, as assinaturas tendo sido recolhidas por estudantes ou jovens escritores como Marcel Proust. Zola recebe diversas mensagens de apoio, mas também cartas injuriosas e ameaças de caráter anti-semita ou xenófobo (o pai de Zola era italiano). O verdadeiro caso Dreyfus, aquele que vai inflamar as multidões durante vários anos, acaba de nascer.
Em conclusão do artigo, Zola esperava um processo em um tribunal criminal a fim de fazer surgir a verdade. Ele será julgado diversas vezes, sendo que o resultado final será uma condenação a 1 ano de prisão e 3 000 francos de multa por seus ataques contra o Estado-Maior (Octave Mirbeau paga a multa) e uma condenação a 1 mês de prisão e 1 000 francos de multa por seus ataques contra os três especialistas (cada um recebendo 10 000 francos por prejuízos). Para escapar à prisão, Zola exila-se na Inglaterra, onde ele passará onze meses à espera de uma revisão do processo Dreyfus. O comunicado da revisão enviando Dreyfus diante do Conselho de Guerra de Rennes é publicado em 3 de junho de 1899. Zola pode então retornar à França, onde ele publica no L'Aurore o artigo Justice, no qual ele se felicita pela decisão. Mas o processo de Rennes será decepcionante para os dreyfusards, e Zola continuará a lutar até sua morte pela reabilitação de Alfred Dreyfus.

Caso Dreyfus - foi um escândalo político que dividiu a França por muitos anos, durante o final do século XIX. Centrava-se na condenação por alta traição de Alfred Dreyfus em 1894, um oficial de artilharia do exército francês, de origem judaica. O acusado sofreu um processo fraudulento conduzido a portas fechadas. Dreyfus era, em verdade, inocente: a condenação baseava-se em documentos falsos. Quando os oficiais de alta-patente franceses se aperceberam disto, tentaram ocultar o erro judicial. A farsa foi acobertada por uma onda de nacionalismo e xenofobia que invadiu a Europa no final do século XIX.

domingo, outubro 09, 2011

O militar francês de origem judaica Alfred Dreyfus nasceu há 152 anos

Alfred Dreyfus (Mulhouse, 9 de outubro de 1859Paris, 12 de julho de 1935) foi um capitão do exército francês de origem judaica. Injustamente acusado e condenado por traição - depois amnistiado e reabilitado - foi o centro de um famoso episódio de conotações sociais e políticas, durante a Terceira República francesa, e que ficou conhecido como o caso Dreyfus.

Incriminado por um conjunto de documentos falsos, (como o Le bordereau) seu caso repercutiu por todo o mundo. Inserida no quadro de uma campanha nacionalista e revanchista contra Império alemão que acabou por assumir características de antissemitismo - com a condenação dos judeus como não-franceses - essa farsa, entretanto, foi sendo aos poucos esclarecida graças à atuação dos escritores Anatole France (1844-1924) e Émile Zola (1840-1902), além do brasileiro Rui Barbosa, uma das vozes pioneiras no caso.
Em 13 de Janeiro de 1898, no jornal L'Aurore, Émile Zola escreveu a famosa carta aberta ao presidente, com o título J'accuse! (Eu Acuso!), denunciando o Alto Comando Militar francês, os tribunais, enfim, todos os que condenaram Dreyfus, incendiando a opinião pública nacional. O escritor se apoiava no trabalho do chefe do serviço secreto francês, coronel Georges Picquart, que concluía que os documentos contra Dreyfus haviam sido falsificados.
Amnistiado por ordem do Executivo, deixou a prisão e foi viver com uma das suas irmãs, em Carpentras, e, mais tarde, em Cologny.
Foi oficialmente reabilitado em 1906. Em 15 de outubro do mesmo ano, foi-lhe dado o comando da unidade de artilharia de Saint-Denis. Contudo o exército continuou sustentando a acusação contra Dreyfus, de ser um traidor ou pelo menos suspeito de traição.
Em 4 de Junho de 1908, sofreu um atentado a bala durante a cerimónia da transferência das cinzas de Émile Zola para o Panteão de Paris, ficando ferido apenas num braço. O autor do atentado Louis-Anthelme Grégori, foi absolvido da acusação de tentativa de homicídio.