quinta-feira, janeiro 03, 2013

Hoje é dia de ouvir um Fado especial...


Fado de Peniche (Abandono) - Amália Rodrigues
Poema de David Mourão-Ferreira e música de Alain Oulman

Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar




Levaram-te a meio da noite
A treva tudo cobria
Foi de noite numa noite
De todas a mais sombria
Foi de noite, foi de noite
E nunca mais se fez dia.



 

Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar
E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar.

Música nova para começar bem o ano


Carly Rae Jepsen - Call Me Maybe


I threw a wish in the well,
Don't ask me, I'll never tell
I looked to you as it fell,
And now you're in my way

I trade my soul for a wish,
Pennies and dimes for a kiss
I wasn't looking for this,
But now you're in my way

Your stare was holdin',
Ripped jeans, skin was showin'
Hot night, wind was blowin'
Where you think you're going, baby?

Hey, I just met you,
And this is crazy,
But here's my number,
So call me, maybe?

It's hard to look right,
At you baaaabeh,
But here's my number,
So call me, maybe?

Hey, I just met you,
And this is crazy,
But here's my number,
So call me, maybe?

And all the other boys,
Try to chaaase me,
But here's my number,
So call me, maybe?

You took your time with the call,
I took no time with the fall
You gave me nothing at all,
But still, you're in my way

I beg, and borrow and steal
Have foresight and it's real
I didn't know I would feel it,
But it's in my way

Your stare was holdin',
Ripped jeans, skin was showin'
Hot night, wind was blowin'
Where you think you're going, baby?

Hey, I just met you,
And this is crazy,
But here's my number,
So call me, maybe?

It's hard to look right,
At you baaaabeh,
But here's my number,
So call me, maybe?

Hey, I just met you,
And this is crazy,
But here's my number,
So call me, maybe?

And all the other boys,
Try to chaaase me,
But here's my number,
So call me, maybe?

Before you came into my life
I missed you so bad
I missed you so bad
I missed you so, so bad

Before you came into my life
I missed you so bad
And you should know that
I missed you so, so bad

It's hard to look right,
At you baaaabeh,
But here's my number,
So call me, maybe?

Hey, I just met you,
And this is crazy,
But here's my number,
So call me, maybe?

And all the other boys,
Try to chaaase me,
But here's my number,
So call me, maybe?

Before you came into my life
I missed you so bad
I missed you so bad
I missed you so so bad

Before you came into my life
I missed you so bad
And you should know that

So call me, maybe?

A Fuga de Peniche foi há 53 anos

A chamada Fuga de Peniche foi um episódio da história de Portugal - no contexto da oposição ao regime salazarista - ocorrido na prisão de alta-segurança de Peniche a 3 de janeiro de 1960.
Teve como atores os chamados Dez de Peniche, a saber:
A operação foi organizada internamente por uma comissão integrada por Álvaro Cunhal, Jaime Serra e Joaquim Gomes e, no exterior, por Pires Jorge e Dias Lourenço, com a ajuda de Octávio Pato, Rui Perdigão e Rogério Paulo.
Na data aprazada, ao final da tarde, um automóvel (conduzido pelo ator, já falecido, Rogério Paulo) parou em frente ao forte com o porta-bagagens aberto. Esse era o sinal combinado para que, no interior da prisão se soubesse que, no exterior, estava tudo a postos para a fuga.
O carcereiro foi então neutralizado com o emprego de uma anestesia e, com a ajuda de um sentinela – o guarda José Alves – que fazia parte do plano de fuga, os prisioneiros atravessaram, sem serem percebidos pelos demais sentinelas, o trecho mais exposto do percurso. Encontrando-se no piso superior, desceram para o piso inferior por uma árvore. Daí correram para o pano exterior da muralha, para logo descerem o mesmo com o auxílio de uma corda feita com lençóis até alcançarem o fosso exterior. Dele, tiveram ainda que saltar um muro para chegar à vila, onde já se encontravam à espera os automóveis que os haviam de transportar para as casas clandestinas onde deveriam passar a noite.
Álvaro Cunhal passou a noite na casa de Pires Jorge em São João do Estoril, onde ficou a viver clandestinamente durante algum tempo.
O guarda José Alves que participou na conspiração exilou-se logo em Bucareste, Roménia. Aí juntou-se-lhe mais tarde a família. José Alves, a quem fora garantido pelos demais conspiradores que no exílio iria ter uma boa vida, não viu as suas expectativas realizadas e acabou por suicidar-se (ao que não haveria sido alheio encontrar-se longe da pátria e sem perspectiva de poder regressar assim como possíveis dificuldades materiais por haver sido esbolhado da recompensa). Após o 25 de abril, sua esposa veio a Portugal e haveria tentado falar com Álvaro Cunhal (na altura ministro do governo provisório). Em 1960 José Alves recebeu dos conspiradores 120 contos de réis de recompensa mas, no seguimento da operação, sua esposa foi detida e havendo confessado a existência do dinheiro, ele foi-lhe confiscado pelo Estado. Dele foi posteriormente ressarcida após o 25 de abril.

J.R.R. Tolkien nasceu há 121 anos

John Ronald Reuel Tolkien (Bloemfontein, 3 de janeiro de 1892 - Bournemouth, 2 de setembro de 1973) conhecido internacionalmente por J.R.R. Tolkien, foi um premiado escritor, professor universitário e filólogo britânico, nascido na África, que recebeu o título de doutor em Letras e Filologia pela Universidade de Liège e Dublin, em 1954, e autor das obras como O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion.
Tolkien nasceu em Bloemfontein, na República do Estado Livre de Orange, na atual África do Sul, e, aos três anos de idade, com a sua mãe e irmão, passou a viver em Inglaterra, terra natal de seus pais, tendo naturalizado-se britânico. Desde pequeno fascinado pela linguística, fez a licenciatura na faculdade de Letras em Exeter. Participou ativamente da Primeira Guerra Mundial, onde começou a escrever os primeiros rascunhos do que se tornaria o seu "mundo secundário", complexo e cheio de vida, denominado Arda, palco das suas mundialmente famosas obras como “O Hobbit”, “O Senhor dos Anéis” e “O Silmarillion”, esta última, a sua maior paixão, postumamente publicada, que é considerada a sua principal obra, embora não a mais famosa.
Tornou-se filólogo e professor universitário, tendo sido professor de anglo-saxão (e considerado um dos maiores especialistas do assunto) na Universidade de Oxford entre 1925 a 1945, e de inglês e literatura inglesa na mesma universidade de 1945 a 1959. Mesmo precedido de outros escritores de fantasia, tais como William Morris, Robert E. Howard e E. R. Eddison, devido à grande popularidade do seu trabalho, Tolkien ficou conhecido como o "pai da moderna literatura fantástica". A suas obras foram traduzidas para mais de 34 idiomas, vendeu mais de 200 milhões de cópias e influenciou toda uma geração.
Católico convicto, Tolkien foi amigo íntimo de C.S. Lewis, autor de “As Crónicas de Nárnia”, ambos membros do grupo de literatura The Inklings. Juntos planearam, na década de 1940, escrever um livro sobre a língua, que seria publicado na década seguinte. O livro, que se chamaria "Linguagem e Natureza Humana", no entanto, nunca chegou a ser publicado.

John Paul Jones, antigo membro dos Led Zeppelin, faz hoje 67 anos

John Paul Jones, nome artístico de John Baldwin (Sidcup, 3 de janeiro de 1946) é um multi-instrumentista, baixista e teclista britânico. Jones foi baixista, teclista e um dos membros dos Led Zeppelin até à separação da banda após a morte de John Bonham, em 1980. Desde então, Jones vem desenvolvendo uma carreira a solo. Também toca guitarra, bandolim, koto, harmónica e ukulele.
De acordo com o Allmusic, Jones "deixou sua marca na história da música rock & roll como um músico inovador, arranjador e diretor". Muitos baixistas notáveis do rock ​​foram influenciados por John Paul Jones, incluindo John Deacon, Geddy Lee, Steve Harris, Flea, Gene Simmons, e Krist Novoselic. Jones é atualmente parte da banda Them Crooked Vultures com Josh Homme e Dave Grohl, onde ele interpreta o baixo, piano e outros instrumentos.


Thomas Bangalter, dos Daft Punk, faz hoje 38 anos

Thomas Bangalter est un musicien, chanteur, disc jockey, réalisateur et scénariste français né le 3 janvier 1975 à Paris et est notamment l'un des membres du groupe de musique électronique Daft Punk. Il est le fils de Daniel Bangalter, alias Daniel Vangarde, producteur et parolier français des années 1970.

En 1987, Thomas Bangalter rencontre Guy-Manuel de Homem-Christo au Lycée Carnot, à Paris. Ensemble et avec Laurent Brancowitz, futur guitariste du groupe Phoenix, ils formeront le groupe de rock Darlin' en 1992, puis Daft Punk en 1993.
En 2002, il signe la bande originale du film Irréversible de Gaspard Noé, avec Vincent Cassel et Monica Bellucci. La même année, il co-signe le scénario de Interstella 5555, un animé basé sur l'album Discovery.
En 2009, il collabore à nouveau avec Gaspard Noé pour la bande sonore de Enter the Void.
Thomas Bangalter a fondé en 1995 son propre label, Roulé, sur lequel il sort ses propres productions et produit d'autres groupes. Il a eu deux fils, Tarrajey et Roxan, avec sa femme l'actrice française Élodie Bouchez.
Artiste aussi prolifique que discret (il refuse de se montrer à visage découvert - règle qu'il s'est imposée au sein des Daft Punk - sauf en de rares occasions, comme lors de la soirée Alors les filles on fête Noël en décembre 2006 ou lors de la soirée d'anniversaire de l'ex-manager du duo Daft Punk Busy P. à Los Angeles en avril 2009). Il est un des initiateurs de la French Touch, grâce à ses nombreuses collaborations (la plus marquante étant Stardust).
Auteur du titre Gym Tonic en 1998 pour Bob Sinclar, disponible sur l'album Paradise, Bob Sinclar a utilisé la chanson en version maxi sans son consentement, Bob Sinclar s'est approprié la paternité du morceau, créditant sur l'album Thomas Bangalter de «remixer». Les avocats de Jane Fonda sont allés en justice car sa voix avait été samplée sans son accord.
Thomas Bangalter est un artiste aux vastes goûts musicaux, ce qui lui a en partie permis d'étendre sa célébrité à l'international. On retrouve notamment son nom sur l'album The Big Bang du rappeur Busta Rhymes, dans lequel il collabore au morceau Touch It.
En 2010, il compose les musiques de Tron : L'Héritage.
En 2011, il réalise le court-métrage publicitaire "S/S 2012" pour la marque de vêtements Co, dans lequel joue sa femme, l'actrice Elodie Bouchez.


quarta-feira, janeiro 02, 2013

One day...


Asaf Avidan - One day

One day baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old
And think of all the stories that we could have told


(One day...)

No more tears, my heart is dry
I don't laugh and I don't cry
I don't think about you all the time
But when I do – I wonder why


One day baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old
And think of all the stories that we could have told


One day baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old

One day baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old
And think of all the stories that we could have told

One day baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old

(One day...)

One day baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old
And think of all the stories that we could have told


One day baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old

One day baby, we'll be old
Oh baby, we'll be old
And think of all the stories that we could have told

Isaac Asimov nasceu há 93 anos

Isaac Asimov (Petrovichi, circa 2 de janeiro de 1920* - Nova Iorque, 6 de abril de 1992), foi um escritor e bioquímico americano, nascido na Rússia, autor de obras de ficção científica e divulgação científica.
A obra mais famosa de Asimov é a série da Fundação, também conhecida como Trilogia da Fundação, que faz parte da série do Império Galáctico e que logo combinou com sua outra grande série dos Robots. Também escreveu obras de mistério e fantasia, assim como uma grande quantidade de não-ficção. No total, escreveu ou editou mais de 500 volumes, aproximadamente 90 000 cartas ou postais, e tem obras em cada categoria importante do sistema de classificação bibliográfica de Dewey, exceto em filosofia.
Asimov foi reconhecido como mestre do género da ficção científica e, juntamente com Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke, foi considerado em vida como um dos "Três Grandes" escritores da ficção científica.
Asimov foi membro e vice-presidente por muito tempo da Mensa, ainda que relutantemente. Exercia, com mais frequência e assiduidade, a presidência da American Humanist Association (Associação Humanista Americana).
Em 1981, um asteroide recebeu seu nome em sua homenagem, o 5020 Asimov. O robô humanóide "ASIMO" da Honda, também pode ser considerada uma homenagem indireta a Asimov, pois o nome do robô significa, em inglês, Advanced Step in Innovative Mobility, além de também significar, em japonês, "também com pernas" (ashi mo), em um trocadilho linguístico em relação à propriedade inovadora de movimentação deste robô.


*"The date of my birth, as I celebrate it, was January 2, 1920. It could not have been later than that. It might, however, have been earlier. Allowing for the uncertainties of the times, of the lack of records, of the Jewish and Julian calendars, it might have been as early as October 4, 1919. There is, however, no way of finding out. My parents were always uncertain and it really doesn't matter. I celebrate January 2, 1920, so let it be."
Isaac Asimov - In Memory Yet Green

Kjartan Sveinsson, o teclista (e não só...) dos Sigur Rós faz hoje 35 anos!

(imagem daqui)

Kjartan (Kjarri) Sveinsson (2 de janeiro, de 1978) é o teclista da banda islandesa de post-rock, Sigur Rós, à qual se juntou em 1998. Na verdade ele é um multi-instrumentista, como Jonny Greenwood do Radiohead ou George Harrison, já que toca também piano, órgão, flauta, guitarra, banjo, entre outros instrumentos pouco convencionais que contribuem para o som característico de Sigur Rós.
Kjartan casou-se em 2001 com María Huld Markan Sigfúsdóttir, violinista do grupo Amiina, um quarteto de cordas que acompanha o Sigur Rós.
Ele compôs a banda sonora para a curta-metragem, nomeada para o Óscar em 2005, Síðasti bærinn, para a curta-metragem Plastic Bag do premiado diretor Ramin Bahrani, em 2009, e para o filme Ondine, de 2009, dirigido por Neil Jordan.
Kjarri é membro do conselho consultivo para Kraumur Music Fund, que visa "reforçar a vida musical islandesa, principalmente através do apoio a jovens músicos na execução e apresentação de suas obras."



NOTA: há um membro deste blog que anda a prometer uma visita organizada à Islândia e que nunca mais se decide - este post é um incentivo...

Mily Balakirev, lider do Grupo dos Cinco, nasceu há 176 anos

Mily Alexeyevich Balakirev (Nizhny Novgorod, 2 de janeiro de 1837São Petersburgo, 29 de maio de 1910) foi um compositor russo, mais conhecido atualmente por fazer parte e liderar o Grupo dos Cinco, um grupo nacionalista de músicos russos no qual faziam parte, além de Balakirev, César Cui, Modest Mussorgsky, Aleksandr Borodin e Nikolai Rimsky-Korsakov.

A maior parte de sua obra é composta por canções, tanto eruditas quanto populares. Balakirev escreveu também duas sinfonias, dois poemas sinfónicos, quatro aberturas e diversas peças para piano, entre as quais figura Islamey: Fantasia oriental, sua obra mais conhecida, principalmente entre pianistas, devido a sua complexidade e imensa dificuldade.


terça-feira, janeiro 01, 2013

Hoje, temos ainda 365 hipóteses de fazer (desta vez...) tudo bem


P!nk - Try

Ever wonder about what he’s doing
How it all turned to lies
Sometimes I think that it’s better to never ask why

Where there is desire
There is gonna be a flame
Where there is a flame
Someone’s bound to get burned
But just because it burns
Doesn’t mean you’re gonna die
You’ve gotta get up and try try try
Gotta get up and try try try
You gotta get up and try try try

Eh, eh, eh

Funny how the heart can be deceiving
More than just a couple times
Why do we fall in love so easy
Even when it’s not right

Where there is desire
There is gonna be a flame
Where there is a flame
Someone’s bound to get burned
But just because it burns
Doesn’t mean you’re gonna die
You’ve gotta get up and try try try
Gotta get up and try try try
You gotta get up and try try try

Ever worried that it might be ruined
And does it make you wanna cry?
When you’re out there doing what you’re doing
Are you just getting by?
Tell me are you just getting by by by

Where there is desire
There is gonna be a flame
Where there is a flame
Someone’s bound to get burned
But just because it burns
Doesn’t mean you’re gonna die
You’ve gotta get up and try try try
Gotta get up and try try try
You gotta get up and try try try
Gotta get up and try try try
Gotta get up and try try try
You gotta get up and try try try
Gotta get up and try try try

You gotta get up and try try try
Gotta get up and try try try

A pacífica dissolução da Checoslováquia foi há 19 anos

A dissolução da Checoslováquia foi um processo histórico que pôs fim à antiga Checoslováquia e criou dois novos países, a República Checa e a Eslováquia, a partir de 1 de janeiro de 1993. A sua divisão ocorreu após uma série de protestos e reivindicações populares, mas sem nenhum conflito armado, diferentemente dos países da antiga Jugoslávia. Também é conhecida como Separação de Veludo ou Divórcio de Veludo, por ter ocorrido de maneira pacífica, a exemplo da Revolução de Veludo de 1989.

O descontentamento com o governo do país já vinha sendo acumulado desde 1977, com a Carta 77 que reivindicava a adoção de um "socialismo mais humano" e a inclusão das liberdades democráticas no programa de Governo. A carta, assinada por 270 intelectuais e políticos partidários, foi publicada pela imprensa francesa. Quatro intelectuais checo-eslovacos, co-autores do manifesto, foram presos no mesmo dia. O líder mais importante deste movimento foi Václav Havel, grande escritor e teatrólogo. Após a Carta 77, veio em 1980 um grande aumento da escassez de bens e serviços e da repressão aos dissidentes do governo comunista.
Em termos económicos, o PIB per capita da República Checa era aproximadamente 20% maior do que o da Eslováquia, mas a sua série histórica de crescimento económico era menor. A transferência de recursos do orçamento checo para a Eslováquia, anteriormente regulares, cessou em janeiro de 1991.
Muitos checos e eslovacos desejavam a preservação de uma Checoslováquia federal. Uma pequena maioria de eslovacos, porém, defendia uma forma mais flexível de co-existência ou a completa independência e soberania. Em novembro de 1992, por exemplo, uma pesquisa de opinião registou que 49% dos eslovacos e 50% dos checos eram contrários à separação, enquanto que 40% dos eslovacos eram favoráveis. Para 41% dos checos e 49% dos eslovacos, o assunto deveria ser objeto de um referendo.
Por fim, o destino do país foi decidido por políticos. Em 1992, Václav Klaus, que exigia ou uma federação mais rígida ou a independência, elegeu-se para o cargo de primeiro-ministro da República Checa federada (na época, um dos dois estados federados da Checoslováquia, juntamente com a Eslováquia). Vladimír Mečiar e outros líderes políticos eslovacos preferiam algum tipo de confederação. Os dois lados começaram negociações frequentes e intensas em junho. Em 17 de julho, o parlamento eslovaco aprovou a Declaração de Independência da Nação Eslovaca. Seis dias depois, os políticos decidiram dissolver a Checoslováquia, durante uma reunião em Bratislava.
O objetivo das negociações passou então a ser concluir uma separação pacífica. Em 25 de novembro, o parlamento federal aprovou a lei constitucional sobre o término da existência da Checoslováquia, que dispunha sobre a extinção da república federal em 31 de dezembro de 1992 e acerca de detalhes técnicos da dissolução. Os fatores que mais contribuíram para separação do país foram as divergências no setor económico.
O caráter não-violento da separação contrastou com a dissolução da Jugoslávia.

Há 33 anos, a terra tremeu nos Açores

(imagem daqui)

O sismo da Terceira de 1980, também referido como terramoto de 1980 nos Açores, foi uma catástrofe natural, um sismo de grande intensidade, ocorrido a 1 de janeiro de 1980 no Grupo Central do arquipélago dos Açores.

O Evento
O sismo ocorreu pelas 15.42 (hora local) do dia 1 de janeiro de 1980, e teve magnitude 7,2 na escala de Richter e intensidades IX na escala de Mercalli na Terceira e VIII no Topo e em Santo Antão em S. Jorge. A profundidade hipocentral estimada foi de 10 km e o epicentro situou-se no mar, cerca de 35 km a SSW de Angra do Heroísmo.

Os danos e vítimas
Em consequência, na ilha Terceira causou a destruição de 80% dos edifícios na cidade de Angra do Heroísmo, assim como extensos danos na vila de São Sebastião e nas freguesias do Oeste e Noroeste da ilha (em especial nas Doze Ribeiras); na Graciosa, danos nas freguesias do Carapacho e na Luz; e na ilha de São Jorge, danos nas freguesias de Vila do Topo e de Santo Antão.
Foram registadas 71 vítimas fatais (51 na Terceira e 20 em São Jorge) e mais de 400 feridos.
No total, ficaram danificados mais de 15 500 edifícios, causando cerca de 15 000 desalojados.
O então presidente da República Portuguesa, António Ramalho Eanes anunciou três dias de luto nacional.


 

O Euro existe há 11 anos

O euro () é a moeda oficial de 17 dos 27 países da União Europeia. O euro existe na forma de notas e moedas desde 1 de janeiro de 2002 e como moeda virtual desde 1 de janeiro de 1999.

Um euro divide-se em 100 cêntimos, existindo notas de 5, 10, 20, 50, 100, 200 e 500 euros e moedas de 1, 2, 5, 10, 20 e 50 cêntimos e de 1 e 2 euros.
Cada moeda em circulação tem uma face comum e uma face que depende do país para que foi cunhada.

A Zona Euro é composta pelos seguintes países da União Europeia, que adotaram a moeda comum: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Portugal, prevendo-se que com a expansão da União Europeia alguns dos aderentes mais recentes possam nos próximos anos partilhar também o euro como moeda oficial.
O governo dinamarquês anunciou no seu programa de 22 de novembro de 2007 a sua intenção de organizar um referendo sobre a entrada do país na Zona Euro.
Alguns países pequenos que não praticam políticas de moeda própria usam também o euro: Andorra, Mónaco, São Marino e Vaticano. Montenegro também utiliza o euro como sua moeda oficial. Também no Kosovo, o euro passou a circular mesmo antes da sua declaração de independência.

Lhasa de Sela partiu há 3 anos

Lhasa de Sela (New York - Big Indian, 27 de setembro de 1972 - Montreal, 1 de janeiro de 2010) foi uma cantora norteamericana, radicada no Canadá.
A sua ascendência era de um lado mexicana e de outro americano-judeu-libanesa; filha de um professor, não convencional, que percorria os EUA e o México, difundindo o conhecimento, e de uma fotógrafa, assim passou sua infância, de maneira nómada, juntamente com seus os pais e as suas três irmãs.
A sua obra musical mescla harmoniosamente tradição mexicana, klezmer e rock e é cantada em três idiomas: espanhol, francês e inglês.
Faleceu a 1 de janeiro de 2010, em Montreal, Canadá, vítima de cancro de mama.


O Barão de Coubertin, fundador dos Jogos Olímpicos Modernos, nasceu há 150 anos!

Pierre de Frédy (Paris, 1 de janeiro de 1863 - Genebra, 2 de setembro de 1937), mais conhecido pelo seu título nobiliárquico de Barão de Coubertin, foi um pedagogo e historiador francês, tendo ficado para a história como o fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna.

Voir loin, parler franc, agir ferme

Nascido na capital francesa em uma família aristocrática, Pierre de Frédy foi inspirado pelas suas visitas a colégios ingleses e norteamericanos, propondo-se a melhorar os sistemas de educação.
Ele era descendente de Fernando III de Castela.
A certo ponto, após ter idealizado uma competição internacional para promover o atletismo e tirando partido de um crescente interesse internacional nos Jogos Olímpicos da antiguidade, alimentado por descobertas arqueológicas nas ruínas de Olímpia, o barão de Coubertin concebeu um plano para fazer reviver os Jogos Olímpicos. O nome dele era Pierre de Frédy, mas era mais conhecido como Barão de Coubertin.

Para publicar os seus planos, organizou um congresso internacional em 23 de junho de 1894 na Sorbonne em Paris. Aí propôs que fosse reinstituída a tradição de realizar um evento desportivo internacional periódico, inspirado no que se fazia na Grécia antiga. Este congresso levou à constituição do Comité Olímpico Internacional, do qual o barão de Coubertin seria secretário geral. Foi também decidido que os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna teriam lugar em Atenas, na Grécia e que a partir daí, tal como na antiguidade, seriam realizados a cada quatro anos (uma Olimpíada). Dois anos depois realizaram-se os Jogos Olímpicos de Verão de 1896, que foram um sucesso.
Após os Jogos de 1896, Demetrius Vikelas abandonou o posto de presidente do COI e Pierre de Coubertin tomou o seu lugar na frente da organização. Apesar do sucesso dos primeiros jogos, o Movimento Olímpico enfrentaria tempos difíceis, com os Jogos Olímpicos de 1900 e de 1904 a serem completamente obscurecidos pelas exposições mundiais em que foram integrados, e passando completamente despercebidos.
A situação melhorou com a realização dos Jogos Olímpicos de Verão de 1906 que, utilizando o pretexto de comemorar os 10 anos da primeira edição, serviram para limpar a imagem e promover os Jogos como um evento internacional por excelência. A partir de então os Jogos Olímpicos continuariam a ganhar audiência, tornando-se o mais importante evento desportivo mundial. Pierre de Coubertin abandonou a presidência do COI após os Jogos Olímpicos de Verão de 1924, realizados em Paris, a sua cidade natal, e com um sucesso muito maior que a anterior edição de 1900. Foi sucedido no cargo por Henri de Baillet-Latour.
Coubertin manteve-se como Presidente Honorário do COI até à sua morte em 1937 em Genebra na Suíça. Foi enterrado em Lausanne (local da sede do COI), mas o seu coração está sepultado separadamente, num monumento perto das ruínas da antiga Olímpia.


O almirante Canaris nasceu há 126 anos

Wilhelm Franz Canaris (1 de janeiro 18879 de abril 1945) foi um almirante alemão, líder dos serviços de espionagem militar (a Abwehr) de 1935 a 1944. Foi também uma das figuras da resistência alemã (Widerstand) ao regime nazi de Adolf Hitler e um dos envolvidos no atentado de 20 de Julho.

(...)
No início da Segunda Guerra Mundial, Canaris deslocou-se à frente leste, à Polónia, na qualidade de chefe dos serviços de informação militar. Durante a visita testemunhou muitos crimes de guerra cometidas pela SS sobre as populações locais, nomeadamente contra a comunidade judaica. As suas funções requeriam que tomasse notas e elaborasse um relatório para Hitler sobre o andamento da guerra. Canaris cumpriu a obrigação, mas ficou revoltado contra as atrocidades a que assistiu. O relatório foi entregue ao Führer porém uma segunda via foi enviada para Londres, o que demonstra o continuar da relação secreta entre Canaris e os serviços secretos britânicos, mesmo depois do início das hostilidades entre ambos os países.
Ao longo dos anos seguintes, Canaris manteve uma vida dupla, mostrando-se como um líder dedicado à causa de Hitler por um lado, enquanto que por outro conspirava a sua queda com os britânicos e outros dissidentes da Wehrmacht. De acordo com a sua função de líder da Abwehr, Canaris recolheu informações importantes para o desenrolar da guerra, através da sua rede de espiões e, por diversas vezes, através dos seus contactos britânicos. Uma das informações que recolheu via MI6 foi o plano detalhado das disposições defensivas russas, nos meses que antecederam a Operação Barbarossa. O dossier foi bem recebido por Hitler mas provocou a suspeita de Heinrich Himmler (líder da SS - Schutzstaffel) e Reinhard Heydrich (líder do Sicherheitsdienst), quanto à verdadeira origem das informações. Canaris passou a estar sob suspeita, principalmente devido às suas viagens frequentes ao Sul de Espanha, onde provavelmente se encontrava com agentes britânicos de Gibraltar. Em 1942, a relação institucional de Canaris e Heydrich (seu antigo protegido na Kriegsmarine) deteriorou-se devido a um incidente na República Checa, relacionado com a captura de Paul Thümmel, um agente britânico, pela Gestapo. Canaris interferiu com a prisão, e execução certa do homem, alegando que, na realidade, Thümmel era um agente duplo ao serviço da Abwehr. A sua explicação passou, mas as suspeitas de Heydrich acumularam-se até à sua própria morte, num atentado realizado em junho de 1942. É possível que o assassinato de Heydrich tenha sido organizado pelo MI6, de modo a proteger a posição de Canaris.
Após muita insistência da parte de Himmler, e apesar da falta de provas directas, Hitler foi finalmente convencido a demitir Canaris em Fevereiro de 1944. A liderança da Abwehr passou para Walter Schellenberg, com fortes ligações ao Sicherheitsdienst, e Canaris foi colocado em prisão domiciliária, por suspeitas de conspiração.

Canaris encontrava-se ainda em prisão domiciliária quando ocorreu o atentado de 20 de julho de 1944 contra a vida de Hitler. A sua situação ilibava-o de responsabilidade directa, mas após a prisão, tortura e interrogatório de vários envolvidos, Hitler e Himmler ficaram com provas que Canaris estava pelo menos moralmente de acordo com o sucedido. A sua prisão apertou-se, mas Canaris foi poupado a um tribunal marcial imediato: por um lado Hitler tinha a esperança que Canaris denunciasse mais conspiradores, por outro Himmler esperava usar os contactos britânicos de Canaris para salvar a sua posição após o final da guerra. Quando se tornou claro que Canaris não ia colaborar com nenhum dos planos, tornou-se dispensável. O julgamento foi sumário e a condenação à morte inevitável. Canaris foi executado por enforcamento a 9 de abril de 1945 no campo de concentração de Flossenbürg, poucas semanas antes do suicídio de Hitler e do final da guerra.
A coragem de Canaris na oposição a Hitler veio a público no fim da guerra, através de declarações de vários dos seus antigos colaboradores nos julgamentos de Nuremberga e de Stewart Menzies, líder do MI6. Foi também depois do fim da guerra que se descobriu que Canaris utilizou a sua posição para salvar a vida de muitos judeus, concedendo-lhes treino em espionagem e depois arranjando-lhes "missões" em países neutros. De entre as personalidades que saíram da Alemanha neste esquema contam-se Menachem Mendel Schneerson e Joseph Isaac Schneersohn.

O espião Kim Philby nasceu há 101 anos

Harold Adrian Russell "Kim" Philby ou H.A.R. Philby (Ambala, Índia, 1 de janeiro de 1912 - Moscovo, Rússia, 11 de maio de 1988) foi um membro do topo da hierarquia dos serviços secretos ingleses que espionava para a União Soviética. Philby era um dos membros do grupo conhecido como Cambridge Five, juntamente com Donald Maclean, Guy Burgess, Anthony Blunt e John Cairncross.

Biografia
Philby era filho do diplomata John Philby e nasceu na Índia, à época uma colónia britânica, onde o pai servia como magistrado. Ganhou o apelido de Kim, porque, tal como o herói do romance de Rudyard Kipling, começou a falar punjabi, a língua local, antes do inglês.
Entrou para o serviço secreto soviético em 1933, depois de ter estudado em Westminister e no Trinity College, em Cambridge, instituições que recebiam os filhos da elite britânica. Foi recrutado quando estava na universidade, juntamente com mais quatro colegas, que ficaram conhecidos como Os 5 de Cambridge (The Cambridge Five).
Conforme revelaria em entrevista, no ano de sua morte, Philby e seus colegas acreditavam que as democracias ocidentais não teriam condições de se opor ao nazi-fascismo. Na opinião deles, somente o comunismo era forte o suficiente para enfrentá-lo.
Através do jornalismo, ingressou no Serviço Secreto Inglês (SIS) e, sob a cobertura de sua profissão, espionou para os ingleses na Espanha, no período da Guerra Civil (1936-1939).
Em 1944, estabeleceu e chefiou o serviço de contraespionagem para descobrir agentes soviéticos em solo inglês, portanto foi designado para se descobrir a si mesmo. Passou para os soviéticos os planos dos aliados para subverter os governos comunistas no Leste europeu durante o período da Guerra Fria, permitindo ao governo de Moscovo neutralizar a operação. O governo britânico, no entanto, o considerava um funcionário exemplar e o agraciou com sua mais importante condecoração, a Ordem do Império Britânico.
Enviado para os Estados Unidos em 1949, passou a chefiar a delegação dos serviços secretos britânicos, e serviu de oficial de ligação com o Federal Bureau of Investigation (FBI) e a recentemente criada Central Intelligence Agency (CIA). Para esta chegou a trabalhar diretamente.
Em 1951, a deserção de seus colegas de Cambridge, Burgess e Maclean, para o lado russo tornou-o alvo de suspeitas. Mesmo submetido a intenso interrogatório, nada revelou a seu respeito, mas, apesar disso, foi afastado do SIS. Foi para o Líbano, onde atuou como espião freelance, novamente sob a cobertura de sua profissão de jornalista.
Em 1963, um desertor da KGB ofereceu evidências contra Philby. Agentes do SIS viajaram para o Líbano para convencê-lo a confessar, mas Philby embarcou num avião de carga com destino a Moscovo. Era o fim de uma carreira de mais de 30 anos como agente duplo.
Foi recebido inicialmente com desconfiança, pois Moscovo duvidava de sua lealdade, acreditando que suas informações eram "boas demais". Mas no início dos anos 80 obteve a cidadania soviética e foi admitido como consultor da KGB. Foram-lhe concedidas diversas honrarias e prémios. Contou sua história como agente duplo no livro de sua autoria Minha Guerra Silenciosa, que teve prefácio de Graham Greene, com quem trabalhou durante a Segunda Guerra Mundial.
Em Moscovo, após manter um romance com a ex-esposa de seu colega Maclean, casou-se com a russa Rufina Pukhova, com quem viveu até sua morte. Foi seu quarto casamento. Teve uma filha, Anne, de seu segundo matrimónio.
Morreu em 1988, de complicações decorrentes do alcoolismo, antes, portanto, do colapso do regime comunista que tanto admirava.

Os 5 de Cambridge
Nos anos 20, a agência de espionagem soviética NKVD, antecessora da KGB, formulou um plano para se infiltrar no serviço de espionagem britânico. Para tanto, era necessário identificar e avaliar jovens estudantes da elite britânica, destinados a seguir carreira no serviço diplomático ou nos órgãos de segurança e que se manifestassem marxistas ou, ao menos, anti fascistas. Aliás, membros declarados do Partido Comunista eram de imediato descartados, pois já atraíam a atenção das autoridades de segurança britânicas.
A estratégia deu resultado. Os chamados espiões de Cambridge foram recrutados durante seus anos na universidade. Dois deles, Blunt e Burgess, eram membros dos Apóstolos de Cambridge, uma venerável sociedade secreta que, nos anos 30, abraçou o marxismo com entusiasmo.

Philby e Graham Greene
Trabalhando sob as ordens de Philby, o escritor inglês Graham Greene ajudou a desmontar a rede de espionagem nazi na Península Ibérica. Decidiu deixar o serviço secreto em 1944, quando estava para ser promovido.
Esta saída inesperada do serviço secreto, quando sua carreira estava no auge, causou surpresa. No livro Escritores e Espiões — A Vida Secreta dos Grandes Nomes da Literatura Mundial, o escritor espanhol Fernando Martínez Laínez tem uma tese para esta demissão abrupta.
Segundo Laínez, Greene descobriu o papel duplo de seu chefe, mas como era seu amigo preferiu deixar o serviço secreto para não denunciá-lo. Depois que Philby foi para Moscovo, Greene visitou-o várias vezes. O personagem principal de seu romance O Terceiro Homem foi inspirado nele.


Poema para começar bem o Ano Novo

Google Doodle de 31.12.2012

RECOMENDAÇÕES DE ANO NOVO

Mais uma vez devo dizer-te:
cuidado com o ladrão
que se aproveita da escuridão
para pôr a mão gelada
no teu coração.

Mais uma vez devo alertar-te:
cuidado com a solidão
que tem a cor do açafrão
com o salto do salmão
e as alças douradas do caixão.

Mais uma vez te advirto:
cuidado com a concisão
com o estrondo do trovão
as terras de aluvião
e a boca do balão.

Mais uma vez te aconselho:
não acredites em nada
que sai na televisão.
Cuidado com a chave do portão
e as mordidas do leão.

Fica também atento
aos efeitos do ar refrigerado
frio covil de ácaros
e aos sonhos esbraseados
pela ígnea madrugada.

Recomendo-te a maior precaução
com o carro vermelho dos bombeiros
e as pessoas nascidas em Fevereiro.
Devemos sempre desconfiar
da cortesia dos coveiros.

Cuidado com as flores de cactos
os erros de ortografia, os muros de arrimo
e a névoa seca que encobre os aeroportos.
Cuidado com as flores de retórica.
Nos passeios campestres, cuidado com os meteoros.

Estende o teu cuidado à morte súbita,
às camisas-de-vênus, às balizas,
às enchovas das pizzas, aos gestos obscenos,
às usinas nucleares, às coisas de somenos
e à brisa dos crepúsculos serenos.

Não evoques jamais os amores perdidos
iguais aos destroços dos navios naufragados.
Cuidado com os ciclistas que atravessam
as ruas de teu sonho, e os manequins
que caminham à noite entre os sonâmbulos.

No dia de milhafres e espantalhos
cuidado com o sussurro dos amantes
o avanço das dragas e jamantas
o mormaço e as hélices das barcas.
Sê cauteloso com a maré baixa.

Ouve o que te estou dizendo:
cuidado com o sacristão
as repentinas chuvas de verão
as escadas sem corrimão
e os sonetos sem emendas.

E, finalmente, te digo:
tem o maior cuidado
com tudo o que termina em ão
mesmo a palavra de cinza
que é a tua cremação.


in
Plenilúnio (2004) - Lêdo Ivo

segunda-feira, dezembro 31, 2012

Feliz Ano Novo!

Receita de ano novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade