Era conhecido pela alcunha
Protektor, por ter assumido o cargo de protetor dos territórios da
Boémia e
Morávia (nome pelo qual ficou conhecida a ex-Checoslováquia, anexada pelos nazis em 1939), em 1941, quando
Konstantin von Neurath
se revelou incapaz de reprimir as manifestações dos patriotas checos.
Os horrores que ali cometeu e o terror que infundiu às pessoas
valeram-lhe um cognome: o
Carniceiro de Praga.
Hoje, poucos duvidam da sua perícia à frente do
Sicherheitsdienst (
SD - Serviço de Segurança), vinculada às
SS
e com o objetivo de investigar, prender e eliminar toda a oposição ao
regime nazi, em especial nos países ocupados. O SD, sob Heydrich,
perseguiu
comunistas,
judeus e outros grupos religiosos que recusaram aderir ao nazismo, como as
Testemunhas de Jeová. Além disso, Heydrich atuou como uma espécie de supervisor da "
Solução Final" (
Endlösung, em
alemão),
eufemismo pelo qual os nazis se referiam ao plano de extermínio da comunidade
judaica. Nessa altura, ele foi incumbido por Hitler de exercer o seu trabalho
in loco na Checoslováquia ocupada, onde se sabia da existência de um movimento de resistência nacional.
Na juventude, ganhou reputação pela sua habilidade desportiva – era um exímio
esgrimista – e musical, ao ponto de seus pais terem sonhado com a possibilidade de ver o jovem Reinhard tornar-se um
violinista famoso.
(...)
Uma vez na
Checoslováquia ocupada pelos nazis, Heydrich passou a exercer o seu poder tirânico através de assassinatos, prisões,
torturas e quaisquer métodos similares que fossem necessários para controlar o movimento da resistência
Checa, liderado desde
Londres pelo ex-presidente do país,
Eduard Benes. A política de
Peitsche und Zücker (tradução: chicote e açúcar) fez de Heydrich, rapidamente, uma figura tão ou mais odiada pelos checoslovacos do que o próprio
Adolf Hitler. A
27 de maio de
1942, dois militares checos, Jan Kubis e Josef Gabcik, membros do comando
Anthropoid, encarregaram-se de protagonizar um atentado contra a vida de Heydrich. Ambos saltaram de
pára-quedas meses antes, numa área próxima de
Praga,
e logo se dedicaram a procurar um local ideal para executar os seus
planos. A tentativa de assassinato resultaria em parte graças à
arrogância de Heydrich, que insistia em se deslocar pelas ruas de Praga
num carro descapotável – contrariando as advertências de seus
subordinados, que recomendavam que o
Protektor utilizasse carros
blindados.
Na manhã de
27 de maio de
1942, Heydrich saiu no seu carro, acompanhado pelo seu motorista, para apanhar um avião até
Berlim.
Kubis e Gabcik esperavam a postos numa curva entre as ruas Kirchmayer e
V Holesóvickach, onde supostamente o carro passaria devagar. Gabcik
utilizava uma pistola-metralhadora
Sten de fabricação britânica, que deveria disparar contra o
Mercedes-Benz do
Protektor
– mas a arma encravou. Reagindo à falha da arma do companheiro, Kubis
lançou uma bomba artesanal, atingindo o carro de Heydrich, e ferindo-o
gravemente quando Heydrich saía do carro para acertar contas com Gabcik –
os dois receberam intenso treino no quartel de Dovercourt,
Reino Unido, antes de executarem a sua missão. Com o impacto da explosão da
granada, Heydrich teve o
baço perfurado por estilhaços tendo mais tarde, devido a infeção, ficado com septicemia.