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sábado, dezembro 23, 2023

O poeta Lêdo Ivo deixou-nos há onze anos...

  
O seu primeiro livro foi As Imaginações. Fez jornalismo e tradução e, da sua vasta obra, destacam-se títulos como Ninho de Cobras, A Noite Misteriosa, As Alianças, Ode ao Crepúsculo, A Ética da Aventura ou Confissões de um Poeta.
Era membro da Academia Brasileira de Letras, eleito a 13 de novembro de 1986 para a cadeira 10, sucedendo a Orígenes Lessa.
Morreu aos 88 anos de idade, após um mal súbito, quando viajava ao exterior.
  

 

 

A eternidade premeditada

Isto será a eternidade:
um incessante subir de escadas.

E sempre estarás no começo da escadaria
muito embora todos os dias sejam degraus.

Deus, porque fizeste a eternidade?
Porque nos obrigas a subir tantas escadas?

 


in O sinal semafórico (1974) - Lêdo Ivo

sexta-feira, dezembro 23, 2022

Lêdo Ivo morreu há dez anos...

  
O seu primeiro livro foi As Imaginações. Fez jornalismo e tradução e, da sua vasta obra, destacam-se títulos como Ninho de Cobras, A Noite Misteriosa, As Alianças, Ode ao Crepúsculo, A Ética da Aventura ou Confissões de um Poeta.
Era membro da Academia Brasileira de Letras, eleito a 13 de novembro de 1986 para a cadeira 10, sucedendo a Orígenes Lessa.
Morreu aos 88 anos de idade, após um mal súbito, quando viajava ao exterior.
  

 

 

Soneto Puro

Fique o amor onde está; seu movimento
nas equações marítimas se inspire
para que, feito o mar, não se retire
de verdes áreas de seu vão lamento.

Seja o amor como a vaga ao vago intento
de ser colhida em mãos; nela se mire
e, fiel ao seu fulcro, não admire
as enganosas rotações do vento.

Como o centro de tudo, não se afaste
da razão de si mesmo, e se contente
em luzir para o lume que o ensolara.

Seja o amor como o tempo – não se gaste
e, se gasto, renasça, noite clara
que acolhe a treva, e é clara novamente.
  

Lêdo Ivo

quinta-feira, dezembro 23, 2021

O poeta Lêdo Ivo morreu há nove anos

  
O seu primeiro livro foi As Imaginações. Fez jornalismo e tradução e, da sua vasta obra, destacam-se títulos como Ninho de Cobras, A Noite Misteriosa, As Alianças, Ode ao Crepúsculo, A Ética da Aventura ou Confissões de um Poeta.
Era membro da Academia Brasileira de Letras, eleito a 13 de novembro de 1986 para a cadeira 10, sucedendo a Orígenes Lessa.
Morreu aos 88 anos de idade, após um mal súbito, quando viajava ao exterior.
  

 

 

Soneto Puro

Fique o amor onde está; seu movimento
nas equações marítimas se inspire
para que, feito o mar, não se retire
de verdes áreas de seu vão lamento.

Seja o amor como a vaga ao vago intento
de ser colhida em mãos; nela se mire
e, fiel ao seu fulcro, não admire
as enganosas rotações do vento.

Como o centro de tudo, não se afaste
da razão de si mesmo, e se contente
em luzir para o lume que o ensolara.

Seja o amor como o tempo – não se gaste
e, se gasto, renasça, noite clara
que acolhe a treva, e é clara novamente.
  

Lêdo Ivo

 

sábado, dezembro 23, 2017

O poeta Lêdo Ivo morreu há cinco anos

O seu primeiro livro foi As Imaginações. Fez jornalismo e tradução e, da sua vasta obra, destacam-se títulos como Ninho de Cobras, A Noite Misteriosa, As Alianças, Ode ao Crepúsculo, A Ética da Aventura ou Confissões de um Poeta.
Era membro da Academia Brasileira de Letras, eleito a 13 de novembro de 1986 para a cadeira 10, sucedendo a Orígenes Lessa.
Morreu aos 88 anos de idade, após um mal súbito, quando viajava ao exterior.
A eternidade premeditada

Isto será a eternidade:
um incessante subir de escadas.

E sempre estarás no começo da escadaria
muito embora todos os dias sejam degraus.

Deus, porque fizeste a eternidade?
Porque nos obrigas a subir tantas escadas?
 


in O sinal semafórico (1974) - Lêdo Ivo

terça-feira, janeiro 01, 2013

Poema para começar bem o Ano Novo

Google Doodle de 31.12.2012

RECOMENDAÇÕES DE ANO NOVO

Mais uma vez devo dizer-te:
cuidado com o ladrão
que se aproveita da escuridão
para pôr a mão gelada
no teu coração.

Mais uma vez devo alertar-te:
cuidado com a solidão
que tem a cor do açafrão
com o salto do salmão
e as alças douradas do caixão.

Mais uma vez te advirto:
cuidado com a concisão
com o estrondo do trovão
as terras de aluvião
e a boca do balão.

Mais uma vez te aconselho:
não acredites em nada
que sai na televisão.
Cuidado com a chave do portão
e as mordidas do leão.

Fica também atento
aos efeitos do ar refrigerado
frio covil de ácaros
e aos sonhos esbraseados
pela ígnea madrugada.

Recomendo-te a maior precaução
com o carro vermelho dos bombeiros
e as pessoas nascidas em Fevereiro.
Devemos sempre desconfiar
da cortesia dos coveiros.

Cuidado com as flores de cactos
os erros de ortografia, os muros de arrimo
e a névoa seca que encobre os aeroportos.
Cuidado com as flores de retórica.
Nos passeios campestres, cuidado com os meteoros.

Estende o teu cuidado à morte súbita,
às camisas-de-vênus, às balizas,
às enchovas das pizzas, aos gestos obscenos,
às usinas nucleares, às coisas de somenos
e à brisa dos crepúsculos serenos.

Não evoques jamais os amores perdidos
iguais aos destroços dos navios naufragados.
Cuidado com os ciclistas que atravessam
as ruas de teu sonho, e os manequins
que caminham à noite entre os sonâmbulos.

No dia de milhafres e espantalhos
cuidado com o sussurro dos amantes
o avanço das dragas e jamantas
o mormaço e as hélices das barcas.
Sê cauteloso com a maré baixa.

Ouve o que te estou dizendo:
cuidado com o sacristão
as repentinas chuvas de verão
as escadas sem corrimão
e os sonetos sem emendas.

E, finalmente, te digo:
tem o maior cuidado
com tudo o que termina em ão
mesmo a palavra de cinza
que é a tua cremação.


in
Plenilúnio (2004) - Lêdo Ivo

terça-feira, dezembro 25, 2012

A Poesia está mais pobre...

Poeta brasileiro Lêdo Ivo morreu em Espanha

É conhecido essencialmente pela poesia, mas também escreveu romances, ensaios ou novelas.

O escritor, poeta, ensaísta e jornalista brasileiro Lêdo Ivo morreu este domingo em Sevilha, onde estava de férias, na sequência de um enfarte do miocárdio. Tinha 88 anos.
Segundo informações de familiares, Lêdo Ivo sentiu-se mal quando almoçava num restaurante, tendo seguido até ao hotel, onde recebeu tratamento médico, mas acabou por falecer antes mesmo de seguir para o hospital.
Segundo os familiares, o escritor, membro da Academia Brasileira de Letras, conhecido essencialmente como poeta, iria passar o Natal em Espanha, na companhia de alguns familiares, entre eles o filho e artista plástico Gonçalo Ivo. O escritor será cremado em Espanha, sendo as suas cinzas transladadas, no início do próximo ano, para o Brasil, onde se prevê que se virão a realizarão missas no Rio de Janeiro e Maceió, onde nasceu.
A presidente da Academia Brasileira de Letras Ana Maria Machado lamentou a morte do escritor, descrevendo-o como um “poeta e ficcionista versátil, de obra variada, que abarcava vários géneros.” A responsável disse também que no próximo dia 10 de Janeiro terá lugar uma sessão extraordinária na academia, à porta fechada, na qual os restantes membros vão recordar o poeta. "Como poeta, ele foi um representante significativo da chamada Geração de 45, momento em que o modernismo brasileiro procurou voltar a formas poéticas fixas e se afastar da linguagem coloquial. Ele dominava muito bem o artesanato do poema", disse a presidente, citada pelo jornal brasileiro Folha de São Paulo.
Segundo a agência de noticias espanhola EFE, Ivo defendia um modelo de poesia comprometido com o indivíduo e com a sociedade. O poeta moderno, segundo Ivo, dever-se-ia interessar pelo mundo de hoje e pela experiência pessoal vivida, ao invés de se concentrar em poemas sobre a criação poética. Amante do soneto e dos versos longos, tinha o americano T.S. Eliot como uma grande referência. 
Lêdo Ivo nasceu em 1924, em Maceió, tendo-se estreado na literatura em 1944 com o livro de poesia As Imaginações e no ano seguinte com Ode e Elegia.  Entre as suas obras mais conhecidas encontramos Ninho de Cobras, A Noite Misteriosa, A Ética da Aventura e Confissões de Um Poeta. As suas obras estão traduzidas em inglês, espanhol, francês e italiano, entre outras línguas.


NOTA: um dos meus poetas favoritos, que descobri recentemente, deixou-nos subitamente - recordemo-lo com um dos seus poemas:

Soneto Puro

Fique o amor onde está; seu movimento
nas equações marítimas se inspire
para que, feito o mar, não se retire
de verdes áreas de seu vão lamento.

Seja o amor como a vaga ao vago intento
de ser colhida em mãos; nela se mire
e, fiel ao seu fulcro, não admire
as enganosas rotações do vento.

Como o centro de tudo, não se afaste
da razão de si mesmo, e se contente
em luzir para o lume que o ensolara.

Seja o amor como o tempo – não se gaste
e, se gasto, renasça, noite clara
que acolhe a treva, e é clara novamente.


Lêdo Ivo